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sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Música em São Paulo, vai pensando que tá bom...

Mesmo que muitos tenham a nítida impressão de uma melhoria no cenário musical paulistano, a realidade não é tão animadora. Sim, temos a Virada Cultural, mais locais públicos e privados oferecendo música em comparação à décadas atrás, a world wide web como ferramenta que tirou o monopólio e restrição de acesso à informação, etc. Mas na equação que engloba a criatividade e qualidade, os números decresceram consideravelmente. Talvez alguns coloquem a culpa nos grupos de barzinho que tem repertório de covers para animar o happy hour paulistano, mas isso não tem vínculo com a queda de qualidade artística. Alías, os grupos cover até que melhoraram suas performances, e muitos chegam perto de um clone, que atende a demanda de consumo.
Mas o cenário independente é que perdeu muito do que era dos anos 80 até hoje. Sim, as bandas podem contar com instrumentos de qualidade e até um equipamento de som satisfatório para as apresentações, assim como os locais, pois eu me lembro que assistí muitos shows de heavy metal que eram efetuados de forma amadorística em colégios da rede municipal e estadual, e depois os de hardcore, invadindo as pistas de dança dos night clubs undergrounds que tinham um público alvo diferente.
Até podemos contar com apresentações esporádicas de improvisação livre, situação que era impossível até então. Mas infelizmente, não relatamos um crescimento significativo e apenas a variação dos mesmos músicos nos mesmos espaços. Ainda não se formou um cenário coeso de improvisadores e nem de jazz aqui em São Paulo, que muitos insistem de forma constrangedora de sermos comparados às grandes metrópoles no mundo. Só em contingente populacional, pois em termos de infra estrutura e cultura, continuamos capengando de forma vergonhosa, mesmo com uma linha de metrô que opera sem condutor(eita que maravilha esta tecnologia, hein?).
Mesmo que por vez ou outra faraós e orquestras intergalácticas nos visitem, ainda nos encontramos numa em situação em que se reinicia(restart) o sistema...

domingo, outubro 31, 2010

Ornette, Vandermark, Brötzmann no Brasil... mas e daí?

Antes de alguém pensar que sou um pessimista, já adianto que devemos abandonar nossos anseios e observar a nossa realidade. Sim, eu particularmente me alegro com a visita destes músicos mais ousados por este país, mas daí a vislumbrar São Paulo como mais uma conexão do restrito cenário do free jazz e improvisação livre, é um tanto quanto prematuro e incerto.
Por quê? O que temos por aqui? Onde estão os artístas brasileiros? Tudo bem, existe o trabalho pioneiro do meu amigo Panda e seu projeto Abaetetuba, mas seus outros integrantes estão trabalhando no circuito europeu. Ah, mas tem o Ibrasotope (que está mais ligado a outro cenário musical), o Otis trio... Mas estes por acaso estão se integrando, formando a base de um cenário ou cada um está fazendo o seu próprio caminho? Eu mesmo confesso que não tenho me empenhado em meu próprio projeto ou voltado a trabalhar em algo futuro com o Panda.
Veja o caso do meu caro Ivo Perelman, que parece preferir trabalhar de forma independente, como atração estrangeira, não tendo muito sucesso em se relacionar com os músicos brasileiros. Há algumas especulações em relação a isso, e uma delas não é muito agradável e é polêmica e
não é oportuno abordar agora. Então, mesmo que o Ivo seja brasileiro, já se tornou um estrangeiro em sua terra à muito tempo. O que temos?
Eu mesmo testemunhei uma situação tenebrosa que ocorreu mais de uma vez com meu amigo Panda, que posssui relações sólidas com grandes artístas da improvisação livre, como Veryan Weston, Hans Koch entre outros e ele é sumariamente boicotado nos eventos destes artístas quando se apresentam por aqui, promovidos por certas instituições culturais. Mas pela amizade e afinidade musical, o Panda consegue organizar alguma sessão de improvisação livre com eles, mas longe dos holofotes do enfadonho, mesquinho, provinciano e restrito circuito cultural paulistano. Não? Eu presenciei uma das melhores sessões com o Panda, Thomas Rohrer, Veryan Weston e Trevor Watts num local hostil, uma tabacaria na região dos Jardins. Dava para contar nos dedos de uma mão o número da platéia, não contando com os habitués do recinto que foram pegos de surpresa e que estavam lá por conta da atração oficial da casa.
As duas vezes que o Veryan Weston esteve em São Paulo, o Panda, seu parceiro musical, foi sumariamente excluído da programação dita oficial.
Alegaram que o Panda não era um nome conhecido naquele circuito, que transita no chamado meio independente paulistano. Quem entende e percebe realmente quando uma sessão de improvisação livre é bem sucedida, testemunhou o fiasco daquela fatídica noite no CCSP em que Veryan Weston, Mark Sanders, Luc Ex, Ivo Perelman e outros músicos se reuniram no mesmo palco. Minto? O Panda me relatou o que Veryan, Mark e Luc acharam daquela situação a qual não exporei para não ofender à ninguém.
Na Europa e particularmente em Chicago, nos EUA, o cenário de free jazz e free improvisation existe, mesmo que de forma restrita, por conta de uma comunhão dos músicos, que procuram agregar-se sempre. Todo mundo toca com todo mundo, possibilitando novas experiências musicais para músicos e público.
Será mesmo que estamos caminhado para o certo?
 
 
Studio Ghibli Brasil