sábado, dezembro 29, 2007

Feliz Ano Novo?

Eu compreendo, tem essa situação toda, os costumes e tal, muitos realmente estipulam metas, votos, por conta desta data. Mas cientificamente falando não é lá muito preciso. Sim, há a argumentação sobre os 365 dias em que o planeta Terra demora para completar uma volta completa ao redor do sol. Mas para quem é cético, qual a relação disso? E a data então, já que 2008 é um número relacionado à Jesus Cristo. Sim, mesmo os céticos estão submetidos a este cronograma, este calendário, pois boa parte do mundo gira em torno disso, com excessão ao povo de Israel, ou a descendencia de Ismael entre outros.
Mas tudo pode ser estipulado para o dia seguinte, isso mesmo, não precisamos de forma alguma esperar tanto tempo para nos renovarmos, como as festas de Ano Novo sugerem. Por isso eu peço perdão a quem de alguma forma ofendi, da mesma maneira que perdoei a qualquer pessoa que tenha me ofendido, que Deus abençoe todas as pessoas que eu convivo e convivi, que conquistem o melhor, que tenham paz, alegrias, vitórias, com amor e justiça, mas que isso comece desde já e sempre. Mas como é um costume da maioria das pessoas, sim, Feliz Ano Novo, Feliz 2008!!!

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Feliz Natal... sim! Feliz Natal!

Segundo uma pesquisa feita pela H2R Pesquisas Avançadas, os paulistanos preferem o réveillon (74%) em relação ao Natal (64%). Também foi perguntado sobre os presentes natalinos, 64% gosta de recebê-los e 56% de dá-los.
- 81% gostam o clima de Natal;
- 1/3 dos separados e da classe B detestam esse clima;
- 76% dos adolescentes, gostam mais do Natal. Entre os mais velhos esse valor cai para 53%;
- São os adolescentes os que mais adoram ganhar presentes (79%) e os adultos de 36 a 50 anos são os que menos gostam (52%);
- Solteiros (74%) e casados (73%) adoram o réveillon; essa animação é menor entre os separados (68%).
Bem, eu hoje em dia, faço parte de uma porcentagem que não foi cogitada nesta pesquisa. Mas por acaso as pessoas em geral ainda lembram o que significa o Natal? Já fazem dois anos que o Natal para mim não tem nada haver com papai noel, árvore de natal, neve(ainda mais no Brasil, né? E ainda mais com o aquecimento global), perú assado, e compras. Sei, sei, alguém mais cético pode fazer algum comentário irônico sobre o nascimento do menino Jesus... Sim! É a comemoração do aniversário de Jesus, mas essas coisas de montar presépio, não tem importância mesmo, chega a ser um mero fetiche para muitos. Vamos esquecer das doutrinas católicas também. Jesus nasceu a mais de 2000 anos, e daí? Daí a resposta é pra lá de evidente, foi o que ele fez, o exemplo que deixou. Não levemos em conta as representações cinematográficas que proliferam nas telas em Dezembro. Uma que dá pra ser relativamente uma excessão, é a do Mel Gibson, sim, foi uma parada horrível mesmo, um festival de sangue, crueldade, hipocrisia das pessoas, mas o que importa nisso tudo, é o amor. Amor? É, sem dúvida nenhuma, e não se trata de um amor restrito, ao qual a maioria das pessoas prefere exercer. Como Jesus mesmo disse, ama à teu inimigo, pois que mérito tens em amar quem te ama? O verdadeiro amor tem muito haver com renúncia pessoal, dar sem esperar recompensa, reconhecimento. Amar de verdade não é nada fácil, não é um mar de rosas o tempo todo, mas qualquer um tem esta capacidade. Ah, é claro, muitos dizem que isso seria uma tolice, pois o mundo trabalha na base da troca, não se faz nada de graça. Que o mundo me abandone, eu trinco geral com esta frase: "Recebeis de graça, dai-vos de graça". Não precisa ser melhor do que ninguém para amar de verdade, afinal de contas, somos todos iguais, mesmo que muitos ainda persistam em se enganar sobre isso. Chega de doutrinas religiosas, filosofias que não saem do mero discurso, euforia de consumo material, o Natal é mais uma data de aniversário de uma pessoa, que trincou por todo mundo. O Natal é só para a gente se lembrar de amar de verdade, só isso. Feliz Natal!

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Peter Brötzmann Chicago Tentet

Joe McPhee, Peter Brötzmann, Kent Kessler, Michael Zerang,
Johannes Baur, Per Ake Holmlander,Fred Lonberg-Holm,
Mats Gustafsson, Ken Vandermark, MPaal Nilssen-Love.
Gravado no concerto do
Molde Jazzfestival, 20/07/2007, Noruega. OkkaDisk

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Análise musical, crítica musical ou...

É um assunto recorrente ou sempre em pauta... Mas nem sempre isso gera frutos aproveitáveis num espectro mais amplo. Eu tinha feito uma análise sobre a gravação dos Beastie Boys, o Mix-Up, mas tinha muito mais o foco direcionado às críticas de midia que fizeram análises que careciam de uma argumentação mais sólida. Talvez eu não tenha desenvolvido melhor o assunto por realmente não ver alí muito interesse musical. Mas como o grupo tem uma preferencia ampla, deveria ter mais cuidado na análise para evitar constrangimento alheio de comentários unilaterais de apreciadores em particular do grupo. Geralmente este seguimento de ouvinte espera só ler ou escutar comentários positivos à respeito de suas preferencias. Nestes humildes 25 anos de ouvinte mais atento, seja na pesquisa e consumo, muita coisa ficou mais clara sobre música, gosto musical, origens, derivados entre outros. O gosto musical é um ítem realmente impreciso se compreendemos melhor a expressão artística sonora. De Iron Maiden à Elvin Jones, Napalm Death à Elton John, John Zorn à Benito de Paula. Devemos ser coerentes em relação à estas coisas, pois será que vale a pena brigar pelo seu time? A vida oferece algo muito mais amplo que isso, e ainda por cima a filosofia de vida que atinge a maioria das pessoas torna o mundo tão hostil e selvagem como a era dos dinossauros, mesmo tendo tv digital, bluetooth, wi-fi, etc. Um método que creio ser proveitoso em relação à crítica musical, é ler sem paixões, ouvir a obra em questão e depois analisar, concordar, discordar, acrescentar. Se tenho a possibilidade de debater com quem escreve, devo pesar até que ponto é proveitoso isso, averiguar o motivo do texto em relação à obra, se é imparcial, se há gosto pessoal. Muitos artístas que aprecio não são tão apreciados ou não são conciliáveis com outros artístas no que diz à seu público. Dificilmente há pessoas que gostam de John Coltrane e Def Leppard à ponto de não ver hierarquia entre ambos. Eu particularmente descobrí que é em vão defender meus gostos musicais, afinal isso não tem a menor importancia. Mas novamente prevalece o livre arbítrio, as musicas surgem e desaparecem, ou até permanecem no gosto popular, jogadores aparecem e desaparecem, de certa o forma os times permanecem por mais tempo, a vida em carne e osso nesta terra é uma só, depois da morte carnal não há mais volta. Você daria sua vida por um time ou uma banda? Bem quanto a mim, minha vida está entregue e à disposição da vontade de Deus...Aleluia!

sexta-feira, novembro 30, 2007

Festival Jodorowsky



Começou esta semana sem São Paulo, no Centro Cultural Banco do Brasil o festival sobre Alejandro Jodorowsky, com a exibição de seus filmes, como os famosos El Topo, The Holy Mountain, Santa Sangre e sua presença em conferências sobre cinema, quadrinhos e até sobre leitura de tarô. Imperdível.
programação:
CCBB
Trailers:
Holy Mountain
El Topo
Santa Sangre

segunda-feira, novembro 26, 2007

Ken Vandermark Current Top Ten Stereo Cuts

•Duke Ellington, "Money Jungle," (Blue Note).
•Fugazi, "13 Songs," (Dischord).
•Ornette Coleman, "The Complete Science Fiction Session," (Columbia/Legacy).
•Minutemen, "Double Nickles On The Dime," (SST).
•Karlheinz Stockhausen, "Klavierstucke I-VIII & XI, David Tudor Piano," (hat ART).
•Refused, "The Shape Of Punk To Come," (Burning Heart).
•Thelonious Monk, "The London Collection, Vol. 1-3," (Black Lion).
•Wire, "Read & Burn, 01 & 02," (pinkflag).
•Evan Parker/Derek Bailey/Han Bennink, "the topography of the lungs, " (psi records).
•Ennio Morricone, "Giu' La Testa (Duck You Sucker, A Fistful Of Dynamite," (Cinevox).

quinta-feira, novembro 22, 2007

Bill Dixon trio


Bill Dixon, Art Davis e Freddie Waits no filme Imagine The Sound(1981), de Ron Mann e Bill Smith.

segunda-feira, novembro 19, 2007

Destino dos heróis? Arthur Doyle, Eric Dolphy...

Uma conversa breve e corriqueira no msn messenger, como costuma ser nos dias de hoje, quem tem tempo disponível? É, as 24h não dão conta de tudo. Fora o sono necessário pra recarregar as baterias do dia-a-dia. Problemas, quem não os tem? Faz parte do viver, estão aí para serem resolvidos, a vida cria parte deles, mas também nós os criamos. Viver sem problemas? Só morrendo mesmo. O lance é como lidar com eles. Deus nos preveu a existência deles, mas nos proveria de paz e capacidade para superá-los. Sou testemunha desta verdade. Não há necessidade de sofrer por antecipação, a cada dia já basta o seu. Arthur Doyle, mais um herói músico, artísta. Sempre será um fardo soprar um saxofone tenor livremente ou qualquer outro instrumento musical? Isso como sempre é relativo apesar da frase ser manjada. Eric Dolphy se foi em 1964. Deus disse que nem só de pão o homem se alimenta e sim de sua palavra. Mas Dolphy não era só espírito, não precisava ter sido assim. Como diziam os que o conheciam, era um santo, nada que fosse negativo a seu respeito. Um dom único e precioso ao tocar saxofone alto, flauta e clarinete baixo. Escutando sua gravação pelo selo Blue Note, o Illinois Concert de 1963, incrível. Não, não precisava ter sido assim. Dolphy morreu praticamente por culpa da pobreza material, sua saúde foi apenas um detalhe. Um amigo comentou sobre auto destruição de alguns músicos, meu Deus, os Last Poets estavam certos? "Coltrane died in vain"? Não há remota possibilidade em mim de acreditar nisso. Há um ponto em que temos que fazer escolhas, por amor verdadeiro, sempre são difíceis. Somos relativamente capazes de suportar muitas tribulações, mas muitas vezes ocorrem fatos fora do nosso alcance e vontade. Já disse uma vez, se tivessemos 100 anos para viver plenamente nesta terra, sería muito pouco. Trane, Dolphy, nem completaram metade de 100 anos. Mas é só escutar o que eles deixaram. Se pudessemos falar com eles agora, certamente diriam que valeu apena. Nem só de pão o homem se alimenta... As coisas mais importantes de nossas insignificantes vidas na vastidão da eternidade, são justamente as que não podemos pegar com as mãos carnais, não podemos...

Photo Copyright 1999 Joe Tunis and Alex Schmidt

terça-feira, novembro 13, 2007

Para um amigo que tenho como irmão

Bem aventurados os que se esforçam e perseveram. Que Deus te abençoe onde quer que esteja.

sábado, novembro 10, 2007

Críticos e Experts in Brazil...

Ah... o país do futuro... Em São Paulo especificamente, mas também em outros Estados na nação, há uma parcela bem pequena da população, denominada de elite cultural. Dotada de uma arrogância burguesa que a torna lamentável em termos de informação e pesquisa. Basta ter alguns livros, gravações, publicações, que já brota um expert no assunto. Recentemente um famoso crítico musical especializado em Jazz e também apresentador de um programa de rádio sobre o assunto, Carlos Conde, faleceu. Considerado autoridade no assunto, eu mesmo já presenciei afirmações como: "As sheet sounds do Coltrane é barulho, enganação". E olha que ele é das antigas. Um que a maioria do underground odeia e desqualifica, o Jô Soares, pode não saber ser imparcial e ser meio tendencioso, mas o Gordo entende do assunto, tá nessa à muito tempo em muitos termos, seja uma vasta coleção que dedicou a audição, livros, entrevistas e até convívio breve com lendas do Jazz. Eu por outro lado, também já presenciei discursos de "experts" de vários estilos musicais. Ouví dizer que o Fábio Massari é uma autoridade mundial sobre o Frank Zappa! É só conferir por aí à fora no mundo, nos sites oficiais e veremos que não é nada disso. Realmente o título de seu livro é profético, um verdadeiro detrito cósmico, uma partícula de poeira cósmica que se perde na sua superficialidade. Uma coisa que reparei no documentário da BBC sobre o Sun Ra, Brother From Another Planet, é a presença de Robert L. Campbell(autor da discografia da Arkestra). O que me chamou a atenção era o que não estava em foco, sua vasta prateleira lotada de livros sobre Jazz, fora o que não foi mostrado, a sua coleção assustadora de discos de Sun Ra, inclusive muitos daqueles que a própria Arklestra desenhava a capa, para baratear os custos. Campbell estudou e pesquisou muito pra ser considerado um expert no assunto. Já ví gente que comprou uma dúzia de discos do Sun Ra e o livro do Campbell e tá por aí dando seus pitacos como entendedor do assunto, chegando a públicar declarações online(viva a liberdade on web, mas abra o olho...) Numa outra modalidade de expressão artística, temos os animes e mangás. Tá cheio de gente achando que entende do assunto porquê viu todas as sagas do Dragon Ball, Cavaleiros do Zodíaco e comprou todos os mangás lançados pela Conrad e Panini. O Brasil não lançou um centésimo das obras essenciais, mais significativas do anime e mangá aqui. E outra, para se entender realmente sobre este universo, no mínimo a pessoa tem que saber falar e ler japonês, depois conhecer a cultura japonesa e oriental razoavelmente. Mas fazer o que? Os críticos e experts daqui não conseguem nem explicar a Ivete Sangalo e o Mamonas Assassinas!
ps.: "Pérolas" foram e estão sendo produzidas pelos críticos e experts brazucas sobre o filme Tropa de Elite. No Sleep til' Hammersmith!

quarta-feira, outubro 31, 2007

Hurtmold

Eu estava esperando como sería mais uma etapa do Hurtmold, surpresa ou decepção? Ou confirmação? Tenho observado os comentários tecidos ao longo do ano sobre o grupo, infelizmente a maioria da mídia independente carece de um amadurecimento na análise empírica musical. Os músicos estão na tenra faixa etária dos 20 e tantos anos, muitas possibilidades podem se concretizar em termos de amadurecimento musical. Fora das comparações e termos muitas vezes imprecísos sobre o grupo, eles estão caminhando e incorporando novas experiências em seu trabalho. Uma questão que é extremamente positiva, é que a música instrumental brasileira se renova por um caminho até subestimado, o rock independente. O pessoal do Hurtmold não possui a erudição técnica tradicional, lhes livrando de um certo ranso produzido por músicos provenientes dos meios ortodóxos da música instrumental. Isto dá um frescor musical que se aliado ao domínio maior em relação à composição, instrumentos, gera resultados positivamente surpreendentes. É um disco agradável, ainda ecoam citações referenciais em pontos positivos e alguns nem tanto. Mesmo que a evolução musical do grupo ocorra em progressão aritmética e não geométrica, é um grupo à se observar atentamente no tempo que se segue.

segunda-feira, outubro 22, 2007

What It Is! Funky Soul And Rare Grooves (1967-1977)


Pra quem gosta de um balanço, mais um boxset para ampliar sua coleção. A Rhino/WEA compilou estes 4 cd's com obscuridades do R&B e Soul dos anos 70, como United 8, Black Heat, Howard Tate, por exemplo, como também gente mais conhecida como Watts 103rd St. Rhythm Band, Mongo Santamaria, Memphis Horns. Clique no título do post pra ouvir os samplers.

domingo, outubro 21, 2007

Cecil Taylor no Brasil

É bem capaz que meu dilema se resolva pela minha demora em decidir se compro ou não o ingresso do show. Pagar o surreal preço de R$120,00, nem pensar! Ou ser bicado com o ingresso de R$30,00 lá no fundão, que a organização do festival faz questão de ocultar como opção, numa situação de "melhor isso do que não ver..." Será? De quebra ter que aguentar o Joe Lovano e o DeFrancesco como consolação do Bobby Hutcherson como convidado... Também abrí mão de ver o Han Bennink aqui, por apenas 20 mangos no Sesc. Mas teve um agravante, aturar a orquestra mantiqueira, que eu acho chata demais. E outra, 20 mangos pode até ser razoável, mas pensando bem, sendo no Sesc, fica meio estranho saca? E eu pagar pra ver a mantiqueira? Num rola, joe... Aí muita gente fica refém do esquema montado pelas grandes empresas, que ditam o quanto se paga pelo show... Quanto vale o show? Diz ae seu Abravanel, quanto mesmo? Se eu tivesse comprado a TeleSena eram outros 500 mil. Eu e meu idealismo... acabo não vendo uma pá de show por conta disso, mas fazer o que? Se conformar em ser explorado por esse esquema, ter que pagar pelo que não se consome? Não é a sugestão número 1 do McDonald's em que você pode substituir o refrí por outra opção. Então por mera satisfação individual vou contribuir com o esquema de exploração? Aí eu vejo estes ridículos "potrestos" contra alca, análises intelectuais sobre o suposto fascismo no filme "Tropa de Elite", o Rolex do Luciano Huck... Aí eu vejo 2 proletários assassinados pelos "anarquistas ativistas". Eu deixar de beber uma coca-cola não vai amenizar em nada significativo os golpes militares na América do Sul. O meu boicote ao McDonald's não afeta em nada o imperialismo do Bush, só quem ganha é minha saúde, pois aquele fast food é podrão mesmo. "Quantas crianças se perdem no tráfico pra um playboy enrolar um baseado..." Essa frase da fala do cap. Nascimento no filme incomodou muita gente. Aí a dita e criticada classe média monta ong's, passa um pano pro MST, ouve um Fela, um rap, bola uma baseado, compra um cigarro... Depois descer a lenha no sistema é 2 palito. Não sou pró-policia. Sou contra violência e exploração em todos os sentidos. Aos "universitários de esquerda", abram mão do serviço policial, vivam a gestão com a ausência de Estado, levando em conta o comportamento humano em geral e vamos ver como se saem. "Mas eu só queria ver o Cecil Taylor"... eu também!

sábado, outubro 13, 2007

Han Bennink



A primeira vez que ouví Han Bennink, nunca imaginaria que ele tocaria numa bateria de queijo. Descobrí Bennink no disco Last Date de Eric Dolphy com Misha Mengelberg, de 1964. Foi o último registro de Dolphy, onde ao final do disco encontra-se a célebre frase: “When you hear music, after it’s over, it’s gone, in the air, you can never capture it again.” Muitos anos antes, quando eu nem sabia quem era Eric Dolphy, passava na tv um seriado policial chamado "Um homem chamado Falcão", uma espécie de detetive/justiceiro com muitos princípios éticos. Sempre no final tinha uma mensagem filosófica. Numa dessas, ele parafraseou Dolphy. Eu guardei a frase por mais de uma década em minha memória e no final dos anos 90 descobrí seu autor. Mas sobre o Bennink, no disco de Dolphy ele toca de forma convencional o jazz, mas logo descobriria sua forma de expressão nas gravações com Peter Brötzmann, entre muitos outros musicos de free jazz e improvisação. Sem informação digna, Han Bennink se encontra em São Paulo com Michael Moore e Pablo Nahar para um encontro musical com a Orquestra Mantiqueira no Sesc Vila Mariana neste domingo dia 14 às 18h, rua Pelotas, #141, tel.: 5080 3000, ingresso de 5 à 20 mangos. Saiba mais sobre Bennink em seu site: http://www.hanbennink.com/

domingo, outubro 07, 2007

Av.Paulista... mas e a Itália?!

Neste mês de Setembro, tenho desfrutado de uma gratificante experiência, tocar bateria na calçada da av. Paulista aos sábados. Sim, tocar na rua é uma experiência única, não há um set à cumprir, horário determinado, necessidade de tocar o que agrade as pessoas, aliás, não há um público especícfico, pré-selecionado por um ambiente ou couvert artístico. Quem gosta, fica por alguns momentos, até chegam a fazer uma contribuição simbólica e até substancial em dinheiro. Quem não gosta ou não liga, simplesmente continua seu caminho, desfrutando do direito de ir e vir. Mas o simples prazer de tocar livremente já é o pagamento. Uma vez até recebí de um cidadão, uma cédula dessas que não se vê sempre na carteira de um trabalhador comum. Mas a oferta que mais me comoveu, foram as moedas que crianças de rua(!) me ofertaram de coração. E isso ocorreu mais de uma vez, nem me deram chance de recusar. Foram os centavos mais valiosos que recebí na minha vida. A foto é do local onde costumo tocar, em frente ao edifício do consulado italiano em São Paulo. Uma coisa que tem me chamado a atenção é justamente sobre este local. Não sei porquê, a av. Paulista recebeu o título de cartão postal da cidade, tem a calçada bem mais larga do que quase todas as calçadas da cidade, um mar de edifícios comerciais, bancos, alguns cinemas, museu, centro cultural, etc. Criou-se uma aura de sofisticação em cima de um simples passeio por esta avenida. E reparei no fascínio que o edifício do consulado italiano exerce sobre os transeuntes paulistanos. A construção em sí, não tem nada de espetacular em termos arquitetônicos e estéticos, pra falar a verdade, é um edifício medíocre até. A construção original era de um banco sul-americano que fechou suas portas. O consulado alí se instalou sem modificar a estética do edifício. Todas as vezes que estive presente tocando, pessoas param em frente ao consulado e ficam admirando o local, chegando a ponto de tirar fotos e também posar em frente. Sería a necessidade de se sentir "importante"? Tentar de forma constrangedora se sentir no "primeiro mundo"? Não, não são pessoas ditas simples e humildes que o fazem, são pessoas que possuem uma boa máquina fotográfica digital ou celular de penúltima geração com câmera embutida. Bem, cada um cada um...

sexta-feira, outubro 05, 2007

Luqman Ali, 1939 - 2007


Espero que agora ele não esteja no espaço, pois definitivamente o espaço não é o lugar e sim, um lugar infinitamente melhor, realmente celestial, a nova Jerusalem. Bom descanso com a benção de Deus, Luqman Ali!

terça-feira, setembro 18, 2007

Exposição - O Jazz e a Linha: Ouvindo o Branco pelos Olhos - Ivo Perelman


Mais conhecido pelos seus trabalhos musicais, especificamente no Freejazz e improvisação, Ivo Perelman também é pintor. Sem cair nos clichés de metáforas sobre o paralelo das duas formas de arte, a música e a pintura, realmente muitas pinturas e formas de arte visual possuem movimento, sons que variam de duração, intensidade, como obviamente muitas formas de arte que se expressam através de sons, possuem formas, cores, estruturas, rítmo, etc. Em São Paulo dia 25 de setembro, terça feira às 20:00 na Galeria Mônica Filgueiras, é a abertura da exposição de Ivo Perelman com seus mais recentes trabalhos.
Galeria Mônica Filgueiras: rua Bela Cintra, 1.533, tels. (11) 3082-5292 e 3081-9492.
segunda à sexta, 10h/19h, e aos sábados, 10h/15h.

sexta-feira, setembro 14, 2007

Pedro Ferreira dos Santos (25/02/1925 – 13/09/2007)

Pedro de Lara foi uma personalidade de rádio e televisão brasileiro, de múltiplas atividades que atingiu status de celebridade como jurado de programas de calouros. Também foi astrólogo, radialista, além de empresário de sua esposa Mag de Lara, escritor, ator e cantor. Em suas próprias palavras: "No meu disco o pau come, é nordestino da bexiga porreta!". Bom descanso, Salsi Fufu!

quarta-feira, setembro 05, 2007

Anime made in Korea

Aachi & Ssipak é uma produção do estúdio Jteam, de 2005. Cada vez mais a animação coreana desenvolve sua própria identidade. Mesmo que neste filme possamos notar influências e citações, existem diversas características da animação feita na Coréia. A mão de obra coreana nas produções de animes japoneses já está presente à um bom tempo, onde puderam aprender o que há de melhor em animação. Os coreanos também desenvolvem boa parte dos videogames que circulam por aí, tanto que nota-se algo em comum nos cenários e elementos 3D de alta qualidade presentes nos animes.

domingo, setembro 02, 2007

Solaris Quartet


Nosso amigo Ken Vandermark com mais um novo projeto, John Herndon e Mike Reed na bateria, Dave Rempis e Ken Vandermark no saxofone barítono, tocando especificamente a música de Sun Ra.

sexta-feira, agosto 24, 2007

Max Roach e Iron Maiden...



Numa noite "típica" dessas de São Paulo, clima desajustado por conta do nosso brilhante progresso movido à base de derivados de petróleo e outros ítens da tabela periódica, sim, aquela que éramos obrigados a "decorar" para as provas de química na escola, tive um grande prazer em jantar com meus amigos e conhecer outros. Da mesma forma que um bar de bossa nova em Tokyo de certa forma é atípico, um restaurante japonês na Pompéia também é. Lugar agradável, os funcionários simpáticos, notei que talvez eu fosse o único mais próximo do país do sol nascente. Depois de saber mais à respeito da culinária japonesa por intermédio de um grande amigo que é nativo de lá, tenho saboreado ou não com outros paladares os simulacros que proliferam em São Paulo. Constrangedores são os valores e status de restaurantes japoneses aqui, pois não parece justo pagar tão caro por comida caseira, do dia-a-dia. Bom, mas foi durante este agradável jantar que se pôs em pauta um assunto sobre passado, saudosismo, etc. Em dado momento disse que não desejaria voltar no tempo, como na infância. Minha opinião naturalmente não era unanimidade, mas uma resposta eu registrei e também me fez lembrar do Max Roach e o Iron Maiden. Que talvez eu e mais alguém que concordou comigo, não tivemos uma infância feliz, pois ela voltaria sim, era melhor naquele tempo, mais feliz, sem responsabilidades, os problemas da vida adulta, etc. Não achei necessário explicar minha opinião naquele momento, então lembrando de Max Roach que tinha partido à dois dias, sempre falou e agiu seguindo em frente. Uma vez o indagaram porque ela estava se "envolvendo" com "gente do tipo" como Anthony Braxton e Cecil Taylor. Ele simplesmente disse que Braxton e Taylor eram como Charlie Parker e Bud Powell de seu tempo, que não havia sentido e nem podia escrever a mesma história, que tinham sido maravilhosos os tempos tocando ao lado de Parker, Dizzy, Miles, mas o presente também era, como ter tocado com dançarinos de break, dj e mc, como Fab Five Freddy em 1983, onde também foi criticado. E que sua atitude é que o matinha vivo, com energia, que dava sentido em continuar. Ah, o Iron Maiden, tem uma música do disco Somewhere In Time de 1986, chama Wasted Years e seu refrão é:
"So understand, don't waste your time always searching for those wasted years, face up... make your stand, and realise you're living in the golden years"

terça-feira, agosto 21, 2007

Max Roach no Freejazz festival de 2000 em São Paulo

Foi realmente uma noite inesquecível do dia 20 de Dezembo de 2000. Era praticamente improvável eu poder ver Max Roach aqui em São Paulo, pois ele já se apresentara aqui em 1989 e a organização do festival que o trouxe, tinha o protocolo de não repetir as atrações. Mas por milagre, resolveram trazê-lo novamente, sabendo só depois de um bom tempo, que fora a última chance de vê-lo ao vivo. Com Odean Pope no saxofone tenor, Cecil Bridgewater no trompete e Tyrone Brown no contra-baixo, abriram logo de cara com "It's Time"... Uma homenagem à seu parceiro Clifford Brown em "I remember Clifford", e à um de seus mestres, Papa Jo Jones, no seu famoso solo de chimbal. Odean, Cecil e Tyrone acompanham Max à décadas, mesmo não sendo muito citados por aí, estão no mesmo patamar dos que já tocaram com Max e ficaram mais conhecidos. Os três continuam na ativa, dá pra conferir seus trabalhos pelo selo C.I.M.P. que faz parte da Cadence Jazz Records. Não há palavras para descrever a sensação de ouvir a bateria de Max ao vivo. Eu também tive o privilégio da última chance de ver e conhecer pessoalmente outro mestre dos tambores que me ensinou muito, Billy Higgins, mas essa é uma outra história...
A noite em que fui abençoado pelo mestre

Eu tinha feito uma pintura de Max à anos atrás e meu amigo iría a New York assistir uma apresentação do mestre. Pedí a ele pra levar o quadro e dar-lhe de presente. Ele não conseguiu encontrá-lo por conta do cancelamento do show. Então uma surpresa, Max estaría no Free jazz festival. Pensei, vou lhe entregar pessoalmente. Bom depois da metade do show, a maioria tinha ido embora e no final, consegui junto com meus amigos, ver seu famoso solo de chimbal, a um metro de distância! Quando ele foi dar autógrafos, eu lhe entreguei o retrato e, ele começou a assinar. Aí eu pus a mão em cima da dele e disse, "No, it´s for you!" Ele não acreditou, ficou por alguns segundos me olhando. Então pedí pra ele autografar meu vinil do Plus Four, aquele que gravou logo depois da morte de Clifford Brown, e dei um cd do Batucada Fantástica pra ele. E ele saiu com meu retrato em direção ao camarim. Mas não para por aí, meu amigo conseguiu que eu fosse sozinho no hall de saída pra falar com ele. Antes disso, eu e meu amigo, conversando com seu roadie particular, pedí um par de baquetas, disse que também era baterista. Aí ele perguntou se eu tinha alguns milhares de dólares, mas tudo na brincadeira. Então ele falou o seguinte: "Não vou te dar um par de baquetas e sim apenas uma, pois se eu der o par você vai tocar e quebrar depois. Pegue esta baqueta e coloque em um lugar especial, pois isso é um conhecimento. Vai e pede para ele autografar para você". Fiquei esperando o elevador descer e ele aparece. Pedí para autografar a baqueta. Ele pediu para alguém arrumar uma caneta de tinta permanente, mas ninguém tinha, então pediu um papel , perguntou meu nome e fez um desenho de uma bateria e pos meu nome. Falei pra ele que seu disco Percussion Bitter Sweet tinha mudado minha vida, minha concepção de jazz e ele abriu um sorriso e disse: "really?" Antes de ir embora, pois a produtora queria levá-lo ao hotel, pedi pra ele me abençoar. Ele ficou meio sem ação, surpreso, então dei um abraço nele. Quando ele entendeu, também me abraçou e suspirou de emoção, como um avô. Então apertei sua mão e disse, "I love you, mr. Max!" Saí dalí tão feliz que nem falei com Odean Pope, Cecil Bridgewater e Tyrone Brown. Aí eu o adimirei muito mais, pois o mestre era uma história viva da música, uma lenda, mesmo cansado depois do show, foi muito atencioso e simpático comigo, por ele, ficaria batendo papo comigo, um garoto qualquer.

quinta-feira, agosto 16, 2007

Maxwell L. Roach (10/01/1924 - 15/08/2007)


O que me conforta é saber que agora, Max Roach está tocando literalmente de modo divino. Que agora ele deve estar relembrando velhas músicas com seu parceiro Clifford Brown. Que pode estar organizando uma big band com John Coltrane, Eric Dolphy, Albert Ayler, fazendo duelos de bateria com Elvin Jones, Kenny Clarke...
Me lembro do primeiro contato com o som da bateria de Max, fazem 13 anos. Mitch Mitchell que tocava com Jimi Hendrix, me fez descobrir Max. Meu Deus, aqueles tambores falavam!
Também tinha descoberto Buddy Rich, Elvin e outros, mas foi Max que me mostrou a bateria e o Jazz de um outro ponto de vista. Quando descobri seu album Percussion Bitter Sweet de 1961, tudo mudou, fiquei admirado porque ele tinha composto todas as músicas, e elas tem uma força imensa, falam de política com muito sentimento. Foi neste trabalho que também descobrí o clarinete baixo, tocado divinamente por Eric Dolphy. Tive a felicidade de assistí-lo aqui em São Paulo em 2000 e ainda conhecê-lo pessoalmente, agradecer-lhe pela sua arte. Poder ver seu famoso solo de chimbal à 1 metro de distância do palco! Também pude retribuir lhe dando um retrato seu em tinta à óleo que fiz numa placa de eucatex(o que está acima) e um cd Batucada Fantástica vol.1. De 1994 pra cá, tive acesso à sua extensa obra, tendo a oportunidade de aprender e testificar a sua importância na música. Ele amadureceu o que Kenny Clarke tinha começado, nunca se esquecendo dos pioneiros Sid Catlett, Baby Dodds. Quando Dizzy, Parker, Powell, Monk, Miles resolveram mudar as coisas, ele estava lá. Enfim, é preciso de discos, livros e filme para falar de Max Roach. O que posso dizer no momento, é: Max Roach, lhe agradeço de coração, e agora, "drums unlimited"!!! E para nós que estamos entre os vivos: "Members, don't git weary"!
Mais informações nestes links:
http://www.nytimes.com/2007/08/16/arts/music/16cnd-roach.html
http://www.drummerworld.com/drummers/Max_Roach.html

segunda-feira, agosto 06, 2007

Art Davis (05/12/1934 - 29/07/2007)


O que posso dizer é que em Ascension, Olé, The Complete Africa Brass Sessions de John Coltrane, ele estava lá. Em Deeds Not Words, It's Time de Max Roach também. Mas não só, de Art Blakey à Bob Dylan. Mas meu impacto do contra-baixo de Art Davis foi no disco Percussion Bitter Sweet (1961) de Max Roach, particularmente na música Praise For A Martyr
Art, fique em paz, obrigado por nos presentear com sua arte!
Clique no título do post que é um link para o site oficial de Art Davis.

terça-feira, julho 31, 2007

Dossiê Hardcore em SP nos anos 90 pt.4 (Agradecimento e benção)

Quando menos se espera, certas informações aparecem, como coisas que são atiradas ao mar e um dia a maré despeja de volta na praia. Um assunto pra lá de superado e esquecido...
Em primeiro lugar agradeço de coração ao Alexandre de Santos, Carlos de Porto Alegre, Daniel de Campinas e Marcelo da Saúde, que se deram ao trabalho de escrever à respeito do polêmico texto deste simplório blog, que Deus abençoe suas vidas, que prolongue seus dias de vida nesta terra, sempre acompanhados de Amor e Justiça, desfrutando de muitas alegrias e prosperidade. Quanto ao amigo hacker, sei que isto é simples de ser executado, já tinha até esquecido disso, mas obrigado pelas informações. Aproveito para aconselhar-lhe a procurar outro tipo de atividade, sei que é por diversão, mas pode usar sua habilidade em prol do bem. Que Deus te abençoe também. Quanto a quem se reservou a opção de me escrever anonimamente, na tentativa de ofender-me, a Internet não encobre toda a verdade, pois existe um elemento que deixa rastros, que se chama IP do computador. Mas como isso tudo são águas passadas, não é vontade de Deus expor as pessoas e seus atos publicamente, o anonimato continuará. Que a pessoa a qual se reservou a este direito de não se identificar, em verdade lhe digo que Deus te abençoe, que prolongue seus dias de vida sempre cercados de Amor e Justiça, que não falte nenhum dia de alegria e prosperidade em sua vida superando todos os obstáculos com êxito, que fazem parte do viver. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, Amém.

quarta-feira, julho 25, 2007

Crise existencial

Crise: do Lat. crise <>s. f., alteração para melhor ou para pior no curso de uma doença;
ataque, acometimento, acidente;
momento perigoso ou decisivo de um negócio;
perturbação que altera o curso ordinário das coisas;
situação de um governo que encontra dificuldades muito graves em se manter no poder.

É cada vez mais comum o entendimento de que o acumulo de informações se traduz em conhecimento e sabedoria. Por mais que uma pessoa tenha velocidade de raciocínio, inteligência, acesso privilegiado à informação, cultura, etc, existe um ponto em que ela não poderá ultrapassar: a experiência de vida. Não é uma conversa com um velho sábio, bons livros, uma boa faculdade e pós-graduação, que vão prover o necessário para a vida de uma pessoa. São apenas meros complementos, detalhes que muitas vezes podem de nada valer diante de uma, crise. A vida não é advento de mero raciocínio, lógica, intelecto, ciência, pesquisa científica. Os sentimentos humanos derrubam tudo isso. Não, não, Freud não explica, nem Jung, nem Sócrates, Platão ou qualquer pensador que exista ou tenha existido. Claro, as pessoas são livres para pensarem que tudo se explica através da psicanálise, psicologia, teoria científica, medicina, ciências sociais, etc. É extremamente difícil vencer o orgulho pessoal e admitir a ignorância sobre a vida. Mas muitos simulam uma humildade afirmando serem humildes. Uma lição que aprendí sobre humildade é que, se uma pessoa é realmente humilde, ela nunca afirma esta condição pessoal, seus atos é que demonstram. Pelo fruto se conhece a árvore.

quarta-feira, julho 18, 2007

Crise cultural



Pra quem não conhece, o Tonic era um clube em New York que abrigou a música experimental, o Jazz de vanguarda, a arte na sua forma mais livre e criativa. Neste primeiro semestre de 2007, depois de quase 10 anos, o Tonic fecha suas portas por não suportar a pressão financeira do aluguel, uma tática legal e nada ética bem conhecida para atender os interesses econômicos dominantes. Mas o que os brasileiros tem haver com isso? Talvez seja um sintoma universal que a cultura passa hoje em dia. New York tem o apelido de "Big Apple", mas pouco se fala porquê. Na verdade, significa a grande maçã podre que consome o orçamento dos outros estados unidos da america do norte. New York sempre foi um foco de criatividade cultural, uma cidade extremamente rica e contrastante, mas que possibilitava todas as minorias, fossem culturais, civis, etc, existissem. Mas nestes últimos anos a cidade vem sofrendo um processo de "higienização", onde não deve permanecer tudo que vai de certa forma contra a nova ordem econômica mundial, das grandes corporações, da minoria com excessivo poder financeiro, da massificação social. A maioria da população tem que se limitar apenas como mero combustível do mecanismo das elites, como carvão para fornalha ou engrenagens de uma grande máquina. Mas desde muito tempo, já se usa uma estratégia para manter uma grande opressão e exploração, sem causar uma revolução das massas. A minoria no poder sabiamente permitiu a existência de uma liberdade artificial, dando uma falsa sensação de livre escolha, livre expressão. Aqui no Brasil, um exemplo razoável sobre isso, é a existencia de inúmeras marcas dos mesmos produtos, várias opções de lojas e supermercados, só que se observar a letrinha miúda, são pertencentes ao mesmo grupo empresarial. Enquanto o contingente paulistano se maravilha com a nova fase de efervecência cultural, promovida por grandes empresas, shoppings culturais, cinemas, centros culturais patrocinados por bancos, temos a nossa "higienização" se consumando paralelamente. Vendedores de livros usados sendo expulsos na paulada para o benefício das grandes bookstores. Artesãos expulsos das vias públicas em favorecimento das grifes, dos shopping centers. Artístas de rua perdendo sua liberdade de expressão em público em favorecimento de um clã artístico e seus mecanismos, sejam casas de espetáculo com preços de ingressos elevados, sejam gratuitos e financiados pelo comércio, maquiando o seu real mecanismo, que funciona pelo consumo direto de produtos e impostos implícitos. O que não é interessante para a elite, deve ser banido de locais que foram escolhidos por ela, afinal não dá pra ficar confinado em um apartamento de luxo ou condomínio particular. Qualquer pessoa com um mínimo de atenção, informação e sensibilidade sabe da analogia de New York com São Paulo. Só que São Paulo é um rascunho de New York, com menos orçamento, mais selvageria dos impulsos da elite dominante. Quando há injustiça da maioria oprimida, tirando meros detalhes superficiais, cultura e afins, sim, São Paulo é como New York. Os E.U.A. tem a sua grande maçã com seu Bronx e Times Square, e nós o grande abacaxí com os Jardins e o Glicério.

domingo, julho 15, 2007

Revista + Soma, Hurtmold e Bill Dixon




Por estes dias, deparei com uma prova explicitamente palpável do que se é possível fazer com união e boa vontade. A revista + Soma que se enquadra na classificação de revista de comportamento. Ela me pareceu ter um foco mais cuidadoso em termos artísticos, tanto no conteúdo quando no seu aspecto estético, boa impressão, papel de qualidade e para quem acha que tudo isso tem um custo, ela é de distribuição gratuita. Bom parece que por enquanto estão encerradas as lamúrias sobre falta de opções. Quanto ao Hurtmold, há uma entrevista consideravelmente abrangente nesta mesma publicação gratuita, que esclarece alguns pontos em volta deste grupo. Sempre ouví o tal questionamento da ligação do Jazz ao qual eles mesmo esclarecem. A primeira vez que ouví falar à respeito, é que eles estavam abandonando a poética escrita e cantada em suas composições, que já eram minoria e tinham um diferencial em relação aos instrumentos musicais usados dentro do formato do rock, como vibrafone, percussão, sopro, efeitos eletrônicos e orgânicos. Foi o que pude constatar nos respectivos discos Et cetera, Cozido e Mestro. Interessante foi saber mais à respeito do que cada um pensa em relação à música como arte e a proposta do grupo, até politicamente falando, o amadurecimento e afins. Bom, supondo que Deus me dê a oportunidade de viver 100 anos com lucidez, comecei a romper á algum tempinho, um terço do tempo que disponho para aprender algo sobre à vida. Sem levar em questão de que nada sei sobre a eternidade. Lembro-me de uma frase de samba na qual se diz que a gente nasce sem saber nada e morre sem saber tudo. Cada dia é um aprendizado. Mas também lí uma declaração de um músico de FreeJazz extremamente radical, na qual ele diz para não se confiar em ninguém com menos de 50 anos, pois a apartir daí é que se começa aprender alguma coisa. Dentro deste contexto, lembro-me da comparação do Mano Brown com o Bill Dixon feita durante a entrevista do Hurtmold. Até certo ponto pode haver uma analogia, a qual foi explicada na entrevista. Bem, vejamos então do seguinte ponto de vista, Mano Brown deve estar com a idade orbitando em torno da metade de Bill Dixon, que tem 81 anos. Os dois sofreram pré-conceito racial, o que acarretou problemas sócio-econômico-artísticos. O FreeJazz em sua época, nos anos 60, teve seu impacto político-artístico e uma suposta absorção pela sociedade. Ser afro-descendente e músico de FreeJazz num país declaradamente racista naquela época. Ser afro-descendente e músico de HipHop num país não declaradamente racista dos anos 80 pra cá. Hoje em dia, em pleno século XXI, o HipHop se tornou cultura de massa aceita em todas as camadas da sociedade mundial. Ironicamente, há uma marginalização do FreeJazz em relação a massa, falta de acesso e até a bizarra tentativa de elitização desta forma de arte. Até que ponto podemos relevar esta analogia em relação aos motivos pelos quais cada um dos dois fazem o que fazem? Quais são as escolhas e possibilidades de cada um? Qual a ótica de cada um em relação ao que fazem, pois também deve-se levar em conta o que cada um concebe sobre expectativa de vida, até capacidade física, no sentido biológico mesmo. Como cada um vê a questão da morte, seja de um lado, pelo cotidiano extremamente violento atual ou pela limitação do ser humano como organismo vivo. Creio que ambos os casos acarretam uma análise e ação particulares sobre o indivíduo em relação ao presente e futuro.

quarta-feira, julho 11, 2007

Cadê os "potrestos"?

Quando o presidente dos estados unidos norte americanos visitou este país por um breve período, houveram manifestações pelo país dos chamados punks, que parecem defender o utópico ideal anarquista. Como a liberdade individual tem seu limite quando chega o direito do próximo, parece que teríamos um equilíbrio coerente de atitudes. Infelizmente na prática, quase nunca isto se aplica. O que vemos são atitudes equivocadas que acabam por prejudicar justamente os próprios oprimidos pelo sistema político-econômico-social implantando pelo dito poder opressor. Agora que o país passa por um período extremamente vergonhoso, onde estão estes militantes com suas ações "libertárias"? Parece que existe uma alienação em relação ao que acontece no verdadeiro dia-a-dia do proletariado nacional. Então é isso, camisetas do Che Guevara ou do símbolo Anarquista, talvez livros do Trotsky, Karl Marx... Mas parece bem mais provável a desesperança, apatia civil, até alienação ao que ocorre na vida do país. Ou seriam atitudes de vandalismo e até crime, como o assassinato ocorrido com o garçom de um bar no bairro dos Jardins em SP? Alguém viu algum "potresto" nos aeroportos, diante aos caos lá estabelecido? Ah, deve ser talvez porque alguns punks prefiram o caos e também, punk que é punk, não pega avião, isso é coisa de burguês, não? Burguês?! Que estes ditos punks digam isso á um porteiro de prédio que trabalhou e juntou durante 2 anos o dinheiro para viajar de avião à sua terra natal, lá no longínquo nordeste do país, onde os parentes residem em humildes habitações, que em muitas vezes, não há um CD player pra escutar o disco do Discharge. Onde estão os "potrestos" diante das câmaras de vereadores, deputados e senadores, diante do papelão instaurado. Então é isso, para os ditos punks brazucas, é mais importante o "fora bush", "não a alca". Não interessa o que acontece à Anac, ao Renan, ao estouro do orçamente do Pan... No future for you, decontrol, anarchy in Brazil...

quinta-feira, julho 05, 2007

Jemeel Moondoc

Um nome pouco divulgado na mídia mais manjada do dito Jazz. Mas Jemeel Moondoc é bem conhecido pra quem acompanha com mais atenção este tipo de música e não se prende só nas revistas mais famosas como DownBeat e JazzTimes. Nascido em 5 de Agosto de 1951, não teve pais músicos, estudou arquitetura* na Chicago Vocational High School e tocava em bandas de Rhythm'n'Blues. Quando teve contato com a música de Cecil Taylor e Art Ensemble Of Chicago, mudou seu foco de energia criativa para a música. Teve a oportunidade de tocar saxofone na Black Music Ensemble de Cecil Taylor na University of Wisconsin em Madison e depois na Antioch College onde foi solista. Seu contato com Taylor durante 2 anos lhe proveu experiencia para ingressar na chamada New York City jazz Scene em 1972, onde imediatamente começou a ensaiar com a Ensemble Muntu, um quinteto co-fundado com o trompetista Arthur Williams que incluia o conhecido baixista William Parker, Mark Hennen ao piano, e Rashid Sinon na bateria. Sua estréia com este quinteto ocorreu no famoso estúdio Rivbea de Sam Rivers, onde ocorreram inúmeras performances do chamado Loft Jazz, período dos anos 70 em que os músicos de música livre ou Free Jazz, não tinham mais espaço para tocar. O estilo do sax alto de Moondoc tem muita influência de Jimmy Lyons, grande parceiro de Cecil Taylor e Ornette Coleman. Está em plena atividade, tendo tocado com Roy Campbell, Rashid Bakr, Khan Jamal, os saudosos Ed Blackwell, Fred Hopkins e Denis Charles. Boa parte de sua música pode ser conferida nos discos lançados pelo selo Eremite:
http://www.eremite.com/
* A Arquitetura é muito ligada à música, tanto que muitos estudantes de arquitetura tem estreita ligação com a música ou até acabam se tornando músicos, como no caso dos membros do Pink Floyd e Einstürzende Neubauten por exemplo.

terça-feira, julho 03, 2007

Sobre a verdade e as "verdades"

"A verdade é uma só". Quantas vezes já não ouvimos esta frase? Mas quantas dessas vezes que elas foram proferidas com sinceridade? Muitas pessoas acabam adaptando isso em benefício próprio, "customizando", "tunando"(2 dos piores termos inseridos no vocabulário da língua portuguesa contemporânea) para não terem que se esforçar no caminho dos justos. É o uso distorcido da liberdade, como um rolinho primavera de queijo muzzarela. Lembro-me de uma analogia que fiz com a extinção do fogo, do processo de combustão. Para se apagar o fogo, existem vários métodos: jogar água, areia, abafar com algum objeto, extintores de incêndio, sejam de espuma química, pó à base de cloreto, gás carbônico. Mas o que todos os métodos fazem a grosso modo, é extinguir a fonte da combustão, que é o oxigênio. Sem oxigênio não há combustão, não há fogo. Mas que uma verdade seja dita, todos nós temos a oportunidade, a chance de escolher o que é certo, o que é justo, sempre, não importa a situação em que nos encontramos, na tempestade ou na bonança.

quinta-feira, junho 28, 2007

Mas e o Free Jazz?


O FreeJazz... Num tempo não remoto, o termo se confundia por aqui muitas vezes com o festival realizado no eixo São Paulo-Rio anualmente. O nome era por conta do patrocínio da marca de cigarros Free, que tinha uma campanha publicitária pra lá de duvidosa, como qualquer uma de cigarro. Muitas atrações de qualidade passaram por aqui, como John Zorn, Max Roach, Art Ensemble Of Chicago, etc. Depois, uma marca de whisky, sim, goró, o Chivas, tradicional marca escocesa, patrocinou gente como Archie Shepp, David Murray, Arkestra, etc. Devido aos estragos causados à saúde pelo uso abusado dos produtos desses patrocinadores, não há mais estes festivais. O Jazz sempre foi vinculado por aqui com produtos de consumo refinado de uma elite social. Pessoas que supostamente tinham um intelecto e cultura superior, determinados por parâmetros meramente econômicos. Na apresentação do Art Ensemble por exemplo, a elite não suportou o longo solo com técnica de respiração circular, onde o músico toca sem interrupção, ou seja sem pausa para pegar fôlego. Roscoe Mitchell expulsou metade da platéia com seu solo de 20 minutos ao saxofone. O pessoal na sua maioria, queria algo mais palpável ao gosto deles, como Duke Ellington ou no máximo Charlie Parker. Free Jazz propriamente dito, como nos longinquos anos 60 do século passado, oficializado pela obra de Ornette Coleman, como ilustra a capa do disco neste post, onde o mesmo usou uma pintura de Jackson Pollock para ilustrar visualmente sua proposta artística musical, de libertação de estrutras convencionais estéticas, ainda continua a ser repudiado pela maioria das pessoas. Mas este tipo de expressão artística vai de vento em popa, longe de ter uma grande estrutura e apoio visível à maioria da população. Sim, é sempre um número restrito, mas consistente. Mas nada para ficar chorando, isso já acontece à muito tempo em outros setores não só da arte, qualquer coisa que saia do eixo de padronização da sociedade, onde pequenos grupos que manipulam o poder sócio econômico, é tratado de ser transformado em coisa nociva. O bom é comer, beber, vestir, ouvir, sentir, viver o mesmo de sempre. Vez ou outra, lançam algo pré calculado para as pessoas consumirem intelectualmente e materialmente, para não perceberem o grande cárcere em que vivem, dando uma simulação de liberdade e novidade, como empreendimentos imobiliários com segurança máxima, carros blindados e mundo virtual on-line sem sair de casa. Isso ae, liberdade total de escolha, 3 ou 4 dormitórios, com 5 vagas na garagem, espaço "gourmet"(que raios é isso, sô?!), 2.000mts quadrados de área verde privativa, 8 mega de velocidade de download, 10 megapixels de resolução, motor 5.0 flexpowerplusnãoseioquê, tudo em 49 polegas de tela plana em plasma. Falando em liberdade, lí um artigo que a elite paulistana quer restringir o acesso às ruas onde moram, por conta da violência. Já pensou você, cidadão comum que paga seus impostos, ter que mostrar seu R.G., passar por uma constrangedora revista corporal, ser interrogado, porquê quer simplesmente andar pela Rua Oscar Freire ou Av. República do Líbano? O nível econômico social elevado, determinado por cifras, números, diplomas, enquadramento social, não evitou que pessoas de bom nível sócio cultural espancassem covardemente na calada da noite, uma honesta empregada doméstica que aguardava seu meio de transporte público para honrar seu compromisso profissional. Nos longinquos anos 60, Cecil Taylor foi espancado e teve as mãos severamente feridas para não tocar piano, por conta do seu Free Jazz. Ornette sofreu ameaças para não mais tocar o seu Free Jazz, como Sunny Murray, Steve Lacy, entre outros que não se têm notícias. Mas estamos ae, na era digital, celurares de última geração, ah, agora é smart phone... para termos "sustentabilidade", "qualidade de vida", "privacidade, conforto e praticidade". Não, o Free Jazz de Ornette e Cecil é muito áspero e obtuso para uma tela plana de plasma. Mas e o livre arbítrio que Deus nos deu? Aí perguntam: Deus? Jesus? Isso não é coisa de gente ignorante? Isso não existe! Cadê? "Blow Trane, blow Trane, John Coltrane died in vain..." Não, jamais em vão, nem ele e muito menos Jesus Cristo, os ditos ignorantes, os ditos esquisitos de Free Jazz, entre outros que mantém a esperança do Love Supreme, love supreme, a love supreme...

domingo, junho 24, 2007

Só us LOCO, Só us 13 !!!!!!!!!!!!!!!!!




















Bom, a capa do disco do Beastie Boys tá aí pra lembrar do momento que o HipHop tava ganhando simpatia do pessoal do Metal, rolava um peso né, até o Kerry King do Slayer no video clip e a mão pesada do Rick Rubin na produção. Claro que tiveram alguns soldados headbangers que acusaram o K. King de alta traição que merecia côrte marcial. Pô logo o guita do Slayer, que tocava com o porco espinho no braço! O Anthrax já andava com o filme queimado, roupa de skatista né. Bring the Noise! Eu curtia um Rap e depois fui curtir um Metal e graças a Deus tá tudo em casa, me divirto com os dois tipos de música. Ah, o velho Biz... esse aí é dus loco né, o cara tem uns baruio na cabeça. As capas do Schoolly D e The Fearless Four parecem porta de banheiro de boteco. O selo do compacto do Bounty Killer, é bem profético, esse rapaz tem sérios pobrema nas idéia mesmo. E continuo achando o som dele chato. Quanto aos Draculas, sei lá o que é isso, mas vale divulgar essa capa que é um verdadeiro primor de bom gosto!

terça-feira, junho 12, 2007

Los Hermanos e a morte...

Me lembro da primeira vez que ouví a banda, um videoclip na tv. Não gostei de cara, mas assistí até o fim e concluí que não gostava mesmo. Muitos conhecidos praguejaram, pois Los Hermanos flertavam com a "intocável" integridade do hardcore, bem antes de existir a segmentação estética dos "emos" no Brasil, do CPM22, etc. Os anos foram se passando, sempre ouvia à respeito de que a banda estava melhor, amadurecendo, flertando com o samba, a velha guarda. Até aí não me interessei, pois também estava na moda entre os "modernos", começar a assumir a brasilidade estilizada com o samba, a música de raíz, o jazz, o rap, numa ação de amadurecer culturalmente, etc e etc. Não pegava bem mais ser um militante do bão e véio rock, seja no fugaz grunge, no hardcore, ou qualquer derivado do Johnny Be Good e Rock Around The Clock. Vez ou outra meus ouvidos esbarravam com alguma canção dos Los Hermanos e não me incomodavam. Amigos começaram a falar bem da banda, mas eu realmente não me interessava. Agora a banda chega ao seu digamos, fim provisório, com shows de despedida, lágrimas sentidas de fãs de várias partes do Brasil. Lendo à respeito desta perda duramente sentida por muitos fãs, me fez pensar no estado que também não é novidade entre a juventude. A carência que depositam num simples conjunto musical, sem desmerecer a qualidade e o gosto das pessoas. E não se tratam de adolescentes apenas, que ainda estão muito no começo do aprendizado sem fim de lidar com a vida, os sentimentos, vitórias e fracassos, ganhos e perdas, vida e morte. Pessoas beirando os 30 anos de idade e até em alguns casos um pouco mais, lidando com esta situação de um modo não bem resolvido. Não, por favor, nada de divagações a esmo de psicologia barata de mesa de bar. Mas a vida é assim mesmo, desde uma bela barra de chocolate, embalada numa bela embalagem, daquelas que dá até dó de abrir, a gente abre, come e se satisfaz com o refinado sabor dos alpes suiços ou da Bélgica ou Argentina e, num piscar de olhos a embalagem está vazia e na lata do lixo. E numa outra proporção, pessoas que convivemos, que existem desde o nosso nascimento, que crescem conosco ou acompanham nosso crescimento, em dado momento se vão e muitas delas são insubstituíveis. A vida parou? As lágrimas secam, a tristeza acaba ou diminui, a saudade permanece ou não, mas a vida continua, com boas lembranças. No caso do chocolate, é estupidamente simples de resolver, é só comprar outra.

segunda-feira, junho 11, 2007

Tem um porém na XI Parada GLBT... (aê, sem precô)



Concordo plenamente, chega de racismo, machismo e homofobia. Tivemos deploráveis episódios de violência e intolerância por conta destes "ismos". Mas em primeiro lugar, antes do rótulo gay, drag, trans-sexual, travestí, lésbica, "barbie", "urso", etc e etc, tratam-se de pessoas, seres humanos. Todas essas pessoas que são rotuladas com esses adjetivos, junto de outros adjetivos, como punks, headbangers, emos, pittboys, manos, minas, coroas, ricos, pobres, etc, são feitas de carne e osso, cerca de 75% de parte líquida, sendo que um desses líquidos que circulam pelos seus corpos, é sangue, necessitam de oxigênio para respirar e não importa se são fortes ou fracos, altos ou baixos, gordos ou magros, todos morrerão até no máximo cento e poucos anos. Uma simples veia entupida com menos de 5 mm de espessura pode matar qualquer uma destas pessoas, seja qual for o rótulo, adjetivo que se enquadram dentro da sociedade.
Mas tem um grande porém sobre o verdadeiro propósito da Parada GLBT que chega à sua décima primeira edição. Com mais de 3 milhões de pessoas participando deste evento público, não é só alegria não. É uma grande mentira que é um evento 100% do bem, pois como se sabe e foi dito aqui, independente de seus adjetivos, tratam-se de seres humanos, com suas qualidades e falhas de caráter. Não se trata da hostilização preconceituosa de quem não se enquadra no meio GLBT, pois há pré-conceito interno. Gays que não toleram travestis, que não toleram lésbicas, homossexuais que não toleram heterossexuais e por aí vai. Foram muitos os depoimentos de vítimas do pré-conceito reclamando da presença de "gente feia", "gente pobre" no evento "deles". Opa, peraí, se não querem este "tipo" de gente, que façam um evento "private"(como gostam de dizer), e não público, pois as ruas pertencem à todos os cidadãos, sejam "feios" ou "pobres". Houveram casos de brigas e roubos entre os que se enquadram no contexto GLBT, comprovando que ninguém deixa de ser humano. Conheço e tenho amizade com pessoas que se enquadram nos adjetivos de gays, lésbicas, travestís, etc. Já fui há eventos no meio GLBT fora a Parada à convite delas. E em seu "gueto", presenciei as mesmas situações deploráveis que dizem ser exclusivas do "mundo hetero", como brigas, roubos, discriminação racial e social, overdose, tráfico de drogas, vaidade, arrogância, ignorância, etc. Nos arredores da Parada, sempre ocorrem casos de pessoas que são desrespeitadas, sendo agarradas de modo constrangedor e invasivo, pessoas mostrando a genitália em público. Depois ficam se vangloriando que até crianças vão ao evento, mas que belo exemplo para a infância hein? É isso ae, não é tudo um lindo arco-íris.
Tem um lance que é o seguinte, quem exige direitos e acusa defeitos, tem que ter deveres e dar exemplo positivo. Num longinquo tempo da humanidade, quando não existia nem metade destes adjetivos na sociedade, sabias palavras foram proferidas:

"Não julgueis, para que não sejais julgados.
Porque com o juízo com que julgais, sereis julgados; e com a medida com que medis vos medirão a vós.
E por que vês o argueiro no olho do teu irmão, e não reparas na trave que está no teu olho?
Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu?
Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro do olho do teu irmão."

* Livro de Mateus, cap. 7

Depois em 1993:

"Take a look at yourself, take a look at yourself, take a one big look at youself..."

* Guru and The JazzMatazz


sábado, junho 09, 2007

Too fast!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



Esta banda de grindcore do fim dos anos 90 ficou muito conhecida pelo seu barulho e rapidez de suas composições, assim como o famoso grupo Napalm Death. Não apenas a velocidade com que eram tocadas mas também pela duração de suas músicas que chegavam ao máximo de 2 segundos de duração. Lançaram gravações em formato de compacto de 7 polegadas que chegavam a ter de 200 à 500 músicas!

quinta-feira, junho 07, 2007

Tal pai, tal filho...


É... o filho do cara... o filho de John Coltrane. Toca o chamado Jazz e os mesmos instrumentos que o pai, saxofones tenor e soprano. O filho de Thelonious Monk, T.S. Monk escapou das comparações por escolher a bateria. Eric Mingus também toca contra-baixo como o pai, mas ele usa mais sua voz, sua poética, mais haver com Amiri Baraka, Last Poets, mistura rock na sua arte. Temos muitos exemplos de filhos de grandes artístas, não só na música.
Mas quem é mais interessado em música, houve uma expectativa em torno do filho de Trane, pois ele também começou a tocar Jazz e ainda de quebra, foi tocar com um grande parceiro do pai, o baterista Elvin Jones. Lá na terra deles, nos Estados Unidos da América do Norte, o pessoal lida melhor com estas situações, isto é, lidam com mais imparcialidade, independente de quem é o pai, a mãe.
Em 1998 saiu seu primeiro disco autoral, o Moving Pictures. Tive a oportunidade de conferir seu trabalho. É um bom disco, tem haver com a turma de Steve Coleman, Joshua Redman, Greg Osby, Antonio Hart, etc. São seus contemporâneos, cada um com sua personalidade. Este é o ponto, personalidade. Comparações injustas e desnecessárias, Ravi está fazendo o seu som, tem suas semelhanças e óbvia influência da obra do pai mas, é o lance dele.
Aqui no Brasil, já rola uma carência maior, veja o caso da filha da Elis, que não consegue se livrar da sombra da mãe. Talvez ela até tente e saiba que deve escolher seu próprio rumo, mas muitas pessoas querem a mãe de volta. John Coltrane e Elis Regina se foram muito cedo, foram perdas duras para seus admiradores.
O que me levou a falar à respeito de Ravi Coltrane, foi ter lido algumas matérias de jornal e revistas especializadas, pois ele se apresentou aqui no Brasil pela segunda vez. Tive a oportunidade de assistí-lo num festival em 2000. Para mim foi um bônus, pois fui pela atração principal, que era o Art Ensemble Of Chicago, pois não estava tão interessado no trabalho de Ravi que conhecia de seu disco de 1998. Foi uma apresentação honesta, competente, até um tanto quanto tímida em relação ao AEOC.
Como disse antes, ele está fazendo o lance dele, mas o pessoal daqui parece não focar nisso, muitos artigos ficam falando que é o filho de Trane. Quando falam do seu som, ficam fazendo equivocadas comparações com o pai.
Sobre este tipo de carência e saudosismo, nem precisa ser um lance de pai póstumo, Ian MacKaye, que não é filho de nenhum artísta famoso passou pelo constrangimento de ter que falar sobre seus "filhos" famosos, as remotas bandas do chamado estilo Hardcore,Teen Idles e Minor Threat. Tinha muita gente em 1994 lhe perturbando sobre o que tinha feito no início dos anos 80. Não interessava muito o seu trabalho no momento, que era o Fugazi. O Fugazi era diferente do Minor Threat, lógico. Muita gente meio que engoliu à força o som do Fugazi em consideração ao ídolo do Hardcore. Mas não parou nisso. Recentemente, neste ano mesmo, MacKaye se apresentou aqui ao lado de sua esposa com seu duo The Evens. E acredite, teve gente que foi lá na esperança de ver algo como o... calma, não é mais o Minor Threat, mas sim o Fugazi!
 
 
Studio Ghibli Brasil