sexta-feira, julho 30, 2010

Buddy Miles Express - Hell And Back (1994)

Muita gente só lembra de Buddy Miles como o baterista de Jimi Hendrix mas ele é mais do que isso. Miles teve uma sólida carreira solo que começou antes de ingressar no célebre trio de Hendrix. Tem uma bela voz que pôde ser comprovada na gravação ao vivo no Band Of Gypsys e foi um compositor talentoso, além de baterista.
No projeto criado por Bill Laswell, a série Black Arc, Buddy Miles é resgatado do esquecimento com Hell And Back, onde conta com parceiros de Laswell em inúmeros projetos do selo Axiom, como o guitarrista Nicky Skopelitis, revisitando velhas conhecidas de Miles nos tempos de sua paceria com Hendrix, como All Along The Watchtower(Bob Dylan) e Born Under The Bad Sign(Booker T Jones). A arte da capa é da autoria de Mati Klarwein, que fez as capas dos disco de Miles Davis, os famosos Bitches Brew e Live Evil. Clique na imagem para acessar o arquivo.

segunda-feira, julho 26, 2010

Free Jazz, Free Improvisation no Brasil? Isso é anormal!


Antes de qualquer coisa, eu gosto de free jazz e free improvisation e isso pouco importa. Estamos em um país desprovido de cultura para este tipo de extravagância musical, mesmo que na verdade em sua essencia, não seja. É apenas música em mais uma forma, não está acima de nenhuma outra e nem abaixo, apenas mais uma cor do prisma musical. Mesmo vivendo em São Paulo, que tem estes ares de ser uma metrópole evoluida e outras baboseiras, isso é tudo uma mera superfície frágil. A trilha sonora da cidade está em estilos que os musicólogos e outras anomalias e minorias sociais abominam ou fazem populismo. Sim, estamos presenciando uma fissura na brecha e podemos vez ou outra, assistir uma performance de improvisação livre e algo similar ao free jazz na capital paulistana. Mas isso não chega a ser o mínimo que devería existir para a saúde, coerência da diversidade de uma cidade grande. O problema é como esta fissura está se formando. Ao invés de ser um pequeno nicho saudável, como costuma ser ao redor do mundo, aqui, as coisas tem a tendência em se transformar em metástase sócio cultural de elite e isso não quer dizer apenas cifras monetárias. Tem haver com o que eu escreví no texto anterior sobre a movimentação social ao redor da apresentação de um trio holandês de improvisação livre e outros grupos no Centro Cultural São Paulo neste mês de Julho. Infelizmente, já existe uma forte bifurcação que vai em direção da arrogância da elite cultural hermética que sabota a sí própria. Bem, na verdade este tipo de discussão não tem muito efeito, como os inúteis debates do que é ou não é jazz, arte ou não arte, street art é ou não é, se Peter Brötzmann toca jazz ou não. Isso importa mesmo? Vaidade. Como escrever sobre música em pontos que são desnecessários, pois a música fala por sí só. Tudo bem, é a liberdade de expressão, mas que é desnecessário, ah, isso é. A informação sobre a música tem uma função prática, sobre eventos, gravações, filmes e outros produtos da indústria cultural, seja ela independente e artesanal ou não.
Eu como músico, artísta, quero que exista este pequeno nicho para este tipo de arte musical se formar nesta cidade e existir de forma simples e saudável, mas este futuro é extremamente incerto. A tirinha abaixo diz: "No, you go see if it's free jazz!"

sábado, julho 24, 2010

Napalm Death - Hatred Surge demotape (1985)

Um pouco de suavidade sonora para os ouvidos. Nesta demotape de 1985, o Napalm Death não tinha desenvolvido sua velocidade característica e ainda soava como as bandas européias do punk. Mas no ano seguinte já se pode reconhecer o N.D. do lp Scum, o grande ícone do sub-genero grindcore. Clique na foto para acessar o arquivo.

sexta-feira, julho 23, 2010

Peter Brötzmann



A primeira imagem no alto acima é uma aquarela de 2005 entitulada de The Berkshires, a segunda é uma tela também de 2005, entiltulada de Nightride e acima, Landscape de 1959.

quarta-feira, julho 21, 2010

O.G. Funk - Out Of The Dark (1993)

Jerome "Bigfoot" Brailey é o baterista do famoso disco do Parliament, Mothership Connection, dos hits Give Up The Funk e P-Funk (Wants To get Funked Up). Também é um desafeto de George Clinton, que não trabalhava com seus colegas de forma lá muito correta. Bill Laswell mais uma vez, em seu projeto da série Black Arc, produz a releitura da música afro americana, com os membros de um dos principais grupos de funk. Ao lado de Brailey, está o baixista do Funkadelic, Billy Nelson e o tecladista Bernie Worrell, além de Gary Mudbone Cooper, que fizeram parte do universo P-Funk. O disco é uma homenagem ao falecido colega e guitarrista Eddie Hazel e a música Music For My Brother traz a memória, um clássico de Hazel, Maggot Brain. Clique na foto para acessar o arquivo.

domingo, julho 18, 2010

E-PAK-SA Ponchak Medley Music Video

Epaksa's Kincho Commercial

Cultura não é educação (Apresentação do grupo EKE no CCSP)

Sem dúvida, o saxofonista Yedo Gibson é um grande artísta. Já fazem alguns bons anos que ele fixou residência na Holanda, onde pôde desenvolver seu trabalho de uma maneira que seria inviável no Brasil. Como ele mesmo disse, em sua apresentação com o grupo EKE, teve a satisfação de estar de volta neste último sábado, dia 17 de Julho, depois de 10 anos em que se apresentou no Centro Cultural São Paulo na rua Vergueiro. EKE conta com Oscar Jan Hoogland: electric clavichord e Gerrie Jaeger na bateria.
Mas eu vou me abster de comentar a apresentação que foi de alto nível e focar sobre o ambiente deste tipo de evento. Existe algo no ar, eu não sei bem o que é, que destoa da realidade desta cidade e isso não tem haver com a falta de espaços para se apreciar este tipo de música que a maioria da população não tem acesso ou não tem interesse. A maioria das pessoas quer ouvir uma melodia temperada, padrões rítmicos que não sofrem mudanças bruscas, querem algo que possam assimilar com facilidade. A cultura brasileira gira em torno das canções moldadas na melodia européia clássica, que se abstem das dissonâncias inusitadas. Mas existe uma parcela mínima da população que buscou o acesso à cultura e suas fontes de informação e isso não quer dizer que todas elas pertençam á elite da sociedade, de maneira alguma. Muitos são estudantes de classes sociais onde não há luxo de colégios particulares ou de familias e bairros mais bem abastados. Digamos que no geral são do que se chama classe média, onde se vislumbra com mais nitidez a importância da cultura e a educação, os cursos superiores, as expressões artísticas. E olha que você pode ter alcance desta cultura pelas publicações populares à venda em bancas de jornal e centros culturais de prefeituras e governos, de forma gratuita, como é o caso do Centro Cultural São Paulo, algumas atividades e atrações dos SESCs, etc.
Enfim, teoricamente temos uma platéia "civilizada" que sabe se comportar em vários ambientes e não fazem "barraco", desligam seus celulares e aparatos eletrônicos como se recomenda a cada início de apresentação, fazem aquele silêncio solene até aplaudir cronometradamente a entrada dos artístas, como manda a cartilha. Sem dúvida, quando a música começa, o que importa é desfrutar daquele momento único que a improvisação livre proporciona.
Quando as peças e a performance se encerra, entra justamente o que eu quero falar neste post. Fui a esta apresentação porque um amigo que além de músico é parente do Yedo, me avisou do evento e também gostaria de revê-lo, uma pessoa agradável, independente de sua reputação e talento, o qual tive a honra de compartilhar uma peça de improvisação em uma outra ocasião.
Estava com um bom amigo, que não entende bulhufas deste tipo de cultura, que estava trabalhando de faxineiro, mas tem a mente aberta para preciar este tipo de música. Encontrei algumas pessoas conhecidas, mas há um certo procedimento similar à etiqueta de uma côrte, algo que não tem leveza, como eram as coisas nos tempos de reis e rainhas na Europa.
Creio que a maioria das pessoas alí presentes possui um leque de informação cultural muito mais amplo do que eu e meu amigo, apreciam a arte sofisticada de Stravinsky e Marc Chagall, já leram Nietzsche e Dostoyevsky, entre outras coisas.
Na tentativa de conversar brevemente com Yedo e seu irmão, fui interrompido por pessoas sem a menor cerimônia e posso afirmar categoricamente que isso não ocorre num churrasco de quintal, sem que se ouça um: "licença, faz favor".

quarta-feira, julho 14, 2010

Vandermark 5 - Annular Gift (2009)

Ken Vandermark toca saxofone tenor, barítono, clarinete em sí bemol, clarinete baixo, é compositor, fotógrafo, lidera e participa de dezenas de projetos musicais, de trabalhos solo à grandes conjuntos. Também é um dos principais artístas que trouxe renovação e inovação ao cenário do free jazz em Chicago e mundial. O quinteto Vandermark 5 é o seu principal projeto e trouxe grande renovo ao estilo, unindo a tradição do jazz, a liberdade da improvisação livre e elementos de diferentes estilos, como o funk e o rock. Diferente de seus antecessores, como Herbie Hancock a sonoridade do V5 tem mais haver com o funk de grupos como o Sly And The Family Stone e o Funkadelic de George Clinton, que fundiu o ritmo dançante com o peso do rock dos anos 70 e o rock psicodélico e progressivo de bandas como The Grateful Dead, King Crimson e MC5. Mas também se amplia nos territórios da música experimental, da música jamaicana, punk rock e música erudita de vanguarda. Uma característica das composições do V5, são as homenagens dedicadas a vários tipos de artístas, de Jackie Chan à Mark Rothko, que segundo Vandermark, não remetem ao estilo do homenageado na composição e sim, são como uma carta de agradecimento pelo impacto de sua arte. Já passaram pelo V5, o saxofonista Mars Williams, que participou em uma faixa do disco The Mind Is A Terrible Thing To Taste do Ministry, o baterista Tim Mulvena que agora toca no The Eternals e o trombonista e guitarrista Jeb Bishop. A entrada do violoncelista Fred Lonberg-Holm, trouxe uma grande diferença à sonoridade do quinteto, com suas texturas sonoras criadas pelos efeitos eletrônicos e acústicos. Sem dúvida, o Vandermark 5 é um dos grupos mais criativos de free jazz da atualidade e vale a pena conferir. Clique no título no link para acessar o arquivo: V5 - AG

*Se possível, contribua com o trabalho de Vandermark comprando seus discos, pois é um artísta independente e não tem o suporte de grandes selos e patrocinadores.

quinta-feira, julho 08, 2010

Max Roach - The Loadstar (1977)

Creio que já se falou tudo quanto é possível sobre Max Roach, e além do mais, a sua arte e seu instrumento falam até hoje através de seu legado. Esta formação com Billy Harper no sax tenor, Cecil Bridgewater no trompete e Reggie Workman na bateria, foi o formato que o acompanhou por cerca de 30 anos. Bridgewater foi o mais constante e hoje leciona em diversas escolas e faculdades nos EUA. Harper, apesar de não ser tão comentado como seus contemporâneos, se enquadra na geração chamada pós-Coltrane e é um brilhante compositor além de seu estilo virtuoso e vigoroso no saxofone. Sua composição mais conhecida é um clássico, se chama Capra Black, e se encontra na última gravação de Lee Morgan, além do seu disco homônimo como lider. Workman está na ativa até hoje e faz parte do free jazz de New York, ao lado de William Parker e Henry Grimes no cenário local. Ficou conhecido por sua parceria com John Coltrane no início dos anos 60, precedendo Jimmy Garrison.
The Matyr é uma releitura para Praise For A Martyr, gravada em 1961 no disco Percussion Bitter Sweet, que contava com
Booker Little, Julian Priester, Eric Dolphy, Clifford Jordan, Mal Waldron, Art Davis, Carlos Valdez, Carlos Eugenio e Abbey Lincoln, coma mesma urgência e vigor, compactada no formato de quarteto. Six Bit Blues tem um belíssimo solo de Bridgewater profundamente arraizado nas tradições da música afro-americana. Ambas as músicas tem o compasso ternário que caracterizou grandes mudanças rítmicas no jazz, que ficaram muito conhecidas por Max Roach e Joe Morello. Clique no link para acessar o arquivo: http://www.mediafire.com/?zjmhthmajzf

terça-feira, julho 06, 2010

Olhaí o povo trabalhador brasileiro...

Desta vez eu saio do foco deste blog para repassar um e-mail que recebí neste manhã de terça-feira, 6 de Julho de 2010:

É INACREDITÁVEL – B I Z A R R O, ABSURDO - MAS É O “NOSSO BRASIL” !
Aconteceu no Ceará!

Curso para 500 mulheres.

Como o setor têxtil é de vital importância para a economia do Ceará, a demanda por mão de obra na indústria têxtil é imensa e precisa ser constan temente formada e preparada.
Diante disso, o Sinditêxtil fechou um acordo com o Governo para coordenar um curso de formação de costureiras.
O governo exigiu que o curso deveria atender a um grupo de 500 mulheres que recebem o Bolsa Família. De novo: só para aquelas que recebem o Bolsa Família.
O importante acordo foi fechado dentro das seguintes atribuições: o Governo entrou com o recurso; o SENAI com a formação das costureiras, através de um curso de 120 horas/aula; e o Sinditêxtil, com o compromisso de enviar o cadastro das formadas às inúmeras indústrias do setor, que dariam emprego às novas costureiras.
Pela carência de mão obra, a idéia não poderia ser melhor.
Pois bem. O curso foi concluído recentemente e, com isso, os cadastros das costureiras formadas foram enviados para as empresas, que se prontificaram em fazer as contratações.
E foi nessa hora que a porca torceu o rabo, gente. Anotem aí: o número de contratações foi ZERO. Entenderam bem? ZERO!
Enquanto ouvia o relato, até imaginei que o número poderia ser baixo, mas o fato é que não houve uma contratação sequer. ZERO.
Sem nenhum exagero. O motivo?
Simples, embora triste e muito lamentável, como afirma com dó, o diretor do Sinditêxtil: todas as costureiras, por estarem incluídas no Bolsa Família, se negaram a trabalhar com carteira assinada. Para todas as 500 costureiras que fizeram o curso , o Bolsa Família é um benefício que não pode ser perdido.
É para sempre. Nenhuma admite perder o subsídio

SEM NEGÓCIO.
Repito: de forma uníssona, a condição imposta pelas 500 formadas é de que não se negocia a perda do Bolsa Família. Para trabalhar como costureira, só recebendo por fora, na informalidade. Como as empresas se negaram, nenhuma costureira foi aproveitada.

Casos idênticos do mesmo horror estão se multiplicando em vários setores.

QUEM ESTÁ CRIANDO ELEITORES DE CABRESTO, COMPRADOS ATÉ EM SUA DIGNIDADE, RECUSANDO-SE A TRABALHAR PELO SEU SUSTENTO?

E QUEM PAGA O PATO, TODO MÊS 27,5 % ?

Dentro deste mesmo assunto narro aqui o ocorrido em Seropédica e Paracambi, municípios localizados na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro.
O mesmo programa foi instalado aqui só que com Cursos para formação de mão de obra para construção Civil ( pedreiros, carpinteiros, eletricistas, bombeiros hidráulicos e outros) e não se conseguiu alunos suficientes pois os beneficiários diziam que se fizessem o curso e fossem empregados perderiam o Bolsa família.
A maioria prefere depender do benefício e complementar a renda, quando o faz, com "bicos".
Alguns dias atrás o Governo falou que vai aumentar a abrangência desse "malefício", e o prefeito do Rio de Janeiro vai dar um "abono" de R$ 100,00 a todos os beneficiários do mesmo.
E quem paga a conta???

domingo, julho 04, 2010

Copa do mundo de futebol: "Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração."

Este fim de semana que passou parecia um feriado de 2 de Novembro. Desci algumas quadras da rua Augusta para tratar de assuntos trabalhistas e constatei o que o silêncio me revelou desde a tarde da sexta-feira anterior: rolou uma espécie de luto pela desclassificação da seleção brazuca nesta copa de 2010. Antes que alguém me acuse de anti-futebol e etc, eu não tenho nada contra o esporte, não tenho time e concordo com o que o Pelé disse em uma recente entrevista, que não torce contra ninguém. Isso eu achei legal, pra quê essa atitude de criança mimada que foi contrariada? Vingancinha? Foi patética a derrota da Argentina, pela sua soberba e arcaram com a concequencia de sua atitude arrogante e de zombaria: 4X0. A Itália também se deu mal por acreditar na tradição da camiseta azul. E muitas vezes o brasileiro acredita num suposto direito a supremacia em certas coisas. Depois fica passando vergonha e culpando o Dunga e o juiz. Sei lá viu, mas agora a marca de balas Tic Tac vai ter que recolher o sabor Hexa de novo(eu guardei o da última copa que o Brasil não faturou o título).
Não é nada edificante esse lance do brasileiro achar que é dono do futebol, que a seleção tem obrigação de ganhar sempre. Afinal as competições esportivas tem algo interessante justamente pela sucessão de vencedores, justamente por seu mérito, indepenedente de alguém achar que trapacearam, pois o gosto real da vitória só desfruta quem o fez de forma honesta. Se não quer descer do trono, basta fazer como Kim Jong II, a saber o ditador da Coréia do Norte.
Também fico triste quando uma pessoa coloca no altar certas coisas, como a seleção, o futebol, o time acima de tudo em sua breve vida. A pessoa depende apenas de 90 minutos periódicos e instáveis para ser feliz. Mas como disse uma pessoa que muita gente idolatra sem entendê-lo, o ignora por não crer, ou por outros motivos, tem razão, independente de filosofia, opinião ou religião: "
Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.
". Foi o que Jesus Cristo disse. O que entendo é isso, a pessoa acaba limitando sua felicidade e a tornando instável por acreditar em valores voláteis, passageiros e tornando o viver uma coisa menor do que poderia ser.
Ah, em 2014, que a lição de casa esteja em dia para não passar vexame no boletim escolar da vida, não é porque a copa será no Brasil que tenhamos o direito de ter o título. Que vença o melhor e como diz o título de uma música do grupo The Last Poets: "
Blessed Are Those Who Struggle
"- Bem aventurados aqueles que se esforçam!

sexta-feira, julho 02, 2010

Cenário musical independente paulistano e seus depoimentos

Me lembro de um dos motivos de ter criado este blog a cerca de quatro anos. A web digital proporcionou um avanço grandioso para o cenário musical independente, que não dispunha de muitas ferramentas. Tinhamos os zines, que tinham um alcance muito limitado, as vezes alguns programas de rádio fm, alguns artigos em revistas de comportamento jovem e a raridade de alguma coisa veiculada na tv aberta. Hoje em dia, temos tudo isso e muito mais, informação simultânea e ligada ao mundo inteiro e etc. Não creio que seja necessário me aprofundar nestas ferramentas de midia, como o blog, sites, podcasts, myspace, twitter, pois o que não falta são dissertações sobre estes meios de comunicação da era digital.
Me lembro do meu erro ao não checar as fontes de informação de forma correta, ou seja, se a fonte era confiável e se havia coerência com a verdade. E isso não foi feito de forma irresponsável, pois era um assunto ao qual eu tinha vivenciado, mas como não me foi concedido a onipresença e onisciencia, não pude apurar a verdade dos fatos de forma cem por cento isenta de opiniões pessoais, alheias. Enfim, foi um aprendizado e hoje as coisas estão claras.
Últimamente tenho visto a documentação de movimentações culturais em formato digital, coisa que não podia ser feita no fim dos anos 80 e 90 até. Quem iria ficar andando com uma câmera de video high 8 ou gravador k7 nas baladas e shows de São Paulo o tempo todo, ou nas rodas de conversa das pessoas que participaram deste cenário? E vejo como a memória humana pode ser falha ou infelizmente, tendenciosa. Cada um conta sua história do jeito que lembra, do jeito que queria que tivesse sido. O irônico dissso é que a contra cultura paulistana que rebateu e repugnou a parafernália burguesa, a ditadura e o poder, acabou fazendo algo semelhante ao relatar sua curta trajetória. Depoimentos e textos são feitos de forma romantizada e idealizada e não raramente, totalmente fora da realidade. É como a maiora da documentação da história da humanidade, os livros tratam a fundação de nações e cidades como uma coisa linda e maravilhosa e quem tem bom senso sabe que nunca foi assim. A história do homem foi escrita com sangue, mas não sangue como adjetivo de esforço e trabalho, mas como violência, instintos malignos, interesses próprios não visando o bem coletivo e outros ransos.
Mas hoje em dia, eu particularmente não vejo, não sinto necessidade e não quero buscar, pesquisar, investigar e divulgar sobre o que realmente aconteceu e acontece neste meio cultural paulistano com intuito de jornalismo investigatório ou documental. Se houver alguma relevância, tudo será esclarecido de alguma forma, cedo ou tarde a verdade aparece. Cada um que conte a sua história como deseja seu coração e sua consciência. E depois, muita coisa não tem importância, vai se dissolver no avançar do tempo, a vida envolve coisas muito mais importantes do que isso, a não ser que as pessoas coloquem a arte como carro chefe de suas breves existências nesta terra. Breves existências? Sim, pois se todo ser humano pudesse viver exatamente cem anos, o que é cem anos perante a eternidade, a qual não temos a verdadeira noção de sua dimensão.
"
Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece.
" Tiago 4.14

quinta-feira, julho 01, 2010

Rammellzee (?/?/1960 – 27/06/2010)




























Um artísta incrível, ao contrário da longevidade dos dois últimos que escreví neste blog, se foi apenas aos 49 anos de idade. Uma coluna da cultura hiphop e da arte de New York encerra sua trajetória. Se o graffiti que está tão em alta nestes tempos, foi Rammellzee quem o fundamentou na forma como o conhecemos e é um de seus pioneiros. Grafiteiro, rapper, estilista, não importa o "rótulo", e sim a sua arte extremamente criativa. Se quiser conhecer mais sobre o mentor do Gothic Futurism, acesse os links abaixo:


http://www.gothicfuturism.com/
http://www.myspace.com/rammellzee
 
 
Studio Ghibli Brasil