sábado, junho 11, 2011

Nós não precisamos falar de revolução e muito menos de televisioná-la... (Gilbert Scott-Heron, 01/04/1949 - 27/05/2011)

Fiquei sabendo da partida de Gil Scott-Heron na mesma noite, por conta da agilidade da rede mundial digital. Mas ainda precisava de um tempo para falar sobre ele. Não, definitivamente não queria redigir um texto passional e tolo, dizendo frases a esmo, citando sem o menor fundamento uma de suas mais famosas frases: "the revolution will not be televised", afirmando que era o pré-cursor do rap, que isso, que aquilo, como muitos "jornalistas musicais" de ocasião escrevem porque é pauta do trampo enfadonho deles. Não, definitivamente Gil Scott-Heron não merece ser espetáculo mórbido para pessoas que simplesmente o ignoraram durante tanto tempo.
Então que esses jornalistas procurem falar sobre Jalal Mansur Nuriddin (Alafia Pudim), Abiodun Oyewole, Umar Bin Hassan, Richard Dedeaux, Father Amde Hamilton (Anthony Hamilton) e Otis O'Solomon enquanto estão entre os vivos. Ora, só homenagens postumas?
Por esses dias conversei com um amigo e ele ficou muito sentido em especial pela morte de Gil Scott-Heron e comentamos do impacto de sua arte em nossas vidas. Qualquer sebo de São Paulo se encontrava a compilação em lp "The Revolution Will Not Be Televised" pela mísera quantia de R$1,00, ou a versão em cd com mais músicas, por até R$5,00. Não precisava ser um arqueólogo musical para encontrar Gil Scott-Heron. Sua inconfundível voz grave e elegante destilava belas palavras e, palavras duras ao mesmo tempo. O menestrel tinha muito mais impacto do que um par de coturnos e jaquetas de napa coroados com uma "crista" levantada à sabão (agora esse neymarismo que se vê até entre as crianças...). Sim, o poeta do gueto nos deu uma injeção de ânimo em um momento em que o punk caminhava para um lugar horrível, de plástico colorido, de qualidade extremamente duvidosa, como essas reedições de calçados esportivos de grifes famosas (modelos dunk, sneaker, essas bobagens).
Gil Scott ainda teve tempo de voltar a dizer algo, mesmo depois de um tempo de reclusão devido as abordoadas e armadilhas que este mundo moderno lhe desferiu, de racismo, intolerância, capitalismo, drogas, HIV. O pranto pode durar uma noite, mas o sorriso há de vir pela manhã e, Gil Scott-Heron, continuamos te amando do mesmo jeito. Pedaços de um homem...

p.s.: Será que Sylvester Stewart não vai se recuperar?

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