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quinta-feira, maio 01, 2014

Gravitat - Gravitat (2014)



Formed by musicians from the Free Improvisation Circuit of Sao Paulo, the quartet Gravitat search
through instant composition exploring the mysteries of the deep bass sounds.
Recorded live in Brooklyn Paulista, Sao Paulo, Brazil, august/2013 by Rob Ranches.
Rubens Akira - bass clarinet / drums
Daniel Carrera - trombone
Rob Ranches - baritone sax / glass marimba
Rodrigo gobbet - electric bass / effects

7MNS Music - ambient - drone - sound - experimentation - electroacoustic

segunda-feira, abril 21, 2014

Eu só queria comer um hamburger...

De um ponto de vista, música e comida tem um mesmo parâmetro, o gosto. Alguém precisa de um crítico pra te convencer a consumir? O que muitos detestam, outros acham uma maravilha. Uma questão de gosto? Sim, mas também há muitos casos de se adaptar o paladar, tanto alimentar como de audição. Como um simples café. Culturalmente foi acostumado a se tomar com açúcar e muitos acham o café sem açúcar uma coisa horrível, como se estivesse tomando dipirona sódica, mas quando o paladar se adapta, o amargor diminui e se acentua o sabor do café. Mas também pode simplesmente ser uma questão de gosto mesmo, mas a maioria não aceita experimentar algo novo, e isso me lembra uma entrevista com Ken Vandermark que fiz anos atrás:

8. Você concorda com John Zorn quando ele declara que free jazz, improv e outras vanguardas musicais em geral não vão alcançar o grande público, mas que seu público se renova a cada geração mantendo mais ou menos o mesmo número de pessoas envolvidas?
Eu penso que os assuntos enfrentados pelos músicos de jazz e improvisação são múltiplos. Primeiro, eu acredito que a mídia mainstream especializada em jazz colocou a forma artística em um gueto musical elitista, ajudando a removê-la da percepção ou interesse da população em geral. Em segundo lugar, a maior parte dessa música é desafiadora para os músicos e, portanto, pro público. A maioria da população não é interessada de verdade em música, eles estão interessados em um papel de parede sonoro – algo bom pra ter por perto desde que não interrompa seu ambiente ou desafie suas expectativas. Estou interessado em encontrar uma maneira de quebrar a noção pré-concebida, desenvolvida pela mídia e por muitos músicos que é impossível que a música improvisada encontre um lugar real na sociedade contemporânea. A questão é encontrar fãs de música. Esse é o público que vai aos meus shows na América do Norte e na Europa, pessoas entre 20 e 40 anos que ouvem todo tipo de música: jazz, rock, reggae, funk, hip hop, música erudita, etc. e são essas pessoas que os músicos de improvisação precisam encontrar e tocar para, não para o fã elitista de jazz que já tem uma definição de como a arte pode ou não ser.

Pois é, depois de uma resposta dessas, realmente é necessário dizer mais alguma coisa? Bom, quando eu fiz esta entrevista, nem havia sequer um pequeno grupo de pessoas tentando criar um digamos, cenário musical ou comunidade para esse tal de free jazz, improvisação livre ou até música experimental em certo sentido.
Algumas coisas até que de certo modo progrediram, mas outras que são essenciais, ainda continuam na era da pedra lascada, e põe lascada nisso, visse? Em plena segunda década do século XXI me deparo com discussões inúteis sobre arte e música, que não chegam a lugar nenhum, a não ser no centro do ventre de quem promove este tipo de debate.
Se eu preciso elaborar uma teoria toda complexa para explicar a minha música, algo deu errado. Na verdade o processo é muito simples: Ela agrada ou não, soa bem aos ouvidos ou não e ainda tem que contar com o gosto pessoal. Tem certos tipos de música que realmente não me acrescentam nada, mas isso é estritamente pessoal. Já vi alguns elaborarem um complexo discurso para justificar o tal do "funk carioca".
Uma coisa enfadonha é uma pessoa da classe média ou alta tentar explicar a cultura popular ou do povão. Aí eu realmente preciso ir para o intervalo comercial, mudar de canal ou melhor, desligar, dar um shutdown.
Ah, o Sashimi... o tal do peixe crú, tem gente que fica com vontade de vomitar só de falar e no meu caso, acho um trilhão de vezes o gosto do salmão crú mais saboroso do que cozido, grelhado, frito ou assado. Minha descendência japonesa? Sinceramente, não influi, pois gosto de uma boa feijoada até um tanto mais do que o sashimi.
Mas enfim, cada vez mais as coisas  ficam ainda mais complicadas, mesmo com o paralelo de pessoas que dizem gostar de um monte de coisas, mas nada em específico (mais uma vez parafraseando o Assis, autor da frase e hoje em dia reside no Japão).
E uma coisa que para mim é constrangedora e enfadonha, ouvir alguém tentando justificar seu gosto com alguma teoria, tentando requintar algo tão simples. Ora, eu gosto e pronto.
Cada vez mais, é mais difícil esta situação, tanto na música, na arte em geral, quanto na culinária (mas muitos gostam de usar o termo gastronomia, mas sinceramente, esse termo pra mim me lembra algo sobre nossas vísceras), tudo tem que ter um tratado, uma tese pra justificar, seja música de vanguarda ou um simples hamburger, que agora tem o tal do hamburger gourmet. É apenas carne moída e um pão, o resto é desnecessário, não que eu rejeite informações, mas isso não vai convencer meu paladar, tanto físico, como existencial.
Houve um rei israelita extremamente sábio que disse  o seguinte:

"E, demais disto, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne." - Eclesiastes 12:12

E no mais, eu só queria comer um hamburger (pode ser um hamburger vegetariano também) ouvindo uma música do Ramones, sem alguem tentando elaborar uma teoria qualquer...

segunda-feira, março 05, 2012

Improvisação livre em São Paulo: Cuidado com o disco voador ou tem boi na linha

As oficinas ou workshops ministradas por músicos de diversos países, apresentando a improvisação livre de forma mais acessível ao público em geral em São Paulo tem dado seus frutos, mas ainda há uma fragilidade. Como a primeira safra de um novo fruto, existe o processo de adaptação do clima, do solo, da resistência às pragas. Sim, as pragas, não há plantação que não esteja sujeita aos danos predatórios.
Mesmo que as oficinas não tenham conseguido atingir seu objetivo no planejamento de seus ministradores, algo de substancial aconteceu nestes pouquíssimos anos que a improvisação livre conseguiu romper a barreira de isolamento que vários setores sócio-culturais impuseram. Como este blog já tinha abordado antes, há um grande mérito ao projeto iniciado por Antonio "Panda" Gianfratti e Yedo Gibson, o Abaetetuba, que agregou Rodrigo Montoya, Renato Ferreira, Luis Gubeissi, Thomas Rohrer, como coluna de fundamento, foco de resitência da música criativa. Obviamente existiam outras iniciativas que começaram a florescer posteriormente, mas algumas ainda continuam de certa forma, isoladas. Alguns dos participantes das oficinas deram continuidade da iniciativa gerada nas circunstâncias e alguns deles tenho cultivado um vínculo e eles por sua vez, tem impulsionado o setor operacional independente dos improvisadores em formação em São Paulo.
Creio que meus colegas já tenham percebido que não podem depender de nenhuma instituição, seja SESC's, ou mesmo o próprio Centro Cultural São Paulo, que abrigou as oficinas e promoveu a maioria das apresentações de improvisadores de outros países, para tornarem o que se chama de circuito de improvisação livre em SP efetivo. Mesmo as instituições culturais de iniciativa pública, sejam municipal ou governamental, ligada ao setor terciário da indústria, tem seus vários poréns em relação às manifestações artísticas. Não se engane, estas instituições e fundações não são os "bons mocinhos" desta terrível e cruel fábula que é viver em uma megalópole fora de controle. Há interesses políticos e econômicos que estrategicamente não são manifestados para tudo se manter no controle e simplesmente ser apenas mais um tubo de dreno do suor e sangue da população. Hum, isto está parecendo um seriado de investigação misturado com suspense, ficção... Acorde! É simplesmente a realidade. Portanto meu querido(a), lute para manter livre a sua mente e espírito, pois são as únicas coisas que você pode realmente ser livre. Não se iluda, você está dentro do sistema. Não, não é uma passeata, uma agremiação, camiseta do Che ou Dalai, livro do Marx, do Huxley, uma estrela, uma foice, o Fela, nem chamar o Sun Ra lá de Saturno (ainda mais que lá não acontece muita coisa mesmo), que vai te fazer livre. Calling planet earth, calling planet earth... You can call me mr. Mystery...
O que me intriga é o interesse de pessoas que até pouco tempo não se importavam com a improvisação livre, mesmo elas tendo acesso a diversos meios de informação sobre este segmento musical. Elas ignoravam as iniciativas do Abaetetuba, que se apresentava periodicamente pela cidade e não eram apresentações secretas e mal divulgadas, simplesmente essas pessoas não estavam interessadas. O Phil Minton foi um dos primeiros improvisadores a se apresentar em São Paulo e mesmo assim, mesmo com o costumeiro frenesi paulistano por artístas estrangeiros, mais uma vez, essas pessoas não se interessaram.
O cenário independente ou underground cresceu de forma peculiar em São Paulo. A diversidade teve um saldo mais deficitário do que deveria. A busca de identidade própria causou uma distorção digamos, grotesca (como meu amigo Panda costuma dizer).
A improvisação livre musical ou free improvisation como é conhecida no mundo, tem sua própria identidade, mesmo que hajam diversas formas estéticas. Como é natural do ser humano tender a complicar as coisas, existem segmentos na música. Então temos que tolerar certas burocracias para não sermos impedidos de operar, afinal qualquer pessoa com o mínimo de bom senso não vai tirar um "racha" com sua bicicleta perante um caminhão de cinco eixos. E nesse louco processo, a improvisação livre por não poder ainda ter a sua caixa postal indiviual, teve que dividir o espaço com a música experimental, o que chamam de jazz e free jazz. Mas essa divisão de espaço não é no sentido positivo de comunhão, mas de ser colocada no mesmo "saco", por negligência mesmo.
Neste habitat, onde não há fronteiras, (afinal, não é livre esta tal de improvisação livre?) acaba sempre entrando interferência. Opa, tem boi na linha... Pois é, como tinha dito anteriormente, agora as tais pessoas desinteressadas pela improvisação livre tem voltado seus olhos para esta pequena e frágil muda que começou a florescer. Realmente é um mistério o interesse destas pessoas nisso. Na Free Improvisation de forma global, há pouco dinheiro, não há fama, quase nenhum reconhecimento pelo público e midia cultural, há público reduzido, muito trabalho e muitas dificuldades. Afinal, o que eles querem? Por que eles querem se apropriar de algo que sempre ignoravam e nunca prejudicou seus "nichos", "territórios"?
A nave pousou e desembarcaram alienígenas em forma de músicos, organizadores, simpatizantes que apenas querem usar a improvisação livre como moeda de troca no jetset cultural, mesmo sendo underground. Aí está o mistério, não há glamour, mas a vaidade floresce mesmo no monturo. Estes já iniciaram suas atividades e tem usado de seus recursos para favorecer seus próprios interesses. Não há como negar, assim como o que nega ter comido o doce tendo os lábios lambusados. Estive conversando com meus amigos que fazem parte do esforço de trabalho pela música criatviva e eles também detectaram estas coisas. Não há muito o que fazer além de continuar a seguir com o trabalho, dedicação e sinceridade. Os gafanhotos vem devorar a lavoura, o que resistir manifestará a sinceridade sem necessidade de uma palavra sequer, apenas sons, apenas música.
Improvisadores, principalmente vocês meus caros, que estão iniciando esta jornada, cuidado com o disco voador. Sim, há joio no meio do trigo mas não se pode arrancar, pois ele ainda se assemelha muito com o trigo. Só no final da colheita, quando vier a chuva serôdia, é que há de se manifestar quem realmente são. E alguns já tem dado seus sinais. (parece uma profecia supersticiosa, mas é simplesmente uma forma poética de dizer algo muito real, racional e previsível)

domingo, janeiro 22, 2012

Sabu Toyozumi, Rodrigo Montoya e Thomas Rohrer no Otto Bistrot (30/01/2012)

Na última segunda-feira do mês de Janeiro teremos novamente o prazer da presença de Sabu Toyozumi, que se apresentou por aqui no mês de Dezembro de 2011. Toyozumi se apresentará com um trio formado pelos integrantes do pioneiro projeto grupo de Improvisação Livre brasileiro, que são Rodrigo Montoya, violão e shamisen e Thomas Rohrer, rabeca e saxofone. Sabu também toca o erhu, instrumento de corda tocado com arco, de origem chinesa. Com certeza será uma apresentação com música livre e criativa sem decepções, pois os três músicos possuem uma identidade própria e um trabalho consistente. E como se não fosse suficiente esses motivos para prestigiá-los, o concerto será realizado em um local agradável, acessível tanto fisicamente (bem perto do metrô Paulista), às 21:ooh, como financeiramente (apenas R$5,00). Se você tem interesse e prazer de ouvir música criativa, ousada, compromissada apenas com a arte, já começou o ano de 2012 ganhando esse presente.

local: Otto Bistrot - Rua Pedro Taques, #129;
horário: 21:00h
preço: R$5,00

quinta-feira, janeiro 12, 2012

Sabu Toyozumi e a música

No último mês de Dezembro em 2011 Sabu Toyozumi ministrou um workshop de improvisação livre no setor de oficinas do Centro Cultural São Paulo. Ele fez um resumo dos conceitos básicos deste tipo de linguagem musical e procurou fazê-lo da forma mais abrangente possível tendo em vista o tempo escasso de duração, pois a atividade era de apenas um dia com três horas de duração. Se ainda havia algum vestígio do estereótipo do oriental que zela de forma rígida pelo esmero meramente técnico, perfeccionista e até frio em suas atividades, sem dúvida vários pontos foram expostos à alva da luz. Sim, faz parte da cultura japonesa este zelo e busca pelo perfeito de uma forma mais contundente ao que estamos acostumados por aqui. Mas isso de forma alguma implica num produto impessoal, robotizado e asséptico. Muitos conceitos sobre certas palavras e seus significados são interpretados de forma errônea e muito se perde na penumbra da ignorância. Como no caso da palavra disciplina. Muitos ainda entendem como algo rígido, autoritário e castrador de liberdade e isso não isenta pessoas com um grau de educação, informação e cultura considerado elevado.
Enfim, todos estes ítens que são interpretados de forma distorcida são necessários para produzir uma arte de alta qualidade e criatividade, tanto fisicamente como espiritualmente, mas os métodos jamais devem ocupar o espaço que não lhe pertence, os meios não devem sobrepujar os fins, os métodos não devem sobrepor os resultados, são apenas veículos, ferramentas. Isso é comprovado no horrível formato que a maioria dos músicos brasileiros acabam adotando, seguindo rascunhos pra lá de equivocados e no máximo se tornam uma imagem refletida de uma instituição como a Berklee College Of Music, mas só que é um reflexo de um espelho de parque de diversões. Institutos de tecnologia guitarrada e caixinha de fósforo ou sei lá o que, vão produzindo em série sub-produtos em um molde como os produtos da 25 de Março, homogêneos, com gosto (ou sem) do achocolatado em pó genérico que vem na cesta básica mais em conta.
Mas tudo isso é assunto para uma outra pauta, pois o que é interessante e proveitoso para quem apenas quer desfrutar da música vinda da nascente, cristalina, isto é, vinda de nossos sentimentos, emoções, pensamentos, auxiliada e arquitetada pelo nosso lado racional, deve atentar para o que Sabu Toyozumi pôde transmitir em sua breve passagem por estas terras. Ele afirmou várias vezes o quanto é danoso o músico entrar em desequilíbrio no aperfeiçoamento musical, deixando a técnica ocupar espaço demasiado no indivíduo. A técnica só precisa ser eficiente para representar com o máximo de fidelidade possível o sentimento do artista. Sabu afirmou várias vezes que devemos criar música, tocar como uma criança, com aquele frescor, sem se preocupar com a opinião de outras pessoas, ser livre de conceitos pré-determinados, humilde, de coração aberto.*
Depois que o sr. Toyozumi expressou de forma mais abrangente possível no curto espaço de tempo disponível o que é e como se deve compreender sobre música, no caso específico a improvisação livre, foi diretamente ao assunto: tocar. O estudo é apenas o veículo, não haverá proveito se o músico não interagir com outros músicos, ouvintes e o meio ambiente. Absorver informações e sensações e transformar tudo num belo gesto sonoro. Ora, isso é tudo tão óbvio, quantos textos e ensinamentos já não foram proferidos ao longo da história da arte sobre isso? Mas a vaidade humana insiste em complicar tudo...

* "Portanto, aquele que se tornar humilde como uma criança, esse é o maior no reino dos céus." - Mateus 18:4

segunda-feira, janeiro 09, 2012

Abaetetuba na Galeria Coletivo

Nesta última sexta-feira dia 6 de Janeiro de 2012 aconteceu a reunião de todos os membros do grupo pioneiro de improvisação livre no Brasil, o Abaetetuba, que contou com Antonio "Panda" Gianfratti (percussão), até então o único que permaneceu no Brasil da formação original, Rodrigo Montoya (shamisen, violão), que retorna a São Paulo após um período na Inglaterra, Yedo Gibson (saxofones) e Renato Ferreira (saxofone e contra-baixo), que residem atualmente na Holanda, Thomas Rohrer (rabeca), que também reside em São Paulo e Luiz Gubeissi (contra-baixo), que recentemente retomou sua trajetória musical junto ao grupo. Faziam bons anos que o Abaetetuba não se apresentava com todos os seus integrantes por aqui. Foi um belo presente para mim em particular, poder prestigiar música extremamente criativa, feita por amigos e ainda a três quadras de minha casa. Também participaram da apresentação, Alfredo Genovesi (guitarra) e Sandra Pujols (voz), que são membros da Royal Improvisers Orchestra, fundada por Yedo na Holanda, que se apresentou pela primeira vez no Brasil, no Centro Cultural São Paulo, Centro Cultural da Juventude e Espaço Serralheria.
Nada mais estimulante e justo como ter o Abaetetuba abrindo o ano de 2012 para a improvisação livre no Brasil, que está no início de uma longa caminhada para se consolidar como voz ativa no cenário musical brasileiro, que necessita urgentemente expandir seus horizontes, romper inclusive com os novos clichés do distorcido e recente cenário underground ou independente nacional, que tem o triste histórico de sabotar a si próprio. Que a improvisação livre possa existir e se estabelecer por si só e podendo contar com a colaboração de outras áreas, para que a improvisação livre soe livremente, mas não com uma estrutura improvisada.

terça-feira, dezembro 13, 2011

Sabu Toyozumi e Abaetetuba (17/12/2011)

Sábado dia 17/12 às 17:00h no b_arco centro cultural

Sabu Toyozumi: bateria (Japão) se apresenta com membros do coletivo ABAETETUBA:
Rodrigo Montoya: shamisen,violão
Thomas Rohrer: rabeca,sax
Panda Gianfratti: percussão
Luiz Gubeissi: baixo acústico

b_arco | RUA DR. VIRGÍLIO DE CARVALHO PINTO, 426 - tel.:(11) 3081-6986
(entre Teodoro Sampaio e Arthur de Azevedo)
Entrada R$10,00.
Obs.: o concerto começa no horário marcado.

segunda-feira, dezembro 05, 2011

Amsterdam invade São Paulo (13,14,16,17/12/2011)

Royal Improvisers Orchestra – Holanda, sob a direção do saxofonista brasileiro radicado em Amsterdam, Yedo Gibson, se apresenta pela primeira vez em São Paulo no Centro Cultural São Paulo para lançar um disco gravado ao vivo na Bimhuis de Amsterdam, com participação do baterista holandês Han Bennink (que participou do último grupo de Eric Dolphy, além de outros grandes músicos do jazz norte americano e do cenário de improvisação livre e free jazz europeu), fechando o Festival Internacional de Improvisação realizado este ano.
Também se apresentará no Centro Cultural da Juventude e no Espaço Serralheria com concertos em diferentes formações trios, quartetos e quintetos formados com improvisadores brasileiros.
A Royal Improvisers Orchestra conta com 13 músicos oriundos de diferentes países e gêneros musicais, como o jazz, o punk e a música barroca, e é atualmente um dos mais representativos da nova geração de improvisadores dos Paí
ses Baixos.
Dia 13/12 (terça-feira), a partir das das 19:00h

#1
James Hewitt (violino barroco)
Marcos Baggiani (bateria)
Rubens Akira (clarinete baixo)
#2
Luiz Eduardo Galvão (guitarra)
Felicity Provan (trompete)
Renato Ferreira (baixo acustico)
Sandra Pujols (voz)
#3
Yedo Gibson (sax)
Panda (bateria)
Mikael Szafirowski (guitarra)

Dia 14/12 (quarta-feira), a partir das das 19:00h
#1
Marie Guilleray (voz)
Thomas Rohrer (rabeca e sax)
Marcio Gibson (bateria)
Renato Ferreira (baixo acustico)
#2
Rodrigo Kouve (shamisen)
Romulo Alexis (trompete)
Oscar Jan Hoogland (clavicorde elétrico)
Marcos Baggiani (bateria)
#3
Onno Govaert (bateria)
Flávio Lazzarin (bateria)
Andre Calixto (sax)
John Dikeman (sax)
Alfredo Genovesi (guitarra)

Local:
Espaço Serralheria: Rua Guaicurus, #857 - Lapa, São Paulo
entrada: R$10,00

Dia 16/12 (sexta-feira)
Local:
Centro Cultural da Juventude (CCJ)
Av. Deputado Emílio Carlos, #3.641 - Vila Nova Cachoeirinha, São Paulo
entrada: grátis

Dia 17/12 (sábado) | às 19:00h
Local:
Centro Cultural São Paulo (CCSP): Rua Vergueiro #1000 - Paraíso, São Paulo
entrada: grátis

Info:

Improvisação Livre na Serralheria (09/12/2011)

Fazendo parte da vinda de Sabu Toyozumi e membros da Royal Improvisers Orchestra, Yedo Gibson e Michael Swafirowski, para oficinas e apresentações no Centro Cultural São Paulo, também participarão desta sessão de improvisação livre com músicos brasileiros.

Local:
Espaço Serralheria
Rua Guaicurus, #857 - Lapa, São Paulo às 23:00h

R$15,00.

sábado, dezembro 03, 2011

Sabu Toyozumi (Japão) no Centro Cultural São Paulo (07/12/2011)

Nesta quarta-feira, Sabu Toyozumi se apresenta no Centro Cultural São Paulo na R. Vergueiro às 21:00h com entrada franca. Imperdível encontro de dois músicos experientes na área da Improvisação Livre, gênero ainda muito obscuro no Brasil, mas que tem lutado com todas as forças em número extremamente pequeno de pessoas realmente envolvidas, para que se estabeleça definitivamente no cenário musical brasileiro.
Toyozumi estará ministrando uma oficina musical no dia anterior à apresentação, num esforço de proporcionar mais uma ferramenta na formação de bons músicos que estejam interessados em desenvolver um trabalho neste campo e ainda de forma totalmente acessível, como tem sido ao longo destes últimos 2 anos no CCSP, que trouxe grandes músicos da Improvisação Livre no cenário mundial para emsinar e trocar experiencias com os participantes das oficinas.
Quanto ao concerto, certamente proporcionará uma rica e bela experiência musical que não se vê todos os dias nesta cidade. Portanto deixe a rotina de lado, a falta de disposição, a tv para apreciar boa música ao vivo, uma arte livre e ousada. Isto é um presente de pré-natal para você.

Quarta-feira, 07/12/2011 às 21:00h, entrada franca.

Centro Cultural São Paulo
R. Vergueiro, #1000 - Paraíso, São Paulo, SP
tel.: 3397 - 4002
acesso pelo metrô estação Vergueiro Linha 1 Azul

sexta-feira, novembro 25, 2011

Sabu Toyozumi em São Paulo

Sabu Toyozumi nasceu em 1943, Tsurumi - Yokohama. Aos 10 anos começou tocando em bandas de marcha e tocando com amigos e aos 17 deu início sua carreira profissional, sendo que em 1969 começou a tocar bateria no estilo livre, formando um duo no ano seguinte com o saxofonista Mototeru Takagi. Em 1971 se tornou membro da AACM e tocou na Europa, Indonésia, África, Nepal, India, Burma e inclusive no Brasil em 1974. Nos anos 80, tocou no Japão com Misha Mengelberg, Wadada Leo Smith, Derek Bailey, Paul Rutherford, Sunny Murray, John Russell entre outros. Em 2001 tocou com Fred Frith em San Francisco, com Wadada Leo Smith no CalifoniaInstitute Of Art e uma turnê em Cuba. Em 2004 inicou uma turnê para Mongolia, Coréia, Lituânia e Russia. Em 2005 o Sabu Toyozumi Project participou do Mopomoso festival em Londres com John Russell, Evan Parker, Lol Coxhill, Paul Rutherford, Phil Minton, Marcio Mattos, John Edwards, Roger Turner, Stefan Keune, Steve Beresford, John Butcher, Phil Wachsmann, Chris Burn, Terry Day e Veryan Weston.
No mês de Dezembro, Sabu estará em São Paulo para realizar apresentações e workshop.
Bem, creio que este video é uma pequena amostra da arte de Toyozumi e mesmo assim explica bem melhor do que mil palavras. Este texto é apenas um resumo de usa carreira.

segunda-feira, novembro 14, 2011

Série de Encontros de Improvisação Livre - 26/11/2011

O músico e improvisador Antonio Panda Gianfratti junto de seu projeto Abaetetuba inicia uma série de encontros musicais de improvisação livre em São Paulo no Teatro da Garagem, craido pela atriz Anete Naiman, que apresentará uma peça de sua autoria, Os Imprestáveis com o ator Jose Trassi.

Sábado, dia 26/11 às 19h
Teatro da Garagem
Rua Silveira Rodrigues, #331 - Lapa, São Paulo, SP
tel.: 9122 8696
-Apresentação da peça teatral às 19:00h - ingresso R$10,00;
-Apresentação musical às 20:30h - ingresso R$10,00

sábado, novembro 05, 2011

Antes que mais um ano se encerre, vou logo esclarecendo (once again...)

Esclarecer: v.t. Tornar claro; alumiar. Explicar, elucidar. Ilustrar. V.pr. Informar-se; ilustrar-se.
Em primeiríssimo lugar, agradeço de todo meu coração à Jesus Cristo por me conceder cada segundo de vida e seu amor por todas as pessoas do globo terrestre.
Este ano não poderia ser melhor como tem sido para a improvisação livre em específico, várias apresentações, workshops, novos espaços para este tipo de música, e o mais importante, tudo acessível ao público em geral. O precioso agregamento de novas pessoas, futuras amizades e um futuro promissor para a improvisação livre no Brasil (claro que dentro do espectro e expectativas realistas neste nicho musical, afinal, uma apresentação de improvisação livre não vai lotar um estádio).
Bom, agradecimentos feitos e cumprindo o protocolo, vamos ao assunto desta nota:
O weblog (diário digital, sim, uma espécie de versão muderrna daquelas agendas que os adolescentes redigiam seus diários e muitas vezes enxertavam um monte de tralhas para ilustrar momentos especias, como canudo do refrí do primeiro encontro com a namorada(o), embalagem de chiclete e outras besteiras) Sonorica foi idealizado em 2006 com incentivo de um amigo e sempre abordou vários assuntos ligados a arte em geral, sempre com uma visão particular, mas nunca deixando de lado a análise empírica e a divulgação de dados, sem contaminar a notícia, relato e muito menos adulterar os fatos. Alguns textos geraram polêmica, chegando ao baixo nível de insultos anônimos, mas nunca uma resposta apresentando uma argumentação que provasse algum equívoco ou adulteração dos fatos ocorridos e relatados no blog. Ninguém que me insultou teve a dignidade de se revelar e discutir comigo pessoalmente, mesmo que por meio digital, sobre suas divergências. Ora, se eu estou errado, comprovem, por favor. Afinal, errar é humano e digno é reconhecer o erro e procurar corrigir-se. Não estou acima e nem abaixo de ninguém, não sou criador e proprietário da verdade absoluta (isso só Deus Pai o é), mas sinto no dever de ser um office-boy da verdade, jamais abrir o envelope pardo para adicionar ou subtrair o seu conteúdo, apenas entregar em mãos ao destinatário, assinar o recibo, agradecer e sair vazado jamais insinuando uma gorjeta.
Para algumas pessoas, parece que ainda não ficou claro o objetivo deste blog. No cabeçalho, logo abaixo do título do blog, eu deixo isso bem claro. O Sonorica está remotamente longe de ser um blog bombado com milhares de acessos de usuários da web, poucas pessoas esporadicamente acessam este pequeno espaço virtual. Aliás, eu agradeço de coração aos que me acompanham aqui.
Aos que discordam do que é escrito aqui, aconselho a fazer o que faço com inúmeros textos, twitts, blogs, portais, webpages, sites aos quais não gosto e discordo: ignoro. Na maioria das vezes, não vale o esforço porfiar com os autores e proprietários de blog principalmente, afinal, é o mesmo que querer canetar o diário do colega de classe do ginasial. Se houver a emissão de uma falácia, calúnia ou semelhante abominação, é dever exortar o responsável. Se não der ouvidos, tentar mais uma vez munido sempre de provas e argumentação coerente que possa confrontar o fato adulterado. Havendo obstinação, é legítimo divulgar publicamente por todos os meios dignos e deixar a natureza seguir o seu curso.
Eu realmente não entendo porque vez ou outra alguém se incomoda com meus textos, perde seu tempo com um blog tão insignificante perante ao vasto mundo virtual. Essas pessoas deveriam fazer como aquela frase de uma música dos Novos Baianos: "meus para-choques pra você!". Se alguém achar que estou inventando uma falácia, por favor, peço de coração que fale comigo e me prove o contrário. Caso eu esteja errado, me humilho, peço perdão sincero e me converto do equívoco.
Enfim, esta nota se fez realmente necessária devido a uma série de fatos que não vem ao caso serem expostos em público (roupa pessoal se lava em casa, mas se alguém quiser ir na lavanderia...) e peço desculpas aos meus parceiros leitores do Sonorica e agradeço por cada visita a este espaço. Deus abençoe à todos!

ps.: O mestre Jesus disse que se possível ter paz com todos, mas se tiver alguma treta, aqui é papo reto, sem violência e ignorância, certo truta?

sexta-feira, outubro 28, 2011

Balanço geral do 2o. Festival Internacional ABAETETUBA de Improvisação Livre

Enfim na penúltima semana de Outubro, mais uma etapa do projeto de Antonio "Panda" Gianfratti, o Abaetetuba, que teve origem numa singela vontade de amigos se unirem para fazer música criativa e livre. O Abaetetuba se tornou digamos, um grupo com um certo número significativo de membros, se dividiu com a mudança de alguns membros para outros países, que acabou ajudando o projeto, mesmo com Panda "exilado" no Brasil. Inclusive a situação proporcionou a oportunidade do grupo ser reconhecido pelo seu valor onde o cenário de improvisação livre é consolidado. Agora Panda conta com o retorno de seu fiel companheiro Rodrigo Montoya, recentemente vindo de uma longa e frutífera temporada no circuito europeu de improvisação, injetando um reforço vital para o projeto.
Bem, como foi relatado pela midia digital independente, podemos desfrutar de música de qualidade durante o ano de 2011, num país onde este tipo de manifestação cultural é uma regalia e até uma afronta (não quer dizer que isso seja uma ação ruim de quem está envolvido) a uma realidade deprimente de um país que está cego por seu orgulho e não enxerga o caos instaurado em todos os âmbitos do país.
As oficinas ou workshops que ocorreram no Centro Cultural São Paulo, tiveram a louvável intensão de abrir portas para a música livre, quebrar conceitos e pré-conceitos equivocados sobre a improvisação livre, tornar acessível ao público em geral (apresentações internacionais gratuitas), formar novos improvisadores, semear esta bela forma de arte num terreno fértil mas em território extremamente hostil.
Como este tipo de semeadura não depende de engenharia e tecnologia em agronomia, ciência e precisão, mas justamente imprevisibilidade, os frutos colhidos não correspondem às projeções, mesmo que sendo feitas com um parâmetro racional e realista.
Estive presente durante este processo, o que me autoriza fazer uma análise empírica sobre o assunto. Sim, felizmente houveram pontos positivos com estes eventos, muitas barreiras foram quebradas e alguns objetivos foram conquistados. Na questão da semedura para uma posterior formação de novos improvisadores, não ocorreu o idealizado e isso não quer dizer que a safra foi inteiramente perdida, mas os pontos negativos foram dominantes, infelizmente.
Muitos participantes não vieram desarmados de seus próprios conceitos e não abriram mão deles para poder absorver melhor as novas perspectivas ministradas durante as oficinas. Sim, ouve um certo frenesi por participar de um workshop com músicos de outros países com trabalho consolidado no cenário de improvisação livre mundial. Isso gerou uma empáfia da parte de vários participantes, que em casos mais severos, se auto denominaram improvisadores capacitados apenas com uma oficina. Uns colocaram confiaram em seus currículos acadêmicos e profissionais, mas que não encontram lugar comum com a essência da improvisação livre, outros na estultícia de confundirem o amplo campo da liberdade com o caos, anarquismo sonoro infundado e sem propósito, numa espécie de vale tudo, vale qualquer coisa, qualquer nota, no pior sentido destas expressões populares.
Alguém pode discordar do que escrevi até agora se por acaso dispor de tempo para ler este simples artigo, neste pequeno weblog, entre milhões de blogs na web, afinal temos todos nós, o livre arbítrio. Mas saiba que tudo isto foi testemunhado em campo e e tempo real, isento de opiniões e paixões pessoais, o conteúdo é meramente jornalístico no sentido de divulgar, publicar e informar dados e notícias na atividade de comunicações, nem mais, nem menos.
E isso tudo faz parte do processo natural, como o garimpo. Quantas toneladas de outras substâncias são peneiradas para encontrar poucos gramas de ouro?

*ps.: Reconhecimento e mérito ao Abaetetuba, Antonio "Panda" Gianfratti e Rodrigo Montoya, que tenho a honra de ter como amigos.

segunda-feira, outubro 17, 2011

A tal da improvisação livre

Finalmente começam a nascer os frutos da pequena e frágil muda de improvisação livre em terras brasilis (no caso, a cidade de São Paulo é o foco e epicentro), graças ao arduo trabalho pioneiro de Antonio "Panda" Gianfratti e Yedo Gibson com o grupo Abaetetuba e seus integrantes, aos irmãos Mesquita que articularam a vinda de Phil Minton, potencializando a centelha inicial desta tenra caminhada e também o recente e essencial esforço louvável de Juliano Gentile junto ao Centro Cultural São Paulo, que tem proporcionado uma estrutura realmente significativa para o desenvolvimento da música livre criativa. É incontestável o mérito destas pessoas e quem tiver uma opinião contrária, lamento informar que se embriagou no sedutor vinho da soberba e vive um delirium tremens sem uma única gota etílica ingerida.
Então no final desta primeira década, tivemos a alegria de prestigiar expoentes importantes e contemporâneos da improvisação livre mundial, como Hans Koch, Phil Minton, Veryan Weston, Han Bennink, Marcio Mattos, Ken Vandermark, Mark Sanders, Trevor Watts, Ab Baars entre outros e o mais importante, de forma totalmente acessível. Não se iluda com os eventos do sesc, pois existem vários parênteses e não foi lá tão acessível prestigiar Peter Brötzmann, Ornette Coleman e membros da AACM nas unidades da corporação (mas esta é uma outra, digo, outra história, se é que me entende...). Aliás me recordo da arapuca armada para o trio de Bennink no sesc com um certo conjunto musical local, que segundo o próprio Bennink, prefere esquecer que aquilo aconteceu, mas não alterou o seu amor pelo Brasil (isso posso falar com toda a certeza, pois ouvi dele pessoalmente quando estive em sua pátria). Além de performances, foram e continuam sendo ministradas oficinas (se acha mais "chic", tem o termo workshop) totalmente gratuitas e acessíveis com vários destes artistas, que são geradoras dos tais frutos destes esforços pela música pura e simples. E este é o ponto crucial e motivador desta nota (ou post, enfim).
Podemos realmente considerar que o marco inicial e até oficial documentado na improvisação livre no Brasil está no cd lançado de forma independente, o Liberdade - duo Antonio Panda Gianfratti e Yedo Gibson (2003). A história é tão recente, que em 2006, quando Phil Minton se apresentou em São Paulo, pouquíssimas pessoas compareceram ao concerto gratuito e a maioria nem tomou conhecimento ou o mínimo de interesse por esta forma de arte que vem se desenvolvendo à decadas. Não meu caro, sem desculpas, pois já estavamos vivendo o conforto, rapidez, facilidade e acessibilidade proporcionada pela world wide web e suas ferramentas, como os blogs, sites de música e músicos, sites de busca, de video streaming, radio streaming, enfim, nego não tava nem aí pra isso. Fora que já temos um histórico de contato com uma música mais ousada (mesmo que de forma muito menos acessível), como por exemplo John Zorn no free jazz festival de 1989 e o Lounge Lizards em 1988. Mais recentemente também tivemos o grupo do guitarrista francês Claude Barthélémy em 2009 de forma completamente acessível ao público em geral, nas costumeiras segundas na unidade do sesc da av. Paulista, onde o público fiel era praticamente o mesmo, com baixíssima audiência mais jovem, que era composta por estudantes de música e alguns eventuais transeuntes com horário disponível. Realmente quase ninguém dava atenção ao nicho que inclue o chamado free jazz, free music, free improvisation ou até o duvidoso rótulo de avant-garde.
O que mais me "assusta" nisso, é que mesmo a maioria das pessoas que tem oportunidade e acesso à informação e cultura desta provincia travestida de megalópole, tem uma pedância de uma suposta aquisição de detenção de cultura completamente deficiente e distorcida em todos os sentidos, na esmagadora maioria das vezes agindo abominavelmente como as cortes reais de séculos passados, com muita pompa, peruca, maquiagem, "sangue azul", mas internamente corroídos por toda sorte de doenças (não só no sentido clínico). E qual o vínculo disto com os frutos da improvisação livre em São Paulo? Logo concluo a questão.
Quem já passou da faixa etária dos 30 anos de idade, possivelmente já ouviu falar da tal Generation X, se esteve ligado aos movimentos artísticos dos anos 80, do underground. Depois denominaram a Generation Y, infectada com a repugnante e nociva ideologia neo- liberalista. E hoje presenciamos o que obviamente se chama de Generation Z, composta de uma juventude com "a faca e o queijo na mão", ou seja, acesso quase que total à todo tipo de informação em velocidade digital, volume incalculável de dados, interligados simultaneamente em todo globo terrestre pela internet. Mas como um computador, que pode armazenar terabytes de dados, trabalhar em altíssima velocidade com processadores de multiplos núcleos refrigerados à nitrogênio, softwares intuitivos e altamente desenvolvidos, soa morto como um vil pedaço de metal (talvez silicio seja o termo mais adequado), se não tiver um operador (usuário) experiente.
Are You Experienced? Jimi Hendrix indagava a questão numa época analógica em que não existiam "maçãs" e nem "janelas" e tanto Bill Gates quanto Steve Jobs nem tinham espinhas no rosto. Mas afinal, o que isso tudo tem haver com improvisação livre?
Eu creio que para uma pessoa com o mínimo de entendimento, tudo que está escrito até aqui, pode ser compreendido com esta conclusão:
Para não pecar em minhas palavras e ser interpretado de maneira equivocada, vou me colocar como um elemento meramente ilustrativo. Mesmo eu tendo iniciado em 1994 minhas pesquisas no terreno da música mais ousada e livre, tanto por dados teóricos, jornalísticos, documentais, aliados à experiência em campo, ou seja, na prática, tendo o privilégio de aprender e trocar experências com o Panda e até recentemente com os membros da Dutch Impro Academy e participantes de diversos países e qualidades únicas, mesmo tendo um diploma com a assinatura de Han Bennink me testificando como improvisador capacitado além de sua aprovação pessoal em nossas breves sessões, ainda me considero no continuo processo de aprendizado, e isso de maneira alguma é falsa modéstia (meu Deus, que sonda mentes e corações, sabe disto). Isso sem contar com as oficinas que participei por conta do Centro Cultural São Paulo (mais uma vez muito obrigado, Panda e Juliano, que Jesus os abençoe!), ainda me mantenho e me esforçarei para assim permanecer até o fim, com esta postura de aprender continuamente e me sentiria extremamente desconfortável e equivocado, achando que meia dúzia de workshops me fariam um bona fide improviser e muito menos apto a ministrar workshops por aí.
Quem tem ouvidos, ouça, quem tem entendimento, bem, nuff said!









domingo, julho 17, 2011

O tempo não pode esperar na improvisação livre!!!

Ontem estava conversando com meu precioso amigo Antonio "Panda" Gianfratti, músico, percussionista, improvisador, pioneiro no Brasil do que se convencionou entitular de Improvisação Livre com o grupo Abaetetuba. Panda é um exemplo de criatividade, determinação e honestidade dentro da música e entrando na sexta década de vida, encarou um novo desafio de desbravar outras possibilidades no vasto campo da improvisação através do violoncelo. Nosso diálogo foi uma reflexão sobre a possibilidade de um cenário brasileiro deste segmento, sem opiniões passionais. O quadro que começa a se desenhar em primeira instância até parece promissor, com as oficinas ministradas pelo CCSP e os esforços de algumas pessoas que realmente acreditam na Improvisação Livre, novos músicos, novos grupos, novos espaços, novas possibilidades, como alternativa aos segmentos pré-determinados até do dito underground da música paulistana. Realmente quando nós iniciamos paralelamente nosso desenvolvimento nesta área musical, ainda no fim da década de 90, mais vinculado ao free jazz, parecia algo quase impossível, se formar uma orquestra de improvisação livre. De certa forma isso ainda está longe de existir de forma sólida e coesa, tudo ainda caminha (ou engatinha) em seus primeiros passos. E logo de início pode tomar rumos estranhos aos quais idealizamos conforme ocorre em outras partes do mundo. A facilidade de acesso à informação democratica pela rede digital mundial e a rapidez de acesso, inevitavelmente pode ser comparada ao sistema fast food, onde os resultados não são saudáveis. Inclusive o próprio país que gerou este sistema, agora tenta reverter este quadro com a nova tendência chamada de slow food. Hoje se pode acessar o conteúdo teórico de livros de Derek Bailey, John Zorn, entrevistas e depoimentos, videos de performances no YouTube, Terabytes de arquivos em audio, instrumentos musicais com preço acessível, redes sociais, enfim, um arsenal de informações para ir a guerra. Um simplório weblog como este pode se tornar uma fonte de informação, assim como a Wikipedia e milhares de sites interligados na world wide web. Mas é claro que qualquer pessoa de bom senso deve analisar mais de uma fonte de informação, pesquisar, questionar e não apenas ingerir informação como um BigMac, baseado na foto do menu. Hoje em dia temos uma torrente de pseudo jornalistas que escrevem material de qualidade extremamente duvidosa e este é o preço que se paga, é o efeito colateral do fast food cultural que estamos vivenciando neste século XXI. Pode soar uma diretriz rígida e retrógrada de membros jurássicos de uma organização tradicionalista, mas na Improvisação Livre, o fast food de informações, referências, etc, não funciona. Uma criança não vai nascer em 3 meses, ou pelo menos a ciência ainda não conseguiu criar uma tecnologia para isso acontecer. Não há como nascer um ser saudável se não passar pelo processo natural. Não é a participação de meia dúzia de oficinas e alguns ensaios semanais que vão gerar um bom improvisador. É um processo constante, que se aprimora só com a experiência, entre tentativas, erros e acertos, tudo no seu devido tempo. Não há como acelerar os ponteiros do relógio. Como escreveu o sábio rei Salomão no livro de Eclesiástes, há um tempo determinado para todas as coisas. Também não adianta em nada se inflar de todo o tipo de informação, técnica e apresentar um resultado meramente estético, mesmo que o ego se apoie na ilusão de que há uma filosofia que sustenta este fim. O resultado desta urgência, pode ser ilustrado como a foto abaixo:


quinta-feira, junho 02, 2011

Improviso n° 4 - Antônio "Panda" Gianfratti, John Edwards & Ricardo Tejero

Apresentação do trio no Festival Abaetetuba - Encontro Internacional de Improvisação em Música, realizado no dia 14 de Novembro de 2010, no Espaço Cênico Ademar Guerra - Centro Cultural São Paulo.

Improviso nº4:

Antônio "Panda" Gianfratti (Brasil) - percussão
John Edwards (UK) - contrabaixo
Ricardo Tejero (Espanha) - saxofone tenor

Célio Barros: master do áudio e video

segunda-feira, maio 30, 2011

Oficina de Improvisação Livre com Antônio Panda Gianfratti

Se você está interessado em conhecer o amplo universo da improvisação livre, esta é uma ótima oportunidade de aprender com este criativo percussionista e improvisador. Panda é pioneiro no desenvolvimento no campo da improvisação livre no Brasil, com o grupo Abaetetuba, que conta com Thomas Rohrer (Suiça) e os membros radicados na Europa, Rodrigo Montoya (London Improvisers Orchestra/UK), Yedo Gibson e Renato Ferreira (Royal Improvisers Orchestra/Holanda).
Aula introdutória:
Dia 10 de Junho, sexta-feira das 18 às 22h.
Oficinas:
Dias 11, 12, 18 e 19 de Junho, aos sábados e domingos das 13 às 17h.

Local:
Espaço Musical -
Rua Paulistânia, 339 - Vila Madalena
São Paulo/SP 05440.000
prox. à estação Vila Madalena do metrô
Contato:
contato@espacomusical.com.br
tel: (11) 3813-2955
http://www.espacomusical.com.br/

sexta-feira, abril 29, 2011

Apresentação dos participantes da Oficina de improvisação livre no CCSP (24/04/2011)

Oficina de improvisação livre em música com a regência de Chefa Alonso (sax soprano e percussão). Além de atuar em festivais internacionais de improvisação por toda a Europa, a instrumentista espanhola desenvolve uma intensa atividade didática, ministrando oficinas e workshops. Com duração de quatro dias e uma apresentação dos alunos ao final, esta oficina visou proporcionar aos participantes a experiência de tocar improvisação em uma formação orquestral, na qual se possa trabalhar não apenas técnicas do instrumento, mas também noções de regência. Chefa Alonso é integrante da LIO (London Improvisers Orchestra), FOCO (Orquesta de Improvisadores de Madri) e OMEGA (Orquesta de Música Espontânea da Galícia), sendo ainda cofundadora e diretora da Orquestra Entenguerengue, com músicos improvisadores da Andaluzia. A apresentação do resultado dos quatro dias de oficina ocorreu no domingo, 24/4, às 21h na Sala Jardel Filho, no Centro Cultural São Paulo.

 
 
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