sábado, fevereiro 27, 2010

Max Roach With The J.C. White Singers - Lift Every Voice And Sing

Max Roach é sempre motivo de assunto quando se trata de música. Sempre lembrado por participar em grandes mudanças como foi nos anos 40 quando batizaram a nova forma de tocar com o nome de uma composição de Dizzy Gillespie: Bebop. E esta mudança teve como núcleo, o ritmo. Mas Max Roach não parou de buscar novas linguagens em sua trajetória pela arte, chegando a ser criticado por companheiros músicos e midia especializada quando se envolveu com a juventude das ruas de New York no início dos anos 80, quando nascia o chamado Hiphop. Lá estava Max com sua bateria "falante" ao lado do pioneiro Fab Five Freddy e B-Boys no mesmo palco. Bem, são tantas histórias que não cabem neste simples blog.
Particularmente Max Roach tem um lugar especial em minha vida, pois o que me motivou a tocar bateria, foi sua influência, que não foi direta em primeira instância, pois o que me despertou foi o jeito de tocar, a sonoridade de Mitch Mitchell, o parceiro de Jimi Hendrix. Mitch não tocava apenas rock, tinha algo a mais ali e esse algo era sua fonte de inspiração. Com o tempo e muita audição de gravações comecei perceber a influência de Max em Mitch e também a influência de Elvin Jones. Iniciei uma pesquisa sobre a bateria, a música e trajetória de Max Roach descobrindo muito mais do que um exímio baterista de jazz. Descobrí um artísta de grande talento, brilhante compositor e líder, pesquisador, desbravador de novos territórios na arte sonora.
E aqui está uma de muitas descobertas sobre Max Roach: Lift Every Voice and Sing com o coral The J.C. White Singers. Também fazem parte desta obra o brilhante sax tenor de Billy Harper, que mesmo não tendo seu nome em evidência, faz parte do seleto grupo que alguns musicólogos chamam de primeira geração "pós-Coltrane", ao lado de Gary Bartz, Odean Pope, David Murray, entre outros. Também participa o trompetista e educador musical Cecil Bridgewater, que acompanhou Max ao lado de Odean Pope e Harper nas últimas decadas finais de sua carreira. O pianista George Cables, o baixista Eddie Mathias (que emprega o baixo elétrico à exemplo de Jymie Merrit nos anso 60) e o percussionista Ralph McDonald são nomes consagrados no meio musical por conta de seus talentos singulares. O coral formado por Ruby McClure, J.C. White, Dorothy White faz a diferença nesta gravação. É inevitável não se emocionar com o poder destas vozes entoando o hino tradicional evangélico Motherless Child e a composição dedicada aos pais Garden Of Prayer. As vozes tocam no profundo da alma. Outro destaque é o solo de Cecil Bridgewater em Let Thy People Go. Outra característica de Max Roach em sua arte é que ele sempre que possível, usou-a como veículo de expressão política, dedicando as músicas a pessoas como Marcus Garvey, Patrice E. Lumumba, Malcom X, Rev. Martin Luther King, etc.
Mesmo não tendo tanto destaque até no meio especializado, Lift Every Voice and Sing pode tranquilamente estar ao lado de A Love Supreme. Clique na foto da capa ou no título do post, que são o link de acesso ao arquivo.

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