Estamos encerrando a primeira década do século XXI e ainda se perde tempo com os rótulos e nichos de mercado. É um assunto abordado à exaustão pelos críticos de música, que em sua maioria, argumentam segundo suas fontes de pesquisa e estudo, segundo suas teorias e interpretações sobre teorias alheias. Muitos usam do argumento que sabem que isso não é importante, mas se faz necessário como forma didática ao público. Aí é que reside o erro. Perpetuam este conceito pobre de rotular com expressões que foram criadas em circunstâncias nem sempre bem esclarecidas. West Coast Jazz, por exemplo, o que isso quer dizer? Ah, o estilo de Jazz feito na costa oeste dos EUA, mais cool, diferente da costa leste, do ritmo duro e estressante das grandes cidades, de New York... Então o Ornette é o que então, se seu primeiro disco foi lançado por um dos principais selos "West Coast" que é a Contemporary Records, sob a indicação do baixista Red Mitchell? E o Herman Blount (Sun Ra), é o que, "Saturn style"?
Isso definitivamente já era, meu caro. O perfil de consumo musical mudou drasticamente nestes últimos 20 anos, já não se vai à uma loja e nem se encontram tais com os compartimentos de gravações separados por estes sub-gêneros e as pessoas não consomem música desta maneira.
Uma vez ou até mais de uma, perguntaram ao Max Roach se ele ouvia Jazz e ele disse que não, que só ouvia música. O Art Ensemble Of Chicago prefere chamar artisticamente seu trabalho de Great Black Music, Peter Brötzmann diz que sua música pode se chamar de Jazz, mas isso ele quer dizer que ele começou a tocar saxofone por conta de músicos como Ben Webster e Coleman Hawkins e a palavra Jazz diz a ele como um estilo de vida, não um rótulo musical, de gênero musical, estilo musical.
Há tantos elementos dentro da obra de muitos artístas que soa muito pobre, deficiente e equivocado rotular desta forma. Se uma pessoa escutasse o Sketches Of Spain, sem saber que era Miles Davis, provavelmente não diria que é um disco de Jazz, assim como diriam que Machine Gun de Brötzmann nem deveria ser considerado como música, devido a sua torrente sonora agressiva fora dos padrões populares de rítmo, harmonia e melodia. Definitivamente isto não funciona da melhor maneira, pelo contrário, cria vícios e limita o espectro de concepção de arte, de música de um indivíduo.
Amigos, não sou melhor do que nenhum ser humano da face da terra, mas como dizem, fiz minha lição de casa. Muita leitura de livros, artigos, entrevistas, audições, prática e estudo musical individual e coletiva. Então eu também fecho com os artístas mais experientes que ignoram a relevância destas denominações como Free Jazz, Cool Jazz, Hard Bop e etc. esta é minha opinião como um simples músico, apenas isso.
É esse tipo de conceito antropológico equivocado que gera conflitos, pré-conceitos, bairrismo, segmentarismo no mau sentido e até racismo e intolerância. Pode soar radical esta observação, mas é só observar os fatos, a história e se pode identificar estes sintomas.
Como Ornette é o assunto em voga em São Paulo recentemente ou a bola da vez, em sua singela simplicidade e sabedoria, ele proferiu: THIS IS OUR MUSIC...
terça-feira, novembro 30, 2010
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