terça-feira, junho 12, 2007

Los Hermanos e a morte...

Me lembro da primeira vez que ouví a banda, um videoclip na tv. Não gostei de cara, mas assistí até o fim e concluí que não gostava mesmo. Muitos conhecidos praguejaram, pois Los Hermanos flertavam com a "intocável" integridade do hardcore, bem antes de existir a segmentação estética dos "emos" no Brasil, do CPM22, etc. Os anos foram se passando, sempre ouvia à respeito de que a banda estava melhor, amadurecendo, flertando com o samba, a velha guarda. Até aí não me interessei, pois também estava na moda entre os "modernos", começar a assumir a brasilidade estilizada com o samba, a música de raíz, o jazz, o rap, numa ação de amadurecer culturalmente, etc e etc. Não pegava bem mais ser um militante do bão e véio rock, seja no fugaz grunge, no hardcore, ou qualquer derivado do Johnny Be Good e Rock Around The Clock. Vez ou outra meus ouvidos esbarravam com alguma canção dos Los Hermanos e não me incomodavam. Amigos começaram a falar bem da banda, mas eu realmente não me interessava. Agora a banda chega ao seu digamos, fim provisório, com shows de despedida, lágrimas sentidas de fãs de várias partes do Brasil. Lendo à respeito desta perda duramente sentida por muitos fãs, me fez pensar no estado que também não é novidade entre a juventude. A carência que depositam num simples conjunto musical, sem desmerecer a qualidade e o gosto das pessoas. E não se tratam de adolescentes apenas, que ainda estão muito no começo do aprendizado sem fim de lidar com a vida, os sentimentos, vitórias e fracassos, ganhos e perdas, vida e morte. Pessoas beirando os 30 anos de idade e até em alguns casos um pouco mais, lidando com esta situação de um modo não bem resolvido. Não, por favor, nada de divagações a esmo de psicologia barata de mesa de bar. Mas a vida é assim mesmo, desde uma bela barra de chocolate, embalada numa bela embalagem, daquelas que dá até dó de abrir, a gente abre, come e se satisfaz com o refinado sabor dos alpes suiços ou da Bélgica ou Argentina e, num piscar de olhos a embalagem está vazia e na lata do lixo. E numa outra proporção, pessoas que convivemos, que existem desde o nosso nascimento, que crescem conosco ou acompanham nosso crescimento, em dado momento se vão e muitas delas são insubstituíveis. A vida parou? As lágrimas secam, a tristeza acaba ou diminui, a saudade permanece ou não, mas a vida continua, com boas lembranças. No caso do chocolate, é estupidamente simples de resolver, é só comprar outra.

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