quarta-feira, fevereiro 25, 2015

Arte e política, política e arte, política e politicagem e titica

Ufa! Um dia de folga na semana do pião pra poder escrever o primeiro artigo de 2015. Acordando 04:40h da manhã pra encarar duas conduções para o local de trabalho é muito comum para o trabalhador de salário base. Bem mas isso não vem ao caso, assim como não vou abordar o livro de D.H. Melhem sobre arte e política, é apenas uma ilustração para o mesmo tema, mas talvez a minha abordagem seja bem diferente. Ainda mais que  vou me restringir à música como forma de arte e ainda mais, num foco mais periférico, restrito à capital do estado de São Paulo, onde posso ser mais preciso.
Tive uma experiência pessoal com música e política no fim dos anos 80 e início dos 90 no que se chamou de cenário hardcore/punk. Realmente não tinha intenções de me agregar política de forma "panfletária" na música em que estava envolvido, simplesmente não acreditava nisso, já tinha os péssimos exemplos das bandas punk do início dos anos 80. Mesmo com pouca idade, já não sentia que isso realmente tinha algum efeito e que a minha conduta como pessoa, como cidadão tinha que ser no cotidiano e não em um local restrito, num palco de show de rock. Claro que no meio hardcore a maioria acreditava nesse engajamento político através da música, ok, respeito a escolha de cada um, mas continuo achando uma perda de tempo e comprometimento da qualidade da arte (música). Não? É só procurar por aí, via web, seja youtube, soundcloud, etc, onde os conceitos estão acima da música e só se tem ruídos, barulho, música mal executada, tendo como justificativa o conceito. Sei... Calma, eu não sou uma pessoa que só escuta música sinfônica precisa, ou de instrumentistas virtuosos e exibicionistas, gosto de um bom rock básico como Ramones, Discharge ou até Napalm Death.
Uma manifestação ou passeata tem mais efeito e faz mais barulho do que uma apresentação em um lugar restrito ou registrado em algum formato de mídia.
Agora no caso do cenário musical independente (em termos...) em São Paulo, é sintomático que o discurso é apenas teoria, pois os artistas em sua considerável parte está mais próximo dos candidatos à cargos públicos das eleições, onde palavras bonitas são ditas, assim como promessas, que ficam no vazio. Discorda? Ok, mas nem precisa de um microscópio pra sacar o que é esse tal cenário de música independente paulistano, feudos espalhados nesse campo de batalha que são as casas noturnas, espaços culturais públicos e privados, onde a vaidade corrompe qualquer ideal coletivo, libertário ou anti-sistema. Aliás isso é uma piada, a mentalidade mercantilista está estampada até em bandas punk!
E não só isso, pois muitas vezes não há capital, então resta o glamour, a fogueira das vaidades, onde muitos não reconhecem que querem de alguma forma serem adorados, como se o palco fosse um altar, pior que um templo de alguma religião, onde o artista está acima do simples expectador (e eu achando que a elevação do palco era apenas para melhor projeção sonora e visualização da apresentação).
E prossegue a batalha dos feudos, onde grupos de uma mesma vertente não dialogam entre si, onde datas de apresentações são muitas vezes conflitantes e por incrível que pareça, alguns ainda tem o maquiavelismo de agendarem com antecedência na mesma data de outro grupo, como uma espécie de disputa. Outro fato comum é de "colegas de trabalho", de artistas de um mesmo cenário nunca sequer terem prestigiado seus "colegas", mas vivem mandando convites para estes irem prestigiá-lo :p .
No balanço contábil é a música que perde nessa sujeira toda: proprietários de locais de apresentações que acham que estão fazendo um favor para o músico, sendo em que muitos casos, é a banda ou o músico que leva o público para o proprietário vender sua bebida super-faturada ao público e ainda arranca mais um pouco com a bilheteria. Músicos que se boicotam para poder garantir o seu $ em sesc's da vida numa disputa mesquinha e ninguém tem coragem de mudar isso, todo mundo é politicamente correto. Aliás, falando em política...  
 
 
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