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sexta-feira, fevereiro 03, 2012

documentários "bruxa de blair" na música

Não fazem muitos anos atrás que um gênero de filme de suspense e terror se tornou em evidência no mercado ocidental: filmes estilo documentário fake (falso, fictício). A estratégia de marketing anuncia que tal produção é baseada em fatos reais e o filme A Bruxa De Blair ganhou notoriedade, com seu estilo documentário, com uma estética câmera manual, sim, daquelas que qualquer um possui para filmar churrascadas, aniversários de casamentos de forma amadora, assim criando uma atmosfera incômoda de fotografia e enquadramento, foco e até chegando ao ponto de muitos questionarem se aquelas filmagens eram verídicas (?!). E assim abriu-se um leque lucrativo para este segmento, com filmes de atividades paranormais, que já eram comuns no mercado do cinema asiático. Baseado em fatos reais... bem, eu em particular não sou cético em relação a existência da atmosfera espiritual, do mundo espiritual, mas não com esta estética creepshow que a maioria associa, e sim, algo muito mais amplo e muito menos fantasioso. Mas esta questão não vem ao caso e agora vou explicar o motivo desta analogia com os documentários e filmes dentro da esfera musical.
Mais uma vez o avanço tecnológico e mercadológico contribuíram na viabilidade de fazer arte cinematográfica sem a limitação e necessidade de orçamentos milionários. Ora, essa democratização finalmente chegou à chamada sétima arte, claro que um pouco mais custosa do que foi para a música, que puxou um belo rodo na tenebrosa indústria fonográfica mundial. Como sempre ao longo da história humana, a liberdade gera benefícios e malefícios em proporções oscilantes.
Ultimamente os segmentos chamados independentes ou underground, tem a chance de registrar em documento visual, as suas recentes trajetórias, com a possibilidade de realizá-lo com muitos de seus personagens ainda em atividade e não tendo que recorrer tanto às montagens de cartazes, fotos, registros em áudio e clima póstumo. Muitos documentários de músicos do chamado jazz são precários, pois na época só gigantescas empresas possuíam equipamentos de filmagem.
Boa parte destes documentários sobre artístas e "cenário" musical, feitos atualmente, principalmente aqui no Brasil, são um tanto fantasiosos, a la bruxa de blair, fake. Como ainda não se formou uma base sólida na confecção de documentários (não importa o formato de midia), ou uma escola, as distorções de realidade ainda predominam. E essa distorção não vem de hoje, pois isso vem desde o primeiro documentário da Terra Brasilis, feito por Pero Vas de Caminha. Só os grandes estúdios cinematográficos comerciais possuíam equipamento audio visual adequado, além de não haver o menor interesse em se fazer um documentário sobre Albert Ayler por exemplo. Mas que raios isso tudo tem haver com a bruxa de blair? A bucha é
o seguinte:
Os documentários estão a mercê da memória do produtor e dos envolvidos, que na maioria dos casos, romantiza e idealiza como os fatos realmente aconteceram, deixando de lado a análise empirica e se entregando às emoções, idealizações, distorcendo a realidade. Isso acontece porque na maioria dos casos, seja sobre a trajetória e uma banda ou nascimento de uma "cena" ou movimento musical, ninguém tinha a visão de começar a colher dados e registrá-los desde o início, como fazem os pais, que guardam a pulseirinha de identificação da maternidade, o primeiro dente de leite que vai, etc. Então o que se registra, é uma imagem onírica do que realmente foi, como se tudo fosse muito bonito, emocionante e tal. Claro que existem depoimentos controversos em alguns casos, mas mesmos estes ganham uma roupagem que travestem em mal ou tristeza poética(???!!!). Claro que muitos que participam destes documentários realmente acreditam que foi da maneira como lembram e as emoções acabam contaminando a legitimidade como documentário, pois a maioria dos que estão envolvidos no projeto, tem uma forte ligação emocional (não que não deva existir), que sobrepõe e distorce os fatos, comprometendo o objetivo jornalístico, se realmente há esta intenção.
O resultado é a geração posterior comprando a idéia de que tivemos momentos maravilhosos nos movimentos musicais de uma forma perfeita, como uma propaganda de margarina, mesmo com os seus conflitos e a geração que vivenciou fica dividida em pessoas tristes por ver o delírio de outros que tem ou não consciência da realidade e sustentam isso.
Mas quem se importa, não é? Muita gente ainda crê que a proclamação da independência do Brasil foi igualzinho a pintura de Pedro Américo e a imigração foi como a novela Terra Nostra...

terça-feira, julho 19, 2011

Itamar Assumpção (Por quê não o perceberam antes?!)

Ontem assistí o documentário "Daquele Instante Em Diante" sobre Itamar Assumpção, numa sessão gratuita na sala de cinema do shopping Frei Caneca, região central de São Paulo. Não tinha nem metade da capacidade de lotação na pequena sala, talvez pelo horário da sessão, 18:00h de uma segunda feira, em plena capital desenfreada que é São Paulo, onde todo mundo confunde as prioridades da vida, isso é bem compreensível. Não vou falar aqui sobre o já estigmatizado papo de que o Itamar era o artísta maldito da vanguarda paulistana, incompreendido, injustiçado, etc e etc, já chega dessa ladainha, afinal também o Nego Dito já tava bem a pampa dessa conversa. Eu tive a benção de nascer no bairro de Pinheiros, que é encostado do bairro Vila Madalena, onde era comum encontrar pelas ruas, pessoas, como o próprio Itamar, Gigante Brasil, Piriri, Raul de Souza, Jr. Blow (pra quem não sabe, um dos pioneiros do hiphop no Brasil), grafites da Rainha do Frango Assado, bares como o falecido Paulicéia, a loja do selo Lunário Perpétuo, O Lira Paulistana, a sala Rock Show no Calcenter, a Feira de Vila antes de se tornar (ou se vender) o que é, a mesma coisa com a feira da Benedito (blergh!1000X). Ainda encontro a Suzana Salles andando por aqui, mas este bairro já não é mais o mesmo desde o fim dos anos 90, quando um padrão escroto tem transformado tudo numa sucursal dos Jardins, com padarias de luxo, condomínios de "alto padrão"(+ um blergh 1000x) e outras porcarias. Então Itamar para mim é tão natural, como as orquídeas que ele gostava de cultivar em seu quintal. Um amigo e vizinho de bairro, gostava muito do Itamar, tinha todos os discos, misturados aos lp's de heavy metal e grindcore e isso era tão natural, enquanto o microcosmo moderninho descolado tinha pavor das "coisas" cantadas em língua portuguesa, em plena era pseudo grunge, indie ou sei lá o quê. Bom, agora tem uns espertinhos de plantão que estão querendo vampirizar o Nego Dito, acreditando que estão descobrindo a América e tal, mas isso também não é nenhuma novidade chocante. Olha, foi legal mesmo ter visto o documentário pelos registros, pelo Itamar. Como cinema, tem um lance que me incomoda, sei lá um lance meio estranho do tal do novo cine brazuca, mas isso é minha opinião restrita e particular. Não fizeram mais do que a obrigação de registrar o cara, ele merecia. "Como eu não pensei nisso antes?" Agora é tarde... ...deixa de conversa mole...

sexta-feira, julho 02, 2010

Cenário musical independente paulistano e seus depoimentos

Me lembro de um dos motivos de ter criado este blog a cerca de quatro anos. A web digital proporcionou um avanço grandioso para o cenário musical independente, que não dispunha de muitas ferramentas. Tinhamos os zines, que tinham um alcance muito limitado, as vezes alguns programas de rádio fm, alguns artigos em revistas de comportamento jovem e a raridade de alguma coisa veiculada na tv aberta. Hoje em dia, temos tudo isso e muito mais, informação simultânea e ligada ao mundo inteiro e etc. Não creio que seja necessário me aprofundar nestas ferramentas de midia, como o blog, sites, podcasts, myspace, twitter, pois o que não falta são dissertações sobre estes meios de comunicação da era digital.
Me lembro do meu erro ao não checar as fontes de informação de forma correta, ou seja, se a fonte era confiável e se havia coerência com a verdade. E isso não foi feito de forma irresponsável, pois era um assunto ao qual eu tinha vivenciado, mas como não me foi concedido a onipresença e onisciencia, não pude apurar a verdade dos fatos de forma cem por cento isenta de opiniões pessoais, alheias. Enfim, foi um aprendizado e hoje as coisas estão claras.
Últimamente tenho visto a documentação de movimentações culturais em formato digital, coisa que não podia ser feita no fim dos anos 80 e 90 até. Quem iria ficar andando com uma câmera de video high 8 ou gravador k7 nas baladas e shows de São Paulo o tempo todo, ou nas rodas de conversa das pessoas que participaram deste cenário? E vejo como a memória humana pode ser falha ou infelizmente, tendenciosa. Cada um conta sua história do jeito que lembra, do jeito que queria que tivesse sido. O irônico dissso é que a contra cultura paulistana que rebateu e repugnou a parafernália burguesa, a ditadura e o poder, acabou fazendo algo semelhante ao relatar sua curta trajetória. Depoimentos e textos são feitos de forma romantizada e idealizada e não raramente, totalmente fora da realidade. É como a maiora da documentação da história da humanidade, os livros tratam a fundação de nações e cidades como uma coisa linda e maravilhosa e quem tem bom senso sabe que nunca foi assim. A história do homem foi escrita com sangue, mas não sangue como adjetivo de esforço e trabalho, mas como violência, instintos malignos, interesses próprios não visando o bem coletivo e outros ransos.
Mas hoje em dia, eu particularmente não vejo, não sinto necessidade e não quero buscar, pesquisar, investigar e divulgar sobre o que realmente aconteceu e acontece neste meio cultural paulistano com intuito de jornalismo investigatório ou documental. Se houver alguma relevância, tudo será esclarecido de alguma forma, cedo ou tarde a verdade aparece. Cada um que conte a sua história como deseja seu coração e sua consciência. E depois, muita coisa não tem importância, vai se dissolver no avançar do tempo, a vida envolve coisas muito mais importantes do que isso, a não ser que as pessoas coloquem a arte como carro chefe de suas breves existências nesta terra. Breves existências? Sim, pois se todo ser humano pudesse viver exatamente cem anos, o que é cem anos perante a eternidade, a qual não temos a verdadeira noção de sua dimensão.
"
Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece.
" Tiago 4.14

segunda-feira, junho 07, 2010

Sunny's Time Now (DVD)


O documentário Sunny's Time Now, sobre o baterista de Free Jazz e Improvisação Sunny Murray, teve exibições públicas na Europa e o dvd já está disponível. Vale a pena conferir este filme que nos relata sobre as grandes inovações da percussão na música pela ótica de um artísta inovador que continua a desenvolver seu trabalho musical de forma ousada.
Mais informações no link abaixo:

http://www.ptd.lu/stn.htm

 
 
Studio Ghibli Brasil