Peter Brötzmann é um dos músicos mais atuantes do cenário mundial da improvisação e do free jazz, embora aqui no Brasil só se falou dele por ter se apresentado no Sesc com seu projeto Full Blast. Isto é um típico sintoma do circuito musical brasileiro, onde as pessoas não se interessam em pesquisar o abundante material disponível na net até se tornar uma "sensação", mesmo que restrita e momentânea. É a mesma situação do Ornette, Ken Vandermnark que estiveram por aqui a pouco tempo, logo ninguém mais comenta e tornam suas atenções para outra atração internacional, outro entretenimento, outro evento social. E no caso de Brö, é bem compreensível, pois sua arte é para poucos pelo seu teor radical e agressivo, como muitos na realidade consideram uma barulheira insuportável. Em termos, isso até é verdade, pois o Full Blast e o projeto anterior, o Last Exit, tem este cunho de produzir uma massa sonora que transgride o convencional, rompendo violentamente os conceitos conservadores e pré-estabelecidos de mercado, produzindo a mesma sensação de muitas obras de artes plásticas contemporâneas, em que o desavisado e desprovido de um mínimo de discernimento de arte, se sente ofendido ao se deparar com um objeto ou imagem que não se assemelha à uma escultura de Rodin ou pintura de Velasquez e sim, um amontoado de lixo ou borrão de cores disforme.
O título For Adolphe Sax é uma homenagem à Antoine-Joseph "Adolphe" Sax (06/09/1814-04/02/1894), flautista e clarinetista belga e também luthier, inventor do saxofone. Uma justa homengem ao criador do veículo de expressão artística que Brötzmann mais utiliza. O trio é composto pelo contrabaixista Peter Kowald e o percussionista Sven-ake Johansson, que foram essenciais para a formação do free jazz e free improvisation na Europa nos anos 60, ou a primeira geração deste tipo de música. A última peça, gravada em data posterior, contou com a participação do pianista Fred Van Hove. For Adolphe Sax é uma espécie de síntese resumida e introdutória da linguagem que Peter Brötzmann desenvolveria nos anos seguintes. Assim como sua arte, Brö desperta duas sensações distintas no ouvinte: ou se aprecia muito ou se abomina com convicção. Clique na imagem para acessar o arquivo e tire suas próprias conclusões, se ainda não teve contato com a música de Peter Brötzmann.
segunda-feira, janeiro 10, 2011
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