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quinta-feira, janeiro 19, 2012

Luiz Melodia - Pérola Negra (1973)

O filho do sambista e compositor Oswaldo Melodia nasceu no morro do Estácio dia 7 de Janeiro de 1951, mas Luiz Carlos dos Santos não recebeu incentivo do pai em seguir a carreira musical. Mas com o tempo, seu Oswaldo esqueceu da idéia de seu único filho homem se tornar um "doutor" formado, com diploma e tudo mais, se tornando grande fã de Luiz Melodia.
Ultimamente algumas pessoas redescobriram grandes músicos que passaram batido por eles dos anos 80 até hoje. Muitos até tinham um grande pré-conceito em relação à mpb, associando estereótipos equivocados. Por muito tempo esse grupo ligado a cultura em São Paulo renegava o produto musical nacional e no máximo se admitia Os Mutantes e ainda por cima por conta de certos ingredientes estrangeiros, fora a citação de músicos estrangeiros sobre a música brasileira, que influenciaram essa gente, mesmo que forma um tanto quanto estranha.
O tragicômico é que só depois de muito tempo começaram a comentar sobre Itamar Assumpção (ele, o baterista Gigante Brasil eram facilmente encontrados pela cidade e até no bairro em que moro), só quando ele morreu é que "descobriram" o Itamar, fizeram até um documentário. Agora também "descobriram" o Jards Macalé, que também passou batido, tanto que me lembro quando ele se apresentou por aqui a quase dez anos e praticamente só havia os velhos fãs.
Será que o Luiz Melodia vai receber o devido reconhecimento?
Pérola Negra foi lançado no mesmo ano em que nasci e sem dúvida merece estar no mesmo patamar do primeiro lp de Itamar, o Beleléu, Leléu, Eu (1980) e Jards Macalé (1972), que inclusive conta com uma bela versão de Farrapo Humano do disco Pérola Negra.
Para muitos, Pérola Negra pode ser bem familiar, não seja novidade nenhuma, mas para outros muitos que resolveram parar de desejarem ser do cenário artístico de New York ou London, Luiz Melodia seja uma grande descoberta. Clique na imagem para acessar o arquivo e comprovar o que estou falando.
*ps: Só para instigar a cuiriosidade dos moderninhos e antenados, tem uma música do Pérola Negra em que se usou um sampler do Daminhão Experiença. Quem tem ouvidos, que ouça...

quinta-feira, maio 20, 2010

MPB, taí uma coisa que brasileiro não gosta...

Os números e as cifras não mentem, a maioria da população não está nem aí para a mpb, pra Chico, Tom, as novas cantoras. Não? Se você só assiste a TV Cultura e lê os 2 jornais de maior tiragem do estado de São Paulo, pode até se iludir de que isso não seja verdade. Fato recente, na virada cultural quem quis prestigiar um show de mpb, foi atrapalhado pelo blá-blá-blá do povo que não estava nem ai pra música. Os rankings apontam o pop amorfo americano no topo das paradas, nas rádios mais populares de São Paulo. Mas e o samba? Ilusão também. Dá aquela impressão no carnaval, nos pagodinhos de bar, mas mesmo o pagode que o povo gosta já está contaminado com a super produção espelhada nos artístistas do R'n'B americano e o mesmo acontece com o sertanejo e o axé. Cada vez mais este lugar vai tomando um aspecto genérico e sem identidade, como se fosse uma tv samsung ou coisa parecida, tanto faz, afinal é apenas um grande retângulo preto fino e brilhante. Esse troço de brasilidade é da classe média intelectual, que coloca nome nos filhos de Antonia, Maria, Domingas, pois na perifa é Jenifer, Mikely, Jonathan.

sexta-feira, março 05, 2010

Jimi Hendrix, Johnny Alf...

Mais uma vez Jimi é enfoque do jornalismo musical. É sobre o lançamento de gravações póstumas inéditas. A estratégia de marketing das gravadoras não permite que tenhamos acesso rápido ao material, pois faz parte do jogo. Mais uma vez teremos o re-relançamento dos albuns do Experience, só que com ítens adicionados para justificar o preço e relançamento, como out takes, encartes, DVD, etc. Fazer o que? A indústria fonográfica tem de sobreviver. Veja o caso dos Beatles por exemplo, tentam extrair tudo quanto é possível para lançar no mercado, deixando os colecionadores em polvorosa. O ápice foi a discografia completa enclausurada em um pendrive (essa foi uma forma coerente, afinal estamos na era digital) em forma de maçã. O problema é que quando o material substancial se esgota, começam a colocar no mercado ítens dispensáveis. Porque o nome out takes? Ora, o artísta rejeitou o resultado de sua performance de gravação. Mas sabe como é fã, quer acreditar em qualquer coisa para ter mais um pouco de seu artista preferido, como um out take que tem apenas 3 segundos a mais de diferença do que a editada oficialmente.
Eu gosto muito do Jimi, só que quando eu atingi quase 30 lp's em minha coleção, eu percebi q
ue o negócio já estava pra lá de bom e passando disso já seria uma obssessão. Comprar um compacto, sendo que é a mesma versão do lp, isso é fetiche. Mas fora estas coisas de produtos, Jimi é um nome presente na música popular tão óbvio, que dispensa mais comentários. Quer um exemplo atual? Vernon Reid é um músico que se sente esta influência, mas não só de Jimi, mas também de Arthur Rhames. Uma das mais coerentes homengens em minha opinião pessoal são as gravações do P-Funk Guitar Army, no Tribute To Jimi Hendrix, em 2 volumes. Talvez seja um tanto quanto desconhecido para os típicos fãs radicais de rock, que geralmente ignoram e odeiam na ignorância outros nomes da música. Eddie Hazel que foi guitarrista do Funkadelic e Parliament é herdeiro direto de Hendrix, sua influência é 100% audível. Mas Hazel não sobreviveu tempo suficiente para participar desta homengem e ficou nas mãos de seus companheiros sucessores no mundo P-Funk, como Michael Hampton, Gary 'Mudbone' Cooper, Blackbyrd McKnight, etc.
Bem, porque Johnny Alf? Eu encontrei uma ligação entre ele e Jimi e isso não tem haver com a arte de cada um simplesmente por serem caminhos diferentes. A morte tem um ponto em comum, só que os casos são opostos. Jimi morreu no auge de sua carreira, muito jovem, nem completou 30 anos de idade. Johnny Alf morreu com 80 anos com uma longa carreira. Talvez Alf passe por um processo parecido com o de Hendrix, talvez relancem seus discos, artístas gravem um tributo, novos artístas e novo público "redescubra" sua obra. Mas é claro que não será da mesma forma que Jimi, que teve um impacto na arte mundial. Alf quase não é citado em seu próprio país, o Brasil. Não teve tanto efeito catalístico na música de uma forma geral, mas isso não tira seu mérito e talento. Eu gostei dele uma vez que o Paulinho da Viola o entrevistava e falavam sobre a influência dos músicos do chamado jazz. Paulinho tinha mais interesse por pianistas como Thelonioius Monk e Johnny já preferia algo mais tradicional, como Nat King Cole. Também gostei da sensação de uma pessoa amável tranquila que Alf me passou. Meu amigo estava de alguma forma envolvido com sua atividade musical no Japão, onde poucos mas fiéis admiradores extrapolaram as fronteiras do hemisfério Sul. Eu até assinei um cartão coletivo que seria entregue ao Johnny, junto ao nome de editores, apreciadores, amigos, críticos japoneses. Mas eu nunca fui muito chegado no trabalho de Johnny. Mesmo hoje em dia, que não fico mais só ouvindo Heavy Metal. Tem uma coisa e outra que eu gosto, mas a bossa não me diz muita coisa. Muitos dizem que a bossa é o supra sumo da música brasileira, mas isso é algo tão particular, que esse tipo de afirmação não reflete a verdade. Quando falam que os gringos "piraram" com a bossa, isso não quer dizer muita coisa. Veja o caso do Stan Gets, Archie Shepp. O jazz já não era uma unanimidade em seu próprio país de origem, o rock vindo da Inglaterra é que dominava em popularidade. A bossa ficou conhecida entre os músicos, pois o público americano, europeu, preferia outro tipo de música. Recentemente falam da suposta febre da bossa no Japão. É uma grande ilusão, pois o público japonês tem preferencia pela música local, como o JPop e o Pop norte americano. Há um nicho específico que gosta de bossa no Japãp, mas é bem restrito, como o público que aprecia jazz em São Paulo.
A verdade é que Johnny Alf estava meio que jogado para escanteio nestes últimos anos, queiram acreditar ou não. Ele quase não se apresentava, por falta de interesse mesmo. E gravar um disco então? Não recebia a atenção e destaque que tinha direito. Agora com sua morte vão falar uma coisa ou outra e tudo mais que eu escreví acima. Mas logo mais vai voltar à penumbra. Estou errado? Espero que sim, pois veja o caso do maestro Moacir Santos. Fizeram homengens,
relançaram gravações, mas não passou do terrritório restrito. O povo quer é ser "chicleteiro" mesmo.
Música como forma de arte é um artigo de luxo, um ítem dispensável na cesta básica. Hoje o momento é do entretenimento musical, que sempre é confundido com a arte musical. Hoje em dia não sobra muito espaço para o refinamento musical de Johnny Alf, talvez também não sobrasse para Jimi Hendrix se estivesse vivo.

Obrigado Jimi, obrigado Johnny, vocês fizeram música, apenas música.

sábado, outubro 10, 2009

Playlists como este são nocivos à saúde cultural e aumentam o ufanismo e o anacronismo

Particularmente este tipo de publicação como a revista ao lado, não faz parte de minha leitura periódica. Se eu quero obter informação mais precisa e confiável, há incontáveis fontes de boa informação no mundo virtual. Se a revista Rolling Stone original já é deficitária no quesito música como arte, a versão brasileira é pior. Calma nacionalistas, não estou degradando o produto nacional. Afinal o objetivo da edicão nacional da R.S. é meramente música como mais um tipo de mercadoria na prateleira. Infelizmente o jornalismo musical carece em muitas coisas para ser realmente confiável, entre estas coisas, a análise empírica, a pesquisa exaustiva, etc.
Mas me chamou a atenção 2 coisas sobre a matéria de capa desta publicação: Parte das primeiras posições deste ranking e o melhor: os comentários dos leitores.


Nº 1 - "Construção" - Chico Buarque
Nº 2 - "Águas de Março" - Elis Regina & Tom Jobim
Nº 3 - "Carinhoso" - Pixinguinha
Nº 4 - "Asa Branca" - Luiz Gonzaga
Nº 5 - "Mas Que Nada" - Jorge Ben
Nº 6 - "Chega de Saudade" - João Gilberto
Nº 7 - "Panis et Circencis" - Os Mutantes
Nº 8 - "Detalhes" - Roberto Carlos
Nº 9 - "Canto de Ossanha" - Baden Powell/ Vinicius de Moraes
Nº 10 - "Alegria, Alegria" - Caetano Veloso

Quem quiser argumentar contra o que penso, fique livre para isso ou melhor, ignore este post. Em primeiro lugar, quem fez esta lista? O staff editorial da revista? Se a voz do povo não é a voz de Deus, muito menos este seleto grupo de profissionais. O que aconteceu com a música brasileira contemporânea? Pelo menos nas 10 primeiras posições, só tem música do século passado. Muitos dirão que a música atual não chega aos pés destes "clássicos" brasileiros. São boas músicas, mas este ranking teria sentido se a edição da revista fosse da década de 70 do séc.XX. Então eu me deparo com o comentário de um leitor que diz o seguinte:

"
Eu me sinto bem representado por essas músicas. Legal!! Claro, eu sei que faltaram algumas entre as dez. Mas é que a música brasileira é tão boa e tão farta que não dá para contemplar todas. E há quem não valorize ainda. Gringo fica de boca aberta com a nossa criatividade!!"

Se o leitor já passou dos 40 anos de idade, é perfeitamente compreensível este ponto de vista. Mas se for na média dos 20, aí temos um caso corriqueiro de anacronismo. Mas a maioria esmagadora dos comentários dos leitores é bem mais saudável, pois elegeram artístas como Pitty, Legião Urbana, Raimundos, Chico Science e até coisas como Fresno e NX Zero.
O comentário do defensor da MPB do comentário acima ainda se ilude com a idéia de que gringo fica de boca aberta com a nossa criatividade. Ora, como se não bastasse usar o termo gringo que é pejorativo, demonstra uma tremenda arrogância e nacionalismo doentio. O Jazz e Rock criaram grandes mudanças e tiveram grande influência(inclusive na MPB) na música mundial no séc.XX e a música brasilera não chegou neste ponto, sem desmerecer a qualidade da MPB. O que seria de Luiz Gonzaga e seu forró(For All) se não tivesse o tango dos nossos hermanitos argentinos? O que seria dos Mutantes se não tivesse os Beatles? O que seria do João Gilberto se não fosse o Jazz e o que seria de Pixinguinha sem o Hot Five de Armstrong? Isso não anula a criatividade brasileira. A maioria destes "gringos" que piram, são na maioria críticos musicais, artístas, que são um pequeno setor destes países, que não chegam à casa decimal na porcentagem da população de seus países. Basta checar as informações que confirmam o que eu disse aqui, os gringos tem preferencia nos artístas de seus respectivos países, que é extremamente saudável. A maioria não se importa com a nossa música, se não os marcadores de exportação diriam ao contrário. Quem compra música brasileira no exterior em certo número, são os próprios brasileiros que imigraram para estes países. O Japão que costuma ser citado como um país que consome bastante a nossa MPB, na verdade, não é assim. O Japão se encaixa nesta estatística de consumo de MPB pelos imigrantes brasileiros que trabalham e vivem lá. A maioria esmagadora da população japonesa consome sua música local, chegando na situação da indústria fonográfica norte americana ter dificuldade de preferencia, como acontece em muitos países do mundo. É este tipo de publicação com rankings que contribue para este quadro, esta formação de opinião.
Enfim, quem acha que a Folha de São Paulo é a escória dos jornais e a Veja o lixo das revistas semanais, a Rolling Stone veio para preencher a vaga musical desta categoria seleta.
 
 
Studio Ghibli Brasil