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quarta-feira, junho 12, 2013

Protestos contra o aumento da tarifa do transporte público

Me lembro quando a passagem de ônibus aumentou 3 vezes em apenas uma semana, no fim dos anos 80. Não houve nenhum protesto como os destes dias em que vivemos. A democracia dava seus primeiros passos já tortos pós regime militar, parte do povo ainda não tinha articulação para agir com cidadania. Na verdade, a liberdade ideológica se preserva na mente e no coração de cada pessoa se ela quiser a não ser, que a opressão seja física e danifique de forma psicológica e motora. Sim isso acontece pela violência física e de uma maneira mais lenta, pela violência psicológica. Mas estão realmente todos livres?
Os protestos contra o aumento da tarifa do transporte coletivo em várias cidades do Brasil estão na pauta de qualquer morador desta cidade (vou me limitar aos protestos em SP, porque eu nasci e vivo aqui).
Em primeiro lugar, EU NÃO SOU CONTRA O PROTESTO DA POPULAÇÃO, mas sabemos o teor destas recentes manifestações pelo movimento Passe Livre. Ou não sabemos?
Minha carteira de motorista expirou sua licença em 2000, ou seja, dependo de ônibus, metrô e trem à 13 anos. Tenho direito e conhecimento prático no assunto, conheço e uso os 3 principais transportes públicos da cidade em todos os horários, desde as primeiras horas de funcionamento no fim da madrugada, quanto os ônibus noturnos. Só não tive a oportunidade de usar a linha que cruza a av. dos Estados por ainda não precisar usar o sistema.
Quantas pessoas que fizeram parte dos protestos já foi até a estação Capão Redondo do metrô, já usou um ônibus intermunicipal da EMTU, já usou o expresso Leste na estação do Brás, esteve no terminal Capelinha, etc? Creio que apenas alguns fazem uso desses mecanismos e então eles sabem como é.
Mas a maioria da população de baixa renda, que usa todos os dias o transporte público, inclusive para o lazer, não concorda com esse tipo de protesto. Aliás é um protesto que tem estudantes como núcleo mentor. Ok, muitos estudantes estão em contato com as ideologias políticas que se estruturaram no fim do século passado, mas eles devem saber que essas ideologias em muitos quesitos, não saíram do papel e das teorias e o que pôde ser implantado custou caro, custou muito derramamento de sangue. Me diz uma coisa, o movimento está disposto a matar ou morrer? Se não está, deve tomar consciência que fará parte do sistema que tanto abomina (eu também não aprovo, mas sei o que não funciona para mudar isso). Ou perde a razão e parte para a força física, ou vira mendigo. O poder político econômico não vai aceitar mudanças aos moldes idealizados pela juventude libertária. Se por hipótese ocorrer uma guerra civil por motivos políticos e em grande escala, sabe o que provavelmente vai ocorrer? OTAN, ONU, United Snakes Of America e Colonialismo Europeu terão a carta branca nas mãos para que este país volte aos tempos da coroa, só que com nova roupagem, nada pomposo e espalhafatoso, mas politicamente correto e sustentável.
Muitas pessoas que conheço, mesmo sendo pessoas queridas, me dirão o óbvio, falarão de uma população oprimida economicamente, que está anestesiada e se contenta com o futebol com frango de padaria no domingo, que passam várias necessidades mas gastam seus poucos tostões em supérfluos, como celulares 4G e tênis de R$ 900,00, tudo isso com o batidão como trilha sonora.
Lamento informar meu caro, você está no sistema. Não adianta ter uma banda punk, morar no CRUSP ou em uma república estudantil, ter um grupo de RAP, ser pixador, ser filiado de partido socialista ou até comunidade hippie em São Tomé das Letras, todos estão no sistema.
A coisa mais óbvia que impede uma mudança radical na sociedade brasileira é o manjado ditado de que a união faz a força. O povo brasileiro só consegue chegar perto de uma verdadeira unidade quando torce para a seleção brasileira.
A minha idéia de protesto é que todo o proletariado, em todos os setores se unissem e cruzassem os braços, mas ainda usando o transporte público sem pagar, operando os meios de produção de energia sem pagar as tarifas, as forças armadas que são compostas por cidadãos do povo, se colocassem à serviço da população. Mas a população teria que se abster de bens de consumo, usassem apenas o essencial, como alimentos, medicamentos e vestuário básico, etc, nada de shopping, cinema, restaurantes, shows, baladas, etc, até que o poder político econômico fosse reformado ou substituído. Não haveria necessidade de derramamento de sangue e uso de violência física. Isso sim é uma verdadeira utopia, é contra a natureza humana, que é de um ser humano individual. É muito bonito elaborar teorias políticas baseado em seres vivos que agem de forma coletiva por instinto, que não raciocinam sobre o que fazem, pois é um procedimento incluso no seu DNA, que é ativado diante das circunstâncias, uma abelha não escolhe viver em uma colmeia, as formigas não decidem trabalhar para armazenar alimento para o formigueiro no inverno. O irônico é que eles vivem um regime imperialista.
As pessoas como indivíduo, não estão dispostas a colocar em jogo suas estabilidades em torno de um bem comum, por isso uma manifestação como essa que falei, não é possível. O funcionário do metrô temerá seu emprego se deixar o seu semelhante passar pela catraca sem bilhete, ninguém quer dar o primeiro passo.
Bem, estão dizendo que as depredações são a reação contra a violência gratuita da polícia contra os manifestantes. Ela existe? Claro que sim, eu seria um idiota se negasse isso. Mas também vi violência gratuita dos manifestantes e alguém seria parcial se não reconhecesse isso. Podem até articular alguma justificativa, cada um acredita no que quer, alguns acreditam na arca de Noé, outros que Neo vai nos libertar da Matrix.
Eu em minha estrita opinião particular acredito na filosofia de não pagar na mesma moeda, por mais difícil e dolorido que seja, pois é, eu trinco geral com um cara que pra muitos, é apenas uma fábula de manipulação. Outro dia estava assistindo um desenho animado, Doug, em que o protagonista se encontra numa briga de escola de forma involuntária e acaba dando um soco num colega. Seu pai fala algo como: "Mostre-me alguém que usa os punhos e vejo alguém que não tem boas idéias".
No facebook, expressei minha opinião à respeito das manifestações e fui colocado no mesmo saco de farinha da mídia vendida que só faz criticas negativas aos protestos e só fala do vandalismo dos manifestantes.
Pois é, eu estive na Feira do Trabalho no Anhangabaú no mês passado. Estive com dezenas de pessoas em fila de espera com senha, para entrevista de emprego. Não tinha nenhuma vaga no Google ou coisa parecida, a maioria das vagas era de serviço braçal. Isso não é mérito e nem vergonha, é apenas o fato de que eu sei como é, sou parte integrante do povão, tenho a benção de ter um pai que quase morreu para me proporcionar uma vida melhor que a dele.
Eu escolhi não mais concordar com o código de Hamurabi e minha liberdade conservo na minha mente e no meu coração.

terça-feira, maio 21, 2013

Virada Cultural 2013 (ultimamente eu prefiro um virado à paulista...)

Como já era de se esperar, os resultados da Virada Cultural são debatidos entre a população paulistana. Duas opiniões distintas são a dos que acham tudo lindo e maravilhoso e a dos que acham um fiasco. Quem está certo? Na verdade, nenhum dos dois e isso não significada que ambas as correntes de pensamento tenham que aceitar isso, afinal, é apenas a minha opinião pessoal e quanto aos que estão abertos à reflexão, podem analisar o meu ponto de vista. Agora, quem não esta disposto a refletir sobre isso e não deseja abrir mão das duas correntes de pensamento (do maravilhoso e do fiasco), nem perca seu tempo lendo este texto, pois o tempo é precioso. Mas porquê digo que ambos os pensamentos estão errados? Bem, então vamos analisar rapidamente as questões.
A linha de pensamento do lindo e maravilhoso: Numa cidade tão pretensiosa que equivocadamente é comparada com metrópoles como New York, realmente está muito aquém de sua suposta equivalente Big Apple. É notória a falta de estrutura básica operacional desta cidade brasileira, que todos a esta altura sabem que cresceu desordenadamente e continua crescendo de qualquer jeito. Basta uma chuva forte de 10 minutos e São Paulo entra em curto circuito. Mas este país desenvolveu um mecanismo de aumentar sua auto-estima simplesmente jogando para debaixo do tapete todos os seus problemas sendo que grande parte não dá para deixar para uma futura ocasião. A música brasileira não conquistou o mundo e sim a norte-americana e a inglesa, sinto muito, rock é um estilo universal, coisa que o samba e a bossa estão longe de serem. Mas isto é apenas um detalhe para adentrar ao assunto. Não tem nada de lindo e maravilhoso um evento que não é mais do que a obrigação de uma cidade que se diz transpirar cultura e de um país que se diz celeiro de talento musical do mundo. E diga-se de passagem que esta obrigação de atividade de lazer civil é feita de modo bem a desejar e já deu o tempo de resolverem seus problemas latentes de cunho operacional. Eventos que convém à grupos específicos da sociedade paulistana, são feitos com mais esmero, como corridas de carros e afins. Então os setores dominantes que deixam se contaminar pelo jogo de interesses restritos (que infelizmente já foi incluído na argamassa da estrutura da nação) apenas jogam migalhas para os pombos disputarem nas beiras das calçadas. Seria em vão entrar na questão da tal da curadoria, pois só não vê quem não quer, ali também há favorecimento de interesses pessoais e parcialidade. Uma cidade de alto custo de vida te oferece um George Clinton e um James Chance e nego acha maravilhoso. Mas isso sai caro demais. Ah, a tal da violência que está chocando a população, principalmente a classe média... ora, ela sempre esteve presente desde a primeira Virada Cultural de São Paulo, só não viu porque não quis ou estava vacilando. E isso não tem haver com Racionais MC's, skinheads e a polícia. A própria população tem grande parcela de culpa nisso também, é muita demagogia colocar a culpa no Governo do Estado de São Paulo, da Prefeitura de São Paulo, da Guarda Civil Metropolitana, da Polícia Militar e Civil do Estado de São Paulo. São meros bodes expiatórios para uma população omissa de seus deveres civis, que acham que seus deveres são méritos. Já dizia o ditado popular que o povo tem o governo que merece, ainda mais porque o mecanismo é a eleição direta democrática.
A linha de pensamento do fiasco? Ora, se não tem Virada, e aí? Reclamação de que essa cidade, desse tamanho, não tem eventos culturais gratuitos ao público e isso e aquilo... A maioria dos que acham tudo um fiasco, não fazem nada para reverter o quadro negativo. Me lembro de uma cena do filme de Spike Lee, Do The Right Thing em que alguns homens que ficam bebendo num sofá na rua, reclamam de um asiático que está trabalhando, que está "roubando" os empregos deles.

quarta-feira, janeiro 23, 2013

Linha 702U-21, um conto urbano.

No final da manhã do dia 22 de Janeiro de 2013, me encontrava na região do Parque Dom Pedro II, centro de São Paulo. Conhecida como zona cerealista, onde se encontram alimentos vendidos em grande quantidade e preços mais justos, lá estava eu com 2 kilos de cereal matinal que comprara para meu pai. Sob o viaduto em frente ao Museu Catavento, instalado no Palácio das Indústrias e antiga sede da prefeitura, se encontra uma parada de ônibus, onde passa o 702U-21(Pinheiros/Pq. Dom Pedro II). Esta linha tem uma peculiaridade, pois seu itinerário de volta ao ponto inicial em Pinheiros, passa pela rua Arthur de Azevedo, uma das principais do bairro, mas que não possui um tráfego intenso de ônibus. Se não me engano, só duas linhas passam nesta rua que possui 5 paradas. É um ônibus que sempre causa "problemas" aos usuários, mas por culpa deles mesmos. Sempre que faço uso desta linha encontro passageiros que ignoram o itinerário que está exposto no para-brisa dianteiro e ao lado da porta de embarque, que indicam o trajeto pela Arthur de Azevedo e também não perguntam aos funcionários do ônibus, qual é o trajeto.
Quando ainda me encontrava na avenida Senador Queiroz, embarcaram mãe e filho, a mãe era descendente de japoneses e o filho deveria ter menos de 10 anos de idade. O menino era alegre e se maravilhou com o veículo de piso rebaixado na parte dianteira, pois nunca tinha embarcado neste tipo de veículo e disse para a mãe que queria viajar de novo. Sua mãe e alguns passageiros (inclusive eu), acharam engraçado a empolgação do menino com uma coisa tão simples. A pureza de uma criança.
Havia uma senhora nordestina vestida com elegância que desejava ir à avenida Angélica, que é paralela à avenida Consolação, parte do trajeto do 702U-21. Por falta de atenção, ela não desembarcou na parada desejada, no corredor de ônibus em frente ao cemitério da Consolação. Então ela quase entrou em pânico, já buscando culpar alguém e vários passageiros tentaram lhe confortar informando que ainda havia uma parada no final da avenida Paulista, que lhe deixaria em frente da avenida Angélica. Mas a senhora relutava em aceitar a recomendação coletiva e também não compreendia a informação, pois não estava disposta a tal, queria de qualquer maneira fazer a sua vontade. Disse várias vezes que era para descer no ponto do cemitério, e eis que o menino perguntou: "Quem morreu?". A senhora já muito nervosa disse: "Eu nunca mais pego essa peste!", se referindo ao 702U-21. Então ela desceu na parada da avenida Paulista e muitos passageiros disseram para ela descer ali mesmo, pois a avenida Angélica estava quase a sua frente. Ela desembarcou contrariada mas não seguiu a recomendação dos passageiros e seguiu em direção contrária.
A peculiaridade do 702U-21, é justamente sua trajetória pela rua Arthur de Azevedo pelo bairro de Pinheiros, e não pela rua Cardeal Arcoverde, via principal dos ônibus na região. O 702U-21 percorre apenas por duas das oito paradas desta rua. Quando o 702U-21 passa pelas duas paradas, faz uma conversão para a rua Henrique Schaumann para seguir pela rua Arthur de Azevedo. É neste momento que os passageiros desavisados ficam aflitos, nervosos, indignados e até furiosos, enfim...
Então havia uma outra senhora no 702U-21, que provavelmente já estava irritada com a empolgação do menino e não contava com a trajetória do ônibus, que aumentou sua irritação. Enquanto a mãe do menino se dirigiu rapidamente ao cobrador para tirar suas dúvidas, a senhora irritada rapidamente foi ao assento onde se encontravam o menino e a mãe e pediu para o menino retirar a bolsa da mãe pois queria sentar-se ali. O menino explicou que o assento estava ocupado e a senhora se irou com o menino e de forma grosseira disse que não tinha ninguém ali e ordenou que retirasse os pertences de sua mãe para ela se sentar, queria sentar mais perto da porta pois iria desembarcar em breve. Mas havia outro assento vago logo à frente, inclusive mais perto da porta. A mãe do menino logo retornou ao seu lugar e de forma gentil explicou que tinha apenas se dirigido ao cobrador para tirar uma dúvida e ainda indicou o assento vago para ela. Mas a senhora repetiu a atitude com a mãe do menino e seguiu praguejando até desembarcar do ônibus. O detalhe é que o incidente durou cerca de um minuto, pois a senhora iniciou a contenda à cerca de 100 metros do seu ponto de desembarque.
Durante o trajeto do 702U-21, permaneci calado observando os acontecimentos dentro do ônibus, e no meio de conversas que em sua maioria são de pessoas falando mau de outras, reclamações em geral, fofocas, semblantes insatisfeitos, havia uma menino muito feliz.
Antes do meu desembarque, ouço a mãe do menino dizer: "Hoje aconteceu de tudo nesse ônubus".

quarta-feira, julho 04, 2012

Antes tinha, agora não tem! - Prefeitura de São Paulo e cidadãos paulistanos

 
Creio que assim continuarão as queixas via redes sociais digitais, sendo que vez ou outra algo se concretiza em atitudes positivas e negativas. Tenho evitado me envolver em questões político ideológicas pelo simples fato de minha opinião estritamente pessoal não vislumbrar alguma eficácia neste tipo de debate, conversa, que em muitas vezes são apenas monólogos proferidos ao mesmo tempo em um mesmo ambiente e talvez não se trate exatamente de uma conversa, diálogo, debate como está especificado em qualquer dicionário.
Claro, a liberdade de cada um não deve ser podada e assim eu desfruto também da minha liberdade de opinião.
Vivemos mais um período de eleições dos servidores públicos deste amontoado de pessoas no mesmo território físico denominado cidade. Quando eu era criança me lembro que existia uma grande expectativa (pelo menos de minha parte e de alguns) de uma grande mudança em nossas vidas. Mesmo na adolescência e parte do início da chamada fase adulta (pelo fato de ter requisitado meu título de eleitor aos 16 anos) esta expectativa ainda perdurou. Hoje em dia este sentimento vem sendo soterrado por uma avalanche de muito mais fatos (como se não bastasse os fatos do passado) que desbotam as cores da esperança de uma cidade melhor. Temos algumas calçadas de concreto armado, luminárias de LED, alguns metrôs operados por computador, mas é claro, só na sala de estar do barraco. Para quem usufrui da cidade como um todo, que utiliza os três principais meios de transporte coletivo sabe muito bem que este slogan da prefeitura de São Paulo: "Antes não tinha, agora tem", na verdade está exatamente ao contrário. Explico.
Deveria ser: "Antes tinha, agora não tem!" Antes tinha a desculpa de termos limitações tecnológicas e econômicas, a ditadura militar, o sub-desenvolvimento latente de terceiro mundo, o recente direito de voto da população, entre tantas precariedades da era analógica. Hoje a indústria, comércio e setor financeiro infla seu peito anabolizado e diz aos quatro ventos que o Brasil é a 8ª economia do mundo, que somos detentores de diversas tecnologias de ponta, que temos reservas naturais exclusivas e invejadas por todas as nações (opa, tão vendendo tudo debaixo de nossas fuças), que somos uma nação alegre (quem me vê sorrindo pensa que estou alegre - Cartola).
Será que vamos votar em qualquer um pois não faz diferença? Será que devemos votar em branco ou anular o voto como ato de protesto ou fingida atitude de omissão? Será que nossa cidadania acaba quando apertamos a tecla verde da urna eletrônica e pegamos nosso comprovante de voto? Será que não temos o dever de fiscalizar a administração de nossos servidores ao longo de seu mandato? Será que não temos nada haver com isso porque votamos nulo ou nosso candidato não foi eleito? Será que é só problema do seu vizinho? O seu voto faz a diferença, junto de sua atitude continua como cidadão pós eleições, no dia-a-dia?
Numa noite dessas eu voltava do Belenzinho após um workshop de música e não passava das 22:00h quando meu amigo me deixou na esquina de casa. A menos de 10 metros minha vizinha estava à minha frente indo para o nosso prédio. havia uma movimentação razoável nas ruas bem iluminadas do bairro que é relativamente seguro em proporção do que é esta cidade. Ela olhou rapidamente para trás para ver quem seguia logo depois dela e começou a aumentar o ritmo de suas passadas. Percebi e me compadeci daquela situação triste, do chamado cidadão de classe média paulistano, que perdeu o tato das ruas, que vive enclausurado em seus guetos sociais. Quando chegamos ao nosso prédio, ela já tinha ultrapassado o segundo portão (que mais parece grade de segurança, bem, você sabe...) e deu mais uma olhada para trás e vi nitidamente seu rosto apreensivo. Estávamos a menos de 4 metros de distância com uma boa iluminação do prédio e quando eu também ultrapassei o segundo portão ela deu aquele arranque de reta final de São Silvestre e adentrou na última porta. Eu estava certo de que ela como cortesia comum entre os condôminos, estaria me aguardando com a porta aberta, para eu não ter que reabri-la com minha chave. Então a tranca estralou junto com a porta em minha face. Falei comigo, "puxa vida", num misto de decepção e surpresa e abri a porta. Então logo no corredor, fiz questão de balançar o chaveiro para ela se certificar de que a porta não tinha sido arrombada. Então ela já na metade do primeiro lance de escadas, me olhou constrangida e me pediu desculpas alegando que não tinha me reconhecido e subiu apressadamente, sendo que seu apartamento é ao lado do meu. Bem, eu coloquei a música New York Is Full Of Lonely People, composta pelo Lester Bowie para ilustrar a situação. Seu filho não teve o prazer de brincar na nossa rua que era repleta de crianças...
Isso tudo tem haver com o que esta cidade está se tornando cada vez mais. 

sábado, maio 21, 2011

Homofobia: Muita calma nessa hora

Em tempos de intolerância em contraponto ao avanço tecnológico e científico da humanidade, nos deparamos com a manifestação dos mais cruéis sentimentos e comportamentos do dito ser humano civilizado. Pois é, não se trata de hordas de bárbaros oriundos dos confins da Terra que não tiveram a menor noção de como se deve viver em sociedade e pertencer a civilização. Ainda há conflitos étnicos, territoriais, político e religiosos ao redor do mundo, mas não vou abordar estas questões, como também não vou abordar os conflitos entre grupos sociais, como de facções ligadas a estilos musicais (?!), como muitos que vivem em São Paulo desde o início dos anos 80, por exemplo, conhecem.

A questão aqui é a homofobia, que ultrapassou as fronteiras do comportamento civilizado chegando ao ponto da violência moral e física. Antes, o que acontecia infelizmente de forma comum, era a zombaria, piadas de mau gosto contra os homossexuais. Agora se tornou comum o ato de agressão física e homicídio. Por conta do avanço desenfreado de atos abomináveis ao próximo, aos nossos semelhantes, (sim, pois tanto homens e mulheres heterossexuais, homossexuais, transgêneros são seres humanos) foi elaborado o PROJETO DE LEI 5003/2001 (PLC 122/2006), mas há um grande problema neste projeto. Se você clicar no link, poderá constatar uma arbitrariedade unilateral que diferencia e dá ao homossexual privilégios em relação aos heterossexuais e isso contradiz o discurso de igualdade que tanto se defende. Minha pergunta é: Se por exemplo uma empresa composta de maioria homossexual começar a hostilizar (conheço um caso assim em que o empregado foi demitido sem justa causa) um heterossexual a ponto de demití-lo, a PLC 122 também funcionará como instrumento de punição ao homossexual? Se um homossexual discrimar um heterossexual também será punido segundo proposto este projeto de lei? Aí é que está a questão. Eu sou cristão protestante, não me importo se sou alvo de piadinhas sobre a minha fé em Jesus Cristo, mas não consordo em ser prejudicado socialmente por outra pessoa que não concorde ou não aceite minha escolha de fé ou se preferirem dizer, de "religião". Não sou um "crente", "evangélico" intolerante, como muitos são por aí, pois tenho amigos homossexuais, entre os denominados, gays, lésbicas e transgêneros, não aceito piadinhas contra essas pessoas, pois para mim isso é abominável, temos que respeitar todas as pessoas, pois somos todos iguais perante Deus. Não sou como muitos hipócritas pseudo-militantes e "liberais de esquerda", que criticam os homofóbicos, mas não tem nenhum amigo homossexual e ainda deixam escapar uma piadinha pré-conceituosa sobre gays, em suas rodas de conversa. Para Jesus, eu, a Rogéria, a Roberta Close, a Nanny People, o deputado Jean Wyllys, a Lacraia, somos todos iguais, ele nos ama de forma igual e eu concordo 100%. É deprimente e abominável o tipo de declaração que o deputado Jair Messias Bolsonaro vem fazendo em detrimento aos homossexuais. Bolsonaro, cale-se por favor!


domingo, janeiro 16, 2011

Cine Belas Artes (1952 - 2011), descanse em paz...

Enquanto as mídias de maior audiência falam da tragédia das enchentes, outro assunto que tem ganho terreno e destaque para os paulistanos, é o fechamento do cinema Belas Artes. É um fato lamentável para a cultura de um país, mas as grandes salas de cinema nos shopping centers, aparentemente seguem bem, e até com aprimoramentos tecnológicos, como sessões em 3D, além dos serviços, como poltronas mais confortáveis, etc. Só que estes cinemas de shopping exibem o terror dos cinéfilos, os chamados blockbusters, títulos feitos pela indústria cinematrográfica para ser apenas um entretenimento, uma distração, sem a preocupação de contribuir com o que se convencionou a chamar de arte. O cinema também é chamado de sétima arte.
E o cinema Belas Artes sempre foi referência do cinema como arte, evitando ao extremo, os títulos descartáveis dos grandes circuitos de salas de projeção, resistindo com dificuldade aos novos tempos, em que, se a cultura não é um ítem supérfluo para a maioria da população, tem o significado diferente. Aí entra aquele antigo problema de educação no país, falta de discernimento, preparo e tantos outros, que não quero desenvolver aqui neste post.
Agora tratam o proprietário do imóvel em que se encontra o Belas Artes, como um criminoso, pois ele quer obter um retorno maior de investimento financeiro no seu bem material, que se encontra em um dos locais mais valorizados no ramo imobiliário. Que fique claro que eu não me alegro com a idéia de haver uma loja no lugar de um cinema que é uma das raras alternativas à mesmice dos anestésicos audiovisuais que abundam na cidade. Mas compreendo o pensamento do proprietário do terreno, ele não tem nenhuma obrigação de manter um investimento que não satisfaz suas expectativas.
Mas também existe a culpa da população que abandonou as salas de cinema, pela comodidade que surgiu com a fita VHS, depois os DVD's e Blue Ray's, alugados ou comprados, os home theaters, televisores de grandes polegadas e até projetores digitais. As pessoas, principalmente um certo setor da sociedade, também ficou com medo e preguiça de sair de casa para os cinemas. Como tem gente que não gosta de gente! Ah não ser é claro, se for "gente bonita"...
Será que o cine Marabá aguenta? Pois está localizado no centrão da cidade, a não ser que permaneça até a tão sonhada re-urbanização do centro, que almeja ter boulevards, como nas capitais européias, mas tem que sumir com a "gente feia" dalí... Tá bom...
Enquanto isso, o Marabá tem que se virar, passando alguma bobagem de cartoon 3D ou filme com artísta de novela global, para pagar as contas. Quem vai querer assistir O Sétimo Selo ou algum filme do Dogma num sabadão à tarde no centrão, com rapa, dvd do tapa olho a 5 mango, dorme-sujos, 2 cines pornozão em frente, algum nóia, invasões dos Sem-Teto, etc? Só us guerrêro, meu caro...
 
 
Studio Ghibli Brasil