segunda-feira, maio 14, 2012

A virada cultural embrulhou o estômago...

Mais uma vez volto a afirmar que certos procedimentos nas redes sociais digitais tem seus efeitos colaterais e um dos piores é a má interpretação de uma frase, um texto, uma afirmação, por estar desprovida de todos os detalhes importantes que um diálogo ao vivo possui, como a entonação das palavras, expressão facial, etc e principalmente tempo hábil para desenvolver o assunto. Ainda no início da madrugada de domingo desta última virada cultural promovida no centro de São Paulo, quando já estava em casa, por perceber e já ter previsto que após certo horário as coisas caminhariam para o oposto do bom senso, respeito, cidadania, o melhor e mais sensato a fazer era bater em retirada para preservar a integridade física e mental. O termômetro que usei para identificar o momento certo de cair fora era o número de garrafas PET de cor verde, copos descartáveis e latas de cerveja espalhadas pelo chão. Bem, quem persistiu pela madrugada e estava atento, sabe do que estou falando. Quanto ao assunto do facebook que é a rede social digital a qual me referi no início, foi que escrevi uma breve mensagem ao chegar em casa, dizendo que as apresentações de McCoy Tyner e Lou Donaldson tinham sido "OK", ou seja, que eu tinha apreciado mas não esperava lá grandes coisas por estar relativamente ao par das atividades de Tyner e mesmo ter me surpreendido por Donaldson ainda estar em plena atividade, não esperava que ele apresentasse algo diferente do que andou fazendo por mais de 50 anos ,de carreira. Foi então que um colega respondeu brincando comigo, pela surpresa de eu ter presenciado o vovô McCoy, pois se não me falha a memória, anteriormente já tinha manifestado que o pianista não figurava entre os meus favoritos e que ultimamente não me agradara o que Tyner havia feito nos últimos 20 anos. Foi então que também resolvi brincar e disse que seria melhor se fosse uma apresentação paga. Depois disso se desenrolou um debate por conta da má interpretação da minha frase, que levou ao questionamento de minha posição ideológica, social, política e civil. Eis que foram textos explicando os motivos da afirmação, que abordaram mais profundamente o assunto. Há uma certa conduta abominável de não se valorizar o que é concedido gratuitamente, um problema crônico do ser humano em sua maioria, pois tende-se a valorizar só o que é fruto do suor do seu trabalho e o que pesa na sua carteira. Não vou colocar aqui a interminável lista de exemplos sobre isso pois não haveria espaço.
Durante as apresentações, não houve muito espaço para a audição concentrada por conta das constantes interrupções causadas por ambulantes vendendo bebidas de forma ilegal no meio do público e por várias vezes estes se estacionavam a minha frente e ofereciam sua mercadoria aos berros com uma enorme caixa de isopor obstruindo meu campo de visão do palco. Parte do público que simplesmente não se importava com o que estava acontecendo no palco não parava de falar em alto volume e transitar freneticamente atrapalhando quem estava prestando atenção ao concerto. Esclareci que esta porção do público não fazia parte da injustiçada parcela da sociedade, mas pessoas que tiveram acesso à educação, tanto institucional quanto familiar, tinham um poder aquisitivo que lhes permitia acessar informação com certa facilidade, mas se portavam como crianças mimadas que fazem o que bem entendem. Foi aí que entrou a questão dos shows pagos, pois quando o indivíduo coloca a mão no bolso e paga, ele não vai querer perder seu investimento. Então outros colegas alegaram que isso acontece nas apresentações pagas também. Claro, mas há de concordar que o número de interrupções desta natureza diminuem drasticamente, principalmente em shows de jazz e por experiência própria, depois de dezenas de shows de jazz que estive presente, pude constatar isso.
Em um post anterior eu fiz minha defesa apologética sobre os ataques generalizados às instituições religiosas evangélicas e mais uma vez fui mau interpretado, como se eu estivesse irado ao redigir o texto. Ora, qualquer pessoa que ler o texto com bom senso e atentamente, pode constatar que não há em nenhum momento, alguma palavra colérica. Se alguma pessoa tiver a oportunidade de conversar sobre este assunto pessoalmente comigo, não terá dúvidas de que trato disso tranquilamente. Mas enfim, na maioria das vezes é a própria pessoa que está incomodada com o assunto e cria a sua versão a ponto de afirmar categoricamente o sentimento de quem redigiu o texto. Alguns textos deixam de forma óbvia e clara o sentimento do autor e até dispõem de mecanismos gramáticos como acentuações para evidenciar tal estado e não se faz necessário nenhuma habilidade paranormal para identificar isso. Mas enfim...

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