sexta-feira, agosto 24, 2007

Max Roach e Iron Maiden...



Numa noite "típica" dessas de São Paulo, clima desajustado por conta do nosso brilhante progresso movido à base de derivados de petróleo e outros ítens da tabela periódica, sim, aquela que éramos obrigados a "decorar" para as provas de química na escola, tive um grande prazer em jantar com meus amigos e conhecer outros. Da mesma forma que um bar de bossa nova em Tokyo de certa forma é atípico, um restaurante japonês na Pompéia também é. Lugar agradável, os funcionários simpáticos, notei que talvez eu fosse o único mais próximo do país do sol nascente. Depois de saber mais à respeito da culinária japonesa por intermédio de um grande amigo que é nativo de lá, tenho saboreado ou não com outros paladares os simulacros que proliferam em São Paulo. Constrangedores são os valores e status de restaurantes japoneses aqui, pois não parece justo pagar tão caro por comida caseira, do dia-a-dia. Bom, mas foi durante este agradável jantar que se pôs em pauta um assunto sobre passado, saudosismo, etc. Em dado momento disse que não desejaria voltar no tempo, como na infância. Minha opinião naturalmente não era unanimidade, mas uma resposta eu registrei e também me fez lembrar do Max Roach e o Iron Maiden. Que talvez eu e mais alguém que concordou comigo, não tivemos uma infância feliz, pois ela voltaria sim, era melhor naquele tempo, mais feliz, sem responsabilidades, os problemas da vida adulta, etc. Não achei necessário explicar minha opinião naquele momento, então lembrando de Max Roach que tinha partido à dois dias, sempre falou e agiu seguindo em frente. Uma vez o indagaram porque ela estava se "envolvendo" com "gente do tipo" como Anthony Braxton e Cecil Taylor. Ele simplesmente disse que Braxton e Taylor eram como Charlie Parker e Bud Powell de seu tempo, que não havia sentido e nem podia escrever a mesma história, que tinham sido maravilhosos os tempos tocando ao lado de Parker, Dizzy, Miles, mas o presente também era, como ter tocado com dançarinos de break, dj e mc, como Fab Five Freddy em 1983, onde também foi criticado. E que sua atitude é que o matinha vivo, com energia, que dava sentido em continuar. Ah, o Iron Maiden, tem uma música do disco Somewhere In Time de 1986, chama Wasted Years e seu refrão é:
"So understand, don't waste your time always searching for those wasted years, face up... make your stand, and realise you're living in the golden years"

terça-feira, agosto 21, 2007

Max Roach no Freejazz festival de 2000 em São Paulo

Foi realmente uma noite inesquecível do dia 20 de Dezembo de 2000. Era praticamente improvável eu poder ver Max Roach aqui em São Paulo, pois ele já se apresentara aqui em 1989 e a organização do festival que o trouxe, tinha o protocolo de não repetir as atrações. Mas por milagre, resolveram trazê-lo novamente, sabendo só depois de um bom tempo, que fora a última chance de vê-lo ao vivo. Com Odean Pope no saxofone tenor, Cecil Bridgewater no trompete e Tyrone Brown no contra-baixo, abriram logo de cara com "It's Time"... Uma homenagem à seu parceiro Clifford Brown em "I remember Clifford", e à um de seus mestres, Papa Jo Jones, no seu famoso solo de chimbal. Odean, Cecil e Tyrone acompanham Max à décadas, mesmo não sendo muito citados por aí, estão no mesmo patamar dos que já tocaram com Max e ficaram mais conhecidos. Os três continuam na ativa, dá pra conferir seus trabalhos pelo selo C.I.M.P. que faz parte da Cadence Jazz Records. Não há palavras para descrever a sensação de ouvir a bateria de Max ao vivo. Eu também tive o privilégio da última chance de ver e conhecer pessoalmente outro mestre dos tambores que me ensinou muito, Billy Higgins, mas essa é uma outra história...
A noite em que fui abençoado pelo mestre

Eu tinha feito uma pintura de Max à anos atrás e meu amigo iría a New York assistir uma apresentação do mestre. Pedí a ele pra levar o quadro e dar-lhe de presente. Ele não conseguiu encontrá-lo por conta do cancelamento do show. Então uma surpresa, Max estaría no Free jazz festival. Pensei, vou lhe entregar pessoalmente. Bom depois da metade do show, a maioria tinha ido embora e no final, consegui junto com meus amigos, ver seu famoso solo de chimbal, a um metro de distância! Quando ele foi dar autógrafos, eu lhe entreguei o retrato e, ele começou a assinar. Aí eu pus a mão em cima da dele e disse, "No, it´s for you!" Ele não acreditou, ficou por alguns segundos me olhando. Então pedí pra ele autografar meu vinil do Plus Four, aquele que gravou logo depois da morte de Clifford Brown, e dei um cd do Batucada Fantástica pra ele. E ele saiu com meu retrato em direção ao camarim. Mas não para por aí, meu amigo conseguiu que eu fosse sozinho no hall de saída pra falar com ele. Antes disso, eu e meu amigo, conversando com seu roadie particular, pedí um par de baquetas, disse que também era baterista. Aí ele perguntou se eu tinha alguns milhares de dólares, mas tudo na brincadeira. Então ele falou o seguinte: "Não vou te dar um par de baquetas e sim apenas uma, pois se eu der o par você vai tocar e quebrar depois. Pegue esta baqueta e coloque em um lugar especial, pois isso é um conhecimento. Vai e pede para ele autografar para você". Fiquei esperando o elevador descer e ele aparece. Pedí para autografar a baqueta. Ele pediu para alguém arrumar uma caneta de tinta permanente, mas ninguém tinha, então pediu um papel , perguntou meu nome e fez um desenho de uma bateria e pos meu nome. Falei pra ele que seu disco Percussion Bitter Sweet tinha mudado minha vida, minha concepção de jazz e ele abriu um sorriso e disse: "really?" Antes de ir embora, pois a produtora queria levá-lo ao hotel, pedi pra ele me abençoar. Ele ficou meio sem ação, surpreso, então dei um abraço nele. Quando ele entendeu, também me abraçou e suspirou de emoção, como um avô. Então apertei sua mão e disse, "I love you, mr. Max!" Saí dalí tão feliz que nem falei com Odean Pope, Cecil Bridgewater e Tyrone Brown. Aí eu o adimirei muito mais, pois o mestre era uma história viva da música, uma lenda, mesmo cansado depois do show, foi muito atencioso e simpático comigo, por ele, ficaria batendo papo comigo, um garoto qualquer.

quinta-feira, agosto 16, 2007

Maxwell L. Roach (10/01/1924 - 15/08/2007)


O que me conforta é saber que agora, Max Roach está tocando literalmente de modo divino. Que agora ele deve estar relembrando velhas músicas com seu parceiro Clifford Brown. Que pode estar organizando uma big band com John Coltrane, Eric Dolphy, Albert Ayler, fazendo duelos de bateria com Elvin Jones, Kenny Clarke...
Me lembro do primeiro contato com o som da bateria de Max, fazem 13 anos. Mitch Mitchell que tocava com Jimi Hendrix, me fez descobrir Max. Meu Deus, aqueles tambores falavam!
Também tinha descoberto Buddy Rich, Elvin e outros, mas foi Max que me mostrou a bateria e o Jazz de um outro ponto de vista. Quando descobri seu album Percussion Bitter Sweet de 1961, tudo mudou, fiquei admirado porque ele tinha composto todas as músicas, e elas tem uma força imensa, falam de política com muito sentimento. Foi neste trabalho que também descobrí o clarinete baixo, tocado divinamente por Eric Dolphy. Tive a felicidade de assistí-lo aqui em São Paulo em 2000 e ainda conhecê-lo pessoalmente, agradecer-lhe pela sua arte. Poder ver seu famoso solo de chimbal à 1 metro de distância do palco! Também pude retribuir lhe dando um retrato seu em tinta à óleo que fiz numa placa de eucatex(o que está acima) e um cd Batucada Fantástica vol.1. De 1994 pra cá, tive acesso à sua extensa obra, tendo a oportunidade de aprender e testificar a sua importância na música. Ele amadureceu o que Kenny Clarke tinha começado, nunca se esquecendo dos pioneiros Sid Catlett, Baby Dodds. Quando Dizzy, Parker, Powell, Monk, Miles resolveram mudar as coisas, ele estava lá. Enfim, é preciso de discos, livros e filme para falar de Max Roach. O que posso dizer no momento, é: Max Roach, lhe agradeço de coração, e agora, "drums unlimited"!!! E para nós que estamos entre os vivos: "Members, don't git weary"!
Mais informações nestes links:
http://www.nytimes.com/2007/08/16/arts/music/16cnd-roach.html
http://www.drummerworld.com/drummers/Max_Roach.html

segunda-feira, agosto 06, 2007

Art Davis (05/12/1934 - 29/07/2007)


O que posso dizer é que em Ascension, Olé, The Complete Africa Brass Sessions de John Coltrane, ele estava lá. Em Deeds Not Words, It's Time de Max Roach também. Mas não só, de Art Blakey à Bob Dylan. Mas meu impacto do contra-baixo de Art Davis foi no disco Percussion Bitter Sweet (1961) de Max Roach, particularmente na música Praise For A Martyr
Art, fique em paz, obrigado por nos presentear com sua arte!
Clique no título do post que é um link para o site oficial de Art Davis.
 
 
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