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terça-feira, maio 21, 2013

Virada Cultural 2013 (ultimamente eu prefiro um virado à paulista...)

Como já era de se esperar, os resultados da Virada Cultural são debatidos entre a população paulistana. Duas opiniões distintas são a dos que acham tudo lindo e maravilhoso e a dos que acham um fiasco. Quem está certo? Na verdade, nenhum dos dois e isso não significada que ambas as correntes de pensamento tenham que aceitar isso, afinal, é apenas a minha opinião pessoal e quanto aos que estão abertos à reflexão, podem analisar o meu ponto de vista. Agora, quem não esta disposto a refletir sobre isso e não deseja abrir mão das duas correntes de pensamento (do maravilhoso e do fiasco), nem perca seu tempo lendo este texto, pois o tempo é precioso. Mas porquê digo que ambos os pensamentos estão errados? Bem, então vamos analisar rapidamente as questões.
A linha de pensamento do lindo e maravilhoso: Numa cidade tão pretensiosa que equivocadamente é comparada com metrópoles como New York, realmente está muito aquém de sua suposta equivalente Big Apple. É notória a falta de estrutura básica operacional desta cidade brasileira, que todos a esta altura sabem que cresceu desordenadamente e continua crescendo de qualquer jeito. Basta uma chuva forte de 10 minutos e São Paulo entra em curto circuito. Mas este país desenvolveu um mecanismo de aumentar sua auto-estima simplesmente jogando para debaixo do tapete todos os seus problemas sendo que grande parte não dá para deixar para uma futura ocasião. A música brasileira não conquistou o mundo e sim a norte-americana e a inglesa, sinto muito, rock é um estilo universal, coisa que o samba e a bossa estão longe de serem. Mas isto é apenas um detalhe para adentrar ao assunto. Não tem nada de lindo e maravilhoso um evento que não é mais do que a obrigação de uma cidade que se diz transpirar cultura e de um país que se diz celeiro de talento musical do mundo. E diga-se de passagem que esta obrigação de atividade de lazer civil é feita de modo bem a desejar e já deu o tempo de resolverem seus problemas latentes de cunho operacional. Eventos que convém à grupos específicos da sociedade paulistana, são feitos com mais esmero, como corridas de carros e afins. Então os setores dominantes que deixam se contaminar pelo jogo de interesses restritos (que infelizmente já foi incluído na argamassa da estrutura da nação) apenas jogam migalhas para os pombos disputarem nas beiras das calçadas. Seria em vão entrar na questão da tal da curadoria, pois só não vê quem não quer, ali também há favorecimento de interesses pessoais e parcialidade. Uma cidade de alto custo de vida te oferece um George Clinton e um James Chance e nego acha maravilhoso. Mas isso sai caro demais. Ah, a tal da violência que está chocando a população, principalmente a classe média... ora, ela sempre esteve presente desde a primeira Virada Cultural de São Paulo, só não viu porque não quis ou estava vacilando. E isso não tem haver com Racionais MC's, skinheads e a polícia. A própria população tem grande parcela de culpa nisso também, é muita demagogia colocar a culpa no Governo do Estado de São Paulo, da Prefeitura de São Paulo, da Guarda Civil Metropolitana, da Polícia Militar e Civil do Estado de São Paulo. São meros bodes expiatórios para uma população omissa de seus deveres civis, que acham que seus deveres são méritos. Já dizia o ditado popular que o povo tem o governo que merece, ainda mais porque o mecanismo é a eleição direta democrática.
A linha de pensamento do fiasco? Ora, se não tem Virada, e aí? Reclamação de que essa cidade, desse tamanho, não tem eventos culturais gratuitos ao público e isso e aquilo... A maioria dos que acham tudo um fiasco, não fazem nada para reverter o quadro negativo. Me lembro de uma cena do filme de Spike Lee, Do The Right Thing em que alguns homens que ficam bebendo num sofá na rua, reclamam de um asiático que está trabalhando, que está "roubando" os empregos deles.

terça-feira, abril 30, 2013

Funk Carioca e Música de Vanguarda, na verdade, ambos podem ir para o lixo...

Me lembro ainda no final dos anos 90 quando o pai de um amigo afirmou que o gênero musical conhecido como Funk Carioca estava fadado a extinção. Bem, estamos caminhando para mais de uma década que este tipo de música não só sobreviveu, mas proliferou como uma epidemia. Talvez por não ter uma visão imparcial e mais discernimento, não pude fazer uma projeção óbvia de que certos estilos musicais mais cedo ou mais tarde ganhariam espaço no mercado de consumo em massa. No começo dos anos 80, era difícil imaginar que o Rap seria trilha para comerciais de produtos na tv. Mesmo quando um dos elementos do Hiphop ganhou uma certa notoriedade na mídia, sim, o Breakdance, que foi usado como vinheta de abertura de uma novela, assim como filmes, o Rap em sí demorou cerca de 10 anos para ser aceito pelo público em geral. E o que dizer do Hardcore? O derivado mais radical do Punk Rock nunca teve acesso à grande massa, grande parte dos anos 90 foi restrito aos nichos culturais. Quem imaginaria que o Hardcore se tornaria vinheta de uma novela voltada ao público adolescente?
Hoje em dia há muita discussão à respeito do Funk Carioca, uma parte abomina completamente, alegando que é anti-música e outros defendem como espontânea e criativa arte popular. Afinal, quem está certo? Na verdade, os dois. Eu fiz um grande esforço em não entrar em discussões à respeito do Funk Carioca e vou continuar me mantendo longe disso, apenas vou expor a minha estrita e particular opinião sobre isso e realmente não vou dar prosseguimento neste assunto. E isso também serve para a música de vanguarda, experimental, improvisação, free jazz e outros blá, blá, blás.
Hoje em dia há até teses sobre esse fenômeno cultural, pessoas que tentam legitimar o Funk Carioca como uma arte extremamente criativa e legítima, que pode ser equiparado aos gêneros consagrados no universo da música. Creio que a esta altura, a maioria que defende o Funk Carioca de forma "acadêmica", sabe de suas origens no dialeto do Rap Norte Americano da Costa Leste, o Miami Bass, sua fusão com elementos musicais brasileiros, etc e etc. A corrente que abomina o estilo alega a pobreza musical, como as montagens com samplers repetitivos e colagens grosseiras, além do despreparo lírico, poético dos MC's. Claro que o MC não precisa ser um cantor de ópera, mas pelo menos que ele pronuncie legivelmente. Se bem que a maioria das letras é de conteúdo descartável. Então entra a questão de preferência pessoal e o início das vãs discussões.
No campo da música de vanguarda e suas ramificações, há duas vertentes equivocadas bem claras: Os que defendem como arte refinada e outros que acham que também não é música, está mais para trilha sonora de filme esquizofrênico. Os que tem como a música de vanguarda como algo superior, realmente deveriam rever seus conceitos sobre humildade, pois este tipo de música não transforma ninguém em um ser humano melhor, é apenas música. A parte da crítica negativista em relação a este tipo de música, está tão condicionada à um formato de música como produto, que não tem paciência e sensibilidade para ouvir e estar aberto a novas experiências sensoriais na arte. Estes que se contentem com o que o grande mercado de consumo oferece, seja em coleções de banca de jornal, seja em megastores.
Enfim, são questões inúteis e perda de tempo, cada um que faça uso de sua liberdade para consumir o que bem entender.

*ps.: Ultimamente houve uma discussão sobre a arbitrariedade da Justiça Brasileira em proibir os bailes funk nas ruas, postos de gasolina e praças da cidade de São Paulo. Muita gente se manifestou contra a decisão alegando uma ditadura, pré-conceito, coisa de "direita", de gente "quadrada", "careta". Uma boa parte das pessoas que se manifestou contra essa proibição, realmente já esteve em um baile funk de rua? Já viram a merda que acontece sempre nestes eventos? Se começar a ter baile funk na frente da casa do pessoal que protestou contra a proibição, eles ainda vão apoiar? Imagina a mãe, avó ou filhos desse pessoal às 03:00h da madrugada em suas casas e o baile bombando.

segunda-feira, abril 15, 2013

Será Que É Isso o Que Eu Necessito?! (Calma que eu explico...)



Me lembro quando o Titãs lançou o album Titanomaquia em 1993. Eu e meus amigos xingamos até cansar, alegando o oportunismo da ondinha grunge em SP. O disco foi produzido por Jack Endino, o lendário artesão do "som de Seattle". Depois de praticamente 20 anos, Jack Endino fala como ele acha patético os brasileiros insistirem em cantar em inglês, que segundo ele, é muito mau pronunciado e não entendia porquê os brazucas não aproveitavam a riqueza da sonoridade da língua portuguesa versão brasileira para fazerem rock. Enquanto escrevi este texto, escutei o Titanomaquia na integra pela primeira vez, pois na época só tinha visto videos como este que aqui está. E não é que o disco é bom? Não, não bati a cabeça na parede, só aprendi a identificar qualidade independente dos meus gostos pessoais. Na verdade, ele de certa forma é uma continuação do Cabeça Dinossauro ou Jesus não Tem Dentes no País dos Banguelas. Mas na verdade não quero falar do Titãs, apenas usei o título da música para ilustrar o assunto que quero tratar agora. (se bem que algumas partes da letra da música de certa forma, podem fazer parte do contexto, fora as palavras obscenas).
Não é a primeira vez que falo sobre a inutilidade de debates sobre arte, teorias e academicismo. É muito difícil alguém escapar dessa armadilha e mais de 90% acaba caindo nela. Essas discussões tem sido cabide de emprego como o funcionarismo público no seu mau sentido entre outras inutilidades. Sem discernimento, uma enfadonha conversa sobre música pode se tornar uma epifania para os mais desavisados e leigos.
Pense comigo, sinceramente, você acha que o Ornette Coleman ficou divagando teorias para executar a sua gravação de Free Jazz double quartet? Jean-Michel Basquiat precisou fazer mestrado em artes?
Não sou contra a existência de livros teóricos sobre música, artes em geral, mas esses livros definitivamente não vão revelar os segredos do universo. Nenhum livro ou instituição educacional, palestra ou o que for, vai tornar alguém um artista, acho que todo mundo sabe disso.
Quando o artista começa a se explicar sobre a sua arte, as coisas tendem a caminhar para algo errado. A arte sempre falou por si mesma, a não ser que ela não tenha realmente o que dizer. Quanto aos outros, bem, quero dizer os críticos e afins, eles tem a liberdade legítima de falarem e acharem o que lhes faz sentido. Quem quiser que compre o bolinho de ovo que sobrou no bar antes de fechar.
 
 
Studio Ghibli Brasil