sábado, janeiro 27, 2007

The Real Godfathers of Punk


Muitas vezes eu ouví falar que o Freejazz é som de músico virtuoso, que só é bom pra quem está tocando, barulheira sem sentido, etc. Não que uma pessoa vinculada ao Punk e Hardcore deva gostar de Freejazz, mas é legal saber como os dois estão estreitamente ligados. Um dos pontos em comum entre os dois, é que ambos sofreram duras críticas em nome da liberdade na música como arte. De um lado músicos altamente capacitados técnicamente mandando às favas os rígidos padrões da música em sua época, de outro, músicos amadores provando que se pode fazer música com o mínimo de técnica(pois sem técnica, a qual possibilita a pessoa manusear um instrumento musical, não sai música, mesmo o Grindcore mais barranqueiro). Ambos abordaram sobre política, racismo, injustiça social, imperialismo, etc. Enfim, temas da sociedade que são muito atribuídos só ao Punk e Hardcore. No Freejazz também repousa o grande princípio do Anarquismo que é ter liberdade para fazer o que se tem vontade e não prejudicar a liberdade, os direitos do próximo, e Socialismo, onde cada um contribui com uma parte para o bem do coletivo.
O título do post, é emprestado do texto de Billy Bob Hargus de Julho de 1996 para o web-zine Perfect Sound Forever. Billy fala da influência musical nas raízes do Punk, como a notória influência de Sun Ra, Coltrane e Freejazz nos grupos MC5 e Stooges, considerados pais do Punk ou bandas pré-Punks. E isso se estendeu na segunda geração, como o Black Flag, Minutemen, por exemplo. Clique no título do post que é um link para o texto de Billy Bob Hargus no web-zine Perfect Sound Forever.

terça-feira, janeiro 23, 2007

Volcano Suns


Aqui vai um pouco de rock. O Volcano Suns é um trio formado pelo baterista original do Mission Of Burma, Peter Prescott, Bob Weston, baixista do grupo Shellac(Steve Albini, Big Black) e David Kleiler.
Clique no título do post que é um link para o site da gravadora 1/4 Stick/Touch and Go, onde se pode escutar a música do Volcano Suns.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Deixem o HipHop em paz!

Lembrei da mania brazuca no futebol. Tá cheio de técnico que tem a solução, a fórmula da vitória para seu time ou a seleção. Esse contingente numeroso de técnicos em potencial está em todos os lugares, nos bares, farmácias, filas de banco, etc. Enquanto isso, os times e a CBF gastando rios de dinheiro com salários absurdos para alguns técnicos que parecem almejar o estrelato como celebridade. Puxa vida, com tanto técnico "melhor" dando sopa no balcão de um boteco qualquer...
O achismo é um grande mal da humanidade, pois gera arrogância, equívoco, injustiça, etc. Nunca foi tão grande o crescimento do achismo como ultimamente. Falando especificamente na arte, na música. Sua parte jornalística, teórica, documental, decaiu vertiginosamente em termos de qualidade, seriedade. Tá cheio de "experts" por ai escrevendo e falando qualquer coisa. Estudiosos do Google, que não se dão ao trabalho de averiguar as fontes. Esses casos são lamentáveis mesmo, pois divulgam dados errados sobre muita coisa. Mas também tem outra categoria, dos que têm o mínimo de bom senso e pesquisam mais à fundo. Que escutam muita música para aprender sobre o assunto, aliado à livros, artigos de revistas especializadas, entrevistas, etc. Só que tem um porém nisso tudo. Nem tudo vai se aprender pelos caminhos teóricos e intelectuais. Muitas coisas precisam ser vividas, presenciadas, pois dizem à sentimentos. O envolvimento é que realmente vai mostrar e ensinar o sentido de muitas coisas na arte, na música. Como o HipHop é a bola da vez no consumo mundial, temos toda a sorte de pessoas ligadas ao assunto. Dos que sempre fizeram parte, que ajudaram a criar, dos bem intencionados que ajudam e participam, dos que lidam com isso apenas como consumo, sem envolvimento, dos oportunistas, bem ou mal intencionados, dos indiferentes. Por ser a bola da vez em termos de novidade para a juventude(pois o rock tem 4 décadas de vantagem), o HipHop tem sua importância em vários níveis e tipos. Roupas, comportamento e entretenimento. Mas também por ter nas origens muito cunho social e comunitário, vai além de conduta individual. Enfim, é um assunto amplo. O que me levou a escrever sobre o assunto foi o crescente número de artigos específicos sobre o Rap. Jornais, TV, revistas, internet. Pena que o que fica em evidência é justamente a parte menos proveitosa no sentido construtivo positivo. O que é chamado "mainstream" do Rap, que só existe de fato no exterior, propaga o consumismo, sexismo, vaidade e até crime e violência. Como o brasileiro tem dificuldade em filtrar as coisas que vêm de fora, acabamos presenciando pessoas que mal completaram seus estudos querendo por diamante no dente. Mas esta parte não é a que me causa mais indignação. O que é deprimente, é a classe média que se acha no direito de se apropriar de um conjunto de manifestações coletivas e artísticas, por se acharem melhores que a grande maioria da população carente. Tá cheio de músico, jornalista dando "aulinha" de cultura HipHop por ai. Tem músico que até gosta da parada, mas antes não dava o devido valor, tratava como coisa menor, por não ter instrumentistas. Agora que a parada dá grana e fama, chegam querendo pagar de autoridade. Os que são da ala jornalística, que arrogância! Uma analogia disso, por exemplo, quem é que realmente faz um bom pão, a pessoa que é filho de padeiro e aprendeu na prática desde pequeno, ou o aluno número um do curso de padaria do Senac? O grande problema é que esses jornalístas estão tão preocupados com a promoção de seus egos e pelos seus direitos de liberade de expressão, que acabam por contaminar as pessoas que estão em busca de informação e não possuem tantas ferramentas para tal. Eu já falei sobre o assunto por aqui, num post sobre o "rap underground". A classe média que consome cultura importou este termo para se diferenciar dos outros. Isso é que é nojento dessas pessoas, só querem estar com o povão na hora da festa, na hora da enchente e deslizamento,a maioria faz que não viu, que não conhece. Mais uma coisa que lembrei fazendo analogia com o futebol: imagine uma torcida de um time qualquer, tá todo mundo lá, um do lado do outro com a mesma camisa. Tem gente de todo tipo, o fanático, o violento, o que não olha o jogo, o que fica só escutando no rádinho, rico, pobre. Mas todo mundo trinca com o time. Já pensou se cada tipo resolve-se subdividir a torcida? "Nossa ala tem o grito de torcida melhor..." "Nossas bandeiras são melhores que a deles" "Aqui é só os jovens, pois véio não sabe torcer direito..." A torcida que faz a diferença para o time que está em campo, é aquela que é uma coisa só, que vibra em unissono e ecoa por todo o estádio.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Alice Coltrane

foto de Jeff Dunnas para Impulse records

Alice Coltrane faleceu nesta última sexta-feira dia 12 de Janeiro aos 69 anos por insuficiencia respiratória, em Los Angeles. Alice McLeod nasceu em Detroit no dia 27 de Agosto de 1937.
Sua mãe, Ann, cantava e tocava piano no coral de uma igreja batista. Tocou com Yussef Latif, Kenny Burrell e Terry Gibbs. Conhece John Coltrane em New York no ano de 1963. Em 1966 ingressa no conjunto de Coltrane, substituindo McCoy Tyner.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Ken Vandermark

Trecho do documentário "Musician" de Daniel Kraus, sobre o músico e compositor de Chicago, Ken Vandermark.

sábado, janeiro 06, 2007

Jazz no Brasil? Ih... não sei não...

Hoje em dia, com as facilidades tecnológicas, a conjuntura mundial, etc., não temos aquela defasagem colonial que durou até o fim dos anos 80. Sempre tivemos bons músicos, mas faltava material de estudo, ferramentas. Não sei o que acontece, mas aqui no Brasil, se tem o péssimo costume de importar cultura, hábitos, filosofias e fazermos à nossa maneira. É como montar um kit de aeromodelo sem ler o manual. Não que tudo tenha manual. Mas dificilmente se obtém o resultado esperado. As vezes acontece de aparecer um resultado positivo, se criando algo original que funciona bem. Mas muitos e muitos casos são de aberrações culturais que causam danos. É só lembrar dos grupos de jovens ligados à música, como Heavy Metal, Punk, HipHop, etc. Todos eles sem exceção distorceram seus princípios originais e vemos um cenário de muitos grupos fragmentados, competindo entre sí e obtendo poucos resultados, pois, já dizia o velho ditado, a união faz a força. Mas o que tudo isso tem haver com o Jazz no Brasil?
Devido a ingrata herança colonial neste país, a música em termos mais amplos foi confinada à uma elite arrogante e de certa forma ignorante. Criou-se uma falsa aura de sofisticação em torno do Jazz. Pessoas que simplesmente tinham dinheiro para comprar discos, livros e instrumentos, se tornaram autoridades no assunto. Meros colecionadores que não tem conhecimento suficiente escrevendo textos em jornais, revistas e até livros. O que temos hoje é um bizarro panorama onde predominam cantoras de música pop camufladas pela "sofisticação" do "Jazz". Um pouco fora dos holofotes, em pequenas casas noturnas, temos algo mais próximo do Jazz, mas um tanto mórbido. Músicos e apreciadores que determinaram o congelamento criogênico do chamado Jazz ao Hard Bop no máximo. A sua evolução natural apartir do fim dos anos 50 não é considerado Jazz. E ainda temos mais um caso, das chamadas bandas de Jazz tradicional, tão bizarras e artificiais como um pavilhão sobre a Amazônia no Epcot Center na Disney. Mas boa parte dos músicos brasileiros não tiveram escolha, estudaram em conservatórios musicais. Como o nome já diz, está alí para preservar. E o Jazz é bem diferente disso, convive com suas tradições criando algo novo sempre. O jazz diz muito mais à maneira que se faz música, não tem haver com um estilo musical que se encaixa num padrão. Quantas vezes ouví a bobagem de que se o músico não soubesse tocar Stella By Starlight, não saberia o que é o Jazz? Esta é uma canção popular norte americana, que os músicos resolveram tocar à sua maneira. Alí não reside a essência do chamado Jazz. Ornette Coleman é um ótimo exemplo do que quero dizer sobre a maneira de fazer música, de fazer Jazz. Mesmo com sua estética similar à música erudita de vanguarda, com o rock, mesmo com guitarras distorcidas de efeitos eletrônicos, com DJ's, sintetizadores, alì está presente suas raízes que repousam nas águas do Mississipi, das ruas de New Orleans, do Texas, sua terra natal. Quando o músico brasileiro entender isso de verdade, teremos boas surpresas por aqui. Como disse uma vez B.B. King, não é necessário trabalhar de escravo numa plantação de algodão para ter capacidade de fazer um Blues.

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Ano Novo... sim, Ano Novo!

Enfim chega o ano de 2007. Muitas esperanças, metas, promessas de fazer regime, de melhorar, parar de fumar e beber, ganhar mais dinheiro, de um mundo melhor. Ficarei mais feliz se pelo menos metade destas metas se mantenham quando Agosto chegar, pois até lá, o duro cotidiano de São Paulo já terá judiado e testado a fé de muitos, após o carnaval. Na prática, é só mais uma convenção social, como as pessoas que falam "Deus me livre!" e nem acreditam nele. A pessoa que desejou muita paz em 2007, talvez em Março, esteja xingando alguém no trânsito ou desejando a pena de morte porquê foi assaltada. Assistindo a tv outro dia, pouco antes do Natal, um rapaz perguntou com certa indignação sobre a hipocrisia de muitas pessoas, que passam o ano inteiro brigando e mau tratando uns aos outros e depois, se reunem nas festas de fim de ano, todos amáveis. Eu também tinha esta indignação, até escutar sabias palavras à respeito disso. Ainda bem que pelo menos uma vez por ano essas pessoas fazem isso, imagine se fosse o ano inteiro de negatividade! E quem sabe alguém acaba mudando sua conduta e se torne uma pessoa melhor? Este ano de 2006 terminou tranquilamente para mim, em casa, com meu pai e meu irmão, assistindo os Blues Brothers pela enésima vez e com muito sono no final, pois às 7h da manhã do último dia do ano, já estava de pé. Não ví a contagem regressiva, queima de fogos, só o barulho deles embalando meu sono. O meu Reveillon já havia acontecido. Não, não foi Ano novo Chinês, Árabe ou Judaico. Já no início do último mês de 2006, já tinha tomado decisões importantes em minha vida. Não esperei as simbologias e convenções sociais para tomar atitude. Sabemos que muitas metas e promessas se vão como as bolhas do champagne e os fogos de artifício. Mas não percamos a nossa esperança, se uma pessoa manter suas metas positivas e coletivas até o fim deste ano, já é uma vitória. Desejo de coração que todos tenham um ano de boas novidades e alegria em suas vidas, que o espírito de coletividade, amizade e benevolência esteja cada vez mais presente.
 
 
Studio Ghibli Brasil