domingo, julho 31, 2011

Ethnic Heritage Ensemble - Three Gentlemen From Chicago (1981)

Moers abriga desde 1972, um dos principais festivais de música e a organização do evento criou um selo para registrar grandes artístas, como foi o caso do primeiro disco do Ethnic Heritage Ensemble, liderdado por Kahil El' Zabar, um dos mais brilhantes músicos, percussionistas e compositores ousados da música afro americana e mundial. Como tinha descrito anteriormente, é um dos poucos percussionistas que consegue imprimir uma forma realmente criativa unida de técnica no set de bateria como baterista e percussionista no set de instrumentos de percussão variados, pois a maioria dos percussionistas infelizmente não conseguem desenvolver de forma realmente eficiente e criativa, suas qualidades num set de bateria. Muitos aficcionados podem discordar, mas independente de suas ótimas qualidades como percussionistas, diversos exemplos não conseguem desempenhar a função de um baterista e acabam tratando a bateria, como um set de percussão (não que a bateria não seja, mas o set de bateria acabou se tornando um instrumento único). Não vem ao caso falar sobre nomes, até para evitar um conflito inútil por conta de paixões pessoais, então me reservo em dizer que um dos que realmente possui as duas qualidades distintas, são Kahil El' Zabar, Hamid Drake, entre estes poucos.
Three Gentlemen From Chicago conta com a presença de Henry 'Light' Huff que nos presenteia com o seu exímio talento nos saxofones soprano, tenor, barítono e clarinete baixo. Infelizmente e injustamente Huff é pouco lembrado e partiu discretamente em 1993. Clique na imagem para acessar o arquivo.

segunda-feira, julho 25, 2011

The Watts Prophets - When The 90's Came (1997)

E se passaram quase 15 anos mas When The 90's Came não soa datado. Se o Public Enemy ainda é o Number One, isso se deve em grande parte ao The Watts Prophets. Esta gravação contou com a participação do pianista Horace Tapscott. Em tempos de confusão no hiphop, eu particularmente prefiro ouvir os "clássicos". Pode parecer um papo furado saudosista, mas eu não encaro desta forma. Sim, existem novos talentos surgindo longe dos holofotes, mas eu não disponho de tempo para esta tarefa de garimpo, afinal a vida é muito mais do que jornalismo musical, já que esta função não garante o meu sustento. Mas que o rap não produz de forma tão criativa como no final do séc.XX, isso não dá pra negar, concordem ou não os militantes e aficcionados do gênero. Bom, cada um no seu quadrado. Clique na imagem, acesse o arquivo e aproveite, é apenas música. Ou você acredita na ilusão de que a música de Geraldo Vandré realmente revolucionou este país?

quarta-feira, julho 20, 2011

The Mob - Discography (1982-1986)

Quando se fala em New York Hardcore, logo vem a mente as bandas Agnostic Front, Cro-Mags, Sick Of It All, Gorilla Biscuits e até Beastie Boys. Mas o cenário de New York que se formou no início dos anos 80, com uma sonoridade mais rápida, pesada e agressiva, contou com um grupo que foi um dos pioneiros do estilo, o The Mob, formado por Ralph Gebbia (vocal), Jack Flanagan (guitarra), Jose Gonzales (baixo), Chris Hackett (baixo - posterior à Gonzales) e Jamie Shanahan (bateria). Segundo o vocalista do Agnostic Front, Roger Miret, o termo hardcore começou a ser usado para diferenciar do cenário punk dos anos 70, que era mais junkie e artístico. Ainda hoje o The Mob é bastante inspirador, influente e atual. Se você quer ter um panorama mais completo deste estilo que atravessou décadas, o The Mob é peça fundamental. Clique nas imagens para acessar o arquivo. Agressivo, sujo, rápido e pesado, estilo hardcore, como é chamado.

terça-feira, julho 19, 2011

Itamar Assumpção (Por quê não o perceberam antes?!)

Ontem assistí o documentário "Daquele Instante Em Diante" sobre Itamar Assumpção, numa sessão gratuita na sala de cinema do shopping Frei Caneca, região central de São Paulo. Não tinha nem metade da capacidade de lotação na pequena sala, talvez pelo horário da sessão, 18:00h de uma segunda feira, em plena capital desenfreada que é São Paulo, onde todo mundo confunde as prioridades da vida, isso é bem compreensível. Não vou falar aqui sobre o já estigmatizado papo de que o Itamar era o artísta maldito da vanguarda paulistana, incompreendido, injustiçado, etc e etc, já chega dessa ladainha, afinal também o Nego Dito já tava bem a pampa dessa conversa. Eu tive a benção de nascer no bairro de Pinheiros, que é encostado do bairro Vila Madalena, onde era comum encontrar pelas ruas, pessoas, como o próprio Itamar, Gigante Brasil, Piriri, Raul de Souza, Jr. Blow (pra quem não sabe, um dos pioneiros do hiphop no Brasil), grafites da Rainha do Frango Assado, bares como o falecido Paulicéia, a loja do selo Lunário Perpétuo, O Lira Paulistana, a sala Rock Show no Calcenter, a Feira de Vila antes de se tornar (ou se vender) o que é, a mesma coisa com a feira da Benedito (blergh!1000X). Ainda encontro a Suzana Salles andando por aqui, mas este bairro já não é mais o mesmo desde o fim dos anos 90, quando um padrão escroto tem transformado tudo numa sucursal dos Jardins, com padarias de luxo, condomínios de "alto padrão"(+ um blergh 1000x) e outras porcarias. Então Itamar para mim é tão natural, como as orquídeas que ele gostava de cultivar em seu quintal. Um amigo e vizinho de bairro, gostava muito do Itamar, tinha todos os discos, misturados aos lp's de heavy metal e grindcore e isso era tão natural, enquanto o microcosmo moderninho descolado tinha pavor das "coisas" cantadas em língua portuguesa, em plena era pseudo grunge, indie ou sei lá o quê. Bom, agora tem uns espertinhos de plantão que estão querendo vampirizar o Nego Dito, acreditando que estão descobrindo a América e tal, mas isso também não é nenhuma novidade chocante. Olha, foi legal mesmo ter visto o documentário pelos registros, pelo Itamar. Como cinema, tem um lance que me incomoda, sei lá um lance meio estranho do tal do novo cine brazuca, mas isso é minha opinião restrita e particular. Não fizeram mais do que a obrigação de registrar o cara, ele merecia. "Como eu não pensei nisso antes?" Agora é tarde... ...deixa de conversa mole...

domingo, julho 17, 2011

O tempo não pode esperar na improvisação livre!!!

Ontem estava conversando com meu precioso amigo Antonio "Panda" Gianfratti, músico, percussionista, improvisador, pioneiro no Brasil do que se convencionou entitular de Improvisação Livre com o grupo Abaetetuba. Panda é um exemplo de criatividade, determinação e honestidade dentro da música e entrando na sexta década de vida, encarou um novo desafio de desbravar outras possibilidades no vasto campo da improvisação através do violoncelo. Nosso diálogo foi uma reflexão sobre a possibilidade de um cenário brasileiro deste segmento, sem opiniões passionais. O quadro que começa a se desenhar em primeira instância até parece promissor, com as oficinas ministradas pelo CCSP e os esforços de algumas pessoas que realmente acreditam na Improvisação Livre, novos músicos, novos grupos, novos espaços, novas possibilidades, como alternativa aos segmentos pré-determinados até do dito underground da música paulistana. Realmente quando nós iniciamos paralelamente nosso desenvolvimento nesta área musical, ainda no fim da década de 90, mais vinculado ao free jazz, parecia algo quase impossível, se formar uma orquestra de improvisação livre. De certa forma isso ainda está longe de existir de forma sólida e coesa, tudo ainda caminha (ou engatinha) em seus primeiros passos. E logo de início pode tomar rumos estranhos aos quais idealizamos conforme ocorre em outras partes do mundo. A facilidade de acesso à informação democratica pela rede digital mundial e a rapidez de acesso, inevitavelmente pode ser comparada ao sistema fast food, onde os resultados não são saudáveis. Inclusive o próprio país que gerou este sistema, agora tenta reverter este quadro com a nova tendência chamada de slow food. Hoje se pode acessar o conteúdo teórico de livros de Derek Bailey, John Zorn, entrevistas e depoimentos, videos de performances no YouTube, Terabytes de arquivos em audio, instrumentos musicais com preço acessível, redes sociais, enfim, um arsenal de informações para ir a guerra. Um simplório weblog como este pode se tornar uma fonte de informação, assim como a Wikipedia e milhares de sites interligados na world wide web. Mas é claro que qualquer pessoa de bom senso deve analisar mais de uma fonte de informação, pesquisar, questionar e não apenas ingerir informação como um BigMac, baseado na foto do menu. Hoje em dia temos uma torrente de pseudo jornalistas que escrevem material de qualidade extremamente duvidosa e este é o preço que se paga, é o efeito colateral do fast food cultural que estamos vivenciando neste século XXI. Pode soar uma diretriz rígida e retrógrada de membros jurássicos de uma organização tradicionalista, mas na Improvisação Livre, o fast food de informações, referências, etc, não funciona. Uma criança não vai nascer em 3 meses, ou pelo menos a ciência ainda não conseguiu criar uma tecnologia para isso acontecer. Não há como nascer um ser saudável se não passar pelo processo natural. Não é a participação de meia dúzia de oficinas e alguns ensaios semanais que vão gerar um bom improvisador. É um processo constante, que se aprimora só com a experiência, entre tentativas, erros e acertos, tudo no seu devido tempo. Não há como acelerar os ponteiros do relógio. Como escreveu o sábio rei Salomão no livro de Eclesiástes, há um tempo determinado para todas as coisas. Também não adianta em nada se inflar de todo o tipo de informação, técnica e apresentar um resultado meramente estético, mesmo que o ego se apoie na ilusão de que há uma filosofia que sustenta este fim. O resultado desta urgência, pode ser ilustrado como a foto abaixo:


 
 
Studio Ghibli Brasil