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quinta-feira, janeiro 12, 2012

Sabu Toyozumi e a música

No último mês de Dezembro em 2011 Sabu Toyozumi ministrou um workshop de improvisação livre no setor de oficinas do Centro Cultural São Paulo. Ele fez um resumo dos conceitos básicos deste tipo de linguagem musical e procurou fazê-lo da forma mais abrangente possível tendo em vista o tempo escasso de duração, pois a atividade era de apenas um dia com três horas de duração. Se ainda havia algum vestígio do estereótipo do oriental que zela de forma rígida pelo esmero meramente técnico, perfeccionista e até frio em suas atividades, sem dúvida vários pontos foram expostos à alva da luz. Sim, faz parte da cultura japonesa este zelo e busca pelo perfeito de uma forma mais contundente ao que estamos acostumados por aqui. Mas isso de forma alguma implica num produto impessoal, robotizado e asséptico. Muitos conceitos sobre certas palavras e seus significados são interpretados de forma errônea e muito se perde na penumbra da ignorância. Como no caso da palavra disciplina. Muitos ainda entendem como algo rígido, autoritário e castrador de liberdade e isso não isenta pessoas com um grau de educação, informação e cultura considerado elevado.
Enfim, todos estes ítens que são interpretados de forma distorcida são necessários para produzir uma arte de alta qualidade e criatividade, tanto fisicamente como espiritualmente, mas os métodos jamais devem ocupar o espaço que não lhe pertence, os meios não devem sobrepujar os fins, os métodos não devem sobrepor os resultados, são apenas veículos, ferramentas. Isso é comprovado no horrível formato que a maioria dos músicos brasileiros acabam adotando, seguindo rascunhos pra lá de equivocados e no máximo se tornam uma imagem refletida de uma instituição como a Berklee College Of Music, mas só que é um reflexo de um espelho de parque de diversões. Institutos de tecnologia guitarrada e caixinha de fósforo ou sei lá o que, vão produzindo em série sub-produtos em um molde como os produtos da 25 de Março, homogêneos, com gosto (ou sem) do achocolatado em pó genérico que vem na cesta básica mais em conta.
Mas tudo isso é assunto para uma outra pauta, pois o que é interessante e proveitoso para quem apenas quer desfrutar da música vinda da nascente, cristalina, isto é, vinda de nossos sentimentos, emoções, pensamentos, auxiliada e arquitetada pelo nosso lado racional, deve atentar para o que Sabu Toyozumi pôde transmitir em sua breve passagem por estas terras. Ele afirmou várias vezes o quanto é danoso o músico entrar em desequilíbrio no aperfeiçoamento musical, deixando a técnica ocupar espaço demasiado no indivíduo. A técnica só precisa ser eficiente para representar com o máximo de fidelidade possível o sentimento do artista. Sabu afirmou várias vezes que devemos criar música, tocar como uma criança, com aquele frescor, sem se preocupar com a opinião de outras pessoas, ser livre de conceitos pré-determinados, humilde, de coração aberto.*
Depois que o sr. Toyozumi expressou de forma mais abrangente possível no curto espaço de tempo disponível o que é e como se deve compreender sobre música, no caso específico a improvisação livre, foi diretamente ao assunto: tocar. O estudo é apenas o veículo, não haverá proveito se o músico não interagir com outros músicos, ouvintes e o meio ambiente. Absorver informações e sensações e transformar tudo num belo gesto sonoro. Ora, isso é tudo tão óbvio, quantos textos e ensinamentos já não foram proferidos ao longo da história da arte sobre isso? Mas a vaidade humana insiste em complicar tudo...

* "Portanto, aquele que se tornar humilde como uma criança, esse é o maior no reino dos céus." - Mateus 18:4

sexta-feira, outubro 28, 2011

Balanço geral do 2o. Festival Internacional ABAETETUBA de Improvisação Livre

Enfim na penúltima semana de Outubro, mais uma etapa do projeto de Antonio "Panda" Gianfratti, o Abaetetuba, que teve origem numa singela vontade de amigos se unirem para fazer música criativa e livre. O Abaetetuba se tornou digamos, um grupo com um certo número significativo de membros, se dividiu com a mudança de alguns membros para outros países, que acabou ajudando o projeto, mesmo com Panda "exilado" no Brasil. Inclusive a situação proporcionou a oportunidade do grupo ser reconhecido pelo seu valor onde o cenário de improvisação livre é consolidado. Agora Panda conta com o retorno de seu fiel companheiro Rodrigo Montoya, recentemente vindo de uma longa e frutífera temporada no circuito europeu de improvisação, injetando um reforço vital para o projeto.
Bem, como foi relatado pela midia digital independente, podemos desfrutar de música de qualidade durante o ano de 2011, num país onde este tipo de manifestação cultural é uma regalia e até uma afronta (não quer dizer que isso seja uma ação ruim de quem está envolvido) a uma realidade deprimente de um país que está cego por seu orgulho e não enxerga o caos instaurado em todos os âmbitos do país.
As oficinas ou workshops que ocorreram no Centro Cultural São Paulo, tiveram a louvável intensão de abrir portas para a música livre, quebrar conceitos e pré-conceitos equivocados sobre a improvisação livre, tornar acessível ao público em geral (apresentações internacionais gratuitas), formar novos improvisadores, semear esta bela forma de arte num terreno fértil mas em território extremamente hostil.
Como este tipo de semeadura não depende de engenharia e tecnologia em agronomia, ciência e precisão, mas justamente imprevisibilidade, os frutos colhidos não correspondem às projeções, mesmo que sendo feitas com um parâmetro racional e realista.
Estive presente durante este processo, o que me autoriza fazer uma análise empírica sobre o assunto. Sim, felizmente houveram pontos positivos com estes eventos, muitas barreiras foram quebradas e alguns objetivos foram conquistados. Na questão da semedura para uma posterior formação de novos improvisadores, não ocorreu o idealizado e isso não quer dizer que a safra foi inteiramente perdida, mas os pontos negativos foram dominantes, infelizmente.
Muitos participantes não vieram desarmados de seus próprios conceitos e não abriram mão deles para poder absorver melhor as novas perspectivas ministradas durante as oficinas. Sim, ouve um certo frenesi por participar de um workshop com músicos de outros países com trabalho consolidado no cenário de improvisação livre mundial. Isso gerou uma empáfia da parte de vários participantes, que em casos mais severos, se auto denominaram improvisadores capacitados apenas com uma oficina. Uns colocaram confiaram em seus currículos acadêmicos e profissionais, mas que não encontram lugar comum com a essência da improvisação livre, outros na estultícia de confundirem o amplo campo da liberdade com o caos, anarquismo sonoro infundado e sem propósito, numa espécie de vale tudo, vale qualquer coisa, qualquer nota, no pior sentido destas expressões populares.
Alguém pode discordar do que escrevi até agora se por acaso dispor de tempo para ler este simples artigo, neste pequeno weblog, entre milhões de blogs na web, afinal temos todos nós, o livre arbítrio. Mas saiba que tudo isto foi testemunhado em campo e e tempo real, isento de opiniões e paixões pessoais, o conteúdo é meramente jornalístico no sentido de divulgar, publicar e informar dados e notícias na atividade de comunicações, nem mais, nem menos.
E isso tudo faz parte do processo natural, como o garimpo. Quantas toneladas de outras substâncias são peneiradas para encontrar poucos gramas de ouro?

*ps.: Reconhecimento e mérito ao Abaetetuba, Antonio "Panda" Gianfratti e Rodrigo Montoya, que tenho a honra de ter como amigos.

sexta-feira, abril 29, 2011

Apresentação dos participantes da Oficina de improvisação livre no CCSP (24/04/2011)

Oficina de improvisação livre em música com a regência de Chefa Alonso (sax soprano e percussão). Além de atuar em festivais internacionais de improvisação por toda a Europa, a instrumentista espanhola desenvolve uma intensa atividade didática, ministrando oficinas e workshops. Com duração de quatro dias e uma apresentação dos alunos ao final, esta oficina visou proporcionar aos participantes a experiência de tocar improvisação em uma formação orquestral, na qual se possa trabalhar não apenas técnicas do instrumento, mas também noções de regência. Chefa Alonso é integrante da LIO (London Improvisers Orchestra), FOCO (Orquesta de Improvisadores de Madri) e OMEGA (Orquesta de Música Espontânea da Galícia), sendo ainda cofundadora e diretora da Orquestra Entenguerengue, com músicos improvisadores da Andaluzia. A apresentação do resultado dos quatro dias de oficina ocorreu no domingo, 24/4, às 21h na Sala Jardel Filho, no Centro Cultural São Paulo.

 
 
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