sexta-feira, julho 02, 2010

Cenário musical independente paulistano e seus depoimentos

Me lembro de um dos motivos de ter criado este blog a cerca de quatro anos. A web digital proporcionou um avanço grandioso para o cenário musical independente, que não dispunha de muitas ferramentas. Tinhamos os zines, que tinham um alcance muito limitado, as vezes alguns programas de rádio fm, alguns artigos em revistas de comportamento jovem e a raridade de alguma coisa veiculada na tv aberta. Hoje em dia, temos tudo isso e muito mais, informação simultânea e ligada ao mundo inteiro e etc. Não creio que seja necessário me aprofundar nestas ferramentas de midia, como o blog, sites, podcasts, myspace, twitter, pois o que não falta são dissertações sobre estes meios de comunicação da era digital.
Me lembro do meu erro ao não checar as fontes de informação de forma correta, ou seja, se a fonte era confiável e se havia coerência com a verdade. E isso não foi feito de forma irresponsável, pois era um assunto ao qual eu tinha vivenciado, mas como não me foi concedido a onipresença e onisciencia, não pude apurar a verdade dos fatos de forma cem por cento isenta de opiniões pessoais, alheias. Enfim, foi um aprendizado e hoje as coisas estão claras.
Últimamente tenho visto a documentação de movimentações culturais em formato digital, coisa que não podia ser feita no fim dos anos 80 e 90 até. Quem iria ficar andando com uma câmera de video high 8 ou gravador k7 nas baladas e shows de São Paulo o tempo todo, ou nas rodas de conversa das pessoas que participaram deste cenário? E vejo como a memória humana pode ser falha ou infelizmente, tendenciosa. Cada um conta sua história do jeito que lembra, do jeito que queria que tivesse sido. O irônico dissso é que a contra cultura paulistana que rebateu e repugnou a parafernália burguesa, a ditadura e o poder, acabou fazendo algo semelhante ao relatar sua curta trajetória. Depoimentos e textos são feitos de forma romantizada e idealizada e não raramente, totalmente fora da realidade. É como a maiora da documentação da história da humanidade, os livros tratam a fundação de nações e cidades como uma coisa linda e maravilhosa e quem tem bom senso sabe que nunca foi assim. A história do homem foi escrita com sangue, mas não sangue como adjetivo de esforço e trabalho, mas como violência, instintos malignos, interesses próprios não visando o bem coletivo e outros ransos.
Mas hoje em dia, eu particularmente não vejo, não sinto necessidade e não quero buscar, pesquisar, investigar e divulgar sobre o que realmente aconteceu e acontece neste meio cultural paulistano com intuito de jornalismo investigatório ou documental. Se houver alguma relevância, tudo será esclarecido de alguma forma, cedo ou tarde a verdade aparece. Cada um que conte a sua história como deseja seu coração e sua consciência. E depois, muita coisa não tem importância, vai se dissolver no avançar do tempo, a vida envolve coisas muito mais importantes do que isso, a não ser que as pessoas coloquem a arte como carro chefe de suas breves existências nesta terra. Breves existências? Sim, pois se todo ser humano pudesse viver exatamente cem anos, o que é cem anos perante a eternidade, a qual não temos a verdadeira noção de sua dimensão.
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Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece.
" Tiago 4.14

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