Abiodun Oyewole é o outro remanescente do grupo Last Poets, responsável pelo que se conhece de rap hoje em dia. Muitos teóricos, principalmente os paulistanos que surgiram no início do séc.XXI nem tomavam conhecimento deste grupo de poetas do rítmo que atravessou décadas, com suas rimas acompanhadas de diminuta percussão. Não havia toca-discos e muito menos samplers para pano de fundo como é hoje em dia. Oyewole diz no último disco sobre o nome Last Poets: "No time for the bullshit rap". A poesia ritmada perdeu em muito para os malabarismos de palavras e bases feitas por produtores que tomaram o lugar dos dj's (quando dj era aquele que tinha a habilidade de tranformar um toca-discos em instrumento musical e não esta febre de dj's de ocasião que encontramos aos montes por aí, que mau sabem mixar uma música com a outra), claro que existem os casos que fogem à regra de mercado, como Mike Ladd e outros poucos, mas em muito se perdeu de seu frescor, qualidade poética e o último respiro de criatividade realmente inovador se deu no fim dos anos 80 e início dos 90, com grupos como De La Soul, A Tribe Called Quest, Arrested Development, etc. Dizem que o rap brasileiro vai bem e de vento em popa, mas eu tenho as minhas ressalvas. Mas não vou entrar no mérito desta questão em respeito ao meu vizinho que foi um dos fundadores do que se chama rap em São Paulo, Jr. Blow e seu Stylo Selvagem.
Abiodun Oyewole tem uma métrica agressiva e simples, conhecida como spoken word e que muitos atribuem somente a Gil-Scott Heron, mas o Last Poets foi pioneiro como precursor do formato de grupo de rap. Em 25 Years, Oyewole declama sua poesia crua mas cheia de sabedoria sob a sofisticada produção de Bill Laswell e seus colaboradores, como Henry Threadgill, que foi saxofonista do trio de free jazz Air, ao lado do baterista Steve McCall e o baixista Fred Hopkins e também além de compositor e arranjador, foi um dos membros originais da AACM. Também fazem parte desta colaboração, seu parceiro Umar Bin Hassan, também membro do Last Poets, os percussionistas Don Babatunde e Aiyb Dieng, o trompetista Ted Daniel e o guitarrista Brandon Ross, nomes que soam desconhecidos no meio comercial e superficial do que chamam jazz nas grandes mídias, mas produzem uma arte exuberante.
25 Years se trata de uma arte atemporal, que une o ancestral e o contemporâneo, o urbano e o tribal, a dureza da realidade das ruas e sua desigualdade social e a beleza da arte. Clique na imagem da capa do disco para acessar o arquivo.
quinta-feira, setembro 16, 2010
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