quinta-feira, março 29, 2007

Cada um por sí e Deus por todos

Três mosqueteiros? Qua qua qua! Só fábula mesmo. Claro que tem um mínimo ainda fazendo o que é certo senão, o mundo já tería acabado. Como diz um bom amigo meu, "...as pessoas como eu, que gostam e compram discos de John Zorn e The Residents, deveríamos morrer nas mãos da população revoltada! Morrer eu não quero, mas se inevitável, morreria feliz pelo povo ter reagido..."
Mas a preocupação individual está tão enraizada, que a primeira reação é reclamar dos direitos que não estão sendo respeitados. E os deveres? "Poxa, a culpa é do governo...", "Eu trabalho a semana inteira e não posso ter o direito de comprar um cd, ir ao cinema, ir na balada?", "Ficar só pensando em problema, já não bastam os meus? Já tá ruim, deixa eu me divertir um pouco!". E assim vai...
Quem quer saber da ultima novidade do FreeJazz, do Rock, do Rap, da Street Art, do Dub, das Artes Plásticas, do Cinema, do Teatro? Meus irmãos, é só meia-dúzia. Milhões e milhões de pessoas iguais a nós querem saber de ter água, luz, comida, casa, escola, emprego e se der, um churrasquinho de domingo. Muita gente sabe que a cultura é essencial na vida do ser humano, que gera benefícios e etc. Mas no momento, é a coisa que menos importa. Como se raciocina de barriga vazia? Não tem como. O instinto fala muito mais alto. É óbvio que temos aqui uma questão de prioridades. Primeiro se arruma a casa, depois se faz a festa. Ou se esconde a sujeira nos fundos e faz a festa assim mesmo, achando que tá lindo, como sempre se fez. Só que não tem mais onde esconder tanta sujeira, que ela já está chegando na sala de estar.
"Eu faço a minha parte". Tá bom... Quantas pessoas você conhece e a sí mesmo se encaixa numa atitude de ir ao shopping comprar algo para sí e lembrar de comprar a mesma coisa também para alguém que não pode? A maioria das pessoas só fazem caridade de coisas que elas não precisam, como roupas velhas, livros que ocupam espaço, moedinhas de troco que estão incomodando. Só doam coisas que não lhe fazem falta, que estão sobrando. É muito fácil pagar um almoço para alguém se você tem o seu garantido, mas dividir quando se tem só aquele, sem previsão de ter outro? A maioria das pessoas só faz algo pela barganha, seja material seja por aliviar a consciência, seja para receber agradecimento.
É meus irmãos, este blog de nada vale, pois não tem a menor importância saber do último disco do Vandermark 5, do documentário do Albert Ayler, da nova geração do Freejazz. Como também se o King Tubby vai tocar, o novo disco do Beans, a volta do Pere Ubu ou as novas do Rap Underground.
Mas ânimo!!! Vamos continuar a fazer o que é certo. O nosso caneco de água não vai evitar o incêndio na floresta, mas é o melhor que podemos fazer!

quarta-feira, março 21, 2007

Dizer hoje, antes que seja tarde

É, ele tem o dom... mãos longas e finas que possuem rítmo refinado. Não, não fez escola, conservatório. Mau teve instrumento próprio à sua altura para expressar sua arte. Não nasceu no morro nem na favela, muito menos no berço do samba. Forró? Tem o pai, de coração enorme, mas logo enveredou por outros caminhos, sim, Heavy Metal, Hardcore, Blues, Rock'n'Roll e por aí vai. Até comprou uma guitarra mas Johnny Be Good não vingou. Não foi como Raul, baiano loco que rock tocou. Mas sua arte aflorou ritmicamente de suas origens. Com um pandeiro simples ou qualquer superfície percussiva sai música.
Mesmo sem saber, com um par de baquetas, soava como um Sunny Murray em estado bruto. "Freejazz Naïf"? Sim! Quem diria?!
Tudo isso aliado a uma humildade até prejudicialmente excessiva, muitas vezes se colocando apenas como um ouvinte, apreciador. Não há como negar, boas oportunidades surgiram, mas em certo momento a frieza da grande metrópole lhe roubou a garra. Não é brincadeira, pois seu amigo e meu também, de sangue paraíba, parou de desenhar. Mas este se fortaleceu nesta dificuldade, pois toca uma família com muita dignidade. Mesmo lhe faltando a calorosa proteção paterna desde o berço, como nosso amigo tem, de origem potiguar.
O tempo passa, não espera ninguém, aqui não tem Michael J. Fox pra dar um jeito. A cidade avança e esmaga os justos. O grande pai veio com a cara e a coragem enfrentar a grande cidade, mas esta lhe empurrou pra lá do córrego Pirajussara. Mesmo assim se manteve firme e forte. Mas a terra lhe chamou de volta pelo coração, lugar de lindo nome, Natal. Meu amigo já tem esta promíscua cidade em seu coração, São Paulo, ame ou odeie. Não quería ir, mas não há escolha e não tem força e fé de Davi para encarar o desafio. Foi tudo muito rápido, não tive tempo de dar-lhe um abraço de irmão e boa sorte. Meu desejo é que volte algum dia com a força e a fé para tomar posse do que sempre foi seu.
Quanto a meu amigo e irmão de sangue paraíba, não me importa quando e onde mas nós, junto com o magrão jogaremos nossa partida de dominó.

segunda-feira, março 19, 2007

Ken Vandermark - (((Powerhouse Sound)))

foto: Nancy J. Parisi

O (((Powerhouse Sound))) formado em 2005, é mais um dos muitos conjuntos que Ken Vandermark faz parte. Segundo ele, a idéia do grupo é juntar as idéias de Dub de Lee Perry, as idéias rítimicas de James Brown e as idéias de colagem sonora do Public Enemy. Conta com a participação dos membros do grupo Tortoise e Isotope, Jeff Parker e John Herndon.
Mantendo sua característica de homenagear artístas em suas composições, como no seu principal grupo, o Vandermark 5, temos homenageados: Miles Davis, Lee Perry, Coxsonne Dodd(Studio One), Burning Spear, The Stooges, King Tubby, Bernie Worrell (Parliament/Funkadelic) e Hank Shocklee.
Aqui dá pra ouvir uma amostra do som:
www.cduniverse.com

sexta-feira, março 09, 2007

Bush, "potrestos" e um drink de etanol...

Tudo bem, não vejo coisa boa nessa visita. O homem está aqui de olho no nosso "ouro". É claro como a água mineral que se vende nos semáforos que ele está preocupado e quer também desarticular o Mercosul, como também que o mercado do petróleo está se estreitando devido a muitos fatores e o mais grave é o impacto ambiental e a pressão em cima disso. Afinal ele não quer que Manhatan desapareça por conta o aquecimento global, a união européia pegue mal com seu conjunto de estados unidos. Também é bom pra eles o tal do biocombustível, pois eles também são um dos grandes produtores. No final, é a grana e o poder que contam mesmo, dão uma canja aí pra questão ambiental pra não pegar mal, mas não é a preocupação com a "qualidade de vida" que a classe média e alta brazuca adora enfatizar.
Qualquer pessoa que tem o mínimo de interesse em informação de conjuntura mundial sabe dessas coisas. Agora tão querendo bombar o tal do "etanol é nosso!" ou coisa parecida, numa tentativa de resgatar o orgulho nacional. Sendo que muitas pesquisas de outras alternativas de combustível são feitas no Brasil, bem mais eficientes e com menos impactos ambientais que o etanol, que não deixa de ser uma fonte de energia à combustão, que já é prejudicial ao meio ambiente. Aí nessas de que a exportação do "nosso alcool" vai ser bom pro Brasil... Bom pra quem, cara pálida? Todo mundo tem usina e é dona de grandes latifundios? Vamos voltar a monocultura? Vamos viver só de cana de açucar? Isso é preocupação com o meio ambiente, sendo que não é uma vegetação natural deste país?
Mas o motivo deste post foi ter presenciado o equívoco dos protestos no Rio de Janeiro e São Paulo.
O que adianta depredar o consulado dos EUA? O que adianta apanhar da polícia na rua, depredar banca de jornal, prejudicar um monte de gente do povo que precisa trabalhar, bloqueando o trânsito na av. Paulista? Tinha gente precisando chegar no hospital com urgencia, gente do povo que poderia no mínimo tomar uma comida de rabo do patrão, perder cliente por conta do atraso. Mas aí vão me dizer que se tem o direito de protestar e mostrar a indignação perante o MAL que representa Bush por aqui. Aí é que está o Mal, nessas horas só se pensa nos direitos muito mais ideológicos do que os deveres de cidadania. Se este tipo de atitude tivesse efeito, justificaria, mas não! De fachada é muito bonito protestar em público contra Bush, Alca e qualquer um desses lixos enquanto o que não se vê continua apodrecendo por dentro, a estrutura social do país. Porquê ninguém fez nada em relação aos salários dos deputados e magistrados, que afetam diretamente estes manifestantes? E a treta do metrô que tá saindo uma meia muzzarela meia 4 queijos? Não foi a tua casa que ruiu e nem um parente seu que morreu, não? Ironicamente a justiça dos EUA, é, do Bush, tá fazendo algo certo, indiciando o Paulo Maluf! Tá na hora dos ditos ativistas começarem a crescer e agir como gente grande! Ficar de pirraça na rua, mostrando sua "indignação" como um fariseu, não surte efeito contra o grande Mal que combatem. Exercer a cidadania e não dar discurso em boteco perto da faculdade. Vamos cuidar de nós antes de qualquer coisa, depois vemos o resto.

quarta-feira, março 07, 2007

Colorir + Constantina


Duas bandas novas: Colorir de Florianópolis, SC e Constantina de Belo Horizonte, MG.
Bom, no começo dos anos 90, o dito cenário independente do rock vêm passando por mudanças, não que isso seja novidade, pois muita coisa ocorreu nos anos 60, longe dos olhos da grande mídia, que fixou mais na psicodelia e o "It's only rock'n'roll", por exemplo.
Com o advento do grupo Tortoise, no início dos anos 90, recebeu o rótulo de "post-rock" com ares de vanguarda. Mas não é tão vanguarda assim, pois como disse, muita coisa já havia sido feita e experimentada nos 60 e 70. Alguns, ao escutar o trabalho destes dois grupos, podem associar ao rótulo de "post-rock".
Mas ambos os grupos se definem de outra forma, mais como música livre. Em alguns artigos se fala da influência e tenho notado que muita gente confunde Free Jazz com Improvisação. É fato de que a improvisação está presente no Free Jazz, mas não ao contrário. Estéticamente, alguns elementos são parecidos e equivalentes, como a textura sonora extraída dos instrumentos, ruídos, atonalidade, etc.
Se você escutar o trabalho de Ornette Coleman, Cecil Taylor, por exemplo, mesmo nos momentos mais "caóticos" e "aleatórios", está presente as raízes do Jazz. Mas isso é outra história...
Enfim, são dois bons grupos que estão surgindo e em termos de Brasil, realmente é algo novo, pois o rock no Brasil ainda sofre o lema ortodoxo do rock. À exemplo do grupo Hurtmold, trilham por caminhos pouco percorridos do cenário independente, onde a música e os sons falam por si só, ou seja, música instrumental. Pra quem curte esse tipo de som, é só conferir:
http://www.myspace.com/colorir
http://www.myspace.com/bandaconstantina

 
 
Studio Ghibli Brasil