quarta-feira, junho 12, 2013
Protestos contra o aumento da tarifa do transporte público
Os protestos contra o aumento da tarifa do transporte coletivo em várias cidades do Brasil estão na pauta de qualquer morador desta cidade (vou me limitar aos protestos em SP, porque eu nasci e vivo aqui).
Em primeiro lugar, EU NÃO SOU CONTRA O PROTESTO DA POPULAÇÃO, mas sabemos o teor destas recentes manifestações pelo movimento Passe Livre. Ou não sabemos?
Minha carteira de motorista expirou sua licença em 2000, ou seja, dependo de ônibus, metrô e trem à 13 anos. Tenho direito e conhecimento prático no assunto, conheço e uso os 3 principais transportes públicos da cidade em todos os horários, desde as primeiras horas de funcionamento no fim da madrugada, quanto os ônibus noturnos. Só não tive a oportunidade de usar a linha que cruza a av. dos Estados por ainda não precisar usar o sistema.
Quantas pessoas que fizeram parte dos protestos já foi até a estação Capão Redondo do metrô, já usou um ônibus intermunicipal da EMTU, já usou o expresso Leste na estação do Brás, esteve no terminal Capelinha, etc? Creio que apenas alguns fazem uso desses mecanismos e então eles sabem como é.
Mas a maioria da população de baixa renda, que usa todos os dias o transporte público, inclusive para o lazer, não concorda com esse tipo de protesto. Aliás é um protesto que tem estudantes como núcleo mentor. Ok, muitos estudantes estão em contato com as ideologias políticas que se estruturaram no fim do século passado, mas eles devem saber que essas ideologias em muitos quesitos, não saíram do papel e das teorias e o que pôde ser implantado custou caro, custou muito derramamento de sangue. Me diz uma coisa, o movimento está disposto a matar ou morrer? Se não está, deve tomar consciência que fará parte do sistema que tanto abomina (eu também não aprovo, mas sei o que não funciona para mudar isso). Ou perde a razão e parte para a força física, ou vira mendigo. O poder político econômico não vai aceitar mudanças aos moldes idealizados pela juventude libertária. Se por hipótese ocorrer uma guerra civil por motivos políticos e em grande escala, sabe o que provavelmente vai ocorrer? OTAN, ONU, United Snakes Of America e Colonialismo Europeu terão a carta branca nas mãos para que este país volte aos tempos da coroa, só que com nova roupagem, nada pomposo e espalhafatoso, mas politicamente correto e sustentável.
Muitas pessoas que conheço, mesmo sendo pessoas queridas, me dirão o óbvio, falarão de uma população oprimida economicamente, que está anestesiada e se contenta com o futebol com frango de padaria no domingo, que passam várias necessidades mas gastam seus poucos tostões em supérfluos, como celulares 4G e tênis de R$ 900,00, tudo isso com o batidão como trilha sonora.
Lamento informar meu caro, você está no sistema. Não adianta ter uma banda punk, morar no CRUSP ou em uma república estudantil, ter um grupo de RAP, ser pixador, ser filiado de partido socialista ou até comunidade hippie em São Tomé das Letras, todos estão no sistema.
A coisa mais óbvia que impede uma mudança radical na sociedade brasileira é o manjado ditado de que a união faz a força. O povo brasileiro só consegue chegar perto de uma verdadeira unidade quando torce para a seleção brasileira.
A minha idéia de protesto é que todo o proletariado, em todos os setores se unissem e cruzassem os braços, mas ainda usando o transporte público sem pagar, operando os meios de produção de energia sem pagar as tarifas, as forças armadas que são compostas por cidadãos do povo, se colocassem à serviço da população. Mas a população teria que se abster de bens de consumo, usassem apenas o essencial, como alimentos, medicamentos e vestuário básico, etc, nada de shopping, cinema, restaurantes, shows, baladas, etc, até que o poder político econômico fosse reformado ou substituído. Não haveria necessidade de derramamento de sangue e uso de violência física. Isso sim é uma verdadeira utopia, é contra a natureza humana, que é de um ser humano individual. É muito bonito elaborar teorias políticas baseado em seres vivos que agem de forma coletiva por instinto, que não raciocinam sobre o que fazem, pois é um procedimento incluso no seu DNA, que é ativado diante das circunstâncias, uma abelha não escolhe viver em uma colmeia, as formigas não decidem trabalhar para armazenar alimento para o formigueiro no inverno. O irônico é que eles vivem um regime imperialista.
As pessoas como indivíduo, não estão dispostas a colocar em jogo suas estabilidades em torno de um bem comum, por isso uma manifestação como essa que falei, não é possível. O funcionário do metrô temerá seu emprego se deixar o seu semelhante passar pela catraca sem bilhete, ninguém quer dar o primeiro passo.
Bem, estão dizendo que as depredações são a reação contra a violência gratuita da polícia contra os manifestantes. Ela existe? Claro que sim, eu seria um idiota se negasse isso. Mas também vi violência gratuita dos manifestantes e alguém seria parcial se não reconhecesse isso. Podem até articular alguma justificativa, cada um acredita no que quer, alguns acreditam na arca de Noé, outros que Neo vai nos libertar da Matrix.
Eu em minha estrita opinião particular acredito na filosofia de não pagar na mesma moeda, por mais difícil e dolorido que seja, pois é, eu trinco geral com um cara que pra muitos, é apenas uma fábula de manipulação. Outro dia estava assistindo um desenho animado, Doug, em que o protagonista se encontra numa briga de escola de forma involuntária e acaba dando um soco num colega. Seu pai fala algo como: "Mostre-me alguém que usa os punhos e vejo alguém que não tem boas idéias".
No facebook, expressei minha opinião à respeito das manifestações e fui colocado no mesmo saco de farinha da mídia vendida que só faz criticas negativas aos protestos e só fala do vandalismo dos manifestantes.
Pois é, eu estive na Feira do Trabalho no Anhangabaú no mês passado. Estive com dezenas de pessoas em fila de espera com senha, para entrevista de emprego. Não tinha nenhuma vaga no Google ou coisa parecida, a maioria das vagas era de serviço braçal. Isso não é mérito e nem vergonha, é apenas o fato de que eu sei como é, sou parte integrante do povão, tenho a benção de ter um pai que quase morreu para me proporcionar uma vida melhor que a dele.
Eu escolhi não mais concordar com o código de Hamurabi e minha liberdade conservo na minha mente e no meu coração.
terça-feira, maio 21, 2013
Virada Cultural 2013 (ultimamente eu prefiro um virado à paulista...)

A linha de pensamento do fiasco? Ora, se não tem Virada, e aí? Reclamação de que essa cidade, desse tamanho, não tem eventos culturais gratuitos ao público e isso e aquilo... A maioria dos que acham tudo um fiasco, não fazem nada para reverter o quadro negativo. Me lembro de uma cena do filme de Spike Lee, Do The Right Thing em que alguns homens que ficam bebendo num sofá na rua, reclamam de um asiático que está trabalhando, que está "roubando" os empregos deles.
quarta-feira, janeiro 23, 2013
Linha 702U-21, um conto urbano.
Quando ainda me encontrava na avenida Senador Queiroz, embarcaram mãe e filho, a mãe era descendente de japoneses e o filho deveria ter menos de 10 anos de idade. O menino era alegre e se maravilhou com o veículo de piso rebaixado na parte dianteira, pois nunca tinha embarcado neste tipo de veículo e disse para a mãe que queria viajar de novo. Sua mãe e alguns passageiros (inclusive eu), acharam engraçado a empolgação do menino com uma coisa tão simples. A pureza de uma criança.
Havia uma senhora nordestina vestida com elegância que desejava ir à avenida Angélica, que é paralela à avenida Consolação, parte do trajeto do 702U-21. Por falta de atenção, ela não desembarcou na parada desejada, no corredor de ônibus em frente ao cemitério da Consolação. Então ela quase entrou em pânico, já buscando culpar alguém e vários passageiros tentaram lhe confortar informando que ainda havia uma parada no final da avenida Paulista, que lhe deixaria em frente da avenida Angélica. Mas a senhora relutava em aceitar a recomendação coletiva e também não compreendia a informação, pois não estava disposta a tal, queria de qualquer maneira fazer a sua vontade. Disse várias vezes que era para descer no ponto do cemitério, e eis que o menino perguntou: "Quem morreu?". A senhora já muito nervosa disse: "Eu nunca mais pego essa peste!", se referindo ao 702U-21. Então ela desceu na parada da avenida Paulista e muitos passageiros disseram para ela descer ali mesmo, pois a avenida Angélica estava quase a sua frente. Ela desembarcou contrariada mas não seguiu a recomendação dos passageiros e seguiu em direção contrária.
A peculiaridade do 702U-21, é justamente sua trajetória pela rua Arthur de Azevedo pelo bairro de Pinheiros, e não pela rua Cardeal Arcoverde, via principal dos ônibus na região. O 702U-21 percorre apenas por duas das oito paradas desta rua. Quando o 702U-21 passa pelas duas paradas, faz uma conversão para a rua Henrique Schaumann para seguir pela rua Arthur de Azevedo. É neste momento que os passageiros desavisados ficam aflitos, nervosos, indignados e até furiosos, enfim...
Então havia uma outra senhora no 702U-21, que provavelmente já estava irritada com a empolgação do menino e não contava com a trajetória do ônibus, que aumentou sua irritação. Enquanto a mãe do menino se dirigiu rapidamente ao cobrador para tirar suas dúvidas, a senhora irritada rapidamente foi ao assento onde se encontravam o menino e a mãe e pediu para o menino retirar a bolsa da mãe pois queria sentar-se ali. O menino explicou que o assento estava ocupado e a senhora se irou com o menino e de forma grosseira disse que não tinha ninguém ali e ordenou que retirasse os pertences de sua mãe para ela se sentar, queria sentar mais perto da porta pois iria desembarcar em breve. Mas havia outro assento vago logo à frente, inclusive mais perto da porta. A mãe do menino logo retornou ao seu lugar e de forma gentil explicou que tinha apenas se dirigido ao cobrador para tirar uma dúvida e ainda indicou o assento vago para ela. Mas a senhora repetiu a atitude com a mãe do menino e seguiu praguejando até desembarcar do ônibus. O detalhe é que o incidente durou cerca de um minuto, pois a senhora iniciou a contenda à cerca de 100 metros do seu ponto de desembarque.
Durante o trajeto do 702U-21, permaneci calado observando os acontecimentos dentro do ônibus, e no meio de conversas que em sua maioria são de pessoas falando mau de outras, reclamações em geral, fofocas, semblantes insatisfeitos, havia uma menino muito feliz.
Antes do meu desembarque, ouço a mãe do menino dizer: "Hoje aconteceu de tudo nesse ônubus".
quarta-feira, julho 04, 2012
Antes tinha, agora não tem! - Prefeitura de São Paulo e cidadãos paulistanos
sábado, maio 21, 2011
Homofobia: Muita calma nessa hora
Em tempos de intolerância em contraponto ao avanço tecnológico e científico da humanidade, nos deparamos com a manifestação dos mais cruéis sentimentos e comportamentos do dito ser humano civilizado. Pois é, não se trata de hordas de bárbaros oriundos dos confins da Terra que não tiveram a menor noção de como se deve viver em sociedade e pertencer a civilização. Ainda há conflitos étnicos, territoriais, político e religiosos ao redor do mundo, mas não vou abordar estas questões, como também não vou abordar os conflitos entre grupos sociais, como de facções ligadas a estilos musicais (?!), como muitos que vivem em São Paulo desde o início dos anos 80, por exemplo, conhecem.
A questão aqui é a homofobia, que ultrapassou as fronteiras do comportamento civilizado chegando ao ponto da violência moral e física. Antes, o que acontecia infelizmente de forma comum, era a zombaria, piadas de mau gosto contra os homossexuais. Agora se tornou comum o ato de agressão física e homicídio. Por conta do avanço desenfreado de atos abomináveis ao próximo, aos nossos semelhantes, (sim, pois tanto homens e mulheres heterossexuais, homossexuais, transgêneros são seres humanos) foi elaborado o PROJETO DE LEI 5003/2001 (PLC 122/2006), mas há um grande problema neste projeto. Se você clicar no link, poderá constatar uma arbitrariedade unilateral que diferencia e dá ao homossexual privilégios em relação aos heterossexuais e isso contradiz o discurso de igualdade que tanto se defende. Minha pergunta é: Se por exemplo uma empresa composta de maioria homossexual começar a hostilizar (conheço um caso assim em que o empregado foi demitido sem justa causa) um heterossexual a ponto de demití-lo, a PLC 122 também funcionará como instrumento de punição ao homossexual? Se um homossexual discrimar um heterossexual também será punido segundo proposto este projeto de lei? Aí é que está a questão. Eu sou cristão protestante, não me importo se sou alvo de piadinhas sobre a minha fé em Jesus Cristo, mas não consordo em ser prejudicado socialmente por outra pessoa que não concorde ou não aceite minha escolha de fé ou se preferirem dizer, de "religião". Não sou um "crente", "evangélico" intolerante, como muitos são por aí, pois tenho amigos homossexuais, entre os denominados, gays, lésbicas e transgêneros, não aceito piadinhas contra essas pessoas, pois para mim isso é abominável, temos que respeitar todas as pessoas, pois somos todos iguais perante Deus. Não sou como muitos hipócritas pseudo-militantes e "liberais de esquerda", que criticam os homofóbicos, mas não tem nenhum amigo homossexual e ainda deixam escapar uma piadinha pré-conceituosa sobre gays, em suas rodas de conversa. Para Jesus, eu, a Rogéria, a Roberta Close, a Nanny People, o deputado Jean Wyllys, a Lacraia, somos todos iguais, ele nos ama de forma igual e eu concordo 100%. É deprimente e abominável o tipo de declaração que o deputado Jair Messias Bolsonaro vem fazendo em detrimento aos homossexuais. Bolsonaro, cale-se por favor!
domingo, janeiro 16, 2011
Cine Belas Artes (1952 - 2011), descanse em paz...

E o cinema Belas Artes sempre foi referência do cinema como arte, evitando ao extremo, os títulos descartáveis dos grandes circuitos de salas de projeção, resistindo com dificuldade aos novos tempos, em que, se a cultura não é um ítem supérfluo para a maioria da população, tem o significado diferente. Aí entra aquele antigo problema de educação no país, falta de discernimento, preparo e tantos outros, que não quero desenvolver aqui neste post.
Agora tratam o proprietário do imóvel em que se encontra o Belas Artes, como um criminoso, pois ele quer obter um retorno maior de investimento financeiro no seu bem material, que se encontra em um dos locais mais valorizados no ramo imobiliário. Que fique claro que eu não me alegro com a idéia de haver uma loja no lugar de um cinema que é uma das raras alternativas à mesmice dos anestésicos audiovisuais que abundam na cidade. Mas compreendo o pensamento do proprietário do terreno, ele não tem nenhuma obrigação de manter um investimento que não satisfaz suas expectativas.
Mas também existe a culpa da população que abandonou as salas de cinema, pela comodidade que surgiu com a fita VHS, depois os DVD's e Blue Ray's, alugados ou comprados, os home theaters, televisores de grandes polegadas e até projetores digitais. As pessoas, principalmente um certo setor da sociedade, também ficou com medo e preguiça de sair de casa para os cinemas. Como tem gente que não gosta de gente! Ah não ser é claro, se for "gente bonita"...
Será que o cine Marabá aguenta? Pois está localizado no centrão da cidade, a não ser que permaneça até a tão sonhada re-urbanização do centro, que almeja ter boulevards, como nas capitais européias, mas tem que sumir com a "gente feia" dalí... Tá bom...
Enquanto isso, o Marabá tem que se virar, passando alguma bobagem de cartoon 3D ou filme com artísta de novela global, para pagar as contas. Quem vai querer assistir O Sétimo Selo ou algum filme do Dogma num sabadão à tarde no centrão, com rapa, dvd do tapa olho a 5 mango, dorme-sujos, 2 cines pornozão em frente, algum nóia, invasões dos Sem-Teto, etc? Só us guerrêro, meu caro...
