sábado, março 27, 2010

Frank Wright - Church Number Nine

Eis aqui um dos mais importantes livros da bíblia da música livre: Church Number Nine de Frank Wright.
Não é por acaso que o saxofonista nascido no Mississipi em 1935 era chamado de reverendo. Sua música mesmo tendo a forma livre que se denominou free jazz, sempre teve forte ligação, influência do gospel, a música cantada e tocada nas igrejas protestantes na América do Norte. Dentro do gospel, estão os elementos do blues e o que chamam de spiritual. Wright deu continuidade ao que foi iniciado com Ayler e Trane, até deixar este mundo em 1990, exilado de sua terra natal.
Church Number Nine é dividido em 2 partes, onde os músicos deixam o espírito fluir com total liberdade e intensidade que se pode sentir desde a primeira nota e batida. Wright está acompanhado do saxofonista Noah(Noé) Howard, que também possui uma sólida carreira no obscuro meio do free jazz dos anos 70, assim como o pianista Bobby Few. Agora como baterista, tenho que ressaltar a presença de Mohamed Ali, irmão de Rashied. Com certeza Mohamed seguiu as diretrizes lançadas pelo pioneiro Sunny Murray, além dos grandes veteranos de outras fases da música instrumental americana. Eu particularmente lamento a injustiça cometida em Mohamed, coisa que seu irmão não passou por conta de ter acompanhado Coltrane em sua última fase. Sem querer desmerecer o grande talento de Rashied, Mohamed ofereceu uma sonoridade mais interessante e intensa, em minha particular opinião. Um ouvinte mais atento poderá perceber este algo a mais em Mohamed, que não está só ressoando nas peles e pratos, a atmosfera que ele cria na música.
Voltando as atenções em Frank Wright, é notória a sua força no saxofone, digamos que Wright é a versão mais espiritual e ligada à Deus, de Peter Brötzmann. Brötz é a força da criação artística e Frank da espiritual, ambos com a mesma liberdade, intensidade sonora.
Enquanto Brötz continua sua jornada sonora na arte livre, Frank deixou seu legado, seus salmos, crônicas, testamento muiscal, alguns poucos com palavras e grande parte com gemidos inexprimíveis.
Clique na foto da capa para acessar o arquivo.

Nenhum comentário:

 
 
Studio Ghibli Brasil