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terça-feira, março 08, 2016

Archie Shepp & Philly Joe Jones (1970)

É muito complexo determinar a importância de certas gravações neste tipo de música, pois a criatividade numa direção mais livre de rótulos é graças à Deus, abundante.
Archie Shepp & Philly Joe Jones foi gravado em Paris em 1969. A França foi praticamente um exílio para o chamado free jazz, gravações históricas ocorreram por lá. Em especial esta gravação onde Shepp e Jones dividem o título do disco, temos um grande grupo composto por Antony Braxton: alto, soprano saxophones, Chicago Beau: vocal, soprano saxophone, gaita, Julio Finn: gaita, Leroy Jenkins: violin e Earl Freeman: baixo.
Primeiro gostaria de destacar a presença de Philly Joe Jones, consagrado baterista desde a era do chamado hardbop, que não permaneceu alheio às inovações do jazz e participou ativamente, inclusive participando da Arkestra de Sun Ra.
Agora vamos trazer à luz do reconhecimento um nome muito importante nesta gravação: Julio Finn (Augustus Arnold). Além de ser gaitista, é um bluesman compositor, escritor, produtor de documentários. Nasceu em Chicago oruindo de uma família de educadores e músicos. Seu currículo musical é vasto, tendo tocado com Linton Kwesi Johnson, Muddy Waters, Eddie C. Campbell, Dennis Bovell, Art Ensemble of Chicago, Jeanne Lee, Dan-I, Alpha Blondy, Matumbi, Guardian Angel, Brigitte Fontaine, Sterling Plump, Donald Kinsey, U-Roy, Barry Ford, Scritti Politti, Errol Dunkley, e seu prório grupo, The Julio Finn Blues Band.
A segunda composição desta gravação é de autoria de Julio Finn, Howling In The Silence, sub-dividida em duas partes.
E finalmente, mais uma vez Chicago Beau (Lincoln T. Beauchamp Jr.), contribui com sua arte e talento no grupo de Shepp com a composição The Lowlands, a primeira do disco.
Infelizmente não consegui dados mais expressivos sobre Chicago Beau e seu conterrâneo Julio Finn, até na wikipedia só haviam textos em dinamarquês.
Sim, definitivamente não seria justo fazer qualquer comentário sobre a música registrada nesta gravação, não haveria palavras realmente precisas para descrever. O único comentário é no quesito técnico, talvez não houvesse boas condições de captação de todos os instrumentos e há uma dificuldade considerável para se poder escutar os instrumentos com menor alcance.
E como de costume, nos comentários. Bem que o disco poderia ter pelo menos o subtítulo de Chicago & Finn.

sábado, março 17, 2012

Archie Shepp – A Sea Of Faces (1975)

Archie Shepp também faz parte dos músicos da música popular afro norte americana que dispensam comentários. Muito já foi relatado à seu respeito e infelizmente muitos apenas comentam sobre seu passado, sua associação com John Coltrane, encerrando-o no sepulcro dos ícones do jazz ou sei lá o que. Fire Music, Attica Blues... até quando vão ficar regorgitando sobre este assunto? O fato é que Shepp ainda está na ativa, não despeja mais sua fire music através do saxofone tenor, pois agora as limitações físicas o impedem de fazê-lo. Nas últimas décadas Shepp remodelou seu discurso, nos entrega uma arte mais serena. Destilou todo seu conhecimento, pesquisa, experiências e sua trajetória de vida do ponto de vista de um artísta fruto da diápora africana que se estabeleceu na américa do norte em poema cantando o blues. Sim, aquele mesmo blues que muitos conhecem, mas os campos de algodão se transformaram em edifícios, automóveis, o chicote e as correntes em sub-empregos e marginalidade. Mas o separatismo ainda está presente, não de forma explicita e legalmente exposta como antes, mas diluída num mar de faces da multidão. Shepp tem seus altos e baixos, o que é comum na maioria dos artístas, muitas gravações não acrescentaram nada de significativo para a música criativa. Afinal Shepp também é um ser humano igual a todos nós e as contas à pagar não levam em conta seus tempos de fire music. Em A Sea Of Faces, Shepp conta com grandes parcerias das quais gostaria de destacar, que são o pianista e compositor Dave Burrell, ainda em atividade, que deveria ter o reconhecimento devido por ser um dos principais pianistas do que ainda relutam em chamar de free jazz, ao lado e na mesma estatura de Cecil Taylor. O outro é o baterista Beaver Harris, que infelizmente ficou ofuscado por ser tratado apenas como o baterista do saxofonista que tocou com Coltrane. Beaver Harris além de tudo mais, avançou e desbravou outros territórios e participou do que se chamou de No Wave no undergound de New York. Também contou com a belíssima voz de Bunny Foy para declamar seu poema blues. Clique na imagem para acessar o arquivo.

terça-feira, maio 31, 2011

Archie Shepp, jornalecos e revistas lidas enquanto se usa o vaso sanitário...

Bem, desta vez eu não me interessei em ver e ouvir Archie Shepp pelo fato de ultimamente não concordar com a política adotada pelo SESC no preço dos ingressos cobrados ultimamente em suas unidades em São Paulo, principalmente nas atrações musicais internacionais e outros motivos que escreverei logo a frente. Muitos irão me argumentar que se levar em conta os festivais notórios de "jazz" e música patrocinados por grandes empresas, o SESC cobra um preço bem modesto. A instituição tem o cunho assistencial, como a sigla indica, ou seja, Serviço Social do Comércio. Mas não é tão acessível pagar R$32,00 por um show para a maioria da população. Tá, vão me dizer que se fosse um festival patrocinado por um cartel de bebidas alcoólicas ou um cartel de telecomunicações, seria provavelmente o triplo deste "irrisório" e "modesto" valor. Ora, isso parece propaganda de bancos privados, com aquela conversinha de "sustentabilidade", propaganda na midia onde uma voz com tom paternal em off diz que tal banco foi feito para você... Sai fora! Todo cidadão minimamente informado sabe que estas instituições financeiras arrancam o couro de seus clientes com uma avalanche de taxas abusivas para lucrar absurdamente. E o comércio não é diferente. "Ah, mas o governo impõe impostos abusivos e abundantes aos empresários e blá, blá, blá...". Sempre a mesma ladainha, mas o problema é que o setor do comércio não oferece serviços e produtos que justifiquem o repasse desses encargos no bolso do pobre consumidor. Não? Qualquer jornaleco ou noticiário relata reclamações do setor aos montes. E o setor Terciário, também conhecido como serviços, no contexto da economia, envolve a comercialização de produtos em geral, e o oferecimento de serviços comerciais, pessoais ou comunitários, a terceiros, é o que mais cresce e lucra na economia de um país. Creio que qualquer pessoa que tenha prestado atenção nas aulas de Geografia e História no colegial tenha aprendido sobre isto. Enfim, a associação tem plenas condições de cobrar um valor mais acessível para estas atrações e aqui encerro esta questão.
Fora que já é notório que os ingressos no SESC sempre esgotam rápido, não só pelo fato de uma atração internacional por um preço "atraente" ter grande interesse do público, mas porque uma considerável fração de ingressos já é reservada de antemão para convidados, digamos, "diferenciados" (um salve pra rapa de Higienópolis, in full effect, yo!)
Agora sobre Shepp, eu não fui por realmente não ter muito interesse em sua faze atual, onde ele se dedica mais ao chamado blues, a sua pequena limitação física por problemas de embocadura ao saxofone (e isso não sugere que é decadente), pois ele tem uma bela voz, também o grupo que o acompanhou não é dos meus prediletos em termos de gosto pessoal. Uma coisa que me incomoda quando os jornalistas brasileiros abordam Shepp e Pharoah Sanders também, é a mesma conversinha de associação com John Coltrane. Deixem o defunto em paz! Tanto Shepp e Sanders já caminham por conta própria à décadas e esse tipo de associação é muito débil. Caramba, depois do advento da web, o que não falta é informação para o pessoal escrever um artigo com um mínimo de qualidade. "Ah, mas isso se faz necessário para introduzir o leigo e blá, blá, blá..." Não, não! Essa não cola, pois há inúmeras maneiras de redigir um texto para leigos sem usar deste degradado, gasto e pobre recurso, para informar de forma simples e eficaz. Esses jornalistas e pseudo pesquisadores de música podem dar as mãos com o MEC e caminharem juntos em direção às trevas da ignorância lendo os livro...
Enquanto isso, só resta à Archie Shepp cantar o blues, não mais o lamento nos campos de algodão e na segregação racial, mas blues sobre a esculhambação da arte.

*P.S.: Uma empresa paulistana que fornece material para forrar gaiola de passarinho, embrulhar bananas, que também publica uma revista periódica com a intenção de ser "fina" Será fina(?), publicou mais dois artigos medonhos sobre Miles Davis. Coitado do Miles, que não pode protagonizar o lendário boxeador Jack Johnson e dar um upper cut neles e levá-los à lona ou miles away...

sexta-feira, maio 13, 2011

Archie Shepp - Black Gipsy (1969)

Me lembro quando pude prestigiar Archie Shepp a alguns anos atrás num festival patrocinado por uma marca de bebida. Confesso que tive uma certa decepção pelo fato de Shepp não ter soprado seu saxofone tenor com aquela potência notória de suas gravações, pelo fato de estar debilitado em sua embocadura e cantou mais do que tocou. Sim, foi emocionante sua interpretação de Mama Rose, Revolution com sua bela voz, mas queria ter ouvido mais de seu saxofone. Shepp também teve uma carreira um tanto irregular, principalmente na década de 80, onde gravou standards, composições mais acessíveis ao chamado jazz tradicional, em detrimento dos apreciadores da "fire music". Isso até provocou comentários de Cecil Taylor e Amiri Baraka(Leroy Jones) que o acusaram de traidor e aproveitador do ideal político dos artístas do free jazz. Eu pessoalmente tenho minhas dúvidas em relação aos comentários de Cecil e Baraka, embora eu ache algumas gravações de Shepp um tanto sem expressão e criatividade, mesmo tendo um foco mais tradicional. Mesmo o In The Tradition de Arthur Blythe por exemplo, é bem interessante. Mas vamos ao Black Gipsy que conta com a participação de Chicago Beauchamp (Lincoln T. Beauchamp Jr.), vocalista, gaitista e autor que já tocou com Memphis Slim, Billy Cobham, Art Ensemble of Chicago, Cal Massey, Anthony Braxton, Sunny Maurry, Pinetop Perkins, Jimmy Dawkins, Johnny Shines, Billy Boy Arnold, Fontella Bass, Habib Koite, James Carter, Lester Bowie, Philly Joe Jones, Famoudou Don Moye, Jeanne Lee, Deitra Farr, Willie Kent, E. Parker McDougal, Amina Claudine Meyers, Amakhono We Sinto Choir of South Africa, Frank Zappa, Sunnyland Slim, entre outros. Nesta gravação Shepp se concentra no saxofone soprano. Clique na imagem para acessar o arquivo.

*PS: Como a conta do mediafire foi bloqueada, caso queira saber mais desta gravação, entre em contato com o Sonorica, Será um prazer compartilhar conhecimento.

quarta-feira, abril 13, 2011

Grachan Moncur III - New Africa (1969)

Grachan Moncur III nasceu em New York 03/06/1937, vindo de uma família de músicos, como seu tio Al Cooper, líder do The Savoy Sultans, e seu pai foi baixista no Savoy Sultans além de tocar com Billie Holiday, Teddy Wilson, entre outros. No início dos anos 60 inicou uma parceria com o saxofonista Jackie McLean e gravaram trabalhos históricos para o jazz: One Step Beyond, Evolution, Destination Out e Some Other Stuff. Mesmo assim, Moncur ainda é um nome pouco lembrado entre os ícones do seu instrumento. Quando Moncur se associou no fim da década de 60 em Paris com músicos do free jazz, produziram os trabalhos mais engajados do movimento, sob o selo BYG pela série da revista Actuel, onde encontraram um veículo propulsor destes ideais, apesar de até hoje haver fatos não bem esclarecidos sobre problemas de direitos fonográficos entre o selo e os músicos. New Africa não é das gravações mais radicais deste núcleo de músicos, como o Echo de Dave Burrell ou Luna Surface de Alan Silva, mas é composto de composições exuberantes em beleza lírica do jazz contemporâneo. Clique na imagem para acessar o arquivo.

sábado, janeiro 29, 2011

Archie Shepp - For Losers (1971)

Talvez esta gravação não tenha escapado das duras palavras de Leroy Jones (Amiri Baraka), como aconteceu com New Grass de Albert Ayler, pois Baraka certa vez afirmou que Shepp era uma espécie de traidor do free jazz. Para quem pensa que esse negócio de traidor do movimento era só coisa dos punks e headbangers dos anos 80, eis o ferrenho "bedel" da causa proferindo suas advertências nos conflituosos anos 60 do séc.XX.
For Losers é composto de três sessões de gravação, duas entre Agosto e Setembro de 1968 e a última em Fevereiro de 1969, sendo que Stick 'em up (com a bela voz de Leon Thomas) e Abstract tem laços com a chamada Soul music. As baladas I Got It Bad e What Would It Be Without You antecedem Un Croque Monsieur (Poem for Losers), que lembra mais seus trabalhos anteriores, como no Festival Pan-Africano na Argélia. Mas independente do que Baraka disse ou diga de Shepp, For Losers é uma gravação de qualidade e mesmo que Shepp tenha uma carreira irregular, com muitas gravações dispensáveis, já tem o merecido reconhecimento de sua valiosa contribuição para a música afro americana. Clique na imagem para acessar o arquivo.
 
 
Studio Ghibli Brasil