domingo, janeiro 16, 2011

Cine Belas Artes (1952 - 2011), descanse em paz...

Enquanto as mídias de maior audiência falam da tragédia das enchentes, outro assunto que tem ganho terreno e destaque para os paulistanos, é o fechamento do cinema Belas Artes. É um fato lamentável para a cultura de um país, mas as grandes salas de cinema nos shopping centers, aparentemente seguem bem, e até com aprimoramentos tecnológicos, como sessões em 3D, além dos serviços, como poltronas mais confortáveis, etc. Só que estes cinemas de shopping exibem o terror dos cinéfilos, os chamados blockbusters, títulos feitos pela indústria cinematrográfica para ser apenas um entretenimento, uma distração, sem a preocupação de contribuir com o que se convencionou a chamar de arte. O cinema também é chamado de sétima arte.
E o cinema Belas Artes sempre foi referência do cinema como arte, evitando ao extremo, os títulos descartáveis dos grandes circuitos de salas de projeção, resistindo com dificuldade aos novos tempos, em que, se a cultura não é um ítem supérfluo para a maioria da população, tem o significado diferente. Aí entra aquele antigo problema de educação no país, falta de discernimento, preparo e tantos outros, que não quero desenvolver aqui neste post.
Agora tratam o proprietário do imóvel em que se encontra o Belas Artes, como um criminoso, pois ele quer obter um retorno maior de investimento financeiro no seu bem material, que se encontra em um dos locais mais valorizados no ramo imobiliário. Que fique claro que eu não me alegro com a idéia de haver uma loja no lugar de um cinema que é uma das raras alternativas à mesmice dos anestésicos audiovisuais que abundam na cidade. Mas compreendo o pensamento do proprietário do terreno, ele não tem nenhuma obrigação de manter um investimento que não satisfaz suas expectativas.
Mas também existe a culpa da população que abandonou as salas de cinema, pela comodidade que surgiu com a fita VHS, depois os DVD's e Blue Ray's, alugados ou comprados, os home theaters, televisores de grandes polegadas e até projetores digitais. As pessoas, principalmente um certo setor da sociedade, também ficou com medo e preguiça de sair de casa para os cinemas. Como tem gente que não gosta de gente! Ah não ser é claro, se for "gente bonita"...
Será que o cine Marabá aguenta? Pois está localizado no centrão da cidade, a não ser que permaneça até a tão sonhada re-urbanização do centro, que almeja ter boulevards, como nas capitais européias, mas tem que sumir com a "gente feia" dalí... Tá bom...
Enquanto isso, o Marabá tem que se virar, passando alguma bobagem de cartoon 3D ou filme com artísta de novela global, para pagar as contas. Quem vai querer assistir O Sétimo Selo ou algum filme do Dogma num sabadão à tarde no centrão, com rapa, dvd do tapa olho a 5 mango, dorme-sujos, 2 cines pornozão em frente, algum nóia, invasões dos Sem-Teto, etc? Só us guerrêro, meu caro...

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