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sexta-feira, junho 22, 2012

Sun Ra – Disco 3000 (1978)

Ultimamente tenho procurado resumir o máximo possível os comentários de gravações postadas neste blog pelo fato de muitos discos já possuirem um número considerável de textos à seu respeito, alguns bons, outros, bem, você sabe... No caso do post anterior que se trata de gravações do Joy Division, senti que era desnecessário qualquer comentário. Ora, é o Joy Division e creio que qualquer pessoa que tem uma pequena porção de interesse por música em geral deve conhecer o grupo que originou o New Order e o vocalista Ian Curtis. Além do que a world wide web proporciona um amplo espectro de informações e dados sobre música e temos ferramentas de busca ao nosso dispor para nos aprofundar com facilidade sobre vários assuntos. Claro, devo relembrar que é prudente verificar a integridade das fontes e fazer comparação de dados com pelo menos três referências diferentes.
No caso deste post, é importante ressaltar esta gravação de Sun Ra, que faz parte do seu período em que esteve na Itália com sua Arkestra reduzida à um quarteto que o acompanhou em suas novas descobertas no campo dos sintetizadores que dava seus primeiros passos. Nosso amigo Herman Poole Blount ou Le Sony'r Ra, conheceu os sintetizadores Crumar que eram contemporâneos do célebre Moog e gravou este controverso Disco 3000 (no mesmo período também foi gravado o Media Dreams). A maioria dos aficcionados do senhor mistério que conheço, elege o Space Is The Place como seus discos favoritos e apenas um grande amigo meu que tem um sólido conhecimento da obra do homem de saturno, tem como o Disco 3000 como um dos melhores da vasta e confusa discografia da Arkestra. A composição Disco 3000 passeia pelas explorações timbrísticas que o sintetizador ofercia para Sun Ra e ela faz uso de padrões rítmicos presentes nos presets do novo instrumento. Há um momento que Sun Ra faz uma espécie de auto-sampler, usando trechos de suas composições e mesmo que muitos ainda insistam que Sun Ra e sua Arkestra são um grupo de free jazz, as suas composições são bem mais objetivas em termos de estrutura. É muito interessante o resgistro de Sun Ra com um grupo pequeno para expor sua arte musical, pois suas gravações predominam sua Arkestra que já teve três bateristas além de outros percussionistas na sessão rítmica. Assim como o Media Dreams, é a efetivação do trompestista Michael Ray no grupo. Disco 3000 como vários discos de Sun Ra, foi editado de forma independente e confusa, com mais de uma capa e por vezes com versões diferentes. Só depois de décadas foi reeditado no formato digital em dois cd's com praticamente todos os registros da sessão. Há composições conhecidas do repertório da Arkestra, como We Travel Spaceways e Friendly Galaxy, mas com arranjo para quarteto.
Clique no comentário para os links de arquivo.

quinta-feira, maio 31, 2012

Sun Ra - Media Dreams (1978)

Pela última vez, Sun Ra e sua Arkestra não são free jazz! Da mesma forma que a música Salt Peanuts não é bebop, Holy Ghost não é free jazz. Não devemos justificar este erro por uma questão meramente mercadológica. Não se sustenta a afirmação para definir uma estética de forma teórica, pois a música não é sobre notas, mas sobre sentimentos. Duke Ellington advertiu Dizzy ao batizar seu estilo de tocar como bebop. Be Bop era apenas o nome de uma composição de Dizzy, assim como Free Jazz apenas o título do disco de Ornette. Quando perguntaram à Max Roach se ele ouvia jazz, ele disse que apenas ouvia música. Críticos musicais, escritores de resenhas de discos e alguns que redigiram as famosas liner notes dos discos infelizmente acabam causando grandes problemas para a música, por seus próprios equívocos e principalmente a interpretação e entendimento equivocado do leitor. Mas este assunto não deve se prolongar e quem quiser continuar a fazer o uso de rótulos e tentar enquadrar nomes em nichos na tentaiva de definir a música, está livre para fazê-lo.
O interessante aqui é esta gravação de Herman Blount em sua temporada na Itália apenas com um quarteto composto por John Gilmore, Luqman Ali e Michael Ray. Embora nesta gravação não esteja presente, June Tyson também fez parte desta temporada italiana e participou do notório e controverso (não sei porque) Disco 3000. Esta visita de Sun Ra ao planeta Itália teve muita importância em sua música, pois teve contato com a Crumar, de Mario Crucianelli, que construia sintetizadores e ficou conhecida nos anos 60 por produzir o que chamaram de bons "hammond clones". Os sintetizadores Crumar também eram contemporâneos e comparáveis aos sintetizadores Moog.
Media Dreams registra novas experiências de Sun Ra com a nova tecnologia da época, com o uso de padrões de rítmo que os equipamentos ofereciam e os novos timbres que se identificavam com a temática estética de nosso amigo de saturno. Claro que este tipo de inovação não foi bem aceito para quem já tinha cristalizado em sua mente que Sun Ra e sua Arkestra tinha que soar como um grupo de jazz. Ainda continuam os inúteis debates sobre os supostos danos causados à música pela nova tecnologia. Ora, já passou o tempo de se entender que os equipamentos não são culpados e sim o suposto artísta.
É bem provável que Sun Ra não pode contar com sua Arkestra na integra por meras questões financeiras, pois a banda de saturno, por ser de outro mundo, sempre passou dificuldades no planeta Terra. Vale destacar a presença de John Gilmore, fiel companheiro de Sun Ra, que por várias vezes recusou outros trabalhos ligados ao chamado jazz por sua fidelidade à Arkestra. Só me vem à memória uma exceção quando participou por um breve período do Jazz Messengers de Art Blakey. Também a entrada de Michael Ray ao universo de Sun Ra, se tornando grande colaborador, depois de ter trabalhado com Patti LaBelle, The Delfonics, Stylistics e Kool & The Gang. Dados sobre música, músicos, gravações, etc, são apenas informações, apenas isso. A música fala por si só. Clique aqui para acessar o arquivo.

terça-feira, março 08, 2011

Sun Ra and his Arkestra - Music from Tomorrow's World (1960)


Muito se fala da extensa obra de Sun Ra, que se tornou um personagem mítico na história da música afro-americana. Ainda há muitos que classificam erroneamente o som da Arkestra como free jazz. Algumas gravações de Sun Ra possuem aspectos estéticos similares ao estilo, mas o que predomina em sua quase incontável discografia, é o formato de orquestra, de big band, seguindo estruturalmente o modelo de Duke Ellington, Fletcher Henderson, Count Basie, Billy Eckstine, etc. Em vários momentos Sun Ra flertou com outros estilos musicais contemporâneos da cultura popular afro-americna, como o funk e até o rap. Sim, Herman Blount tinha a preocupação em distribuir cultura e conhecimento para os descendentes da diáspora africana nos Estados Unidos da América do Norte, que sofreram uma opressão racial violenta. Então Sun Ra sabia que não poderia se cristalizar em estilos se quisesse sobreviver e alcançar novas audiências. Afinal o que lhe interessava não era somente a música e sim, também passar uma mensagem, como foi em seu filme Space Is The Place, numa estética metafórica da alienação da comunidade afro-descendente perante ao poder político e econômico concentrado nas mãos da etnia euro-caucasiana que colonizou o continente.
O Music from Tomorrow's World registra o período em que a Arkestra fixou base na cidade de Chicago, na década de 60, em duas sessões: Uma gravação ao vivo no Wonder Inn e a sessão de estúdio no Majestic Hall e conta com uma das clássicas formações do grupos, contando com Marshall Allen, John Gilmore, Ronnie Boykins, Phil Cohran, Robert Barry, etc. São executados também, alguns dos clássicos do vasto repertório da Arkestra, como Angels & Demons at Play, China Gate, Tapestry from an Asteroid, A Call for All Demons e Interstellar Low Ways. Estas gravações permaneceram fora de catálogo por décadas, até que ganharam um reedição em formato digital. Clique na imagem para acessar o arquivo.
 
 
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