terça-feira, janeiro 08, 2013

Feliz ano novo! rá!

Sim! Feliz ano novo para todos. Depois de pensar bem à respeito do primeiro post de 2013, optei por não escrever sobre música. Aos que acompanham regularmente o Sonorica, creio que já saibam da minha relutância de abordar certos assuntos em relação à música. Muitas outras mídias já abordam o assunto e cada vez mais na minha opinião pessoal, algumas áreas da música eu vejo o quão é desnecessário falar.
Bem, o fato é que o ano de 2012 foi generoso para a música criativa em São Paulo, como foi relatado no Free Form, Free Jazz, autoria de Fabricio Vieira. Tivemos apresentações, workshops e devo ressaltar o importante fato do início da mobilização dos improvisadores que se reuniram em São Paulo e hoje trabalham para construir o que se convencionou a se chamar de Circuito de Improvisação Livre (SPImpro), articulando diversas apresentações em várias datas ao longo do ano e esporádicas reuniões para desenvolvimento musical.
Agora quero relatar a chegada de alguns amigos no mês de setembro, amigos que fiz em outras terras no ano de 2011. O mais chegado de todos, fez 70 anos recentemente e continua com sua energia e alegria e foi maravilhoso reencontrá-lo. A minha amiga que me hospedou em sua casa, infelizmente não pode vir. Conheci novos amigos e dois deles, eu pude conviver um pouco mais. Depois do workshop que participei, Joe Williamson perguntou se alguém queria tomar uma cerveja mais tarde. Apenas eu e o Marcio fomos nos encontrar com Joe. O hotel era bem perto da rua Augusta e sugeri que fizessemos um pequeno passeio para conhecer a cidade. Fomos a pé até a praça da República e já era quase meia noite. O centrão da cidade fica mais bonito à noite, mas lá estava o cheiro de esgoto e mendigos nos calçadões. Joe é um cara sem frescuras, um canadense que mora na Suécia e tem um senso de humor bem peculiar. Conversamos sobre diversos assuntos num boteco pé sujo e para mim é um tanto quanto estranho só pelo fato de que eu não bebo, mas o que importa é estar com os amigos. No dia seguinte, combinamos de almoçar, mas o Marcio não pode comparecer. Aí apareceu o Tobias Delius, um inglês que mora na Alemanha e é bem parecido com o Joe, um cara sem frescuras. Fomos a pé até o bar restaurante Estadão comer um virado à paulista e eles gostaram muito do prato típico. De barriga cheia fomos passear pelo Vale do Anhangabaú e Centro Velho, parando para um café dentro do metrô São Bento. Tobias precisava descansar um pouco e eu e Joe seguimos com o passeio, passando pelo Pátio do Colégio, Sé e pelo bairro da Liberdade. Joe pediu para tomar uma cerveja e paramos num boteco qualquer na rua da Glória. Ficamos um bom tempo por lá pois caiu uma chuva bem forte. Chegamos no fim de tarde no hotel e encontramos os outros integrantes da orquestra no bar ao lado e ficamos alí conversando por um bom tempo. Uma coisa muito legal que aconteceu foi que o Han Bennink pegou o telefone e ligou para a minha amiga que não pode vir, a Susanna, e me colocou para falar com ela. E mais uma vez, como foi naqueles dias na Holanda, quase não conversamos sobre música. Mary Oliver tinha detestado a rua Oscar Freire e suas madames com os cachorrinhos e aquela arrogância toda. Pude conhecer um pouco melhor o Michael Moore, que virou fã do frango à passarinho. Ao longo da semana ocorreram as apresentações, pude conversar um pouco mais com alguns e menos com outros e combinei com Tobias, uma feijoada no sábado, como despedida. E lá fomos eu e o Tobias para o Largo do Parí, num lugar extremamente simples, onde os caminhoneiros que abastecem um entreposto agrílcola, almoçam. Basicamente o local é quase uma tenda, com mesas de metal, que as marcas de cerveja oferecem aos bares e uma lona transparente que separa o restaurante dos corredores apertados onde circulam as mercadorias (basicamente predomina o aroma de coentro no local). O legal de lá é que você mesmo se serve e pode repetir. Depois, com a barriga explodindo, Tobias pediu para andarmos pelas ruas da região, na zona cerealista, av. do Estado, Pq. Dom Pedro e ele gostou muito e disse que gosta de conhecer o lado verdadeiro das cidades, onde o povo circula. Me disse que não gostou do Mercado Municipal, achou que era coisa para turistas (isso comprova minha opinião de que não se leva os gringos para os "cartões postais" de sampa). Descobri que o Ab Baars também não tem frescura com essas coisas, que ele encarava bares pé sujo e restaurantes "feios" desde que ofereça boa refeição. Eu pensava que ele não curtiria um rolê desses, pois o homem sempre se veste com muita elegância. Tá vendo como as aparências enganam? Vivendo e aprendendo...
Com certeza estes momentos são os que mais lembrarei com saudades da passagem da ICP Orchestra em São Paulo.

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