quinta-feira, agosto 16, 2012

A utilidade da música inútil

Ainda são intermináveis as discussões sobre o que é boa música e música ruim. Na verdade não existe música ruim, a não ser para o gosto pessoal de cada indivíduo. Por exemplo, eu posso determinar para mim que o funk carioca é horrível, mas por quase todos os lugares que eu passo, alguém está apreciando este gênero musical em alto volume. Se eu colocar uma gravação do Peter Brötzmann no mesmo volume sonoro, muitas pessoas certamente vão protestar e dizer que isso nem música é. Eu acredito com uma certeza consciente de que diversos tipos de música são ruins mesmo, independente de ser uma opinião pessoal de minha parte, mas e daí? As vezes, entre amigos, até brinco e falo sobre esse assunto, mas isso não tem relevância, é apenas um bate papo informal. Seria uma enorme perda de tempo e desgaste eu usar este espaço para bombardear e denegrir o funk carioca, axé music, forró e sertanejo universitário, Restart...
E tem mais, a Bossa Nova, diversos conjuntos de Bossa Jazz, Brazilian Jazz (aê mr. Loverman, morte ao jazz brazuca feião...rá!), Tom Jobim, eu não gosto tanto quanto o Rebolation. Se eu gosto de Peter Brötzmann, Anthony Braxton e Stockhausen, e daí, grande porcaria. Le Cordon Bleu ou Habib's?
Então me parece nítido o proveito deste tipo de debate. Os gêneros e artistas que produzem a música que não soam bem aos meus pobres ouvidos, procuro colocá-los em outro planeta, outra órbita. Mesmo que eu tenha que conviver de forma involuntária com essa música. O que vou fazer toda vez que me deparar com algum entusiasta de sertanejo, pedir para trocar de música? Abaixar o volume? Dizer para ele que essa música é ruim? Quebrar-lhe o aparelho de som? De maneira alguma! Todo mundo quer ser livre, mas a maioria esquece que a nossa liberdade tem um limite e este limite chega é quando começam os direitos dos outros. Infelizmente boa parte das pessoas prefere omitir esta questão e compartilhar aos quatro ventos a sua música "gramurosa". Como disse a Narcisa Tamborindeguy, "whatever..."
 
 
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