sexta-feira, dezembro 18, 2009

Token Entry - Ready Or Not Here We Come 7" (1985)

Uma das melhores bandas de New York dos anos 80. Este compacto ainda contava com o primeiro vocalista, o Anthony Comunale, que foi para o Raw Deal que mudou o nome para Killing Time. A capa foi desenhada pelo baterista Ernie que era responsável pela arte da banda. Apesar da baixa qualidade da gravação, vale a pena conferir as versões originais que depois fizeram parte de seu primeiro lp, o From Beneath The Streets de 1987, já com Tim Chunks como vocalista definitivo. O Token Entry tinha aquela característica do chamado New York Hard Core, um som mais duro e pesado, como o Agnostic Front, Cro-Mags, que tem uma sonoridade mais voltada ao heavy metal. Mas outros grupos como o Murphy's Law já misturavam sonoridade de ska, reggae e rap (inclusive o falecido baixista Chuck Valle do Murphy's Law foi engenheiro de som no disco de LL Cool J) e o Token Entry tinha um pouco de rap no estilo de cantar de Tim Chunks, além de momentos mais melódicos e a forte ligação com o skate. No último disco da banda, o The Weight Of The World, a sonoridade mudou bastante, sendo até criticado como uma mediocre banda de funk'o'metal, mas isso veio de fãs radicais do estilo hardcore. Ruim mesmo foi a banda que Ernie formou, o Black Train Jack que teve seu disco lançado aqui no Brasil e até eu comprei o disco. Tinha uma faixa que o Ernie cantava e lembra o Token Entry, mas o resto, sinto muito. Tem uma versão de One Love de Bob Marley que é simplesmente horrível de doer. Mas o Token Entry foi realmente uma das melhores bandas de hardcore de New York e uma bela trilha sonora para as street sessions de skate. Clique no título do post ou na imagem para acessar o arquivo.

quinta-feira, dezembro 17, 2009

Napalm Death - a trilha sonora do fim do mundo I

O Napalm Death realmente tem sua importância na música com seu estilo agressivo. Não dá para afirmar que eles criaram sozinhos o grindcore, pois na maioria dos casos em que algo novo é criado na música em geral, isso acontece simultaneamente em várias partes do mundo e geralmente quem recebe o crédito é quem consegue publicar, registrar seu trabalho.
Esta fita k-7 de demonstração foi gravada em 1985, ainda não tinha o formato consagrado anos depois com os discos Scum e From Enslavement To Obliteration com a famosa dupla Lee Dorrian e Mick Harris(baterista que fez parceria com John Zorn). Na verdade parece com muitas das bandas de hardcore punk inglesas e da Escandinavia, no melhor estilo gravação horrível. Vale a pena conferir os primórdios barranqueiros da banda que acelerou o BPM da música. Clique na foto ou no título do post para acessar.
p.s.: A capa acima é a suposta demotape intitulada de Punk Is A Rotting Corpse de 1982. Muitos afirmam que na verdade é outra banda que fazia parte das primeiras coletâneas que o Napalm Death participou. Em todo caso, clique na foto ou no link e confira: http://www.mediafire.com/file/ywarzmfncdj/ND - PIARC.rar

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Kalaparusha Maurice McIntyre

Maurice McIntyre está entre os que eu chamo de sacerdotes musicais, como foi Albert Ayler, Frank Wright e prossegue ainda com Pharoah Sanders, David Murray e Charles Gayle, que entregam seu louvor à Deus através de sua música de forma livre. O título do disco já diz do que se trata, nos saudando com a paz e as bençãos do Criador em forma de música com suas raízes africanas e a música desenvolvida pelas gerações anteriores no território norte-americano. Peace and Blessings foi gravado em 1979 e conta com McIntyre no saxofone tenor, flauta, clarinete em Bb e baixo e percussão, Longineu Parsons no trompete, flugelhorn, flauta, Leonard Jones no baixo e King I Mock na bateria. No título do post e na foto da capa se tem acesso ao arquivo.

Pagan Babies, Philly hardcore



Me lembro que à mais de 15 anos atrás, eu estava na galeria do rock e passei em uma loja de discos, que não tinha nada em especial, as prateleiras não tinham coisas tão incomuns a não ser por um que me chamou a atenção. O disco em questão tinha uma capa com desenho típico do grafitti estilo hiphop feito com caneta hidrográfica: Pagan Babies, Next. Logo ví que se tratava de uma banda de hardcore, conhecia a gravadora Hawker records que era especializada no estilo. Resolví levar apostando que iria gostar, pois não dava pra ouvir o disco na loja. Geralmente disco importado, o lojista acha que tem de ser mais caro, sendo que na maioria esmagadora das vezes, ele nem pagou pela taxa de importação porque não o comprou lá fora ou o disco é de segunda mão. Ainda mais se for disco de hardcore, que é de gravadora independente e possui o preço menor em relação aos de grandes gravadoras. O disco do Pagan Babies pertenceu à um membro da revista Rock Brigade que fez a resenha, que provavelmente não entendeu a proposta musical, pois a resenha tinha poucas linhas com comentários nem um pouco empolgados. Como a revista na época era muito restrita ao heavy metal, não agradaria os editores e público dela.
Quando ouví o disco gostei na hora, tinha algo em comum com outra banda que gostava, o Token Entry, tanto que era a mesma gravadora e ambas se conheciam. Digamos que o Pagan Babies era um primo da Philadelphia do Token Entry. O disco tinha duas versões de músicas mais antigas: Beyond The Fringe do Lime Spiders e The Bitch do Slaughter & The Dogs que está no video acima.

terça-feira, dezembro 15, 2009

Sunny Murray at MOERS Festival (1979)

Mesmo estando praticamente exilado na Europa a decadas, não por questões judiciais, mas por questões políticas, de cidadania, pois se estivesse permanecido em seu país, estaria numa situação humilhante, como esteve em meados dos anos 60, a ponto de seu apartamento não possuir maçaneta na porta e muito menos móveis. Sunny é um sobrevivente entre os pioneiros da libertação musical dos anos 60, ao lado de Ornette Coleman e Cecil Taylor. Quase foi o substituto de Elvin Jones na chamada última fase de John Coltrane. Recusou o convite diante do testemunho de Cecil taylor e Anthony Braxton, por conta de sua grande amizade com Elvin.
Sunny desenvolveu a nova linguagem da percussão para um caminho mais livre, que não se prendia aos estatutos convencionais de ritmo. A bateria passou a ser um elemento de textura sonora, mais uma peça elementar nas peças de improvisação.
Nesta gravação de 79 no famoso festival na Alemanha em sua oitava edição, Sunny se apresenta com seu trio formado pelo saxofonista David Murray, o baixista Malachi Favors, conhecido pela sua longa associação com o Art Ensemble Of Chicago e a AACM e o percussionista senegalês Cheikh Tidiane Fall nas congas, que já tocou com Archie Schepp, Dexter Gordon, Herbie Hanckok, Abeey Lincoln, Art Ensemble of Chicago, Pharoa Sanders, Teddy Edwards, Steve Lacy, entre outros.
clique na foto para acessar

segunda-feira, dezembro 14, 2009

Cryptic Slaughter: Bel Air, California (21/06/1986)



O Cryptic Slaughter foi formado em 1984 por Les Evans, Scott Peterson e Adam Scott com idades entre 14 e 17 anos. Em 1986 com Bill Crooks na voz principal, Les Evans na guitarra, Rob Nicholson no baixo e vocal de apoio e Scott Peterson na bateria, lançaram o lp Convicted que se tornou um clássico do hardcore e do crossover. Na época não havia se consolidado o grindcore, tendo como seus maiores representantes o Napalm Death, (que inspirou John Zorn a formar o Naked City) o Carcass, que lançariam seus discos de estréia no ano seguinte: Scum(1987) do Napalm Death e Reek Of Putrefaction(1988), do Carcass e o Sore Throat que foi formado em 1987. Não haviam bandas de hardcore, punk e thrash metal que tocassem tão rápido quanto o Cryptic Slaughter.

sábado, dezembro 12, 2009

Iceburn

O Iceburn esteve no meio controverso do hardcore, gravou alguns discos pelo selo símbolo da facção straight-edge, a Victory records, com sua estética e idealismo um tanto duvidosos e principalmente a Revelation records, ligada ao ex-vocalista de um dos pioneiros grupos a levantar a bandeira da ideologia, o Youth Of Today.
A sonoridade do Iceburn foi evoluindo, deixando aos poucos a formação mais corriqueira de baixo elétrico, bateria e guitarra e alguns momentos com poesia cantada para o instrumental, adição de instrumentos de percussão e sopro em longas sessões de improvisação e distorções sonoras.
Não digo que o Iceburn foi um grupo de Freejazz ou coisa parecida, mas tinha ligação com o que costumam chamar de Jazz. Seus membros tinham como uma de suas influências e com o passar do tempo sua estética se assemelhou em muito ao Freejazz. É aquela visão curta de que basta um grupo instrumental possuir um instrumento de sopro e logo chamam de jazz.
Mas o Iceburn, independente destes inúteis rótulos, foi um grupo muito interessante em atividade nos anos 90, dando um novo espectro dentro do rock das novas gerações após a ruptura de padrões desencadeadas pelo punk-rock.
Deixo aqui algumas faixas de um de seus últimos trabalhos o disco independente entitulado de Speed Of Light / Voice Of Thunder(1999), sob o nome de ICEBURN DOUBLE TRIO. Infelizmente eu vinha extraindo o disco faixa por faixa no Soulseek e antes de completar 1/3 do disco, o arquivo saiu da rede. É lamentável pois é um dos melhores trabalhos do grupo e tal gravação se encontra fora de catálogo.
Clique no link para acesso ao arquivo:

http://www.mediafire.com/?c4jezv0txfk


Afinal, o que é arte?

Bem, esta pergunta eu creio que já tem resposta, embora muitos prefiram fazer suas próprias conjecturas sobre o que se pode ser considerado arte. As definições mais comuns de se encontrar por ai, giram em torno de definições como esta:
"
A arte é uma criação humana com valores estéticos (beleza, equilíbrio, harmonia, revolta) que sintetizam as suas emoções, sua história, seus sentimentos e a sua cultura. É um conjunto de procedimentos utilizados para realizar obras, e no qual aplicamos nossos conhecimentos. Apresenta-se sob variadas formas como: a plástica, a música, a escultura, o cinema, o teatro, a dança, a arquitetura etc. Pode ser vista ou percebida pelo homem de três maneiras: visualizadas, ouvidas ou mistas (audiovisuais). Atualmente alguns tipos de arte permitem que o apreciador participe da obra. O artista precisa da arte e da técnica para se comunicar."
Ernst Gombrich, famoso historiador de arte, afirmou que nada existe realmente a que se possa dar o nome de Arte. Existem somente artistas. Arte é um fenômeno cultural. Regras absolutas sobre arte não sobrevivem ao tempo, mas em cada época, diferentes grupos (ou cada indivíduo) escolhem como devem compreender esse fenômeno.


A definição de arte varia de acordo com a época e a cultura. Pode ser separada ou não em arte rupestre, como é entendida hoje na civilização ocidental, do artesanato, da ciência, da religião e da técnica no sentido tecnológico. Assim, entre os povos ditos primitivos, a arte, a religião e a ciência estavam juntas na figura do xamã, que era artista (músico, ator, poeta, etc.), sacerdote e médico. Originalmente, a arte poderia ser entendida como o produto ou processo em que o conhecimento é usado para realizar determinadas habilidades. Este era o sentido que os gregos, na época clássica (século V a.C.), entendiam a arte: não existia a palavra arte no sentido que empregamos hoje, e sim "tekné", da qual originou-se a palavra "técnica" nas línguas neo-latinas. Para eles, havia a arte, ou técnica, de se fazer esculturas, pinturas, sapatos ou navios. Neste sentido, é a acepção ainda hoje usada no termo artes marciais. No sentido moderno, também podemos incluir o termo arte como a atividade artística ou o produto da atividade artística. Tradicionalmente, o termo arte foi utilizado para se referir a qualquer perícia ou maestria, um conceito que terminou durante o período romântico, quando arte passou a ser visto como "uma faculdade especial da mente humana para ser classificada no meio da religião e da ciência".

O que me estimulou a escrever este post foi uma discussão sobre a arte com um amigo e discordamos em alguns pontos do que se define o que é arte. Eu estava apenas concordando com o que podemos chamar de "versão oficial" das várias definições e que muitas delas acabam por defender os interesses próprios de quem acredita. Devido a perniciosidade dos tempos modernos, qualquer coisa pode ser arte, de peças publicitárias à meros produtos de consumo.
Então eu exemplifiquei como o texto logo acima que fala sobre técnica, habilidade e disse que o AK-47 (Avtomat Kalashnikova odraztzia 1947 goda - Arma Automática de Kalashnikov modelo de 1947, é um fuzil/espingarda de assalto de calibre 7,62 x 39 mm criado em 1947 por Mikhail Kalashnikov e produzido na União Soviética pela indústria estatal IZH), pode ser considerado uma obra de arte, independente do fato de ser um instrumento bélico.
Bem, tudo isso é vaidade, um verdadeiro enfado da existência humana e deixar solta a tampa do saleiro do bar é classificado como fazer arte...

terça-feira, dezembro 08, 2009

Ken Vandermark

Quem tem acompanhado o cenário musical instrumental nestes últimos 20 anos, já deparou várias vezes em 2 nomes no que se diz em relação à inovação e criatividade: John Zorn e Ken Vandermark. Vandermark especializou seu espectro musical usando como ponto de partida o que chamam de Jazz. Mas seu repertório inclui outras áreas de seus gostos pessoais, como o funk, o reggae, o rock, etc., como podemos constatar em seus trabalhos envolvendo artístas destas áreas.
A gravação Design In Time foi lançada à 10 anos e conta com a formação de um sopro e duas baterias, dando um novo horizonte ao que ficou conhecido através de Coltrane/Ali e entre tantos outros, como Shelly Manne e Coleman Hawkins em sua gravação do album 2, 3, 4 pela Impulse de 1962. Robert Barry é o baterista original da Arkestra de Sun Ra e ainda está na ativa, tocando com grandes músicos como Fred Anderson, Kidd Jordan e Hamid Drake. Tim Mulvena fez parte do Vandermark 5 e foi para o The Eternals.
Muito interessante a junção de bateristas de gerações diferentes, que se complementam harmoniosamente ao amplo discurso de Vandermark. Design In Time tem 4 originais compostos por Ken, ao lado de classicos da música instrumental em sua forma mais inovadora:
1. Law Years (Ornette Coleman)
2. Sounds And Something Else (Sun Ra)
3. One More Once (Ken Vandermark)
4. Well Suited (Ken Vandermark)
5. Cut To Fit (Ken Vandermark)
6. Angels (Alber Ayler)
7. Feet Music (Ornette Coleman)
8. The Thing (Don Cherry)
9. Top Shelf (Ken Vandermark)
10. Green Chimneys (Thelonious Monk)
11. Peace (Ornette Coleman)

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Circle Jerks

O Circle Jerks é uma das minhas bandas preferidas do hardcore punk. Certamente o seu disco Wild In The Streets é um dos melhores do estilo musical e fez parte de muitas sessões de skate nas ruas: "Wild! Wild! Wild!... running wild in the streets!". Seus membros fazem parte muito importante do punk norte americano, o vocalista Keith Morris também fez parte do Black Flag e o guitarrista Greg Hetson no Bad Religion, que apesar de ser muito criticado no meio, não deixa de ser uma banda importante e original, levando as raízes da música caipira norte americana para uma visão contemporânea do punk rock. O Circle Jerks exala as raízes do rock'n'roll nos acordes simples e as frases típicas dos tempos do Chuck Berry, mas só que com a agressividade e velocidade dos tempos conflituosos do hardcore nos anos 80.
A música "Golden Shower of Hits (Jerks on 45)" é um medley de seis músicas contando a história de um casal que se conhece, se apaixona, tem uma gravidez não planejada, conflitos de casamento e o divórcio. As músicas originalmente são:
"Along Comes Mary" by The Association;
"Close to You" by The Carpenters;
"Afternoon Delight" by Starland Vocal Band;
"Having My Baby" by Paul Anka and Odia Coates;
"Love Will Keep Us Together" by Captain & Tennille;
"D-I-V-O-R-C-E" by Tammy Wynette.
As músicas "Coup d'État" e "When the Shit Hits the Fan" fizeram parte da trilha sonora daquele estranhíssimo filme de 84, o Repoman, sobre um cara que trabalhava como cobrador de empréstimos e geralmente ia na casa do devedor e tomava-lhe o veículo mesmo sem o seu consentimento. Quem fazia o papel principal era Emilio Estevez e o ambiente era no meio da juventude punk, mas a história progride para para um enredo absurdo envolvendo alienígenas.
Clique na imagem da capa que é o link para acesso do arquivo.

sábado, novembro 28, 2009

O novo hit do verão e a responsabilidade social


A nova propaganda do referesco em pó Tang trás o novo hit do verão: Preparou bebeu, faz. É uma das melhores músicas feitas ultimamente no Brasil, independente de ser apenas um jingle direcionado ao público infantil. Não meus caros, a canção do momento não veio do reduto axé e muito menos de uma roda de artístas numa mesa de bar e de acordes complexos da bossa. Seria maravilhoso se esta canção tivesse surgido num playground ou intervalo de aulas na escola, mas provavelmente foi minuciosamente composta por uma equipe especializada em jingles publicitários, onde tudo é calculado para dar certo em termos mercadológicos, todo o tipo de referência para fácil assimilação do público. Bem, isto realmente não importa. O caso é que quando eu assisti esta propaganda na tv aberta, a música desceu suave, agradável, ou seja, gostei no ato e senti que era a melhor coisa que tinha ouvido em termos de música nacional nestes últimos tempos. Enquanto a massa se emociona com as canções falando de sofrimento de amor, de baixarias e outras coisas, uma simples canção de propaganda de suco em pó faz mais efeito do que anos e anos de "potresto" punk. A música fala em preservar o planeta terra, o eco sistema, usar a água potável de forma racional, de reciclar os materiais. Afinal agora que a coisa tá feia e já tá meio tarde para evitar os grandes estragos da intransigência da indústria de consumo, as pessoas estão com esse papo de auto sustentável e etc. O que eu notei, mesmo com o lado extremamente correto e positivo de ensinar as crianças desde cedo sobre este tipo de coisa, isso me caiu como uma certa ironia. Explico. Tão jogando esta responsa as costas da criançada que não tem culpa de seus pais serem um bando de porcalhões poluidores e desperdiçadores. Pois é, talvez muitos ainda não tenham consciência, mas mesmo assim são as crianças que vão ter que arcar com esse pepino.

sábado, novembro 14, 2009

DxRxIx - Crossover (1987)

Muitos podem discordar, achar isso uma porcaria que só, mas outros muitos acham que é um clássico(esse troço de clássico não é uma coisa saudável para o entendimento cultural). Vamos nos abster dos gostos pessoais, opiniões tão particulares que só pelo fato de se juntarem em um contingente coletivo, não traduzem a verdade do que é de fato. Se o gosto por gênero musical, por denominação mercadológica ou gosto estético é o que predomina em seus ouvidos, mente e sentimento, este blog não é o lugar certo, pois como podem ver ao longo das postagens do Sonorica, mesmo sendo abordados assuntos de interesse pessoal meu, não me prendo à um gênero específico e principalmente na música, onde é costumeiro o ajuntamento tribal, onde certos estilos musicais não podem conviver pacificamente. Compartilho da mesma opinião de John Zorn, que não coloca diferença de valores entre Napalm Death e Ornette Coleman que desenvolveu o conceito harmolódico, onde as notas musicais, tom, rítmo tem o mesmo valor dentro da composição.
Vamos ao assunto do post enfim. O grupo Dirty Rotten Imbeciles é um nome importante do chamado hardcore norte americano e ficou conhecido no início dos anos 80, principalmente pela sua gravação Dealing With It!, lançado anteriormente ao Crossover. Dealing With It! já desenhava uma forma que se consolidou no disco seguinte, que inclusive seu título se transformou na denominação oficial de um estilo musical. Da mesma maneira que o nome da composição de Dizzy Gillespie se tornou o nome de um estilo musical, o Bebop, assim foi com o título da gravação de Ornette Coleman e seus 2 quartetos improvisando sobre certos temas pré-estabelecidos de forma mais livre, o Free Jazz, foi assim com a gravação do DxRxIx com o Crossover, que se tornou referência da junção do hardcore punk com o heavy metal.
Crossover mantém as características do hardcore, com musicas em tempo mais acelerado e de curta duração, chegando no máximo de 5 minutos de duração, tempo sufuciente para passar sua mensagem e também para apreciar sua construção de rítimo, melodia e harmonia. O estilo crossover se diferenciou pelo esmero instrumental que o punk tinha abandonado em retaliação dos excessos de virtuose dos grupos de rock nos anos 70. De início a idéia teve seus benefícios, mas acabou se tornando um enfado sonoro, como foi depois com o funk'o'metal, que foi perseguido implacavelmente pelos Matthew Hopkins da música.
Na época de Crossover, o Dirty Rotten Imbeciles contava com Spike Cassidy na guitarra, Kurt Brecht nos vocais, Felix Griffin na bateria e Josh Pappé no baixo, entre 1986 me 1987, época da gravação.

clique no link abaixo para acesso do arquivo:



http://www.mediafire.com/?jtgozejdjtn

Frank Lowe - Fresh (1975)

Frank Lowe (24/06/1943 - 19/09/2003), fez parte da chamada segunda geração do Freejazz nos EUA. Ficou conhecido pelas suas associações com o baterista Rashied Ali. Em sua mocidade, estudou com Packy Axton, proprietário da famosa gravadora de soul, a Stax, onde trabalhou por um tempo até se envolver com o cenário do Freejazz em San Fransico, incentivado por Sonny Simmons e Donald Rafael Garret. Em New York seu primeiro trabalho foi com Sun Ra e sua Arkestra, onde tocou por 2 anos e depois teve a chance de trabalhar com a esposa de seu ídolo John Coltrane, a pianista Alice Coltrane. Sua primeira gravação como líder foi pela ESP disk, o disco Black Beings que teve a estréia do baixista William Parker na gravações. Também trabalhou com o trompetista Don Cherry o qual convidou Lowe para participar da trilha sonora do filme The Holy Mountain de Alejandro Jodorowsky, em 1973. Em 2003 sucumbiu ao cancer.
Fresh foi gravado em 1975 em New York e uma faixa, a Chu´s Blues em 1974, acompanhado do The Memphis Four. Também participam do disco, o trompetista Lester Bowie e seu irmão o trombonista Joseph Bowie, Abdul Wadud no cello, os bateristas Steve Reid e Charles Bobo Shaw e Selene Fung no cheng. Maravilhosas versões para originais de Thelonious Monk, Epistrophy e Misterioso.

Lembrando que minha conta no mediafire foi bloqueada por violação de direitos autorais, mas no final de tudo se trata do vil dinheiro, como se o Sonorica estivesse lucrando com isso. Quem tiver interesse, mande uma mensagem, podemos refazer o link. Obrigado

Remembering that my account was blocked by mediafire copyright infringement, but in the end it's all about the vile money, as if the Sonorica was profiting from it. Those interested, send a message, we can redo the link. thank you

sábado, novembro 07, 2009

The John Betsch Society - Earth Blossom (1974)





















John Betsch nasceu em 08/10/1945, Jacksonville, Florida e estudou na Fisk University, Berklee College Of Music e University Of Massachusets-Amherst. Tocou com Max Roach, Marion Brown, Henry Threadgill, Archie Shepp, Billy Bang, Marilyn Crispell, Mal Waldron, Peter Kowald, Charles Gayle e Steve Lacy.
Betsch é um grande baterista, de técnica refinada e tive o prazer de conhecê-lo quando esteve tocando em São Paulo. A primeira apresentação foi no Instituto Moreira Salles, depois no Sesc unidade da av. Paulista e no auditório da biblioteca Alceu Amoroso Lima em Pinheiros.
O primeiro registro fonográfico sob seu nome foi lançado pelo selo do trompetista Charles Tolliver, Strata-East, entitulado de Earth Blossom em 1975 e conta com a participação de Billy Puett na flauta e saxofone, Jim Bridges na guitarra, Bob Holmes no piano e percussão, Ed "Lump" Williams no baixo e Phil Royster nas congas e percussão.


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sexta-feira, novembro 06, 2009

Aqua Teen Hunger Force & Space Ghost: Baffler Meal


Este episódio de um dos melhores programas de tv que existiram, sim, o Space Ghost Coast To Coast que foi a última gravação do guitarrista pioneiro do Freejazz, Sonny Sharrock, que fez a trilha de abertura. Contém a provável estréia do Aqua Teen Hunger Force, que era formado por um saquinho de batatas fritas em foprmato fastfood, um copo de milkshake e uma almondega. O Aqua Teen era veiculado no pacote Adult Swin. E ainda tem aparticipação de Willie Nelson no talkshow.

sexta-feira, outubro 30, 2009

Adrenalin O.D., Sunny Murray, enfim, o que é de gosto, é regalo da vida!



Apresentação do grupo Adrenalin O.D., um dos importantes nomes do chamado American Hardcore, que teve um cenário intenso da costa leste à oeste nos EUA e este video foi gravado em 1985 no famoso CBGB's com as músicas: Office Buildings, Rock n'Roll Gas Station, The Answer e Yuppie.
Sunny Murray, John Edwards, Tony Bevan em uma apresentação no Vortex 01/09/2009.

quarta-feira, outubro 28, 2009

Sirone (Norris Jones) 28/09/1940 - 21/10/2009

Sirone nasceu em Atlanta na Georgia, USA e tocou com artístas do R&B como Sam Cooke e Smokey Robinson. Depois mudou-se para New York nos anos 60 onde fundou com o pianista Dave Burrell o Untraditional Jazz Improvisational Team e tocou também com Ornette Coleman, Pharoah Sanders, Marion Brown, Gato Barbieri, Cecil Taylor, Dewey Redman, Charles Gayle, Frank Lowe, Billy Bang, James Blood Ulmer e seu grupo Phalanx e com o violinista Leroy Jenkins e Frank Clayton, depois substituído por Jerome Cooper fundaram o Revolutionary Ensemble em 1971. Sirone apareceu no filme Rising Tones Cross de Ebba Jahn em 1985, que é um documentário sobre o cenário do Free Jazz em New York.
A partir de 2000 começou a tocar guitarra como no disco Life Of The Party do saxofonista Joe Johnson, em 2005. A última gravação de Sirone está registrada como guitarrista no disco de Joe Johnson, The After Party de 2008.

clique no link abaixo:
discografia de Sirone

terça-feira, outubro 27, 2009

Smile - The Beach Boys (1967)

Eu nunca tive interesse pelo Beach Boys por conta do hit Surfin' U.S.A. e aquelas vocalizações melodiosas e o estereótipo equivocado sobre eles. Mas quando estive na casa de um amigo e assisti o dvd Smile do Brian Wilson, tudo mudou. Eu sempre ouvia falarem de Brian Wilson como um louco psicótico e tudo mais. Não ví nada disso e sim uma pessoa extremamente sensível, que queria dar o seu melhor através da música. Brian ao compor a música Prayer, queria que as pessoas ao ouvirem ela, falassem com Deus. Também ví a difícil trajetória do grupo, do pais dos Wilson que era violento e extremamente problemático. A falta de apoio dos membros do Beach Boys em relação ao grandioso projeto que Brian idealizou sozinho em sua concepção. Os outros membros só queriam continuar famosos falando do sol da California. Se o Smile tivesse saído na época em que deveria, a música teria mudado de rumo. Me desculpem os beatlemaníacos, mas ficaria pequeno para o Sgt. Peppers and Lonely Hearts Club Band, pois o Smile não contou com a colaboração de George Martin, tudo foi idéia de Brian, toda a concepção e as composições. Até os Beatles de uma certa forma temiam os próximos passos de Brian Wilson, mas isso em forma de admiração e respeito. O disco Pet Sounds teve grande influência sobre o disco Sgt. Peppers. Foram lançadas posteriormente 3 versões do Smile, com outakes e extras de forma incompleta como fora concebido, mas a versão de Brian Wilson em 2004 é a definitiva. Mesmo com a voz limitada de Wilson devido os tempos de inatividade musical e saúde, é um disco fantástico.
Mas o melhor desta história é que Brian conseguiu se recuperar, concluir seu maravilhoso projeto e voltou a viver.

*ps.: a música Surf's Up não tem nada haver com o surf, fala de algo muito mais profundo...

Clique nos links abaixo para acessar os arquivos:

-Smile Unreleased album 1967:
http://www.mediafire.com/?4timitnlm5z

-Smile Research Labs:
http://www.mediafire.com/?myq5og3acfm

sábado, outubro 24, 2009

Max Roach Quartet - Live In Tokyo (1977)

O que podemos dizer sobre Max Roach além do que já foi dito? Ele é uma instituição da música, é um capítulo fundamental dela. Max fez música até onde pode chegar em sua condição de ser humano. Foi o último que resistiu ao tempo de sua geração, aquela que mudou o rumo não só do Jazz, mas da música como um todo. A geração que ficou conhecida pelas inovações musicais nos distantes anos 40 do séc.XX, conhecida sob o nome de uma composição do trompetista Dizzy Gillespie: Bebop.
Mas Max sempre foi um artísta que entendia o processo artístico e se recusava a estagnar e ir contra sua natureza criativa. Nos anos 80, já tendo experimentado muitas combinações e novas influências para seu trabalho, ignorou a critica especializada no gênero e buscou novas experiências com a juventude pobre das ruas: o Hiphop.
Sobre aqueles tempos ao lado de Dizzy, Miles Davis e Monk, recordava com saudade e satisfação e gratidão em ter participado daqueles grandes momentos da música, mas não queria saber de repetir aquilo novamente. Para Max não fazia sentido entrar num revival, preferiu seguir em frente, criar e viver coisas novas. E foi assim até sua despedida desta terra.
Bem, vamos ao motivo deste post, compartilhar de um dos muitos grandes momentos da carreira de Max Roach. Esta época é pouco comentada e conhecida, mas é um de seus melhores grupos, um tipo de formação que manteve por muito tempo. Nesta gravação conta com o brilhante saxofonista Billy Harper, que também tocou com o Art Blakey e os Jazz Messengers, numa fase mais ousada. Harper é conhecido por sua composição que é um clássico: Capra Black. Cecil Bridgewater é um grande trompetista e esteve com Max aqui no Brasil, em 2000 e acompanha Max de longa data. Reggie Workman também é outra instituição da música, tocou com os grandes nomes do Jazz, como John Coltrane e está em plena atividade no circuito de Freejazz. Esta apresentação gravada no Japão em 1977, abre com calvary, uma das mais belas composições de Max. Mr. Papa Jo é o famoso solo de chimbau de Max em homenagem ao grande mestre da bateria. Round Midnight ganha uma nova versão com o quarteto e conta com a famosa It's Time que podemos dizer que é umas das preferidas como MyFavourite Things era para Trane em seu repertório.

01 Calvary
02 Mr. Papa Jo
03 Round Midnight
04 It's time

Max Roach - bateria
Billy Harper - saxofone tenor
Cecil Bridgewater - trompete
Reggie Workman - baixo

Gravado no Yubin Chokin Hall, Tokyo - Japão em 21/01/1977

clique no link abaixo para o arquivo:
http://www.mediafire.com/?zymvwwqx1jj

sexta-feira, outubro 23, 2009

Weekend Warriors... na hora da luta, nego sai é de fininho!

Sinceramente eu tinha uma mistura de sentimentos em relação a este famoso disco do Ted Nugent. Primeiro eu achava o maior barato a capa do disco por conta das figurinhas auto-adesivas dos albuns que eram comuns em minha infância, que sempre tinha essa estranha mistura de desenhos horríveis de tatuagens, ilustrações do Roger Dean (capas dos discos do Yes), capas de discos de rock, heavy metal, rock progressivo, misturados até com capas de discos da Donna Summer e Grace Jones. Lembro que na época algum amigo comprou um disco do Ted Nugent, mas não era o Weekend Warriors, não tinha curtido porque na época eu só queria saber de heavy metal e barulheiras. Ted me soava som de gente mais velha, uns tiozinhos barbudos e cabeludos. Hoje eu tô cabeludo e barbudo...
Mas só hoje que eu realmente ouví o famoso disco do cara da guitarra com o braço e headstock transformado em uma metralhadora. Resolví ter uma audição online de Ted Nugent por conta deste post, que não tem nada haver com o Nugent em sí. Sobre o Weekend Warriors de Nugent, não tenho nada contra, é apenas mais um disco de hard rock típico dos anos 70, como o Mahogany Rush de Frank Marino, Grand Funk Railroad, etc, e não tem uma música que se destaque em relação aos hits do gênero. Dá pra curtir o som do Ted, se há uma empatia com o estilo, pois a música é de boa qualidade. Mas enfim, a capa é mais lembrada do que a música.
Tive a idéia por conta do título Weekend Warriors, pois estava lendo o jornal da manhã, o telejornal, sobre o assassinato do cara do Afroreggae e também lembrei do outro membro de um grupo artístico morto no Rio estes dias. Me lembrei de vários discursos idealistas que presenciei, muita militância teórica e pouquíssima prática. Muita gente manja de política de sociologia, de artes, de ativismo, de samba, chorinho, afrobeat, rap, mas não fazem nada realmente condizente com seus discursos inflamados em mesas de botequins tão artificiais quanto um waffer de morango, regados de cerveja Bohemia ou Original e "petiscos" de R$30,00 a porção.
Mas tá tudo tranquilo, "relax", descontração total. Afinal todo mundo fala que o Brasil é assim, sabe levar na esportiva (que na verdade é inconsequente), o povo é super-do-bem, que o Rio é lindo, carnaval, etc. Definitivamente não é um discurso depreciativo pessimista de minha parte, pois todos os dias tenho motivo para alegrar meu espírito, mas eu costumo praticar o que eu prego.
ps.: Vai preparando o bolso aí, pois o governo tá vendo a fita de um orçamento de U$600.000.000 para a compra de aviões-caça da força aérea brazuca. Só pra piloto, só pra guerrero, só pra Jedi! It's not for the weekend warriors.

Abaetetuba - Improvisação Livre

Concerto de Improvisação Livre Musical, que contará com a participação de Marcio Mattos, cellista consagrado nesta vertente da música internacionalmente, residente em Londres a mais de 40 anos e se incorporou ao projeto ABAETETUBA desde 2006, inclusive participando da turnê Européia, realizada no primeiro semestre. Michelle Agnes é a pianista convidada que juntamente com Thomas Rohrer e Antonio Panda Gianfratti, formarão um Quarteto Contemporâneo de Improvisação Livre.
O concerto se realizará, no Centro Cultural SP Vergueiro, neste próximo domingo, dia 25 às 18:00h com entrada franca, na sala Adoniran Barbosa.

quinta-feira, outubro 22, 2009

Presidente Lula, vigia na terra!

Este blog não costuma fazer análises políticas por conta de seu direcionamento às artes e cultura. Mas se tratando do presidente da república do Brasil, Luiz Inácio "Lula" da Silva, há uma questão cultural evidente.
O que me levou a escrever este post foi o destaque de primeira página de um jornal paulistano que não vem ao caso suas intenções desta matéria que tinha este título: No Brasil, Cristo teria de se aliar a Judas, diz Lula.
Nesta infeliz comparação o presidente crê que para governar é preciso uma coalizão. "Se Jesus Cristo viesse para cá e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão".
Agora vejamos uma passagem das escrituras bem conhecida das pessoas de um modo geral, que se encontra no evangelho de Mateus, capítulo 4:

"Então foi conduzido Jesus pelo Espírito Santo ao deserto, para ser tentado pelo diabo.
E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome;
E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães.
Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
Então o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo,
E disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, E tomar-te-ão nas mãos, Para que nunca tropeces em alguma pedra.
Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.
Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles.
E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.
Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.
Então o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos, e o serviam."

Deixemos de lado as questões religiosas e espirituais e atentemos ao significado e simbologia. Jesus se mostrou incorruptível mesmo em uma situação extrema. Lula em sua infeliz comparação afirma que Jesus teria de dar um "jeitinho", tolerar certos desvios. Judas é o símbolo da traição e corrupção. Possuia um cargo de alta confiança, mas traiu e se corrompeu por um punhado de moedas. Isso foi o ápice de sua trajetória sombria, pois já andava furtando parte das ofertas enquanto era tesoureiro do ministério de Cristo.
Aí entra o problema cultural. Se as pessoas realmente tivessem conhecimento das escrituras, não fariam este tipo de comparação, simplesmente pela incoerência entre a afirmação de Lula e os fatos descritos na bíblia que revelam o caráter de Jesus Cristo, que preferiu morrer à se corromper ou fazer uma coalizão.
Então surgem afirmações totalmente equivocadas, como esta que eu mesmo já acreditei que estivesse na bíblia: "Deus escreve certo por linhas tortas". Fora esta frase realmente não estar na bíblia, há uma afirmação de Deus que prova o contrário no livro do profeta Isaías, capítulo 45 verso 2 no antigo testamento: "Eu irei adiante de ti, e endireitarei os caminhos tortuosos;". Outra frase errada é esta: "A voz do povo é a voz de Deus". Entendo esta frase sobre dar a razão a maioria, que muitas vezes erra. Mas veja o que diz Deus no livro de Números, capítulo 23 verso 19: "Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa;"
Eu particularmente resolví ler a bíblia por curiosidade, na tentativa de encontrar algo que fosse ruim para a sanidade mental das pessoas. Fui no intuito de uma análise empírica, realmente sem uma opinião formada e deparei com fatos históricos e muitos deles a ciência contemporânea teve de reconhecer como verídicos, por conta de muitas provas materiais. Não encontrei nada que levasse uma pessoa ao isolamento da realidade e privação de sua liberdade de como conduzir sua própria vida. Há muitos aspectos culturais, de certos povos, de certa época e muitas vezes algumas instituições religiosas interpretam de forma errada, criando doutrinas e costumes por elas mesmas.
Aqui eu deixo uma frase que deveria estar em mais para-choques de caminhão e na mente do povo. Está no livro do profeta Oséias, capítulo 4, verso 6:
"O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento;"

segunda-feira, outubro 19, 2009

Antonio Panda Gianfratti/Thomas Rohrer/Michelle Agnes: Cine Concerto

Panda, Thomas e Michelle fazem ao vivo a trilha sonora para os filmes mudos de Beckett, Brecht e Metzner.

local: Casa de Francisca - rua José Maria Lisboa, #190
couvert: R$ 17,00
reservas: (11) 3052 0547

48x61 (OtomoxRintaro)


O título 48x61 são as idades respectivas dos animadores Rintaro (61 anos na época em que foi realizado este curta metragem) e Katsuhiro Otomo (48 anos). Produzido em 2004 pelo Madhouse Studio. Desenho de Katsuya Terada, animação de Katsuya Yamada e musica de Toshiyuki Honda.

sábado, outubro 17, 2009

Shizuka Hayashi

Vernon Reid - Mistaken Identity

O Living Colour está de volta com um novo disco e esteve em São Paulo nesta última semana. Poucos sabem da carreira musical do guitarrista Vernon Reid que é de longa data. Fez parte do projeto Decoding Society do baterista Ronald Shannon Jackson que já tocou com diversos músicos do freejazz, como Albert Ayler.
Mistaken Identity foi lançado em 1996 e contou com a participação de Graham Haynes, trompetista e filho do baterista Roy Haynes, o baixista Fred Hopkins, o clarinetista Don Byron e nomes dos hiphop como Prince Paul, Beans, dj Logic e até a participação do ator Lawrence Fishburne. Reid já está no terceiro título em seu nome mas vale a pena relembrar este registro. Na ocasião do Free Jazz Festival na época auge do gênero Acid Jazz, Vernon Reid e o projeto Masque que gravou o Mistaken Identity, esteve em São Paulo substituindo Jamiroquai(ainda bem!) e contou com a presença de Don Byron.

Clique no link abaixo ou no título do post para acesso do arquivo

http://www.badongo.com/file/17870656

sábado, outubro 10, 2009

Fela na Broadway?!

Será que o nosso bandleader aprovaria a idéia? Será que ele faria a pergunta: Será que é bom?

Playlists como este são nocivos à saúde cultural e aumentam o ufanismo e o anacronismo

Particularmente este tipo de publicação como a revista ao lado, não faz parte de minha leitura periódica. Se eu quero obter informação mais precisa e confiável, há incontáveis fontes de boa informação no mundo virtual. Se a revista Rolling Stone original já é deficitária no quesito música como arte, a versão brasileira é pior. Calma nacionalistas, não estou degradando o produto nacional. Afinal o objetivo da edicão nacional da R.S. é meramente música como mais um tipo de mercadoria na prateleira. Infelizmente o jornalismo musical carece em muitas coisas para ser realmente confiável, entre estas coisas, a análise empírica, a pesquisa exaustiva, etc.
Mas me chamou a atenção 2 coisas sobre a matéria de capa desta publicação: Parte das primeiras posições deste ranking e o melhor: os comentários dos leitores.


Nº 1 - "Construção" - Chico Buarque
Nº 2 - "Águas de Março" - Elis Regina & Tom Jobim
Nº 3 - "Carinhoso" - Pixinguinha
Nº 4 - "Asa Branca" - Luiz Gonzaga
Nº 5 - "Mas Que Nada" - Jorge Ben
Nº 6 - "Chega de Saudade" - João Gilberto
Nº 7 - "Panis et Circencis" - Os Mutantes
Nº 8 - "Detalhes" - Roberto Carlos
Nº 9 - "Canto de Ossanha" - Baden Powell/ Vinicius de Moraes
Nº 10 - "Alegria, Alegria" - Caetano Veloso

Quem quiser argumentar contra o que penso, fique livre para isso ou melhor, ignore este post. Em primeiro lugar, quem fez esta lista? O staff editorial da revista? Se a voz do povo não é a voz de Deus, muito menos este seleto grupo de profissionais. O que aconteceu com a música brasileira contemporânea? Pelo menos nas 10 primeiras posições, só tem música do século passado. Muitos dirão que a música atual não chega aos pés destes "clássicos" brasileiros. São boas músicas, mas este ranking teria sentido se a edição da revista fosse da década de 70 do séc.XX. Então eu me deparo com o comentário de um leitor que diz o seguinte:

"
Eu me sinto bem representado por essas músicas. Legal!! Claro, eu sei que faltaram algumas entre as dez. Mas é que a música brasileira é tão boa e tão farta que não dá para contemplar todas. E há quem não valorize ainda. Gringo fica de boca aberta com a nossa criatividade!!"

Se o leitor já passou dos 40 anos de idade, é perfeitamente compreensível este ponto de vista. Mas se for na média dos 20, aí temos um caso corriqueiro de anacronismo. Mas a maioria esmagadora dos comentários dos leitores é bem mais saudável, pois elegeram artístas como Pitty, Legião Urbana, Raimundos, Chico Science e até coisas como Fresno e NX Zero.
O comentário do defensor da MPB do comentário acima ainda se ilude com a idéia de que gringo fica de boca aberta com a nossa criatividade. Ora, como se não bastasse usar o termo gringo que é pejorativo, demonstra uma tremenda arrogância e nacionalismo doentio. O Jazz e Rock criaram grandes mudanças e tiveram grande influência(inclusive na MPB) na música mundial no séc.XX e a música brasilera não chegou neste ponto, sem desmerecer a qualidade da MPB. O que seria de Luiz Gonzaga e seu forró(For All) se não tivesse o tango dos nossos hermanitos argentinos? O que seria dos Mutantes se não tivesse os Beatles? O que seria do João Gilberto se não fosse o Jazz e o que seria de Pixinguinha sem o Hot Five de Armstrong? Isso não anula a criatividade brasileira. A maioria destes "gringos" que piram, são na maioria críticos musicais, artístas, que são um pequeno setor destes países, que não chegam à casa decimal na porcentagem da população de seus países. Basta checar as informações que confirmam o que eu disse aqui, os gringos tem preferencia nos artístas de seus respectivos países, que é extremamente saudável. A maioria não se importa com a nossa música, se não os marcadores de exportação diriam ao contrário. Quem compra música brasileira no exterior em certo número, são os próprios brasileiros que imigraram para estes países. O Japão que costuma ser citado como um país que consome bastante a nossa MPB, na verdade, não é assim. O Japão se encaixa nesta estatística de consumo de MPB pelos imigrantes brasileiros que trabalham e vivem lá. A maioria esmagadora da população japonesa consome sua música local, chegando na situação da indústria fonográfica norte americana ter dificuldade de preferencia, como acontece em muitos países do mundo. É este tipo de publicação com rankings que contribue para este quadro, esta formação de opinião.
Enfim, quem acha que a Folha de São Paulo é a escória dos jornais e a Veja o lixo das revistas semanais, a Rolling Stone veio para preencher a vaga musical desta categoria seleta.

sexta-feira, outubro 09, 2009

São Paulo está no caminho da India

Socialmente falando, deixemos de lado as questões espirituais. Também não levemos em conta a diferença cultural entre o oriente e o ocidente, pois há muito mais que um hemisfério e um imenso oceano que os separa. O sistema de castas na prática, é um sistema de injustiça para justificar a diferença social de uma nação. Se os antepassados foram ladrões, as futuras gerações estão fadadas a viver de delitos, mesmo que esta pessoa tenha a honestidade ardendo em seu coração. Se uma pessoa tem domínio do conhecimento da física quântica e faz parte da casta dos mendigos, só poderá aplicar tal conhecimento na arte da mendicância. Se uma pessoa que não tem a menor vocação para as finanças a ponto de esgotar suas riquezas e fizer parte da casta dos ricos, bem, alguém vai ter que arcar com as despesas deste ilustre para ele permanecer rico.
Mas o motivo deste post não é diretamente ligado ao assunto sobre este sistema indiano. Um dos dois motivos foi que nesta última terça-feira eu participei de um workshop com o pianista e compositor inglês Veryan Weston sobre orquestração na improvisação livre, no teatro da faculdade Santa Marcelina em Perdizes, São Paulo.
Haviam praticamente apenas os alunos de música da faculdade e notei uma grande diferença alí. A começar pela região da faculdade, que fica numa região que difere da grande maioria da cidade, assim, como Higienópolis, Moema, Morumbi, Pacaembú, Sumaré. Estes lugares são muito mais bem cuidados do que o resto da metrópole e há uma gritante diferença étnica. A maioria esmagadora de pessoas que formam a sociedade brasileira, nestes locais, são apenas funcionários remunerados com baixos salários e se residem na região, são os que moram no local de trabalho, como alojamento de funcionários ou quarto de empregado doméstico. Como meu cotidiano e as pessoas com quem me relaciono diariamente são o que chamam por aí de "povão", me sentí um estranho naquele teatro. Mesmo alguns dos alunos e parte da platéia serem estéticamente parecidos com pessoas do povão, algo os diferencia. Um exemplo? Muitos destes jovens de classe média e alta, quando se vestem de forma simples, há um refinamento. Como alguns que estavam de chinelo de couro, camiseta e bermuda. São roupas simples, mas percebe-se que são de uma grife, que são roupas mais caras. Sem contar quando estes conversam, mesmo com gírias adotadas das "ruas", há uma grande diferença, são como dialetos.O outro motivo foi um post sobre o público feminino afro-brasileiro que esteve na apresentação da dupla Les Nubians, composta por Helene e Celia Faussart no SESC Pinheiros. Este post se encontra no blog Eu, ela, o cão e o affair redivivo e este trecho que me chamou a atenção:

"
Já no hall de entrada, uma pergunta se fez aos meus botões e acompanhou-me até o final da apresentação – e continua em delay agora: quando não há show das Les Nubians na cidade, onde se escondem aquelas estonteantes negras todas?"

Me parece
que o autor do post fez uma pergunta retórica, a não ser que seu cotidiano tenha mudado drasticamente e tenha esquecido que mesmo o SESC tendo atividades e atrações com preços acessíveis à maioria da população, mesmo sendo criado para as atividades de lazer da população além do pricincipal, que é beneficiar a classe comerciária, este tipo de apresentação, neste tipo de local, não atrai o povão. Independente de ser ou não uma pergunta retórica, eu respondo a pergunta. Elas não se escondem em lugar nenhum. Talvez muitas delas não posssam usar uma bela vestimenta e caprichar tanto na maquiagem, por estarem em algum emprego que isto não é funcional. Se alguém resolver passear pela noite paulistana, mas fora do circuito centro-oeste e passar pela zona norte, por exemplo, vai encontrar muitas delas com certa facilidade. Mas eu as vejo todos os dias andando nas ruas de São Paulo, nos transportes coletivos, lojas, etc e etc.
O problema deste país é que se nega ou finge que não existe e não se vê. O sistema racista e o sistema de castas existe nesta cidade, mas só que de forma velada.

Cine-Concerto: Beckett e Brecht no chiaroscuro

Poucos têm conhecimento de que os dramaturgos Bertolt Brecht (1898-1956) e Samuel Beckett (1906-1989) participaram de duas produções cinematográficas em momentos distintos de sua carreira. “Mistérios de uma barbearia”, dirigido por Brecht juntamente com o cineasta e também dramaturgo Erich Engel, marca o encontro do jovem Brecht com o ator cômico Karl Valentin, apontado por muitos críticos como uma das influências primordiais no teatro épico brechtiano. O filme é uma comédia em tom anárquico, no estilo subversivo e nonsense de Valentin, que interpreta um estranho barbeiro que comete com grande naturalidade as maiores atrocidades.
“Film” conta com roteiro de Beckett e direção de Alan Schneider. Neste curta-metragem, Buster Keaton interpreta um homem angustiado em fuga, tentando livrar-se de todos os olhares que recaem sobre ele. Baseado na teoria de Berkeley Esse est percipi (ser é ser percebido), “Film” tem apenas dois personagens: “O” é o objeto representado por Buster Keaton, e “E” é a própria câmera.
Ao final do espetáculo, propõe-se o diálogo dos dois grandes dramaturgos com o cineasta Ernö Metzner (1892-1953) e seu “Assalto”(“Überfall”), que mostra o estranho destino de um homem após encontrar uma moeda ao acaso. A obra retrata alguns tipos da Alemanha pós-primeira guerra, caracterizada por Metzner pelo clima de corrupção, brutalidade e decadência que circunda os personagens.
Como nas antigas sessões de cinema dos anos 20, o acompanhamento musical será realizado ao vivo, a partir de uma instrumentação que faz uma alusão às sonoridades dos teatros populares e do music-hall, onde o cinema nasceu. Este trabalho busca realizar um diálogo entre procedimentos empregados no acompanhamento musical deste período, tais como efeitos sincronizados, uso de motivos condutores (leitmotiv) e citações com a música atual. O ponto de contato entre esses dois universos está na improvisação, tônica do trabalho do trio, e que caracterizava a música que acompanhava essas “pantomimas silenciosas”.

Programa

Mistérios de uma barbearia (1923)
Direção e roteiro: Bertolt Brecht e Erich Engel

Film (1965)
Direção: Alan Schneider.
Roteiro: Samuel Beckett.

Assalto (1921)
Direção: Ernö Metzner.
Roteiro: Grace Chiang e Ernö Metzner.

Música de Michelle Agnes(piano), Thomas Rohrer(rabeca,sax) e Antonio Panda Gianfratti(percussao)

13/10/09 - 20h30 São Paulo
Ingresso: distribuição de ingressos gratuitos a partir das 19horas na bilheteria. 2 ingressos por pessoa.
Telefone para informações: (11)3258-3344
Classificação: 8 anos
Endereço:
Cultura Artística Itaim - Avenida Juscelino Kubitschek, 1.830.
Disponibilidade: 200 ingressos
Data:
13/10/2009
Hora:
20:30

10/10/09 - 20h Campinas
Horário: 20h
Classificação: 8 anos
Todas as apresentações têm entrada gratuita, com distribuição de ingressos (um por pessoa) no local, uma hora antes de cada .
Endereço:
CPFL Cultura - Rua Jorge Figueiredo Corrêa, 1632, bairro Chácara Primavera. Mais informações pelo telefone (19) 3756-8000.

domingo, setembro 27, 2009

Veryan Weston – piano / improvisação livre

Veryan Weston – piano / improvisação livre

Workshop e concerto com a participação de Phil Minton (voz), Thomas Rohrer (rabeca) e

Antonio Panda Gianfratti (percussão)

Data: 06/10/09 - 14hs –Teatro Santa Marcelina - Entrada Franca

Rua Dr. Emilio Ribas, 89 - Perdizes - São Paulo - SP - Fone: (11) 3824-5800



Veryan Weston (Inglaterra): Um dos principiais nomes da improvisação livre, o trabalho de Veryan reúne inventividade harmônica, riqueza timbrística e sofisticação melódica. Nos anos 70 co-fundou e compôs para o Stinky Winkles, tendo sido eleito “Jovem músico de 1979” pela Greater London Arts Association, ganhando também três importantes prêmios na França, Espanha e Polônia. Veryan graduou-se em Performance Art no Middlesex Polytechnic, e realizou mestrado em composição musical pelo Goldsmith’s College, Universidade de Londres. Foi coordenador do “Interartes” no Bretton Hall, e professor de composição e improvisação na Universidade de Middlesex. Ao longo de 1980 e início dos anos 90, trabalhou principalmente com o Quarteto Eddie Prévost, Trevor Watts’ Moiré Music e duos com Lol Coxhill e Phil Minton. Trabalhou também em outros projetos com Minton, incluindo 'riverun', quarteto de Phil Minton com John Butcher e Roger Turner.

quarta-feira, setembro 23, 2009

São Paulo Underground e o que mudou quando se passaram mais de 20 anos.


Para quem viveu sua juventude nos anos 80, isto é, que tinha idade suficiente para frequentar o chamado Underground Paulistano, participou de uma grande mudança em todos os sentidos no mundo em que se encontrava, devido as grandes mudanças tecnológicas. Vimos a transição do equipamento analógico para o digital, a fita k7 e o lp para os cd's e dvd's, o surgimento e crescimento da World Wide Web, que democratizou e tornou acessível a comunicação no mundo inteiro. Mas nos restringindo ao nanocosmos do underground paulistano, esta pequena parcela da imensa população de milhões de habitantes, que se contrasta com a realidade da maioria dos paulistanos, vejamos o que realmente mudou nestes mais de 20 anos. Aparentemente sempre parece que as coisas melhoram, mas nem sempre isto é a verdade e também vamos evitar aquela observação reacionária e equivocada de que antes era melhor. A vida sempre foi assim, algumas coisas melhoram, outras pioram e outras permanecem da mesma forma. Na maioria das vezes, as mudanças e melhorias dependem de nossas atitudes.
A internet possibilitou a sincronia, o acompanhamento dos fatos em qualquer parte do mundo que está conectado à rede mundial de computadores, não há mais aquele atraso(delay) que chegava até 5 anos entre a fonte e os receptores. Por exemplo, a maioria dos lançamentos fonográficos, se não fossem de artístas extremamente famosos, demoravam até 10 anos para ter sua versão brasileira, sem contar que muitos artístas nem eram lançados aqui e não eram tão obscuros. Hoje, através da net, do
myspace, twitter e outros serviços virtuais, o acesso é total e simultâneo, mesmo que for sobre um artísta obscuro e independente da Eslovenia ou Hokkaido. Antes tinha que se esperar até 3 meses para receber a encomenda de uma edição da revista Wire, Maximum Rock'n'Roll, Flipside, etc. Hoje temos as edições virtuais nos sites das revistas e alguns estabelecimentos importam alguns títulos. Hoje podemos entrar em contato direto com os artístas em seus sites e serviços de comunicação, como o msn, o skipe, myspace, etc.
Enfim, já não há mais a desculpa da falta de informação. Mas o que aconteceu então? Porque ainda vemos sites, blogs, zines com erros abomináveis por falta de informação completa e correta, sendo que se encontra praticamente de tudo em termos de informação?
Uma vez me chegou as mãos um exemplar da revista Noize e até comentei sobre a qualidade gráfica, capa colorida em papel especial, com o logo impresso em verniz transparente. Que diferença dos tempos das primeiras edições da revista Rock Brigade, que era publicada em papel sulfite fotocopiado, ou seja, xerox. Esta era a realidade das publicações independentes do underground paulistano. Mas até que a Brigade se virava bem, tinha até correspondentes em outros países. As resenhas sobre os lançamentos eram muito divertidas, pois os editores extrapolavam em seus comentários, que fugiam da análise empírica e se tornavam meras opiniões pessoais e muitas vezes equivocadas. Mas apesar de toda dificuldade e precariedade, tudo era feito com dedicação.
A Noize, já é um caso bem diferente, pois tem estrutura para entregar ao leitor, um material de alta qualidade de forma gratuita, mas o conteúdo nem sempre condiz com esta qualidade. Muitas matérias possuem um conteúdo muito superficial, sendo a maioria semelhante a um resumo de Wikipedia. Talvez seja o atendimento à demanda dos leitores, uma tendência editorial, mercadológica e comportamental. Afinal a revista se esforça em entregar informação e de forma gratuita. O custo disso é um espaço demasiado para a publicidade, com produtos de natureza excluidora, pois são produtos para quem tem um certo poder aquisitivo. Se houvesse o remanejamento de orçamento, poderiam acrescentar mais conteúdo, como é o caso da revista da gravadora de jazz americana Cadence, que lança um periódico com papel mais econômico, mas com abundante material jornalistico.
No caso dos estabelecimentos como casas noturnas e lojas de discos a situação não é diferente. Me lembro de lugares que eu não tinha idade para frequentar, como o Lira Paulistana, que era perto da minha casa, mas pude comprar o primeiro disco ao vivo do horrível Vulcano, na loja do selo Lunário Perpétuo que também era perto da minha casa. Lembro do Ácido Plástico, espaço Zoster, antigo Madame Satã, o Cais(que viria a ser o Hoellish e depois Der Tempel), o Aeroanta, Rainbow bar, Teatro Mambembe e é claro, o Espaço Retrô.
Num post anterior, já tinha escrito sobre as lojas da Galeria do Rock, mas lembremos algumas lojas, como a do selo New Face, a Rock Story do Mariano, a Kubikulum Rock do finado Rogê, A Rainbow do Nunes, a Tok-Entre do Quinha, a Wop Bop(que vendia a revista Thrasher), a Zoyd do Rodnei e a Woodstock Discos. A maioria destas lojas vendiam camisetas caseiras em silk-screen, fitas k7 gravadas dos lp's importados e não tinha lá muito material e muito menos a possibilidade de acompanhar simultaneamente o que acontecia, mesmo no póprio país. Existia um publico mais participativo de debates sobre seus gostos musicais e com mais sede de informação. Isso não quer dizer que havia uma boa parte que era ignorante mesmo, o que gerou uma grande quantidade de boatos e lendas sobre os artístas. Hoje o número de lojas diminuiu drasticamente, em parte também por conta dos downloads de mp3, mas as poucas que ainda resistem, carecem de uma variedade, qualidade e certa ousadia que as lojas antigas tinham. As lojas de discos independentes tinham uma certa função de central de debates, ponto de encontro e a formação de opinião(esse lance de formadores de opinião é um tanto quanto nocivo). Não que hoje isto não mais ocorra, mas agora deteriorou. Pode se tratar da última novidade do indie-folk experimental de Chicago ou o último hit da pista de dança produzido por um dj de descendência malasiana, a maioria se tornou superficial. Os gostos musicais se tornaram mais reacionários e anacrônicos entre a juventude que clama por ter um passado histórico. Veja que paradoxo, os modernos querem ter uma tradição.
Me lembro das casas noturnas, como o Espaço Retrô, comandado pelo Roberto Cotrin, onde o suporte do surdo da bateria era um pedaço de baqueta quebrada e a pele tinha um remendo feito com emplastro Sabiá e quase sempre no final da madrugada passava um vídeo em VHS no telão, tocando Bella Lugosi is dead, do Bauhaus. A maioria destas casas noturnas tinham uma qualidade de som lamentável que chegava ao ponto de não dar pra entender a proposta das bandas. Mas apesar de tudo, inclusive a deficiência das bandas, havia um certo frescor e originalidade. Hoje temos lugares como o Studio SP e outros clubes na região da Barra Funda, com boa estrutura para receber tanto o público quanto os artístas, onde podemos ouvir com nitidez o som da música, se isso é vontade do artísta. Mas tem faltado o frescor e originalidade de antes. Muitos podem discordar desta afirmação, mas quem presta atenção no que ocorre no mundo afora(olha a internet aí e uma boa pesquisa) sabe do que estou falando. Simplesmente se pode reproduzir com uma boa estrutura o que se faz por aí mundo afora, mas sem originalidade de criação.
No final das contas, aquele cafezinho mau feito que você pedia para viagem e vinha no copinho descartável de plástico, agora é delivery com copinho térmico de isopor, mas ainda é o mesmo cafezinho aguado e lotado de açucar. Mas sempre temos a esperança de um mundo melhor.
 
 
Studio Ghibli Brasil