domingo, dezembro 17, 2006

Apocalipse 2006

Não, nada haver com a besta de 7 cabeças, trombetas e o fim dos tempos. O título do post apenas pelo significado da palavra: revelação. Sim, este ano que se encerra foi de muitas revelações.
Nada de misticismos, mas muitas questões práticas do mundo social do ser humano. O ano de 2006 marca o fim de um longo período de estudos específicos, de análises, experiências e transição.
Entre 2004 e 2006, foi um período em que voltei a prestar mais atenção ao que acontecia em termos de novidades no universo musical em termos mais comerciais, seja no âmbito mais popular, seja nos guetos culturais. Enquanto as más línguas decretavam a minha "insanidade" e isolamento no estranho mundo do "freejazz", observava atentamente o cotidiano, enquanto apurava meu aprendizado. Sim, tivemos grandes mudanças, a música para dançar imperou em muitos setores sociais. Muitos decretaram a morte da música orgânica, sendo que irônicamente os criadores da música eletrônica foram buscar inspiração no malhado Rock'n'Roll e seus derivados. Um fato bem peculiar foi a migração da classe média para costumes ditos do povão. Pessoas que antes queriam se diferenciar da massa, agora em festas de rua, como as de dub que proliferaram na zona centro-oeste de SP. O Ragamuffin, quando surgiu, foi ignorado e banido dos meios descolados da juventude paulista. Hoje é muito "cool". O caso do HipHop é o mais notório, à ponto da classe média querer usurpar o "direito" legítimo de propriedade. Como aconteceu com o samba, o choro, forró entre outros.
Em contrapartida, a juventude popular redescobriu coisas que a elite já não mais se interessava. Graças a Internet e barateamento da tecnologia, quebrou-se a muralha de exclusão econômica, onde só tinha informação contemporânea com o resto do mundo, se tivesse grana para comprar revistas, zines, cd's importados ou viajar para o exterior. Também houve uma grande onda de saudosismo, seja de décadas passadas, estilos, bandas, tendências. É só conferir o grande número de bandas do passado que voltaram à ativa, seja qual for o motivo. Ah, quase me esquecí, quem diria que um dos últimos focos de resistência do consumismo iria parar nas prateleiras de megastores e vinhetas de novela? Sim, o dito "hardcore" agora é ítem de consumo.
Mas na questão das ditas novidades, tenho que recorrer a desgastada analogia com os produtos do fast food. Tudo é muito atrativo, aromas artificiais instigam nosso apetite, muito apelo visual, propagandas agressivas, etc. Daí você consome e 1 hora depois já está com fome. Nem parece que comeu um sanduíche de dois andares, uma generosa porção de batatas e meio litro de refrigerante. Foi a sensação que tive com o tal drum'n'bass, grime, neo-electro, disco-punk, post-rock e muitos ítens que surgiram neste início de século XXI. Mas isso não é novidade, pois mudam-se o cenário e alguns atores e diretores, mas o texto continua o mesmo.
Me lembro dos primeiros posts deste simplório blog, nos quais eu quis questionar as versões oficiais do mundo artístico. E isso chegou a gerar problemas, à ponto de receber atitudes nada amistosas, desde "amigos" que viraram as costas até coisas de baixo nível. Então o que me foi revelado é desejar o melhor justamente para quem me destrata, sem ironias, de coração mesmo. Não estou tentando parecer bonzinho perante a vista dos humanos, pois Deus conhece meu coração. Que essas pessoas que conhecí e que não conheço, encontrem o que procuram em suas vidas e sejam realmente felizes.
 
 
Studio Ghibli Brasil