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quinta-feira, outubro 20, 2016
From The Past Comes The Storms (Até que ponto nostalgia é saudável)
"Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára Não pára, não, não pára" - Cazuza
Pois é, quase 30 anos se foram desde que ele escreveu estas frases e a mentalidade humana em certas questões se mantém as mesmas, algumas para o bem, outras, como posso dizer... não tão bem assim.
Resolvi escrever este texto sobre algo que já tenho notado nestes últimos anos, pelo fato de ver o impacto na arte, no comportamento e valores na sociedade. Provavelmente pouquíssimas pessoas terão algum interesse em debater sobre isso, tanto aqui, tanto no grupo do Sonorica do Facebook.
Eu já tinha abordado a questão dos discos de vinil aqui (http://sonorica.blogspot.com.br/search/label/vinil), e também tenho notado o crescente número de grupos, bandas que retornam aos palcos ou até gravações, após seu fim. E não se trata de uma pausa em aberto que esses artistas escolheram, mas realmente o ciclo havia se encerrado, seja pela conclusão de um trabalho, como foi no caso do The Police, que encerrou suas atividades em 1985 pelos seus três integrantes concluírem em comum acordo, que era hora de encerrar e partirem para novos horizontes. Claro que fizeram reuniões até 2008 para relembrar os velhos tempos, mas felizmente até agora, estão voltados ao presente em suas carreiras e vidas particulares Ok, isso faz parte, como diz o slogan: "Recordar é viver". Mas nestes últimos anos, essa nostalgia tem recebido mais destaque do que deveria e praticamente estamos vivendo do passado.
Refilmagens, re-edições, re-gravações, re-lançamentos, vintage, retrô em quase todos os lugares.
Ironicamente, em uma das formas mais antigas de expressão artística, a literatura, não se tem notícias de autores re-escrevendo suas obras, ou fazendo um "remake", apenas as re-edições que normalmente ocorrem, com apenas novas artes de capa ou até mudança de editora, mas a obra em si permanece intacta.
No cinema, que é considerada a sétima arte, tem pouco mais que um século de existência e já se rende largamente aos remakes. A impressão que tenho é que há uma crise criativa entre os roteiristas. Neste século XXI, que era imaginado como a era do futuro e das novíssimas tecnologias, encabeçada pela informática, nunca houveram tantas refilmagens no mercado cinematográfico.
A parte do formato de mídia musical não vou me aprofundar, pois já escrevi sobre isto no link acima no texto, mas também, mesmo não se tratando apenas de vinil e fita k7, também há lançamentos em e CD e DVD de obras do passado, com sobras de gravação que foram rejeitadas pelos criadores e produtores. Bem, creio que houveram motivos plausíveis para rejeitar tais registros. Mas para o fã saudosista o refugo vira ouro. Um exemplo é o CD box do Funhouse do The Stooges. Vários takes e apenas introduções de algumas músicas que falharam. Se alguém é fã, fique em paz, cada um tem seus desejos e gostos, isto é apenas para reflexão sobre consumo. Vale pensar à respeito, sobre pagar um valor mais alto por algo feito no passado e que foi rejeitado pelos seus criadores, a não ser que ache que saiba mais o que é melhor fazer com essas coisas que o próprio Iggy Pop... (desculpe a ironia)
Bandas e grupos que resolvem retomar a carreira depois de longo tempo após a ruptura ou fim da carreira. Geralmente isso acontece com bandas de rock, que é, quer queira ou não, um símbolo de juventude, rebeldia (mesmo que seja pseudo). Às vezes se torna um freak show, com os integrantes mais velhos e não tendo obviamente aquele vigor físico, aparência do passado. Cruelmente o mercado de consumo impõe uma ditadura da beleza sem rugas e cabelos grisalhos. De um lado vendem a nostalgia e do outro, os cremes "anti-idade".
Nesta questão de bandas e grupos que voltam à ativa, gostaria de analisar alguns pontos.
Como disse antes, ok, não é nada nocivo um grupo relembrar seus bons tempos, como um encontro de amigos de longa data, levando em conta que os ex-membros estão realizados com suas carreiras atuais ou mudanças no estilo de vida.
Casos em que seus ex-integrantes buscam uma espécie de "fonte da juventude" ou "máquina do tempo" para se sentirem jovens novamente, tentando reencontrar algo que ficou ou foi esquecido ou perdido no passado.
Há casos em que os ex-integrantes não estão lá muito bem em vários aspectos em suas vidas atuais e encontram no chamado revival, uma chance de garantir algum meio de sobrevivência financeira e até existencial. Nesses casos, nem todos se encontram nesta situação e acabamos presenciando embates registrados nas mídias de batalhas judiciais em relação a direitos autorais, retornos de bandas que chegam a ter apenas um integrante, seja por ser o único a querer revisitar o passado, seja por ser o único sobrevivente ou no caso mais grave, relações irreconciliáveis que apenas se suportam para suprir suas necessidades financeiras ou realmente apenas de auto estima. Quem acompanhou a mídia especializada musical, provavelmente viu, leu ou ouviu sobre bandas que chegaram ao ponto de cancelarem turnês devido ao clima insuportável entre os colegas ou ex-colegas de banda.
Mas também há alguns casos alegres! Bandas que interromperam suas trajetórias por força maior e circunstâncias da vida, onde antigas amizades foram restauradas e um bom sinal disso:
Se reúnem para criar novas obras!
Mas são poucos e poucas que conseguem tal feito. Mas se levar no lado positivo, também há um aprendizado. Se não foi frutífero e satisfatório tentar novamente, não foi possível gerar novos frutos, os envolvidos não ficarão com dúvidas e frustrações por não terem tentado.
Tudo bem, não acho de maneira alguma que deveria se extinguir os revivals, remakes e rerturns of...
mas do jeito que está, seria prudente observar e analisar o que está acontecendo na arte e entretenimento.
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sexta-feira, julho 29, 2016
Olimpíadas + Machismo + Sexismo + Vaidade = Esporte perde...
Hoje deparei com a notícia sobre Amanda Simeão, de 22 anos, que participará pela primeira vez de uma Olimpíada. Ela foi escolhida pela Playboy para um ensaio sensual sem nudez e sem ser capa da revista e ela aceitaria se não houvesse o veto do Exército Brasileiro, por ser 3º sargento.
Ela afirmou que seria bom para o esporte (?), falaria como atleta e empresária (está abrindo uma academia de esgrima), por isso queria muito... Aí me vem a pergunta: Até que ponto isso realmente seria benéfico para o esporte? Desde quando a revista Playboy é referência na divulgação e principalmente, incentivo ao esporte? Só existe a revista masculina como meio eficaz de divulgação na mídia? Gostaria de saber quantas pessoas começaram a praticar algum esporte olímpico por causa da Playboy...
Em contrapartida também deparei com publicações recentes nas redes sociais, sobre o machismo. Eu já tinha comentado por lá sobre as mulheres se submeterem às campanhas publicitárias de bebidas alcoólicas nas quais são expostas meramente como objeto sexual. Fica complicado algumas mulheres atribuírem a culpa disso tudo apenas aos homens, já que as próprias mulheres contribuem para o machismo. Afinal é praticamente zero o número de mulheres que se submetem à isso por necessidade, a não ser as que se prostituem e mesmo assim, nem todas que se prostituem estão trabalhando pelo pão de casa dia e sim, por outros motivos que não vem ao caso agora e não me cabe julgar, assim como este texto não tem propósito de juízo e sim, apenas para reflexão.
Não temos tantos programas de esporte na TV, publicações impressas, rádio, internet?
BY ALL MEANS NECESSARY?
Ela afirmou que seria bom para o esporte (?), falaria como atleta e empresária (está abrindo uma academia de esgrima), por isso queria muito... Aí me vem a pergunta: Até que ponto isso realmente seria benéfico para o esporte? Desde quando a revista Playboy é referência na divulgação e principalmente, incentivo ao esporte? Só existe a revista masculina como meio eficaz de divulgação na mídia? Gostaria de saber quantas pessoas começaram a praticar algum esporte olímpico por causa da Playboy...
Em contrapartida também deparei com publicações recentes nas redes sociais, sobre o machismo. Eu já tinha comentado por lá sobre as mulheres se submeterem às campanhas publicitárias de bebidas alcoólicas nas quais são expostas meramente como objeto sexual. Fica complicado algumas mulheres atribuírem a culpa disso tudo apenas aos homens, já que as próprias mulheres contribuem para o machismo. Afinal é praticamente zero o número de mulheres que se submetem à isso por necessidade, a não ser as que se prostituem e mesmo assim, nem todas que se prostituem estão trabalhando pelo pão de casa dia e sim, por outros motivos que não vem ao caso agora e não me cabe julgar, assim como este texto não tem propósito de juízo e sim, apenas para reflexão.
Não temos tantos programas de esporte na TV, publicações impressas, rádio, internet?
BY ALL MEANS NECESSARY?
sexta-feira, março 04, 2016
Artesanal é? Sei...
Cada povo tem o rei que merece, já dizia a frase popular. O Brasil é um país de dimensões continentais com problemas na mesma proporção e um dos seus inúmeros, é uma educação extremamente deficiente que gera uma cultura problemática, e um de seus efeitos colaterais, é a superficialidade. Mas o que isso tem haver com o artesanato?
Vamos lá. Esse problema com a superficialidade é que a estética ou aparência se torna mais importante que o conteúdo e não me refiro á respeito de teorias complicadas sobre isso, mas num conceito simples e prático. Qualquer salgadinho industrializado de baixo valor disponível em supermercados se encontra os tais sabores com ervas finas, azeite com não sei o que, etc. Colocam uma mistura química qualquer que tenta emular o sabor e muitas destas substâncias sequer possuem o elemento que tentam reproduzir. Mas isso é apenas um exemplo e não é esse o foco do texto.
O bairro em que nasci se tornou um local enfadonho, um refúgio para a classe média que busca alguma sofisticação em serviços. Até uma simples compra no mercado se torna um "evento", lugar de gente feliz...
Triplicaram os estabelecimentos que servem refeições sob o temido rótulo "gourmet". E lá vamos nós recorrer ao significado das palavras:
Gourmet: Personne qui goûte la bonne cuisine en connaisseur. Ou seja, pessoa que aprecia a boa cozinha, que tem um conhecimento avançado em culinária e tem um paladar refinado apto para degustar pratos não convencionais. Daí o chef tem que fazer adaptações porquê o paladar brasileiro não está habituado a certos tipos de ingredientes... Aí o sujeito se enche de soberba porque foi à um bristrô mas ficou com nojinho do steak tartare...wtf!
Mas o que o artesanal tem haver com isso? Então, esses tipos de estabelecimento usam como atrativo o rótulo de artesanal. Tudo é artesanal e caro.
Novamente vamos ao significado das palavras:
Artesanato é essencialmente o próprio trabalho manual ou produção de um artesão (de artesão + ato). Mas com a mecanização da indústria o artesão é identificado como aquele que produz objetos pertencentes à chamada cultura popular.
O artesanato é tradicionalmente a produção de caráter familiar, na qual o produtor (artesão) possui os meios de produção (sendo o proprietário da oficina e das ferramentas) e trabalha com a família em sua própria casa, realizando todas as etapas da produção, desde o preparo da matéria-prima, até o acabamento final; ou seja, não havendo divisão do trabalho ou especialização para a confecção de algum produto. Em algumas situações o artesão tinha junto a si um ajudante ou aprendiz.
Daí o espertalhão proprietário do restaurante contrata desconhecidos para trabalharem no seu estabelecimento e não são a maioria que está contente com sua remuneração por mão de obra, que se assemelha a uma linha de montagem.
Vamos lá. Esse problema com a superficialidade é que a estética ou aparência se torna mais importante que o conteúdo e não me refiro á respeito de teorias complicadas sobre isso, mas num conceito simples e prático. Qualquer salgadinho industrializado de baixo valor disponível em supermercados se encontra os tais sabores com ervas finas, azeite com não sei o que, etc. Colocam uma mistura química qualquer que tenta emular o sabor e muitas destas substâncias sequer possuem o elemento que tentam reproduzir. Mas isso é apenas um exemplo e não é esse o foco do texto.
O bairro em que nasci se tornou um local enfadonho, um refúgio para a classe média que busca alguma sofisticação em serviços. Até uma simples compra no mercado se torna um "evento", lugar de gente feliz...
Triplicaram os estabelecimentos que servem refeições sob o temido rótulo "gourmet". E lá vamos nós recorrer ao significado das palavras:
Gourmet: Personne qui goûte la bonne cuisine en connaisseur. Ou seja, pessoa que aprecia a boa cozinha, que tem um conhecimento avançado em culinária e tem um paladar refinado apto para degustar pratos não convencionais. Daí o chef tem que fazer adaptações porquê o paladar brasileiro não está habituado a certos tipos de ingredientes... Aí o sujeito se enche de soberba porque foi à um bristrô mas ficou com nojinho do steak tartare...wtf!
Mas o que o artesanal tem haver com isso? Então, esses tipos de estabelecimento usam como atrativo o rótulo de artesanal. Tudo é artesanal e caro.
Novamente vamos ao significado das palavras:
Artesanato é essencialmente o próprio trabalho manual ou produção de um artesão (de artesão + ato). Mas com a mecanização da indústria o artesão é identificado como aquele que produz objetos pertencentes à chamada cultura popular.
O artesanato é tradicionalmente a produção de caráter familiar, na qual o produtor (artesão) possui os meios de produção (sendo o proprietário da oficina e das ferramentas) e trabalha com a família em sua própria casa, realizando todas as etapas da produção, desde o preparo da matéria-prima, até o acabamento final; ou seja, não havendo divisão do trabalho ou especialização para a confecção de algum produto. Em algumas situações o artesão tinha junto a si um ajudante ou aprendiz.
Daí o espertalhão proprietário do restaurante contrata desconhecidos para trabalharem no seu estabelecimento e não são a maioria que está contente com sua remuneração por mão de obra, que se assemelha a uma linha de montagem.
Pronto, jé é a permissão para se cobrar muito caro pelo produto e serviço ofertado. E isso sem contar com a possibilidade do estabelecimento usar matéria prima industrializada para confeccionar seu produto artesanal (isso no caso de um restaurante que poderia usar um ingrediente que poderia ser confeccionado de forma verdadeiramente artesanal).
Mas quem se importa? Vivemos esta cultura da superficialidade, das aparências e se paga caro por isso. E no mais, este é apenas um texto qualquer de internet. We're just a minor threat.
"Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo?" - Eclesiastes 7:16
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sábado, fevereiro 06, 2016
Freedom of Speech... Just Watch What You Say! (Esta postagem não se trata de discos)
"Liberdade de expressão... apenas observe o que você diz!".
"Expressar sua opinião". Heresia: Do latim haerĕsis, e do grego (αἵρεσις): "escolha" ou "opção". É a doutrina ou linha de pensamento contrária ou diferente de um credo ou sistema de um ou mais credos religiosos que pressuponha(m) um sistema doutrinal organizado ou ortodoxo. A palavra pode referir-se também a qualquer "deturpação" de sistemas filosóficos instituídos, ideologias políticas, paradigmas científicos, movimentos artísticos, ou outros.
Atualmente o cenário político/econômico brasileiro se agravou muito nos últimos anos e o facebook tem sido usado com mais frequência para a manifestação das opiniões das pessoas. Até aí tudo bem, "voice your opinion" e "freedom of speech"... Just Watch What You Say!
O facebook tem sido palco principal do afloramento de sentimentos terríveis do ser humano, como ódio, intolerância, ignorância, etc. Dificilmente uma exposição de uma simples opinião não se torna uma briga virtual. O debate dificilmente consegue se concluir sem ofensas. As pessoas não querem ser contrariadas, apenas querem que você simplesmente concorde com a opinião que elas publicam na timeline do perfil de seus facebook's. Quando se publica algo lá, tem uma opção que possibilita escolher para quem estará disponível para ver, ler, ouvir e...comentar. Assim também quem publica tem a escolha e o direito de apagar algo que não lhe agrade termos de comentários. Eu particularmente uso quando necessário essas opção de subtrair algo que não concordo ou não gosto, tanto em comentários em minhas publicações, assim como faço uso de outra opção que o facebook oferece: Ocultar ou não visualizar mais as publicações que não há interesse ou até ofendem, sem a necessidade de retirar alguma pessoa do perfil do facebook. Sim! As pessoas erram, cometem excessos, é a natureza do ser humano. Ainda bem que há essa opção, pois continuo a gostar das pessoas, não quero excluí-las apenas por terem opiniões diferentes ou contrárias às minhas. Também não tenho o menor interesse em convencê-las a mudarem de opinião para que concordem comigo. Elas tem o direito de serem livres e se não se importam se vão ofender alguém, aí é com elas.
Mas aí também é que está um grande problema. Só elas "podem" fazer isso. Quando alguém rebate à altura do que elas fazem, elas não toleram, ficam irritadas, agressivas, ofensivas. Elas não querem ser contrariadas e não aceitam que haja opinião contrária e sempre tem que ofender quem é contrário.
Se alguém rebate algo que você publicou, pode até debater o assunto de forma coerente, sem ofensas ou simplesmente ignorar. Sim! Por que perder tempo com alguém que provavelmente não vai mudar de opinião? A não ser que goste de brigar, ofender, ficar irritado, etc...
Por ser tudo virtual, as pessoas geralmente tomam coragem de afirmar coisas que pessoalmente não falariam ou fariam. E também gera muitos enganos e interpretações erradas sobre o que a pessoa está falando ou exibindo online. Veja o caso dos "likes" do facebook, há pessoas que se ofendem por você não dar o seu "like" no post dela. Imagine que você tenha pelo menos uma centena de amigos em sua rede e todos sempre publicando diversos posts diariamente. Às vezes escapa algo e você não viu, pois a timeline vai rolando, não é mesmo?
O tragicômico disso tudo, é que esse tipo de comportamento tem partido de pessoas que possuem um grau de instrução acima da média da população brasileira, além de serem pessoas que se consideram libertárias, até de esquerda, que combatem ferozmente a ditadura, imperialismo, capitalismo selvagem, moralismo, etc e etc. E no fim das contas elas agem como os líderes que deturparam o idealismo libertário, acabam agindo ideologicamente como Stalin, Mao Tse Tung, etc.
Enfim, este texto é apenas uma reflexão de uma opinião estritamente particular minha, sem valor algum para a sociedade, não tem nenhum propósito para debates, seria inútil, não estou querendo convencer ninguém a pensar igual ou até parecido, é apenas realmente para reflexão, para auto avaliação, para quem quiser refletir. No mais, fique apenas nos "likes" ;)
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quinta-feira, janeiro 21, 2016
The return of living dead...(oh não! De novo esse assunto sobre a volta do vinil? O que, k7 também?!)
Pois é, e lá vamos nós novamente falar sobre o tal do disco de vinil. Como tenho percebido que nos últimos anos o simples fato de expor uma opinião gera um tipo de atrito que ultrapassa as fronteiras do bom senso, beirando à um conflito de fanatismo religioso, já aviso que tenho 3 estantes lotadas de discos de vinil, gosto deste formato e ainda em tempo, este texto é apenas uma opinião particular de minha parte a qual tem pouca importância para minha vida. Também ainda tenho centenas de fitas k7. Só me adaptei aos novos tempos, então tenho mais de 1000 Compact Discs e cerca de 500GB de arquivos em mp3 em compressão 320kbps, FLAC, WAV.
Se sou contra a volta do vinil e do k7? Efetivamente não ligo no sentido de apoiar, mas o tipo de comportamento que esse "revival" tem causado, me inclina à desaprovar esse retorno dos mortos vivos.
1º impacto negativo: Inflação do mercado.
O que era um moribundo no meio dos anos 90 se tornou um vilão como Jason Voorhees, Michael Myers ou Freddy Krueger, ressurgido das trevas. OK, sempre houveram discos caros, principalmente os importados ou as edições nacionais fora de prensagem, mas as prensagens nacionais em catálogo, que sobravam aos montes em sebos, que eram vendidas em lojas de departamento junto aos eletrodomésticos (hoje em dia seria um Walmart, Carrefour, Lojas Americanas, etc), vendidos de centavos à poucos R$, hoje em dia, são vendidos por pelo menos R$30,00 e detalhe, sem estar em boas condições de conservação;
2º impacto negativo: Fetiche consumista.
Definitivamente nada contra o fetiche do vinil, desde que isso não ultrapasse o bom senso. Até que ponto ter um LP é tão importante? "Mas a arte da capa, o encarte, o selo, pegar no disco, a experiência sensorial do tato, etc..." Tudo bem, OK, cada um com sua preferência, mas a que preço? Fora que muitos nem escutam os discos, é apenas um troféu à ser exibido em seus círculos sociais.
Ainda existe a fatídica questão da tal qualidade superior de áudio do vinil para os formatos digitais. Não vou entrar nesta questão por ser extremamente exaustiva e seria uma perda de tempo, pois quem defende essa tal qualidade superior, se apoia em uma fé cega (ou seria surda?).
Enfim, a música acaba se tornando um fator secundário no mínimo quando entram estas questões.
3 º impacto negativo: Elitismo
Isso está diretamente vinculado ao 1º e 2º fator acima. Quem é que tem pelo menos R$70,00 para comprar um disco? Geralmente as reedições custam mais de R$100,00, sendo que teriam de ser mais em conta, pois não houve custo adicional na produção musical, ou seja, o artista não gastou horas de estúdio e outras despesas, como matriz, arte de capa, etc.
Cai entre nós, vivemos em um país miserável, onde o salário mínimo é de R$880,00 (vigorando desde 01/01/2016). Faça as contas, levando em consideração que a maioria da população (vamos centralizar na capital paulistana) no máximo (no máximo mesmo) ganha até 6 salários mínimos e dessa porção, a esmagadora maioria não ultrapassa os R$2.500,00 por mês. No quesito moradia, no mínimo R$1.000,00 em despesas, sem contar com a alimentação, vestuário, saúde. Então, pobres, lamentamos que esteja fora desta fatia de mercado de consumo exclusivo. Pelo menos não tem o mesmo impacto negativo dos smartphones, mas...
4º impacto negativo: Impacto ambiental
Ah não, lá vem o discurso ativista ecológico greenpeace ou até black block, petista, hippie, esquerdista ou que seja...
Alô, tem alguém em casa? Já não é notório o impacto ambiental negativo causado pela indústria de consumo? Mas o que é agora, vai colocar a culpa do vinil pelo aquecimento global? Bem, se utilizarmos o bom senso, deixando de lado opiniões estritamente pessoais, basta somar 1+1.
Qual a matéria prima do disco de vinil? PVC.
*Polivinil cloreto, comumente conhecido como "PVC" ou "vinil" é um dos materiais sintéticos mais comuns, o PVC é uma resina versátil e aparece em centenas de diferentes formulações e configurações. Acima de 7 milhões de toneladas de PVC são atualmente produzidos por ano nos EUA. Mas fique tranquilo, Aproximadamente 75% de todo ele manufaturado é usado em materiais de construção.
PVC: O maior desastre ambiental sobre a saúde.
Ele é o pior plástico sob a perspectiva da saúde ambiental, colocando maiores prejuízos quando de sua fabricação, sobre tempo e vida dos produtos feitos com ele e por fim quando é jogado fora.
Subprodutos tóxicos de sua fabricação.
Dioxina (o mais potente carcinogênico conhecido), dicloroeteno (ou sua antiga denominação: etileno dicloreto) e cloreto de vinil são involuntariamente gerados na produção de PVC e podem causar severos problemas de saúde, como:
Câncer;
Disruptor endócrino;
Endometriose;
Danos neurológicos;
Defeito de nascimento e comprometimento no desenvolvimento infantil; e
Danos nos sistemas reprodutivo e imunológico.
Nos EUA, o PVC é fabricado predominantemente próximos de comunidades de baixa renda no Texas e na Louisiana. O impacto tóxico da poluição em três destas fábricas nestas comunidades tem feito delas o foco do movimento de justiça ambiental.
Impacto global:
O impacto da dioxina não para aí. Como um poluente bioacumulativo tóxico (PBT), não se decompõe rapidamente e viaja através do planeta, acumulando-se nos tecidos gordurosos e concentrando-se assim que vai subindo na cadeia alimentar. Dioxinas da fábrica de Louisiana migram pelos ventos e se concentra nos peixes dos Grandes Lagos. Elas são mesmo encontradas em perigosas concentrações nos tecidos da baleias, dos ursos polares e, finalmente, no leite materno do povo esquimó Inuit. A exposição média de dioxina dos norte-americanos já alcança risco calculado de câncer tão grande quanto 1 para 1.000 – milhares de vezes maior dos que o padrão usual para um risco aceitável. Mais dramáticas são as concentrações de dioxina no leite materno a um ponto que os bebês agora recebem altas doses, em ordem de magnitude maior do que as médias dos adultos.
Risco dos terroristas:
O relatório de 2002, encomendado pela Força Aérea dos EUA para a Rand Corporation, onde identifica o armazenamento de gás cloro e meios de transporte como maiores alvos químicos para ataques terroristas, citando exemplos de uma série de ameaças e ataques já realizados em todo o mundo. O cloro usado como principal matéria-prima para na fabricação de PVC e o seu transporte através de comboios para abastecimento destas fábricas, torna toda esta cadeia do processo altamente vulnerável. Um simples ataque terrorista poderia liberar uma nuvem tóxica que se espalharia por quilômetros, colocando milhões de vidas em um perigo potencial.
A melhor segurança é optarmos por materiais seguros que não necessitem cloro. A produção de PVC é o maior consumidor específico de cloro e assim reduzir seu uso, representa o maior passo que poderemos dar para reduzirmos o risco de desastres com este elemento químico, acidental ou intencionalmente.
Aditivos letais:
O PVC é inútil sem não houver a adição de uma infinidade de estabilizadores tóxicos – como o chumbo, cádmio e estanho – e dos plastificantes ftalatos. Eles lixiviam ou volatilizam do PVC todo o tempo aumentando os riscos que incluem asma, envenenamento por chumbo e câncer.
Incêndio mortamente perigoso:
O PVC representa um grande risco nos incêndios de prédios, já que ele libera gases mortais por largo tempo depois que ele inflama, assim como o cloreto de hidrogênio se transforma em ácido clorídrico quando inalado. Enquanto ele queima, tanto acidentalmente ou na incineração de lixo, vai liberando dioxinas cada vez mais tóxicas. O PVC queimado em aterros de lixo pode ser agora a maior fonte de dioxinas liberadas no ambiente.
Não pode ser facilmente reciclado:
A multitude de aditivos requeridos para fazer o PVC utilizável, torna a reciclagem pós-consumo, em grande escala, quase impossível para a maioria dos produtos, interferindo na reciclagem de outros plásticos. De um estimado de 3,5 milhões de toneladas de PVC são jogadas fora nos EUA, e apenas 7 mil - menos da metade de 1% - é reciclada. A Association of Post Consumer Plastics Recyclers (nt.: Associação de Recicladores de Plásticos Pós-Consumo) declarou que os esforços para reciclar o PVC são falhos e classificou-o, em 1998, como um contaminante.
* fonte: https://www.healthybuilding.net/
Mas que importância isso tem, não é? O que é utilizado na produção de discos de vinil talvez não chegue a 1%. E a produção de celulose para as capas, selos, encartes? Também terá um aumento na produção de porcentagem mínima em relação à produção total.
Para quem entende um pouco de mercado financeiro, sabe o quanto faz de diferença a porcentagem de 0,1% em diversas situações. Levando em consideração que mesmo a matéria prima produzida de forma sintética não brota do nada e depende de recursos naturais que não são infinitos, esta insignificante porcentagem pode fazer uma diferença considerável à longo prazo.
Mas quem se importa? Essas novas gerações nem ligam pra disco de vinil, só fazem download de mp3, eles que se virem com o meio ambiente no futuro...
Se sou contra a volta do vinil e do k7? Efetivamente não ligo no sentido de apoiar, mas o tipo de comportamento que esse "revival" tem causado, me inclina à desaprovar esse retorno dos mortos vivos.
1º impacto negativo: Inflação do mercado.
O que era um moribundo no meio dos anos 90 se tornou um vilão como Jason Voorhees, Michael Myers ou Freddy Krueger, ressurgido das trevas. OK, sempre houveram discos caros, principalmente os importados ou as edições nacionais fora de prensagem, mas as prensagens nacionais em catálogo, que sobravam aos montes em sebos, que eram vendidas em lojas de departamento junto aos eletrodomésticos (hoje em dia seria um Walmart, Carrefour, Lojas Americanas, etc), vendidos de centavos à poucos R$, hoje em dia, são vendidos por pelo menos R$30,00 e detalhe, sem estar em boas condições de conservação;
2º impacto negativo: Fetiche consumista.
Definitivamente nada contra o fetiche do vinil, desde que isso não ultrapasse o bom senso. Até que ponto ter um LP é tão importante? "Mas a arte da capa, o encarte, o selo, pegar no disco, a experiência sensorial do tato, etc..." Tudo bem, OK, cada um com sua preferência, mas a que preço? Fora que muitos nem escutam os discos, é apenas um troféu à ser exibido em seus círculos sociais.
Ainda existe a fatídica questão da tal qualidade superior de áudio do vinil para os formatos digitais. Não vou entrar nesta questão por ser extremamente exaustiva e seria uma perda de tempo, pois quem defende essa tal qualidade superior, se apoia em uma fé cega (ou seria surda?).
Enfim, a música acaba se tornando um fator secundário no mínimo quando entram estas questões.
3 º impacto negativo: Elitismo
Isso está diretamente vinculado ao 1º e 2º fator acima. Quem é que tem pelo menos R$70,00 para comprar um disco? Geralmente as reedições custam mais de R$100,00, sendo que teriam de ser mais em conta, pois não houve custo adicional na produção musical, ou seja, o artista não gastou horas de estúdio e outras despesas, como matriz, arte de capa, etc.
Cai entre nós, vivemos em um país miserável, onde o salário mínimo é de R$880,00 (vigorando desde 01/01/2016). Faça as contas, levando em consideração que a maioria da população (vamos centralizar na capital paulistana) no máximo (no máximo mesmo) ganha até 6 salários mínimos e dessa porção, a esmagadora maioria não ultrapassa os R$2.500,00 por mês. No quesito moradia, no mínimo R$1.000,00 em despesas, sem contar com a alimentação, vestuário, saúde. Então, pobres, lamentamos que esteja fora desta fatia de mercado de consumo exclusivo. Pelo menos não tem o mesmo impacto negativo dos smartphones, mas...
4º impacto negativo: Impacto ambiental
Ah não, lá vem o discurso ativista ecológico greenpeace ou até black block, petista, hippie, esquerdista ou que seja...
Alô, tem alguém em casa? Já não é notório o impacto ambiental negativo causado pela indústria de consumo? Mas o que é agora, vai colocar a culpa do vinil pelo aquecimento global? Bem, se utilizarmos o bom senso, deixando de lado opiniões estritamente pessoais, basta somar 1+1.
Qual a matéria prima do disco de vinil? PVC.
*Polivinil cloreto, comumente conhecido como "PVC" ou "vinil" é um dos materiais sintéticos mais comuns, o PVC é uma resina versátil e aparece em centenas de diferentes formulações e configurações. Acima de 7 milhões de toneladas de PVC são atualmente produzidos por ano nos EUA. Mas fique tranquilo, Aproximadamente 75% de todo ele manufaturado é usado em materiais de construção.
PVC: O maior desastre ambiental sobre a saúde.
Ele é o pior plástico sob a perspectiva da saúde ambiental, colocando maiores prejuízos quando de sua fabricação, sobre tempo e vida dos produtos feitos com ele e por fim quando é jogado fora.
Subprodutos tóxicos de sua fabricação.
Dioxina (o mais potente carcinogênico conhecido), dicloroeteno (ou sua antiga denominação: etileno dicloreto) e cloreto de vinil são involuntariamente gerados na produção de PVC e podem causar severos problemas de saúde, como:
Câncer;
Disruptor endócrino;
Endometriose;
Danos neurológicos;
Defeito de nascimento e comprometimento no desenvolvimento infantil; e
Danos nos sistemas reprodutivo e imunológico.
Nos EUA, o PVC é fabricado predominantemente próximos de comunidades de baixa renda no Texas e na Louisiana. O impacto tóxico da poluição em três destas fábricas nestas comunidades tem feito delas o foco do movimento de justiça ambiental.
Impacto global:
O impacto da dioxina não para aí. Como um poluente bioacumulativo tóxico (PBT), não se decompõe rapidamente e viaja através do planeta, acumulando-se nos tecidos gordurosos e concentrando-se assim que vai subindo na cadeia alimentar. Dioxinas da fábrica de Louisiana migram pelos ventos e se concentra nos peixes dos Grandes Lagos. Elas são mesmo encontradas em perigosas concentrações nos tecidos da baleias, dos ursos polares e, finalmente, no leite materno do povo esquimó Inuit. A exposição média de dioxina dos norte-americanos já alcança risco calculado de câncer tão grande quanto 1 para 1.000 – milhares de vezes maior dos que o padrão usual para um risco aceitável. Mais dramáticas são as concentrações de dioxina no leite materno a um ponto que os bebês agora recebem altas doses, em ordem de magnitude maior do que as médias dos adultos.
Risco dos terroristas:
O relatório de 2002, encomendado pela Força Aérea dos EUA para a Rand Corporation, onde identifica o armazenamento de gás cloro e meios de transporte como maiores alvos químicos para ataques terroristas, citando exemplos de uma série de ameaças e ataques já realizados em todo o mundo. O cloro usado como principal matéria-prima para na fabricação de PVC e o seu transporte através de comboios para abastecimento destas fábricas, torna toda esta cadeia do processo altamente vulnerável. Um simples ataque terrorista poderia liberar uma nuvem tóxica que se espalharia por quilômetros, colocando milhões de vidas em um perigo potencial.
A melhor segurança é optarmos por materiais seguros que não necessitem cloro. A produção de PVC é o maior consumidor específico de cloro e assim reduzir seu uso, representa o maior passo que poderemos dar para reduzirmos o risco de desastres com este elemento químico, acidental ou intencionalmente.
Aditivos letais:
O PVC é inútil sem não houver a adição de uma infinidade de estabilizadores tóxicos – como o chumbo, cádmio e estanho – e dos plastificantes ftalatos. Eles lixiviam ou volatilizam do PVC todo o tempo aumentando os riscos que incluem asma, envenenamento por chumbo e câncer.
Incêndio mortamente perigoso:
O PVC representa um grande risco nos incêndios de prédios, já que ele libera gases mortais por largo tempo depois que ele inflama, assim como o cloreto de hidrogênio se transforma em ácido clorídrico quando inalado. Enquanto ele queima, tanto acidentalmente ou na incineração de lixo, vai liberando dioxinas cada vez mais tóxicas. O PVC queimado em aterros de lixo pode ser agora a maior fonte de dioxinas liberadas no ambiente.
Não pode ser facilmente reciclado:
A multitude de aditivos requeridos para fazer o PVC utilizável, torna a reciclagem pós-consumo, em grande escala, quase impossível para a maioria dos produtos, interferindo na reciclagem de outros plásticos. De um estimado de 3,5 milhões de toneladas de PVC são jogadas fora nos EUA, e apenas 7 mil - menos da metade de 1% - é reciclada. A Association of Post Consumer Plastics Recyclers (nt.: Associação de Recicladores de Plásticos Pós-Consumo) declarou que os esforços para reciclar o PVC são falhos e classificou-o, em 1998, como um contaminante.
* fonte: https://www.healthybuilding.net/
Mas que importância isso tem, não é? O que é utilizado na produção de discos de vinil talvez não chegue a 1%. E a produção de celulose para as capas, selos, encartes? Também terá um aumento na produção de porcentagem mínima em relação à produção total.
Para quem entende um pouco de mercado financeiro, sabe o quanto faz de diferença a porcentagem de 0,1% em diversas situações. Levando em consideração que mesmo a matéria prima produzida de forma sintética não brota do nada e depende de recursos naturais que não são infinitos, esta insignificante porcentagem pode fazer uma diferença considerável à longo prazo.
Mas quem se importa? Essas novas gerações nem ligam pra disco de vinil, só fazem download de mp3, eles que se virem com o meio ambiente no futuro...
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sábado, agosto 22, 2015
Jazz Na Fábrica... Como somos provincianos!
Início da noite de 16 de Agosto de 2015. Fazia um tempo consideravelmente longo que não prestigiava uma apresentação musical deste gênero e nestas circunstâncias. Ah, os festivais internacionais de jazz em São Paulo... Os mais notórios tinham nome de empresas e produtos que causam grandes males à saúde e de um certo modo, à humanidade. Ainda existe um ou outro festival com essa estratégia de marketing, vendendo um produto para um público alvo classificado como sofisticado.
O SESC à seu modo, tenta incluir o grande público em nichos da arte que naturalmente são segregados por motivos sócio-econômicos que obviamente refletem culturalmente, afinal, quase todo mundo sabe que cultura não é só entretenimento, arte, museus, etc e etc. Então o festival Jazz Na Fábrica chega ser um dever cívico desta instituição do setor privado.
Os festivais anteriores até tentaram "ousar" nas atrações, mas ao longo dos anos, por questões mercadológicas, essa ousadia praticamente definhou. Por que? Essa questão de mercado é mais importante do que a tal da cultura obviamente. Status não aumenta o saldo do caixa. Imagine uma programação apenas com Peter Brötzmann, Roscoe Mitchell, Ken Vandermark, Mats Gustafsson, Evan Parker. Haveria público para preencher um espaço de um ginásio de esportes?
Os festivais de jazz patrocinados por grandes empresas sempre tiveram esse foco insólito de público "A", mas também suponho que a maioria sabe que a opulência nunca garantiu um refinamento e alto nível cultural, ainda mais no Brasil, onde foi adotada uma modalidade do sistema capitalista em sua forma mais agressiva. Isso vem desde os primórdios, pois também a esta altura do campeonato quase todos sabem que categoria de cidadãos oriundos da península ibérica vieram parar nestas terras "selvagens" para dominar (coxa de frango no bolso).
Bem, vamos ao assunto em questão, isto foi apenas um breve rascunho introdutório como base.
Por um lado que o SESC foi criado para atender culturalmente o proletariado do setor de comércio, seja com arte, esporte e lazer, isso de maneira alguma resultou em uma estrutura de 2ª categoria, visto que existe um pensamento elitista e abominável de que o dito "povão" não precisa de coisas de qualidade superior, qualquer banqueta de "prástico" já está de bom tamanho (?!).
Em alguns termos relativos, sim, infelizmente chega a ser verdade, mas isso foi condicionado à população de baixo poder aquisitivo. Pergunte à um pobre se ele gosta de morar num barraco na favela. Pois é...
Mas o SESC sempre proporcionou uma estrutura de alta qualidade e à muito tempo, tanto que me lembro quando meu pai trabalhava no setor comerciário e na minha infância desfrutávamos desta estrutura de ótima qualidade.
Hoje em dia, a maioria dos artistas que não fazem parte do varejão do entretenimento, almejam ser "assalariados" desta instituição, que lhes proporciona uma estrutura quase irrepreensível, que garante até um mínimo de público que por seus próprios meios não o teriam.
Só que da mesma forma que aconteceu com a USP, a burguesia "esperrrta" colocou suas garras no SESC. Tá, mas a instituição não é do setor privado do comércio? Sim, mas o intuito era fomentar a demanda de cultura e lazer do proletariado, assim como a USP para o ensino superior.
Quanto mais se tem, mais se quer. Por outro lado também há a situação de alguns pobres que continuam pobres, pois querem compartilhar.
Eu particularmente tive esta experiência inúmeras vezes. As pessoas que conheci que eram de maior poder aquisitivo, eram as mais individualistas e egoístas, no estilo cada um no seu quadrado, cada um paga o seu, mas se oferecerem, aceitam sem necessidade, porque é de graça.
Com o tempo o público que frequenta o SESC foi mudando, só não foi dominado pela burguesia pois o comerciário ainda tem seu espaço resguardado, se não, a instituição deturparia completamente seu fundamento.
Nossa, e o que tudo isso que estou falando tem haver com o Jazz Na Fábrica afinal de contas? Tudo bem, vamos direto ao assunto de fato, sem rodeios.
Eu optei objetivamente por prestigiar o quarteto do multi-instrumentista William Parker que acompanho à mais de dez anos. Assim como os trabalhos paralelos do percussionista Hamid Drake. Era uma oportunidade única, além de poder comprar o ingresso por 1/3 do preço em relação ao público não comerciário. Isso proporcionou comprar mais 2 ingressos para meus amigos também poderem prestigiar.
*Não vou comentar nada sobre a apresentação, minhas palavras poderiam empobrecer o que ocorreu em forma musical, quem ouviu pôde sentir. Seria totalmente descartável falar à respeito ou até vaidade tentar descrever.
Antes da apresentação dar início, o público adentrava no teatro do SESC Fábrica Pompéia aos poucos e atrás de mim estavam um pequeno grupo de jovens adultos, de nível universitário de instrução, girando em torno dos 20 e poucos anos de idade. Então chegaram algumas senhoras da chamada 3ª idade no recinto. Então umas das mulheres que estava no grupo disse:
"Ah, velha não! Esse povo que não entende nada de música! Esses comerciários, etc e etc..."
Naquele momento me vieram dois tipos distintos de sentimento. Tristeza e raiva. Me abateu o espírito aquela afirmação inflada de perversidade.
Mas graças a crença classificada como ignorância por grande parte das pessoas ditas mais instruídas e cultas desta sociedade, que é a minha crença em Deus, contive minha raiva para não entristecer esta "entidade imaginária".
De forma premeditada ficou por um fio de cabelo eu me virar para eles e dizer:
"Eu sou comerciário, algum problema? Depois a gente troca ideia lá fora, certo?"
Rapidamente a minha indignação e raiva deu lugar à uma angústia em minha alma, quase uma dor causada por aquelas palavras impiedosas. Depois deu pena, por estas pessoas estarem num lodo sujo de valores distorcidos, não enxergando um palmo à frente dos olhos.
Mesmo que algumas destas pessoas da terceira idade que se retiraram um pouco depois da metade do espetáculo, outras tantas permaneceram até o encerramento.
Não foi por acaso uma oportunidade para as reles pessoas do setor comerciário terem a chance de conhecer algo novo, algo de qualidade?
Será mesmo que não houve a menor possibilidade de alguém que "não entende nada de música" ter passado a entender um pouquinho que seja agora?
Me perdoem, eu teria outras questões para abordar sobre este fato, mas isso já foi o suficiente para de certa forma consolar meu coração. Por essas e outras que chego a abrir mão de um prazer de ir à certos eventos por conta destas situações que quase sempre acontecem. Sim, posso abrir mão de ver e ouvir um grande artista por conta de um ambiente hostil, sem arrependimentos.
E só para registrar, o grupo arrogante deixou o recinto durante a apresentação...
O SESC à seu modo, tenta incluir o grande público em nichos da arte que naturalmente são segregados por motivos sócio-econômicos que obviamente refletem culturalmente, afinal, quase todo mundo sabe que cultura não é só entretenimento, arte, museus, etc e etc. Então o festival Jazz Na Fábrica chega ser um dever cívico desta instituição do setor privado.
Os festivais anteriores até tentaram "ousar" nas atrações, mas ao longo dos anos, por questões mercadológicas, essa ousadia praticamente definhou. Por que? Essa questão de mercado é mais importante do que a tal da cultura obviamente. Status não aumenta o saldo do caixa. Imagine uma programação apenas com Peter Brötzmann, Roscoe Mitchell, Ken Vandermark, Mats Gustafsson, Evan Parker. Haveria público para preencher um espaço de um ginásio de esportes?
Os festivais de jazz patrocinados por grandes empresas sempre tiveram esse foco insólito de público "A", mas também suponho que a maioria sabe que a opulência nunca garantiu um refinamento e alto nível cultural, ainda mais no Brasil, onde foi adotada uma modalidade do sistema capitalista em sua forma mais agressiva. Isso vem desde os primórdios, pois também a esta altura do campeonato quase todos sabem que categoria de cidadãos oriundos da península ibérica vieram parar nestas terras "selvagens" para dominar (coxa de frango no bolso).
Bem, vamos ao assunto em questão, isto foi apenas um breve rascunho introdutório como base.
Por um lado que o SESC foi criado para atender culturalmente o proletariado do setor de comércio, seja com arte, esporte e lazer, isso de maneira alguma resultou em uma estrutura de 2ª categoria, visto que existe um pensamento elitista e abominável de que o dito "povão" não precisa de coisas de qualidade superior, qualquer banqueta de "prástico" já está de bom tamanho (?!).
Em alguns termos relativos, sim, infelizmente chega a ser verdade, mas isso foi condicionado à população de baixo poder aquisitivo. Pergunte à um pobre se ele gosta de morar num barraco na favela. Pois é...
Mas o SESC sempre proporcionou uma estrutura de alta qualidade e à muito tempo, tanto que me lembro quando meu pai trabalhava no setor comerciário e na minha infância desfrutávamos desta estrutura de ótima qualidade.
Hoje em dia, a maioria dos artistas que não fazem parte do varejão do entretenimento, almejam ser "assalariados" desta instituição, que lhes proporciona uma estrutura quase irrepreensível, que garante até um mínimo de público que por seus próprios meios não o teriam.
Só que da mesma forma que aconteceu com a USP, a burguesia "esperrrta" colocou suas garras no SESC. Tá, mas a instituição não é do setor privado do comércio? Sim, mas o intuito era fomentar a demanda de cultura e lazer do proletariado, assim como a USP para o ensino superior.
Quanto mais se tem, mais se quer. Por outro lado também há a situação de alguns pobres que continuam pobres, pois querem compartilhar.
Eu particularmente tive esta experiência inúmeras vezes. As pessoas que conheci que eram de maior poder aquisitivo, eram as mais individualistas e egoístas, no estilo cada um no seu quadrado, cada um paga o seu, mas se oferecerem, aceitam sem necessidade, porque é de graça.
Com o tempo o público que frequenta o SESC foi mudando, só não foi dominado pela burguesia pois o comerciário ainda tem seu espaço resguardado, se não, a instituição deturparia completamente seu fundamento.
Nossa, e o que tudo isso que estou falando tem haver com o Jazz Na Fábrica afinal de contas? Tudo bem, vamos direto ao assunto de fato, sem rodeios.
Eu optei objetivamente por prestigiar o quarteto do multi-instrumentista William Parker que acompanho à mais de dez anos. Assim como os trabalhos paralelos do percussionista Hamid Drake. Era uma oportunidade única, além de poder comprar o ingresso por 1/3 do preço em relação ao público não comerciário. Isso proporcionou comprar mais 2 ingressos para meus amigos também poderem prestigiar.
*Não vou comentar nada sobre a apresentação, minhas palavras poderiam empobrecer o que ocorreu em forma musical, quem ouviu pôde sentir. Seria totalmente descartável falar à respeito ou até vaidade tentar descrever.
Antes da apresentação dar início, o público adentrava no teatro do SESC Fábrica Pompéia aos poucos e atrás de mim estavam um pequeno grupo de jovens adultos, de nível universitário de instrução, girando em torno dos 20 e poucos anos de idade. Então chegaram algumas senhoras da chamada 3ª idade no recinto. Então umas das mulheres que estava no grupo disse:
"Ah, velha não! Esse povo que não entende nada de música! Esses comerciários, etc e etc..."
Naquele momento me vieram dois tipos distintos de sentimento. Tristeza e raiva. Me abateu o espírito aquela afirmação inflada de perversidade.
Mas graças a crença classificada como ignorância por grande parte das pessoas ditas mais instruídas e cultas desta sociedade, que é a minha crença em Deus, contive minha raiva para não entristecer esta "entidade imaginária".
De forma premeditada ficou por um fio de cabelo eu me virar para eles e dizer:
"Eu sou comerciário, algum problema? Depois a gente troca ideia lá fora, certo?"
Rapidamente a minha indignação e raiva deu lugar à uma angústia em minha alma, quase uma dor causada por aquelas palavras impiedosas. Depois deu pena, por estas pessoas estarem num lodo sujo de valores distorcidos, não enxergando um palmo à frente dos olhos.
Mesmo que algumas destas pessoas da terceira idade que se retiraram um pouco depois da metade do espetáculo, outras tantas permaneceram até o encerramento.
Não foi por acaso uma oportunidade para as reles pessoas do setor comerciário terem a chance de conhecer algo novo, algo de qualidade?
Será mesmo que não houve a menor possibilidade de alguém que "não entende nada de música" ter passado a entender um pouquinho que seja agora?
Me perdoem, eu teria outras questões para abordar sobre este fato, mas isso já foi o suficiente para de certa forma consolar meu coração. Por essas e outras que chego a abrir mão de um prazer de ir à certos eventos por conta destas situações que quase sempre acontecem. Sim, posso abrir mão de ver e ouvir um grande artista por conta de um ambiente hostil, sem arrependimentos.
E só para registrar, o grupo arrogante deixou o recinto durante a apresentação...
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William Parker
quarta-feira, fevereiro 25, 2015
Arte e política, política e arte, política e politicagem e titica
Ufa! Um dia de folga na semana do pião pra poder escrever o primeiro artigo de 2015. Acordando 04:40h da manhã pra encarar duas conduções para o local de trabalho é muito comum para o trabalhador de salário base. Bem mas isso não vem ao caso, assim como não vou abordar o livro de D.H. Melhem sobre arte e política, é apenas uma ilustração para o mesmo tema, mas talvez a minha abordagem seja bem diferente. Ainda mais que vou me restringir à música como forma de arte e ainda mais, num foco mais periférico, restrito à capital do estado de São Paulo, onde posso ser mais preciso.
Tive uma experiência pessoal com música e política no fim dos anos 80 e início dos 90 no que se chamou de cenário hardcore/punk. Realmente não tinha intenções de me agregar política de forma "panfletária" na música em que estava envolvido, simplesmente não acreditava nisso, já tinha os péssimos exemplos das bandas punk do início dos anos 80. Mesmo com pouca idade, já não sentia que isso realmente tinha algum efeito e que a minha conduta como pessoa, como cidadão tinha que ser no cotidiano e não em um local restrito, num palco de show de rock. Claro que no meio hardcore a maioria acreditava nesse engajamento político através da música, ok, respeito a escolha de cada um, mas continuo achando uma perda de tempo e comprometimento da qualidade da arte (música). Não? É só procurar por aí, via web, seja youtube, soundcloud, etc, onde os conceitos estão acima da música e só se tem ruídos, barulho, música mal executada, tendo como justificativa o conceito. Sei... Calma, eu não sou uma pessoa que só escuta música sinfônica precisa, ou de instrumentistas virtuosos e exibicionistas, gosto de um bom rock básico como Ramones, Discharge ou até Napalm Death.
Uma manifestação ou passeata tem mais efeito e faz mais barulho do que uma apresentação em um lugar restrito ou registrado em algum formato de mídia.
Agora no caso do cenário musical independente (em termos...) em São Paulo, é sintomático que o discurso é apenas teoria, pois os artistas em sua considerável parte está mais próximo dos candidatos à cargos públicos das eleições, onde palavras bonitas são ditas, assim como promessas, que ficam no vazio. Discorda? Ok, mas nem precisa de um microscópio pra sacar o que é esse tal cenário de música independente paulistano, feudos espalhados nesse campo de batalha que são as casas noturnas, espaços culturais públicos e privados, onde a vaidade corrompe qualquer ideal coletivo, libertário ou anti-sistema. Aliás isso é uma piada, a mentalidade mercantilista está estampada até em bandas punk!
E não só isso, pois muitas vezes não há capital, então resta o glamour, a fogueira das vaidades, onde muitos não reconhecem que querem de alguma forma serem adorados, como se o palco fosse um altar, pior que um templo de alguma religião, onde o artista está acima do simples expectador (e eu achando que a elevação do palco era apenas para melhor projeção sonora e visualização da apresentação).
E prossegue a batalha dos feudos, onde grupos de uma mesma vertente não dialogam entre si, onde datas de apresentações são muitas vezes conflitantes e por incrível que pareça, alguns ainda tem o maquiavelismo de agendarem com antecedência na mesma data de outro grupo, como uma espécie de disputa. Outro fato comum é de "colegas de trabalho", de artistas de um mesmo cenário nunca sequer terem prestigiado seus "colegas", mas vivem mandando convites para estes irem prestigiá-lo :p .
No balanço contábil é a música que perde nessa sujeira toda: proprietários de locais de apresentações que acham que estão fazendo um favor para o músico, sendo em que muitos casos, é a banda ou o músico que leva o público para o proprietário vender sua bebida super-faturada ao público e ainda arranca mais um pouco com a bilheteria. Músicos que se boicotam para poder garantir o seu $ em sesc's da vida numa disputa mesquinha e ninguém tem coragem de mudar isso, todo mundo é politicamente correto. Aliás, falando em política...
Tive uma experiência pessoal com música e política no fim dos anos 80 e início dos 90 no que se chamou de cenário hardcore/punk. Realmente não tinha intenções de me agregar política de forma "panfletária" na música em que estava envolvido, simplesmente não acreditava nisso, já tinha os péssimos exemplos das bandas punk do início dos anos 80. Mesmo com pouca idade, já não sentia que isso realmente tinha algum efeito e que a minha conduta como pessoa, como cidadão tinha que ser no cotidiano e não em um local restrito, num palco de show de rock. Claro que no meio hardcore a maioria acreditava nesse engajamento político através da música, ok, respeito a escolha de cada um, mas continuo achando uma perda de tempo e comprometimento da qualidade da arte (música). Não? É só procurar por aí, via web, seja youtube, soundcloud, etc, onde os conceitos estão acima da música e só se tem ruídos, barulho, música mal executada, tendo como justificativa o conceito. Sei... Calma, eu não sou uma pessoa que só escuta música sinfônica precisa, ou de instrumentistas virtuosos e exibicionistas, gosto de um bom rock básico como Ramones, Discharge ou até Napalm Death.
Uma manifestação ou passeata tem mais efeito e faz mais barulho do que uma apresentação em um lugar restrito ou registrado em algum formato de mídia.
Agora no caso do cenário musical independente (em termos...) em São Paulo, é sintomático que o discurso é apenas teoria, pois os artistas em sua considerável parte está mais próximo dos candidatos à cargos públicos das eleições, onde palavras bonitas são ditas, assim como promessas, que ficam no vazio. Discorda? Ok, mas nem precisa de um microscópio pra sacar o que é esse tal cenário de música independente paulistano, feudos espalhados nesse campo de batalha que são as casas noturnas, espaços culturais públicos e privados, onde a vaidade corrompe qualquer ideal coletivo, libertário ou anti-sistema. Aliás isso é uma piada, a mentalidade mercantilista está estampada até em bandas punk!
E não só isso, pois muitas vezes não há capital, então resta o glamour, a fogueira das vaidades, onde muitos não reconhecem que querem de alguma forma serem adorados, como se o palco fosse um altar, pior que um templo de alguma religião, onde o artista está acima do simples expectador (e eu achando que a elevação do palco era apenas para melhor projeção sonora e visualização da apresentação).
E prossegue a batalha dos feudos, onde grupos de uma mesma vertente não dialogam entre si, onde datas de apresentações são muitas vezes conflitantes e por incrível que pareça, alguns ainda tem o maquiavelismo de agendarem com antecedência na mesma data de outro grupo, como uma espécie de disputa. Outro fato comum é de "colegas de trabalho", de artistas de um mesmo cenário nunca sequer terem prestigiado seus "colegas", mas vivem mandando convites para estes irem prestigiá-lo :p .
No balanço contábil é a música que perde nessa sujeira toda: proprietários de locais de apresentações que acham que estão fazendo um favor para o músico, sendo em que muitos casos, é a banda ou o músico que leva o público para o proprietário vender sua bebida super-faturada ao público e ainda arranca mais um pouco com a bilheteria. Músicos que se boicotam para poder garantir o seu $ em sesc's da vida numa disputa mesquinha e ninguém tem coragem de mudar isso, todo mundo é politicamente correto. Aliás, falando em política...
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segunda-feira, abril 21, 2014
Eu só queria comer um hamburger...
De um ponto de vista, música e comida tem um mesmo parâmetro, o gosto. Alguém precisa de um crítico pra te convencer a consumir? O que muitos detestam, outros acham uma maravilha. Uma questão de gosto? Sim, mas também há muitos casos de se adaptar o paladar, tanto alimentar como de audição. Como um simples café. Culturalmente foi acostumado a se tomar com açúcar e muitos acham o café sem açúcar uma coisa horrível, como se estivesse tomando dipirona sódica, mas quando o paladar se adapta, o amargor diminui e se acentua o sabor do café. Mas também pode simplesmente ser uma questão de gosto mesmo, mas a maioria não aceita experimentar algo novo, e isso me lembra uma entrevista com Ken Vandermark que fiz anos atrás:
Pois é, depois de uma resposta dessas, realmente é necessário dizer mais alguma coisa? Bom, quando eu fiz esta entrevista, nem havia sequer um pequeno grupo de pessoas tentando criar um digamos, cenário musical ou comunidade para esse tal de free jazz, improvisação livre ou até música experimental em certo sentido.
Algumas coisas até que de certo modo progrediram, mas outras que são essenciais, ainda continuam na era da pedra lascada, e põe lascada nisso, visse? Em plena segunda década do século XXI me deparo com discussões inúteis sobre arte e música, que não chegam a lugar nenhum, a não ser no centro do ventre de quem promove este tipo de debate.
Se eu preciso elaborar uma teoria toda complexa para explicar a minha música, algo deu errado. Na verdade o processo é muito simples: Ela agrada ou não, soa bem aos ouvidos ou não e ainda tem que contar com o gosto pessoal. Tem certos tipos de música que realmente não me acrescentam nada, mas isso é estritamente pessoal. Já vi alguns elaborarem um complexo discurso para justificar o tal do "funk carioca".
Uma coisa enfadonha é uma pessoa da classe média ou alta tentar explicar a cultura popular ou do povão. Aí eu realmente preciso ir para o intervalo comercial, mudar de canal ou melhor, desligar, dar um shutdown.
Ah, o Sashimi... o tal do peixe crú, tem gente que fica com vontade de vomitar só de falar e no meu caso, acho um trilhão de vezes o gosto do salmão crú mais saboroso do que cozido, grelhado, frito ou assado. Minha descendência japonesa? Sinceramente, não influi, pois gosto de uma boa feijoada até um tanto mais do que o sashimi.
Mas enfim, cada vez mais as coisas ficam ainda mais complicadas, mesmo com o paralelo de pessoas que dizem gostar de um monte de coisas, mas nada em específico (mais uma vez parafraseando o Assis, autor da frase e hoje em dia reside no Japão).
E uma coisa que para mim é constrangedora e enfadonha, ouvir alguém tentando justificar seu gosto com alguma teoria, tentando requintar algo tão simples. Ora, eu gosto e pronto.
Cada vez mais, é mais difícil esta situação, tanto na música, na arte em geral, quanto na culinária (mas muitos gostam de usar o termo gastronomia, mas sinceramente, esse termo pra mim me lembra algo sobre nossas vísceras), tudo tem que ter um tratado, uma tese pra justificar, seja música de vanguarda ou um simples hamburger, que agora tem o tal do hamburger gourmet. É apenas carne moída e um pão, o resto é desnecessário, não que eu rejeite informações, mas isso não vai convencer meu paladar, tanto físico, como existencial.
Houve um rei israelita extremamente sábio que disse o seguinte:
"E, demais disto, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne." - Eclesiastes 12:12
E no mais, eu só queria comer um hamburger (pode ser um hamburger vegetariano também) ouvindo uma música do Ramones, sem alguem tentando elaborar uma teoria qualquer...
8. Você concorda com John Zorn quando ele declara que free jazz, improv e outras vanguardas musicais em geral não vão alcançar o grande público, mas que seu público se renova a cada geração mantendo mais ou menos o mesmo número de pessoas envolvidas?
Eu penso que os assuntos enfrentados pelos músicos de jazz e improvisação são múltiplos. Primeiro, eu acredito que a mídia mainstream especializada em jazz colocou a forma artística em um gueto musical elitista, ajudando a removê-la da percepção ou interesse da população em geral. Em segundo lugar, a maior parte dessa música é desafiadora para os músicos e, portanto, pro público. A maioria da população não é interessada de verdade em música, eles estão interessados em um papel de parede sonoro – algo bom pra ter por perto desde que não interrompa seu ambiente ou desafie suas expectativas. Estou interessado em encontrar uma maneira de quebrar a noção pré-concebida, desenvolvida pela mídia e por muitos músicos que é impossível que a música improvisada encontre um lugar real na sociedade contemporânea. A questão é encontrar fãs de música. Esse é o público que vai aos meus shows na América do Norte e na Europa, pessoas entre 20 e 40 anos que ouvem todo tipo de música: jazz, rock, reggae, funk, hip hop, música erudita, etc. e são essas pessoas que os músicos de improvisação precisam encontrar e tocar para, não para o fã elitista de jazz que já tem uma definição de como a arte pode ou não ser.
Pois é, depois de uma resposta dessas, realmente é necessário dizer mais alguma coisa? Bom, quando eu fiz esta entrevista, nem havia sequer um pequeno grupo de pessoas tentando criar um digamos, cenário musical ou comunidade para esse tal de free jazz, improvisação livre ou até música experimental em certo sentido.
Algumas coisas até que de certo modo progrediram, mas outras que são essenciais, ainda continuam na era da pedra lascada, e põe lascada nisso, visse? Em plena segunda década do século XXI me deparo com discussões inúteis sobre arte e música, que não chegam a lugar nenhum, a não ser no centro do ventre de quem promove este tipo de debate.
Se eu preciso elaborar uma teoria toda complexa para explicar a minha música, algo deu errado. Na verdade o processo é muito simples: Ela agrada ou não, soa bem aos ouvidos ou não e ainda tem que contar com o gosto pessoal. Tem certos tipos de música que realmente não me acrescentam nada, mas isso é estritamente pessoal. Já vi alguns elaborarem um complexo discurso para justificar o tal do "funk carioca".
Uma coisa enfadonha é uma pessoa da classe média ou alta tentar explicar a cultura popular ou do povão. Aí eu realmente preciso ir para o intervalo comercial, mudar de canal ou melhor, desligar, dar um shutdown.
Ah, o Sashimi... o tal do peixe crú, tem gente que fica com vontade de vomitar só de falar e no meu caso, acho um trilhão de vezes o gosto do salmão crú mais saboroso do que cozido, grelhado, frito ou assado. Minha descendência japonesa? Sinceramente, não influi, pois gosto de uma boa feijoada até um tanto mais do que o sashimi.
Mas enfim, cada vez mais as coisas ficam ainda mais complicadas, mesmo com o paralelo de pessoas que dizem gostar de um monte de coisas, mas nada em específico (mais uma vez parafraseando o Assis, autor da frase e hoje em dia reside no Japão).
E uma coisa que para mim é constrangedora e enfadonha, ouvir alguém tentando justificar seu gosto com alguma teoria, tentando requintar algo tão simples. Ora, eu gosto e pronto.
Cada vez mais, é mais difícil esta situação, tanto na música, na arte em geral, quanto na culinária (mas muitos gostam de usar o termo gastronomia, mas sinceramente, esse termo pra mim me lembra algo sobre nossas vísceras), tudo tem que ter um tratado, uma tese pra justificar, seja música de vanguarda ou um simples hamburger, que agora tem o tal do hamburger gourmet. É apenas carne moída e um pão, o resto é desnecessário, não que eu rejeite informações, mas isso não vai convencer meu paladar, tanto físico, como existencial.
Houve um rei israelita extremamente sábio que disse o seguinte:
"E, demais disto, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne." - Eclesiastes 12:12
E no mais, eu só queria comer um hamburger (pode ser um hamburger vegetariano também) ouvindo uma música do Ramones, sem alguem tentando elaborar uma teoria qualquer...
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terça-feira, setembro 24, 2013
Plastic Underground ou a conotação de um "banana"
Não é a primeira vez que um artigo compartilhado no facebook que passaria desapercebido por mim ou de pouca relevância, me leva a refletir e fazer uma análise um tanto quanto irônica em alguns aspectos, mas com um fundamento e argumentação plausível, não apenas palavras inconsequentes e de pouco sentido. Talvez este assunto já esteja um tanto quanto exausto, mas como não lembro de nenhum outro artigo com uma ótica similar, resolvi comentar um pouco sobre isso aqui. (Afinal este weblog não é só um link de resenhas de discos esquisitos)
A mídia digital proporciona uma propagação tão rápida e abrangente que diversos assuntos ganham dimensões que não deveriam tomar, para o bem e para o mal, sim o mal uso da informação, o mal uso do tempo alheio e do próprio, é claro...
Procurarei ser bem objetivo sobre isso e usar poucas palavras. Hoje em dia é muito fácil ser underground, anti-midia (mas vejam só, quantos anti-midia que não saem do facebook...), uma autoridade da contra-cultura, um ícone do underground. Nunca vi tantos Forrest Gump's de vários rolês, nego já fez de tudo, tá parecendo aquela música perturbada do Seixas, de dez mil anos atrás. E no meio disso tudo, me sinto como um Hatfield ou um McCoy, um matuto que nunca tinha visto um frigorífico.
Então eu vejo, ouço, presencio todo o tipo de informação de muitas pessoas, que dizem que vieram, fizeram e venceram, portando seus estandartes gloriosos. Rapaz, eu fiz um rolê por aí nesse mundo, muitas coisas divertidas, presenciei momentos que muitos hoje consideram como história, posteridade. Poderia falar de alguns, mas isso realmente não vem ao caso, eu não ajudei a criar o Smile face, por exemplo... E depois, continuo dentro do transporte coletivo esculhambado que é muito mau gerenciado pela prefeitura e governo da cidade e Estado de São Paulo.
Os dias passam, e vejo muitos decretando tratados sobre movimentos artísticos, proclamando suas presenças no mural memorial da contra-cultura, condenando os cachorros mortos da sociedade, os personagens que o Angeli rotulou de "Psico-burguês", sendo que muitos deles não conseguem perceber o seu próprio reflexo.
Mesmo com a limitação da minha percepção, do meu ângulo de visão, muitos que se auto-proclamam alguma coisa, sobre determinadas coisas (vale uma citação de um rapaz apelidado de Assis:"Gosto de determinadas coisas, mas nada em específico"?!), não estavam lá quando estas coisas aconteceram, é como comprar a camiseta do Rock In Rio, "Eu fui", mas assistiu tudo em casa pela tv.
Desmembrando o trocadilho com a banda de um dos mais mau humorados personagens do rock, Mr. Reed:
-Velvet Underground, um sub-mundo ou sub-cultura de veludinho, cheio de fricotes, foi no playground e não se sujou de terra, e o que diria do undergound?
-Plastic Underground, tão químico, tecnológico, polímero sintético, facilmente transformável mediante o emprego de calor e pressão. "Plastic people, oh, baby, now you're such a drag"...
-Banana, antes fosse apenas uma baga epigínica da planta herbácea da família Musaceae...
A mídia digital proporciona uma propagação tão rápida e abrangente que diversos assuntos ganham dimensões que não deveriam tomar, para o bem e para o mal, sim o mal uso da informação, o mal uso do tempo alheio e do próprio, é claro...
Procurarei ser bem objetivo sobre isso e usar poucas palavras. Hoje em dia é muito fácil ser underground, anti-midia (mas vejam só, quantos anti-midia que não saem do facebook...), uma autoridade da contra-cultura, um ícone do underground. Nunca vi tantos Forrest Gump's de vários rolês, nego já fez de tudo, tá parecendo aquela música perturbada do Seixas, de dez mil anos atrás. E no meio disso tudo, me sinto como um Hatfield ou um McCoy, um matuto que nunca tinha visto um frigorífico.
Então eu vejo, ouço, presencio todo o tipo de informação de muitas pessoas, que dizem que vieram, fizeram e venceram, portando seus estandartes gloriosos. Rapaz, eu fiz um rolê por aí nesse mundo, muitas coisas divertidas, presenciei momentos que muitos hoje consideram como história, posteridade. Poderia falar de alguns, mas isso realmente não vem ao caso, eu não ajudei a criar o Smile face, por exemplo... E depois, continuo dentro do transporte coletivo esculhambado que é muito mau gerenciado pela prefeitura e governo da cidade e Estado de São Paulo.
Os dias passam, e vejo muitos decretando tratados sobre movimentos artísticos, proclamando suas presenças no mural memorial da contra-cultura, condenando os cachorros mortos da sociedade, os personagens que o Angeli rotulou de "Psico-burguês", sendo que muitos deles não conseguem perceber o seu próprio reflexo.
Mesmo com a limitação da minha percepção, do meu ângulo de visão, muitos que se auto-proclamam alguma coisa, sobre determinadas coisas (vale uma citação de um rapaz apelidado de Assis:"Gosto de determinadas coisas, mas nada em específico"?!), não estavam lá quando estas coisas aconteceram, é como comprar a camiseta do Rock In Rio, "Eu fui", mas assistiu tudo em casa pela tv.
Desmembrando o trocadilho com a banda de um dos mais mau humorados personagens do rock, Mr. Reed:
-Velvet Underground, um sub-mundo ou sub-cultura de veludinho, cheio de fricotes, foi no playground e não se sujou de terra, e o que diria do undergound?
-Plastic Underground, tão químico, tecnológico, polímero sintético, facilmente transformável mediante o emprego de calor e pressão. "Plastic people, oh, baby, now you're such a drag"...
-Banana, antes fosse apenas uma baga epigínica da planta herbácea da família Musaceae...
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quarta-feira, junho 12, 2013
Protestos contra o aumento da tarifa do transporte público
Me lembro quando a passagem de ônibus aumentou 3 vezes em apenas uma semana, no fim dos anos 80. Não houve nenhum protesto como os destes dias em que vivemos. A democracia dava seus primeiros passos já tortos pós regime militar, parte do povo ainda não tinha articulação para agir com cidadania. Na verdade, a liberdade ideológica se preserva na mente e no coração de cada pessoa se ela quiser a não ser, que a opressão seja física e danifique de forma psicológica e motora. Sim isso acontece pela violência física e de uma maneira mais lenta, pela violência psicológica. Mas estão realmente todos livres?
Os protestos contra o aumento da tarifa do transporte coletivo em várias cidades do Brasil estão na pauta de qualquer morador desta cidade (vou me limitar aos protestos em SP, porque eu nasci e vivo aqui).
Em primeiro lugar, EU NÃO SOU CONTRA O PROTESTO DA POPULAÇÃO, mas sabemos o teor destas recentes manifestações pelo movimento Passe Livre. Ou não sabemos?
Minha carteira de motorista expirou sua licença em 2000, ou seja, dependo de ônibus, metrô e trem à 13 anos. Tenho direito e conhecimento prático no assunto, conheço e uso os 3 principais transportes públicos da cidade em todos os horários, desde as primeiras horas de funcionamento no fim da madrugada, quanto os ônibus noturnos. Só não tive a oportunidade de usar a linha que cruza a av. dos Estados por ainda não precisar usar o sistema.
Quantas pessoas que fizeram parte dos protestos já foi até a estação Capão Redondo do metrô, já usou um ônibus intermunicipal da EMTU, já usou o expresso Leste na estação do Brás, esteve no terminal Capelinha, etc? Creio que apenas alguns fazem uso desses mecanismos e então eles sabem como é.
Mas a maioria da população de baixa renda, que usa todos os dias o transporte público, inclusive para o lazer, não concorda com esse tipo de protesto. Aliás é um protesto que tem estudantes como núcleo mentor. Ok, muitos estudantes estão em contato com as ideologias políticas que se estruturaram no fim do século passado, mas eles devem saber que essas ideologias em muitos quesitos, não saíram do papel e das teorias e o que pôde ser implantado custou caro, custou muito derramamento de sangue. Me diz uma coisa, o movimento está disposto a matar ou morrer? Se não está, deve tomar consciência que fará parte do sistema que tanto abomina (eu também não aprovo, mas sei o que não funciona para mudar isso). Ou perde a razão e parte para a força física, ou vira mendigo. O poder político econômico não vai aceitar mudanças aos moldes idealizados pela juventude libertária. Se por hipótese ocorrer uma guerra civil por motivos políticos e em grande escala, sabe o que provavelmente vai ocorrer? OTAN, ONU, United Snakes Of America e Colonialismo Europeu terão a carta branca nas mãos para que este país volte aos tempos da coroa, só que com nova roupagem, nada pomposo e espalhafatoso, mas politicamente correto e sustentável.
Muitas pessoas que conheço, mesmo sendo pessoas queridas, me dirão o óbvio, falarão de uma população oprimida economicamente, que está anestesiada e se contenta com o futebol com frango de padaria no domingo, que passam várias necessidades mas gastam seus poucos tostões em supérfluos, como celulares 4G e tênis de R$ 900,00, tudo isso com o batidão como trilha sonora.
Lamento informar meu caro, você está no sistema. Não adianta ter uma banda punk, morar no CRUSP ou em uma república estudantil, ter um grupo de RAP, ser pixador, ser filiado de partido socialista ou até comunidade hippie em São Tomé das Letras, todos estão no sistema.
A coisa mais óbvia que impede uma mudança radical na sociedade brasileira é o manjado ditado de que a união faz a força. O povo brasileiro só consegue chegar perto de uma verdadeira unidade quando torce para a seleção brasileira.
A minha idéia de protesto é que todo o proletariado, em todos os setores se unissem e cruzassem os braços, mas ainda usando o transporte público sem pagar, operando os meios de produção de energia sem pagar as tarifas, as forças armadas que são compostas por cidadãos do povo, se colocassem à serviço da população. Mas a população teria que se abster de bens de consumo, usassem apenas o essencial, como alimentos, medicamentos e vestuário básico, etc, nada de shopping, cinema, restaurantes, shows, baladas, etc, até que o poder político econômico fosse reformado ou substituído. Não haveria necessidade de derramamento de sangue e uso de violência física. Isso sim é uma verdadeira utopia, é contra a natureza humana, que é de um ser humano individual. É muito bonito elaborar teorias políticas baseado em seres vivos que agem de forma coletiva por instinto, que não raciocinam sobre o que fazem, pois é um procedimento incluso no seu DNA, que é ativado diante das circunstâncias, uma abelha não escolhe viver em uma colmeia, as formigas não decidem trabalhar para armazenar alimento para o formigueiro no inverno. O irônico é que eles vivem um regime imperialista.
As pessoas como indivíduo, não estão dispostas a colocar em jogo suas estabilidades em torno de um bem comum, por isso uma manifestação como essa que falei, não é possível. O funcionário do metrô temerá seu emprego se deixar o seu semelhante passar pela catraca sem bilhete, ninguém quer dar o primeiro passo.
Bem, estão dizendo que as depredações são a reação contra a violência gratuita da polícia contra os manifestantes. Ela existe? Claro que sim, eu seria um idiota se negasse isso. Mas também vi violência gratuita dos manifestantes e alguém seria parcial se não reconhecesse isso. Podem até articular alguma justificativa, cada um acredita no que quer, alguns acreditam na arca de Noé, outros que Neo vai nos libertar da Matrix.
Eu em minha estrita opinião particular acredito na filosofia de não pagar na mesma moeda, por mais difícil e dolorido que seja, pois é, eu trinco geral com um cara que pra muitos, é apenas uma fábula de manipulação. Outro dia estava assistindo um desenho animado, Doug, em que o protagonista se encontra numa briga de escola de forma involuntária e acaba dando um soco num colega. Seu pai fala algo como: "Mostre-me alguém que usa os punhos e vejo alguém que não tem boas idéias".
No facebook, expressei minha opinião à respeito das manifestações e fui colocado no mesmo saco de farinha da mídia vendida que só faz criticas negativas aos protestos e só fala do vandalismo dos manifestantes.
Pois é, eu estive na Feira do Trabalho no Anhangabaú no mês passado. Estive com dezenas de pessoas em fila de espera com senha, para entrevista de emprego. Não tinha nenhuma vaga no Google ou coisa parecida, a maioria das vagas era de serviço braçal. Isso não é mérito e nem vergonha, é apenas o fato de que eu sei como é, sou parte integrante do povão, tenho a benção de ter um pai que quase morreu para me proporcionar uma vida melhor que a dele.
Eu escolhi não mais concordar com o código de Hamurabi e minha liberdade conservo na minha mente e no meu coração.
Os protestos contra o aumento da tarifa do transporte coletivo em várias cidades do Brasil estão na pauta de qualquer morador desta cidade (vou me limitar aos protestos em SP, porque eu nasci e vivo aqui).
Em primeiro lugar, EU NÃO SOU CONTRA O PROTESTO DA POPULAÇÃO, mas sabemos o teor destas recentes manifestações pelo movimento Passe Livre. Ou não sabemos?
Minha carteira de motorista expirou sua licença em 2000, ou seja, dependo de ônibus, metrô e trem à 13 anos. Tenho direito e conhecimento prático no assunto, conheço e uso os 3 principais transportes públicos da cidade em todos os horários, desde as primeiras horas de funcionamento no fim da madrugada, quanto os ônibus noturnos. Só não tive a oportunidade de usar a linha que cruza a av. dos Estados por ainda não precisar usar o sistema.
Quantas pessoas que fizeram parte dos protestos já foi até a estação Capão Redondo do metrô, já usou um ônibus intermunicipal da EMTU, já usou o expresso Leste na estação do Brás, esteve no terminal Capelinha, etc? Creio que apenas alguns fazem uso desses mecanismos e então eles sabem como é.
Mas a maioria da população de baixa renda, que usa todos os dias o transporte público, inclusive para o lazer, não concorda com esse tipo de protesto. Aliás é um protesto que tem estudantes como núcleo mentor. Ok, muitos estudantes estão em contato com as ideologias políticas que se estruturaram no fim do século passado, mas eles devem saber que essas ideologias em muitos quesitos, não saíram do papel e das teorias e o que pôde ser implantado custou caro, custou muito derramamento de sangue. Me diz uma coisa, o movimento está disposto a matar ou morrer? Se não está, deve tomar consciência que fará parte do sistema que tanto abomina (eu também não aprovo, mas sei o que não funciona para mudar isso). Ou perde a razão e parte para a força física, ou vira mendigo. O poder político econômico não vai aceitar mudanças aos moldes idealizados pela juventude libertária. Se por hipótese ocorrer uma guerra civil por motivos políticos e em grande escala, sabe o que provavelmente vai ocorrer? OTAN, ONU, United Snakes Of America e Colonialismo Europeu terão a carta branca nas mãos para que este país volte aos tempos da coroa, só que com nova roupagem, nada pomposo e espalhafatoso, mas politicamente correto e sustentável.
Muitas pessoas que conheço, mesmo sendo pessoas queridas, me dirão o óbvio, falarão de uma população oprimida economicamente, que está anestesiada e se contenta com o futebol com frango de padaria no domingo, que passam várias necessidades mas gastam seus poucos tostões em supérfluos, como celulares 4G e tênis de R$ 900,00, tudo isso com o batidão como trilha sonora.
Lamento informar meu caro, você está no sistema. Não adianta ter uma banda punk, morar no CRUSP ou em uma república estudantil, ter um grupo de RAP, ser pixador, ser filiado de partido socialista ou até comunidade hippie em São Tomé das Letras, todos estão no sistema.
A coisa mais óbvia que impede uma mudança radical na sociedade brasileira é o manjado ditado de que a união faz a força. O povo brasileiro só consegue chegar perto de uma verdadeira unidade quando torce para a seleção brasileira.
A minha idéia de protesto é que todo o proletariado, em todos os setores se unissem e cruzassem os braços, mas ainda usando o transporte público sem pagar, operando os meios de produção de energia sem pagar as tarifas, as forças armadas que são compostas por cidadãos do povo, se colocassem à serviço da população. Mas a população teria que se abster de bens de consumo, usassem apenas o essencial, como alimentos, medicamentos e vestuário básico, etc, nada de shopping, cinema, restaurantes, shows, baladas, etc, até que o poder político econômico fosse reformado ou substituído. Não haveria necessidade de derramamento de sangue e uso de violência física. Isso sim é uma verdadeira utopia, é contra a natureza humana, que é de um ser humano individual. É muito bonito elaborar teorias políticas baseado em seres vivos que agem de forma coletiva por instinto, que não raciocinam sobre o que fazem, pois é um procedimento incluso no seu DNA, que é ativado diante das circunstâncias, uma abelha não escolhe viver em uma colmeia, as formigas não decidem trabalhar para armazenar alimento para o formigueiro no inverno. O irônico é que eles vivem um regime imperialista.
As pessoas como indivíduo, não estão dispostas a colocar em jogo suas estabilidades em torno de um bem comum, por isso uma manifestação como essa que falei, não é possível. O funcionário do metrô temerá seu emprego se deixar o seu semelhante passar pela catraca sem bilhete, ninguém quer dar o primeiro passo.
Bem, estão dizendo que as depredações são a reação contra a violência gratuita da polícia contra os manifestantes. Ela existe? Claro que sim, eu seria um idiota se negasse isso. Mas também vi violência gratuita dos manifestantes e alguém seria parcial se não reconhecesse isso. Podem até articular alguma justificativa, cada um acredita no que quer, alguns acreditam na arca de Noé, outros que Neo vai nos libertar da Matrix.
Eu em minha estrita opinião particular acredito na filosofia de não pagar na mesma moeda, por mais difícil e dolorido que seja, pois é, eu trinco geral com um cara que pra muitos, é apenas uma fábula de manipulação. Outro dia estava assistindo um desenho animado, Doug, em que o protagonista se encontra numa briga de escola de forma involuntária e acaba dando um soco num colega. Seu pai fala algo como: "Mostre-me alguém que usa os punhos e vejo alguém que não tem boas idéias".
No facebook, expressei minha opinião à respeito das manifestações e fui colocado no mesmo saco de farinha da mídia vendida que só faz criticas negativas aos protestos e só fala do vandalismo dos manifestantes.
Pois é, eu estive na Feira do Trabalho no Anhangabaú no mês passado. Estive com dezenas de pessoas em fila de espera com senha, para entrevista de emprego. Não tinha nenhuma vaga no Google ou coisa parecida, a maioria das vagas era de serviço braçal. Isso não é mérito e nem vergonha, é apenas o fato de que eu sei como é, sou parte integrante do povão, tenho a benção de ter um pai que quase morreu para me proporcionar uma vida melhor que a dele.
Eu escolhi não mais concordar com o código de Hamurabi e minha liberdade conservo na minha mente e no meu coração.
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terça-feira, maio 21, 2013
Virada Cultural 2013 (ultimamente eu prefiro um virado à paulista...)
Como já era de se esperar, os resultados da Virada Cultural são debatidos entre a população paulistana. Duas opiniões distintas são a dos que acham tudo lindo e maravilhoso e a dos que acham um fiasco. Quem está certo? Na verdade, nenhum dos dois e isso não significada que ambas as correntes de pensamento tenham que aceitar isso, afinal, é apenas a minha opinião pessoal e quanto aos que estão abertos à reflexão, podem analisar o meu ponto de vista. Agora, quem não esta disposto a refletir sobre isso e não deseja abrir mão das duas correntes de pensamento (do maravilhoso e do fiasco), nem perca seu tempo lendo este texto, pois o tempo é precioso. Mas porquê digo que ambos os pensamentos estão errados? Bem, então vamos analisar rapidamente as questões.
A linha de pensamento do lindo e maravilhoso: Numa cidade tão pretensiosa que equivocadamente é comparada com metrópoles como New York, realmente está muito aquém de sua suposta equivalente Big Apple. É notória a falta de estrutura básica operacional desta cidade brasileira, que todos a esta altura sabem que cresceu desordenadamente e continua crescendo de qualquer jeito. Basta uma chuva forte de 10 minutos e São Paulo entra em curto circuito. Mas este país desenvolveu um mecanismo de aumentar sua auto-estima simplesmente jogando para debaixo do tapete todos os seus problemas sendo que grande parte não dá para deixar para uma futura ocasião. A música brasileira não conquistou o mundo e sim a norte-americana e a inglesa, sinto muito, rock é um estilo universal, coisa que o samba e a bossa estão longe de serem. Mas isto é apenas um detalhe para adentrar ao assunto. Não tem nada de lindo e maravilhoso um evento que não é mais do que a obrigação de uma cidade que se diz transpirar cultura e de um país que se diz celeiro de talento musical do mundo. E diga-se de passagem que esta obrigação de atividade de lazer civil é feita de modo bem a desejar e já deu o tempo de resolverem seus problemas latentes de cunho operacional. Eventos que convém à grupos específicos da sociedade paulistana, são feitos com mais esmero, como corridas de carros e afins. Então os setores dominantes que deixam se contaminar pelo jogo de interesses restritos (que infelizmente já foi incluído na argamassa da estrutura da nação) apenas jogam migalhas para os pombos disputarem nas beiras das calçadas. Seria em vão entrar na questão da tal da curadoria, pois só não vê quem não quer, ali também há favorecimento de interesses pessoais e parcialidade. Uma cidade de alto custo de vida te oferece um George Clinton e um James Chance e nego acha maravilhoso. Mas isso sai caro demais. Ah, a tal da violência que está chocando a população, principalmente a classe média... ora, ela sempre esteve presente desde a primeira Virada Cultural de São Paulo, só não viu porque não quis ou estava vacilando. E isso não tem haver com Racionais MC's, skinheads e a polícia. A própria população tem grande parcela de culpa nisso também, é muita demagogia colocar a culpa no Governo do Estado de São Paulo, da Prefeitura de São Paulo, da Guarda Civil Metropolitana, da Polícia Militar e Civil do Estado de São Paulo. São meros bodes expiatórios para uma população omissa de seus deveres civis, que acham que seus deveres são méritos. Já dizia o ditado popular que o povo tem o governo que merece, ainda mais porque o mecanismo é a eleição direta democrática.
A linha de pensamento do fiasco? Ora, se não tem Virada, e aí? Reclamação de que essa cidade, desse tamanho, não tem eventos culturais gratuitos ao público e isso e aquilo... A maioria dos que acham tudo um fiasco, não fazem nada para reverter o quadro negativo. Me lembro de uma cena do filme de Spike Lee, Do The Right Thing em que alguns homens que ficam bebendo num sofá na rua, reclamam de um asiático que está trabalhando, que está "roubando" os empregos deles.

A linha de pensamento do fiasco? Ora, se não tem Virada, e aí? Reclamação de que essa cidade, desse tamanho, não tem eventos culturais gratuitos ao público e isso e aquilo... A maioria dos que acham tudo um fiasco, não fazem nada para reverter o quadro negativo. Me lembro de uma cena do filme de Spike Lee, Do The Right Thing em que alguns homens que ficam bebendo num sofá na rua, reclamam de um asiático que está trabalhando, que está "roubando" os empregos deles.
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terça-feira, abril 30, 2013
Funk Carioca e Música de Vanguarda, na verdade, ambos podem ir para o lixo...
Me lembro ainda no final dos anos 90 quando o pai de um amigo afirmou que o gênero musical conhecido como Funk Carioca estava fadado a extinção. Bem, estamos caminhando para mais de uma década que este tipo de música não só sobreviveu, mas proliferou como uma epidemia. Talvez por não ter uma visão imparcial e mais discernimento, não pude fazer uma projeção óbvia de que certos estilos musicais mais cedo ou mais tarde ganhariam espaço no mercado de consumo em massa. No começo dos anos 80, era difícil imaginar que o Rap seria trilha para comerciais de produtos na tv. Mesmo quando um dos elementos do Hiphop ganhou uma certa notoriedade na mídia, sim, o Breakdance, que foi usado como vinheta de abertura de uma novela, assim como filmes, o Rap em sí demorou cerca de 10 anos para ser aceito pelo público em geral. E o que dizer do Hardcore? O derivado mais radical do Punk Rock nunca teve acesso à grande massa, grande parte dos anos 90 foi restrito aos nichos culturais. Quem imaginaria que o Hardcore se tornaria vinheta de uma novela voltada ao público adolescente?
Hoje em dia há muita discussão à respeito do Funk Carioca, uma parte abomina completamente, alegando que é anti-música e outros defendem como espontânea e criativa arte popular. Afinal, quem está certo? Na verdade, os dois. Eu fiz um grande esforço em não entrar em discussões à respeito do Funk Carioca e vou continuar me mantendo longe disso, apenas vou expor a minha estrita e particular opinião sobre isso e realmente não vou dar prosseguimento neste assunto. E isso também serve para a música de vanguarda, experimental, improvisação, free jazz e outros blá, blá, blás.
Hoje em dia há até teses sobre esse fenômeno cultural, pessoas que tentam legitimar o Funk Carioca como uma arte extremamente criativa e legítima, que pode ser equiparado aos gêneros consagrados no universo da música. Creio que a esta altura, a maioria que defende o Funk Carioca de forma "acadêmica", sabe de suas origens no dialeto do Rap Norte Americano da Costa Leste, o Miami Bass, sua fusão com elementos musicais brasileiros, etc e etc. A corrente que abomina o estilo alega a pobreza musical, como as montagens com samplers repetitivos e colagens grosseiras, além do despreparo lírico, poético dos MC's. Claro que o MC não precisa ser um cantor de ópera, mas pelo menos que ele pronuncie legivelmente. Se bem que a maioria das letras é de conteúdo descartável. Então entra a questão de preferência pessoal e o início das vãs discussões.
No campo da música de vanguarda e suas ramificações, há duas vertentes equivocadas bem claras: Os que defendem como arte refinada e outros que acham que também não é música, está mais para trilha sonora de filme esquizofrênico. Os que tem como a música de vanguarda como algo superior, realmente deveriam rever seus conceitos sobre humildade, pois este tipo de música não transforma ninguém em um ser humano melhor, é apenas música. A parte da crítica negativista em relação a este tipo de música, está tão condicionada à um formato de música como produto, que não tem paciência e sensibilidade para ouvir e estar aberto a novas experiências sensoriais na arte. Estes que se contentem com o que o grande mercado de consumo oferece, seja em coleções de banca de jornal, seja em megastores.
Enfim, são questões inúteis e perda de tempo, cada um que faça uso de sua liberdade para consumir o que bem entender.
*ps.: Ultimamente houve uma discussão sobre a arbitrariedade da Justiça Brasileira em proibir os bailes funk nas ruas, postos de gasolina e praças da cidade de São Paulo. Muita gente se manifestou contra a decisão alegando uma ditadura, pré-conceito, coisa de "direita", de gente "quadrada", "careta". Uma boa parte das pessoas que se manifestou contra essa proibição, realmente já esteve em um baile funk de rua? Já viram a merda que acontece sempre nestes eventos? Se começar a ter baile funk na frente da casa do pessoal que protestou contra a proibição, eles ainda vão apoiar? Imagina a mãe, avó ou filhos desse pessoal às 03:00h da madrugada em suas casas e o baile bombando.
Hoje em dia há muita discussão à respeito do Funk Carioca, uma parte abomina completamente, alegando que é anti-música e outros defendem como espontânea e criativa arte popular. Afinal, quem está certo? Na verdade, os dois. Eu fiz um grande esforço em não entrar em discussões à respeito do Funk Carioca e vou continuar me mantendo longe disso, apenas vou expor a minha estrita e particular opinião sobre isso e realmente não vou dar prosseguimento neste assunto. E isso também serve para a música de vanguarda, experimental, improvisação, free jazz e outros blá, blá, blás.
Hoje em dia há até teses sobre esse fenômeno cultural, pessoas que tentam legitimar o Funk Carioca como uma arte extremamente criativa e legítima, que pode ser equiparado aos gêneros consagrados no universo da música. Creio que a esta altura, a maioria que defende o Funk Carioca de forma "acadêmica", sabe de suas origens no dialeto do Rap Norte Americano da Costa Leste, o Miami Bass, sua fusão com elementos musicais brasileiros, etc e etc. A corrente que abomina o estilo alega a pobreza musical, como as montagens com samplers repetitivos e colagens grosseiras, além do despreparo lírico, poético dos MC's. Claro que o MC não precisa ser um cantor de ópera, mas pelo menos que ele pronuncie legivelmente. Se bem que a maioria das letras é de conteúdo descartável. Então entra a questão de preferência pessoal e o início das vãs discussões.
No campo da música de vanguarda e suas ramificações, há duas vertentes equivocadas bem claras: Os que defendem como arte refinada e outros que acham que também não é música, está mais para trilha sonora de filme esquizofrênico. Os que tem como a música de vanguarda como algo superior, realmente deveriam rever seus conceitos sobre humildade, pois este tipo de música não transforma ninguém em um ser humano melhor, é apenas música. A parte da crítica negativista em relação a este tipo de música, está tão condicionada à um formato de música como produto, que não tem paciência e sensibilidade para ouvir e estar aberto a novas experiências sensoriais na arte. Estes que se contentem com o que o grande mercado de consumo oferece, seja em coleções de banca de jornal, seja em megastores.
Enfim, são questões inúteis e perda de tempo, cada um que faça uso de sua liberdade para consumir o que bem entender.
*ps.: Ultimamente houve uma discussão sobre a arbitrariedade da Justiça Brasileira em proibir os bailes funk nas ruas, postos de gasolina e praças da cidade de São Paulo. Muita gente se manifestou contra a decisão alegando uma ditadura, pré-conceito, coisa de "direita", de gente "quadrada", "careta". Uma boa parte das pessoas que se manifestou contra essa proibição, realmente já esteve em um baile funk de rua? Já viram a merda que acontece sempre nestes eventos? Se começar a ter baile funk na frente da casa do pessoal que protestou contra a proibição, eles ainda vão apoiar? Imagina a mãe, avó ou filhos desse pessoal às 03:00h da madrugada em suas casas e o baile bombando.
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segunda-feira, abril 15, 2013
Será Que É Isso o Que Eu Necessito?! (Calma que eu explico...)
Me lembro quando o Titãs lançou o album Titanomaquia em 1993. Eu e meus amigos xingamos até cansar, alegando o oportunismo da ondinha grunge em SP. O disco foi produzido por Jack Endino, o lendário artesão do "som de Seattle". Depois de praticamente 20 anos, Jack Endino fala como ele acha patético os brasileiros insistirem em cantar em inglês, que segundo ele, é muito mau pronunciado e não entendia porquê os brazucas não aproveitavam a riqueza da sonoridade da língua portuguesa versão brasileira para fazerem rock. Enquanto escrevi este texto, escutei o Titanomaquia na integra pela primeira vez, pois na época só tinha visto videos como este que aqui está. E não é que o disco é bom? Não, não bati a cabeça na parede, só aprendi a identificar qualidade independente dos meus gostos pessoais. Na verdade, ele de certa forma é uma continuação do Cabeça Dinossauro ou Jesus não Tem Dentes no País dos Banguelas. Mas na verdade não quero falar do Titãs, apenas usei o título da música para ilustrar o assunto que quero tratar agora. (se bem que algumas partes da letra da música de certa forma, podem fazer parte do contexto, fora as palavras obscenas).
Não é a primeira vez que falo sobre a inutilidade de debates sobre arte, teorias e academicismo. É muito difícil alguém escapar dessa armadilha e mais de 90% acaba caindo nela. Essas discussões tem sido cabide de emprego como o funcionarismo público no seu mau sentido entre outras inutilidades. Sem discernimento, uma enfadonha conversa sobre música pode se tornar uma epifania para os mais desavisados e leigos.
Pense comigo, sinceramente, você acha que o Ornette Coleman ficou divagando teorias para executar a sua gravação de Free Jazz double quartet? Jean-Michel Basquiat precisou fazer mestrado em artes?
Não sou contra a existência de livros teóricos sobre música, artes em geral, mas esses livros definitivamente não vão revelar os segredos do universo. Nenhum livro ou instituição educacional, palestra ou o que for, vai tornar alguém um artista, acho que todo mundo sabe disso.
Quando o artista começa a se explicar sobre a sua arte, as coisas tendem a caminhar para algo errado. A arte sempre falou por si mesma, a não ser que ela não tenha realmente o que dizer. Quanto aos outros, bem, quero dizer os críticos e afins, eles tem a liberdade legítima de falarem e acharem o que lhes faz sentido. Quem quiser que compre o bolinho de ovo que sobrou no bar antes de fechar.
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quinta-feira, janeiro 17, 2013
MediaFire, ganância, direitos fonográficos e falta de entendimento
AMIGOS DO SONORICA, INFELIZMENTE INFORMO QUE TODOS OS LINKS FORAM BLOQUEADOS E MINHA CONTA DO MEDIAFIRE FOI SUSPENSA POR CONTA DOS ORGÃOS RESPONSÁVEIS POR DIREITOS AUTORAIS E FONOGRÁFICOS DOS TRABALHOS QUE DIVULGUEI NESTE ESPAÇO.
POR MAIS QUE EU EXPLICASSE A SITUAÇÃO DO BLOG, QUE TEM VISITANTES EM SUA MAIORIA AQUI EM SÃO PAULO, QUE É UM NÚMERO IRRISÓRIO DE ACESSOS, QUE ABORDA QUASE SEMPRE A DIVULGAÇÃO DE ARTÍSTAS DESCONHECIDOS, DE GÊNEROS MUSICAIS QUE DESPERTAM POUQUÍSSIMO INTERESSE, QUE TEM OBRAS PRATICAMENTE INDISPONÍVEIS NO MERCADO BRASILEIRO E QUE NEM TODOS TEM CONDIÇÕES DE COMPRAR PELA INTERNET, QUE MUITOS SEQUER PODEM POSSUIR UM CARTÃO DE CRÉDITO INTERNACIONAL, QUE NÃO PODEM COMPRAR UM PRODUTO FONOGRÁFICO COM AS TAXAS E IMPOSTOS EXTRAS INCLUÍDOS, NUNCA TEVE O INTERESSE DE LUCRAR SOBRE A OBRA ARTÍSTICA DE NINGUÉM.
AOS INTERESSADOS NOS REGISTROS PUBLICADOS NO SONORICA, O QUE POSSO FAZER, É ATRAVÉS DE UM PEDIDO PARTICULAR DE CADA LEITOR, PROVIDENCIAR O QUE FOR NECESSÁRIO DE FORMA PARTICULAR.
FRIENDS OF SONORICA, INFORM UNFORTUNATELY THAT ALL LINKS ARE BLOCKED AND MY ACCOUNT WAS SUSPENDED BY MEDIAFIRE ACCOUNT OF BODIES RESPONSIBLE FOR COPYRIGHT AND PHONOGRAPHIC OF WORK SPACE DISCLOSED IN THIS. FOR MORE I EXPLAINED THE SITUATION'S BLOG THAT HAS VISITORS IN YOUR MOST HERE IN SAO PAULO, WHICH IS A NUMBER OF WHIMSY ACCESS, WHICH EVER RELEASES FOR UNKNOWN ARTISTS, MUSICAL GENRES THAT AROUSE LITTLE INTEREST, WHICH HAS ALMOST UNAVAILABLE IN WORKS BRAZILIAN MARKET AND CONDITIONS THAT NOT EVERYONE HAS TO BUY THE INTERNET THAT MANY MAY EVEN HAVE A CREDIT CARD INTERNATIONAL, WHICH CAN NOT BUY A PRODUCT WITH PHONOGRAPHIC FEES AND TAXES INCLUDED EXTRAS NEVER HAD THE INTEREST OF PROFIT ON THE WORK OF ARTISTIC NOBODY.INTERESTED IN RECORDS TO PUBLISHED IN SONORICA, WHAT CAN I DO, IT IS THROUGH A REQUEST FOR EACH PARTICULAR PLAYER, WHAT IS NECESSARY TO PROVIDE FOR PARTICULAR WAY.
http://www.mediafire.com/policy_violation/account_suspension.php
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terça-feira, janeiro 08, 2013
Feliz ano novo! rá!
Sim! Feliz ano novo para todos. Depois de pensar bem à respeito do primeiro post de 2013, optei por não escrever sobre música. Aos que acompanham regularmente o Sonorica, creio que já saibam da minha relutância de abordar certos assuntos em relação à música. Muitas outras mídias já abordam o assunto e cada vez mais na minha opinião pessoal, algumas áreas da música eu vejo o quão é desnecessário falar.
Bem, o fato é que o ano de 2012 foi generoso para a música criativa em São Paulo, como foi relatado no Free Form, Free Jazz, autoria de Fabricio Vieira. Tivemos apresentações, workshops e devo ressaltar o importante fato do início da mobilização dos improvisadores que se reuniram em São Paulo e hoje trabalham para construir o que se convencionou a se chamar de Circuito de Improvisação Livre (SPImpro), articulando diversas apresentações em várias datas ao longo do ano e esporádicas reuniões para desenvolvimento musical.
Agora quero relatar a chegada de alguns amigos no mês de setembro, amigos que fiz em outras terras no ano de 2011. O mais chegado de todos, fez 70 anos recentemente e continua com sua energia e alegria e foi maravilhoso reencontrá-lo. A minha amiga que me hospedou em sua casa, infelizmente não pode vir. Conheci novos amigos e dois deles, eu pude conviver um pouco mais. Depois do workshop que participei, Joe Williamson perguntou se alguém queria tomar uma cerveja mais tarde. Apenas eu e o Marcio fomos nos encontrar com Joe. O hotel era bem perto da rua Augusta e sugeri que fizessemos um pequeno passeio para conhecer a cidade. Fomos a pé até a praça da República e já era quase meia noite. O centrão da cidade fica mais bonito à noite, mas lá estava o cheiro de esgoto e mendigos nos calçadões. Joe é um cara sem frescuras, um canadense que mora na Suécia e tem um senso de humor bem peculiar. Conversamos sobre diversos assuntos num boteco pé sujo e para mim é um tanto quanto estranho só pelo fato de que eu não bebo, mas o que importa é estar com os amigos. No dia seguinte, combinamos de almoçar, mas o Marcio não pode comparecer. Aí apareceu o Tobias Delius, um inglês que mora na Alemanha e é bem parecido com o Joe, um cara sem frescuras. Fomos a pé até o bar restaurante Estadão comer um virado à paulista e eles gostaram muito do prato típico. De barriga cheia fomos passear pelo Vale do Anhangabaú e Centro Velho, parando para um café dentro do metrô São Bento. Tobias precisava descansar um pouco e eu e Joe seguimos com o passeio, passando pelo Pátio do Colégio, Sé e pelo bairro da Liberdade. Joe pediu para tomar uma cerveja e paramos num boteco qualquer na rua da Glória. Ficamos um bom tempo por lá pois caiu uma chuva bem forte. Chegamos no fim de tarde no hotel e encontramos os outros integrantes da orquestra no bar ao lado e ficamos alí conversando por um bom tempo. Uma coisa muito legal que aconteceu foi que o Han Bennink pegou o telefone e ligou para a minha amiga que não pode vir, a Susanna, e me colocou para falar com ela. E mais uma vez, como foi naqueles dias na Holanda, quase não conversamos sobre música. Mary Oliver tinha detestado a rua Oscar Freire e suas madames com os cachorrinhos e aquela arrogância toda. Pude conhecer um pouco melhor o Michael Moore, que virou fã do frango à passarinho. Ao longo da semana ocorreram as apresentações, pude conversar um pouco mais com alguns e menos com outros e combinei com Tobias, uma feijoada no sábado, como despedida. E lá fomos eu e o Tobias para o Largo do Parí, num lugar extremamente simples, onde os caminhoneiros que abastecem um entreposto agrílcola, almoçam. Basicamente o local é quase uma tenda, com mesas de metal, que as marcas de cerveja oferecem aos bares e uma lona transparente que separa o restaurante dos corredores apertados onde circulam as mercadorias (basicamente predomina o aroma de coentro no local). O legal de lá é que você mesmo se serve e pode repetir. Depois, com a barriga explodindo, Tobias pediu para andarmos pelas ruas da região, na zona cerealista, av. do Estado, Pq. Dom Pedro e ele gostou muito e disse que gosta de conhecer o lado verdadeiro das cidades, onde o povo circula. Me disse que não gostou do Mercado Municipal, achou que era coisa para turistas (isso comprova minha opinião de que não se leva os gringos para os "cartões postais" de sampa). Descobri que o Ab Baars também não tem frescura com essas coisas, que ele encarava bares pé sujo e restaurantes "feios" desde que ofereça boa refeição. Eu pensava que ele não curtiria um rolê desses, pois o homem sempre se veste com muita elegância. Tá vendo como as aparências enganam? Vivendo e aprendendo...
Com certeza estes momentos são os que mais lembrarei com saudades da passagem da ICP Orchestra em São Paulo.
Bem, o fato é que o ano de 2012 foi generoso para a música criativa em São Paulo, como foi relatado no Free Form, Free Jazz, autoria de Fabricio Vieira. Tivemos apresentações, workshops e devo ressaltar o importante fato do início da mobilização dos improvisadores que se reuniram em São Paulo e hoje trabalham para construir o que se convencionou a se chamar de Circuito de Improvisação Livre (SPImpro), articulando diversas apresentações em várias datas ao longo do ano e esporádicas reuniões para desenvolvimento musical.

Com certeza estes momentos são os que mais lembrarei com saudades da passagem da ICP Orchestra em São Paulo.
sexta-feira, setembro 28, 2012
Ah... o conhecimento!
A cada dia que se passa tenho deparado e comprovado os efeitos na geração pós internet. Sim, apesar de eu estar prestes a completar apenas 4 décadas de existência nesta terra (não, não se trata da suposta crise dos 40, rá!) e ainda tendo um longo caminho de aprendizado a cumprir, presenciei o nascimento da era digital, a transição do lp, k7 e vhs para o cd, dvd e mp3, cartas manuscritas e seladas para os e-mails, entre tantas outras mudanças na transição do século XX para o século XXI.
Uma das grandes mudanças que gostaria de abordar aqui neste simplório espaço virtual, é sobre a relevante quantidade de experts, connoisseurs, peritos, especialistas, etc, em várias áreas do conhecimento humano já em sua tenra idade. Meu Deus, se em minha fase de pós adolescência e início da fase adulta, tanto eu quanto meus contemporâneos tivessem uma pequena fração do conhecimento que a nova geração possui, quem sabe algumas coisas teriam iniciado um processo um pouco melhor para a formação de uma sociedade melhor? Claro, isso teria que ter iniciado já a pelo menos 2 gerações anteriores à minha, para florescer algo hoje em dia. Mas isso foi inviável devido a má formação de uma nação desde seu início extremamente recente. Bem, águas passadas, quem vive olhando para trás vai inevitavelmente levar um grande tropeço hoje e nos dias que virão.
Como tenho relatado aqui em diversas ocasiões, até de forma exaustiva, sobre a facilidade ao acesso de informações por conta da world wide web, que tem ajudado em muito o acesso ao conhecimento, também é acompanhado dos efeitos colaterais desta overdose de informação. É mais do que óbvio e necessário o ato de analisar, filtrar, confrontar, questionar as informações que estão a disposição de quem as acessa.
Além do mais, dados, informação até uma máquina pode possuir, inclusive com mais precisão que um ser humano pensante. Mas o que fazer para processar essa avalanche de dados e informação para transformar em conhecimento útil? E digo mais, o conhecimento desprovido da sabedoria, pouco proveito se tem, se torna apenas vaidade. A sabedoria não se adquire com um processador de 4 núcleos, memória RAM de 10GB. Não importa quantos Terabytes se possa armazenar no hd orgânico (cérebro), sem a sabedoria, nada disso tem proveito, é apenas vaidade.
E, demais disto, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne. Eclesiastes 12:12
Em minha ignorância começo a compreender o que os mais velhos sempre dizem, com suas cabeças ornamentadas por corôas brancas ou grisalhas sobre sabedoria e experiência. A sabedoria se adquire pela experiência de vida, com o tempo, mas não apenas o tempo cronológico em si, mas com o volume de experiências e percepções sobre elas e seu entendimento.
Sim, eu já fui um jovenzinho mais impetuoso e arrogante em relação aos "corôas" e os tinha como ultrapassados que não "flagravam a parada" entre outros pensamentos típicos da imaturidade. Quão conflitante é a adolescência, o período em que não somos mais crianças e não somos adultos ainda e não somos levados à sério na maioria das vezes. Claro, na adolescência somos inconstantes mesmo, mudamos de idéias num simples toque no touch screen do smartphone, não é mesmo?
E o início da fase adulta então? 18 anos, carteira de habilitação, vestibular, faculdade, etc. Muitos jovens adultos no alto de seus vinte e poucos anos já acham que sabem de quase tudo sobre a vida e ainda mais hoje, com acesso a uma infinita biblioteca em pdf, acervos intermináveis em mp3, mp4, avi, mkv, flac, mpeg, etc.
Numa noite comum nas ruas desta cidade de São Paulo, onde a balada está em toda extensão das ruas e não apenas em locais específicos, tive uma breve conversa sobre música, aliás não foi só uma vez que isso aconteceu, mas várias vezes. Profundos debates sobre conceitos sobre música numa mera calçada da cidade, confronto de idéias, de opiniões, enfim. Em um certo momento perguntei se a pessoa praticava música. Ela disse que não e se não me falha a memória, fazia discotecagem (se bem que alguns eu tenho certeza que assim afirmaram sua relação com a música não apenas como ouvinte). Ah sim, hoje também dizem que os dj's são músicos, mas há dj's e dj's. Outros tinham uma relação mais de pesquisa, alguns se formando teóricos, jornalistas ou críticos.
Geralmente este tipo de conversa pouco proveito se tira, ainda mais se a pessoa está apenas desejando um ouvinte passivo que concorde com suas idéias. Na maioria das vezes eu sou presenteado com uma palestra a qual eu não me inscrevi, mas como tenho consciência da minha defasagem de informações em relação à nova geração de apreciadores de música e músicos, eu me coloco a participar deste tipo de conversa e tento aprender alguma coisa. Claro que nem sempre há lá muito o que se aproveitar, pois por incrível que pareça, mesmo havendo um verdadeiro universo de informações, parece que as pessoas vão às mesmas fontes, sendo que algumas delas são um tanto quanto questionáveis.
Nesta última segunda feira, depois de ter passado à tarde passeando pelo centro da cidade com o saxofonista Tobias Delius e o baixista Joe Williamson, fui tomar um chá com alguns integrantes da ICP no bar ao lado do hotel. Han Bennink me disse que após Sunny Murray ter imigrado para Paris, se tornou um sujeito digamos, um tanto falastrão e que muito do que anda dizendo por aí é questionável. Viu só? Até com os mais experientes acontece este tipo de situação, quanto mais com os mais jovens.
Toda vez que tenho oportunidade de conversar com grandes músicos experientes, quase não conversamos sobre música como os que tenho encontrado eventualmente. Benkyou, benkyou, vivendo e aprendendo, em minha limitada inteligência, tenho procurado falar menos e dar espaço ao ouvir para aprender mais sobre a vida e adquirir sabedoria. Os ouvidos não trabalham muito bem se as cordas vocais estão trabalhando o tempo todo...
Uma das grandes mudanças que gostaria de abordar aqui neste simplório espaço virtual, é sobre a relevante quantidade de experts, connoisseurs, peritos, especialistas, etc, em várias áreas do conhecimento humano já em sua tenra idade. Meu Deus, se em minha fase de pós adolescência e início da fase adulta, tanto eu quanto meus contemporâneos tivessem uma pequena fração do conhecimento que a nova geração possui, quem sabe algumas coisas teriam iniciado um processo um pouco melhor para a formação de uma sociedade melhor? Claro, isso teria que ter iniciado já a pelo menos 2 gerações anteriores à minha, para florescer algo hoje em dia. Mas isso foi inviável devido a má formação de uma nação desde seu início extremamente recente. Bem, águas passadas, quem vive olhando para trás vai inevitavelmente levar um grande tropeço hoje e nos dias que virão.
Como tenho relatado aqui em diversas ocasiões, até de forma exaustiva, sobre a facilidade ao acesso de informações por conta da world wide web, que tem ajudado em muito o acesso ao conhecimento, também é acompanhado dos efeitos colaterais desta overdose de informação. É mais do que óbvio e necessário o ato de analisar, filtrar, confrontar, questionar as informações que estão a disposição de quem as acessa.
Além do mais, dados, informação até uma máquina pode possuir, inclusive com mais precisão que um ser humano pensante. Mas o que fazer para processar essa avalanche de dados e informação para transformar em conhecimento útil? E digo mais, o conhecimento desprovido da sabedoria, pouco proveito se tem, se torna apenas vaidade. A sabedoria não se adquire com um processador de 4 núcleos, memória RAM de 10GB. Não importa quantos Terabytes se possa armazenar no hd orgânico (cérebro), sem a sabedoria, nada disso tem proveito, é apenas vaidade.
E, demais disto, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne. Eclesiastes 12:12
Em minha ignorância começo a compreender o que os mais velhos sempre dizem, com suas cabeças ornamentadas por corôas brancas ou grisalhas sobre sabedoria e experiência. A sabedoria se adquire pela experiência de vida, com o tempo, mas não apenas o tempo cronológico em si, mas com o volume de experiências e percepções sobre elas e seu entendimento.
Sim, eu já fui um jovenzinho mais impetuoso e arrogante em relação aos "corôas" e os tinha como ultrapassados que não "flagravam a parada" entre outros pensamentos típicos da imaturidade. Quão conflitante é a adolescência, o período em que não somos mais crianças e não somos adultos ainda e não somos levados à sério na maioria das vezes. Claro, na adolescência somos inconstantes mesmo, mudamos de idéias num simples toque no touch screen do smartphone, não é mesmo?
E o início da fase adulta então? 18 anos, carteira de habilitação, vestibular, faculdade, etc. Muitos jovens adultos no alto de seus vinte e poucos anos já acham que sabem de quase tudo sobre a vida e ainda mais hoje, com acesso a uma infinita biblioteca em pdf, acervos intermináveis em mp3, mp4, avi, mkv, flac, mpeg, etc.
Numa noite comum nas ruas desta cidade de São Paulo, onde a balada está em toda extensão das ruas e não apenas em locais específicos, tive uma breve conversa sobre música, aliás não foi só uma vez que isso aconteceu, mas várias vezes. Profundos debates sobre conceitos sobre música numa mera calçada da cidade, confronto de idéias, de opiniões, enfim. Em um certo momento perguntei se a pessoa praticava música. Ela disse que não e se não me falha a memória, fazia discotecagem (se bem que alguns eu tenho certeza que assim afirmaram sua relação com a música não apenas como ouvinte). Ah sim, hoje também dizem que os dj's são músicos, mas há dj's e dj's. Outros tinham uma relação mais de pesquisa, alguns se formando teóricos, jornalistas ou críticos.
Geralmente este tipo de conversa pouco proveito se tira, ainda mais se a pessoa está apenas desejando um ouvinte passivo que concorde com suas idéias. Na maioria das vezes eu sou presenteado com uma palestra a qual eu não me inscrevi, mas como tenho consciência da minha defasagem de informações em relação à nova geração de apreciadores de música e músicos, eu me coloco a participar deste tipo de conversa e tento aprender alguma coisa. Claro que nem sempre há lá muito o que se aproveitar, pois por incrível que pareça, mesmo havendo um verdadeiro universo de informações, parece que as pessoas vão às mesmas fontes, sendo que algumas delas são um tanto quanto questionáveis.
Nesta última segunda feira, depois de ter passado à tarde passeando pelo centro da cidade com o saxofonista Tobias Delius e o baixista Joe Williamson, fui tomar um chá com alguns integrantes da ICP no bar ao lado do hotel. Han Bennink me disse que após Sunny Murray ter imigrado para Paris, se tornou um sujeito digamos, um tanto falastrão e que muito do que anda dizendo por aí é questionável. Viu só? Até com os mais experientes acontece este tipo de situação, quanto mais com os mais jovens.
Toda vez que tenho oportunidade de conversar com grandes músicos experientes, quase não conversamos sobre música como os que tenho encontrado eventualmente. Benkyou, benkyou, vivendo e aprendendo, em minha limitada inteligência, tenho procurado falar menos e dar espaço ao ouvir para aprender mais sobre a vida e adquirir sabedoria. Os ouvidos não trabalham muito bem se as cordas vocais estão trabalhando o tempo todo...
sábado, setembro 15, 2012
Wuthering Heights, o rádio e a infância
Pois é, graças a um simples post sobre esta canção composta e interpretada por Kate Bush, que um amigo publicou no facebook, me veio a tona um sentimento de muito tempo atrás, de minha infância.
Wuthering Heights foi baseada no livro de Emily Brontë, escrito entre Outubro de 1845 e Junho de 1846, sobre o trágico romance entre Catherine Earnshaw e Heathcliff, um pequeno orfão adotado pelo patriarca da família Earnshaw.
Na canção de Kate Bush, ela interpreta Catherine ou o fantasma de Cathy, que chama por Heathcliff e pede para deixá-la entrar pela janela de sua casa. O video feito no fim dos anos 70 evidentemente não dispunha dos infindáveis recursos digitais de hoje em dia mas é melhor do que dezenas de videos super produzidos atualmente. Isso pelo fato da música ser consistente, bela e a interpretação de Kate é impecável, não é uma coreografia que tem mais cunho estético, que não diz muita coisa, como são os videos de Beyoncé, Britney Spears e Lady Gaga, onde há uma coreografia extremamente precisa e profissional.
Wuthering Heights foi sucesso na minha infância e por isso era executada nas rádios fm muitas vezes durante a programação.
O sentimento do qual eu disse no início, era de quando eu não tinha alcance aos lp's e k7's, só viria a comprar meu primeiro lp (Hey Jude - The Beatles) em 1983, aos 9 anos de idade. Então eu escutava o rádio e não havia também um programa de videoclips na época, já que a MTV foi ao ar em uma canal de tv à cabo em New York no dia 1º de Agosto de 1981.
O rádio era um mundo mágico onde as músicas despertavam muito a minha imaginação, pois não sabia de quem eram as vozes e o que eram os instrumentos que produziam aqueles sons. Cada música era um momento único e especial, pois não sabia se voltaria a ouvi-las novamente, então estava sempre atento para captar cada momento e guardar em minha memória. Eu escutava o rádio no carro do meu pai e muitas audições se davam quando íamos visitar minhas primas, na zona leste de São Paulo, perto do ABC e também na região da rodovia Raposo Tavares. Ora, para uma criança, esses trajetos eram uma grande viagem, uma aventura em que se contemplava cenários longe do alcance, afinal naquela idade, não podia nem andar até o extremo do meu próprio bairro. E as músicas do rádio eram a trilha sonora dessas minhas viagens.
Até mesmo depois, no meio dos anos 80, quando eu era um pivete headbanger de 13 anos, que já me aventurava em ir de ônibus ao centro de São Paulo, para ir à Woodstock discos e Grandes Galerias, era ouvinte dos programas de heavy metal e punk da época. Também escutava com atenção cada música, pois também não sabia se as ouviria novamente e se teria acesso ao lp. Então meu pai comprou um rádio gravador portátil para mim e meu irmão e deu início a minha vida de pesquisa musical. Gravava as músicas do rádio e compilava seleções em fitas k7 virgem. Gravava discos de amigos e outras fitas também. No centro da cidade se faziam gravações dos discos importados e a maioria dos títulos até hoje não foram lançados no mercado brasileiro.
Fui crescendo e até tive a oportunidade de assistir ao vivo o que só podia ouvir em casa. Outros tive até algo mais inesperado, como conhecer pessoalmente o baterista e compositor Max Roach. E depois muito mais do que poderia imaginar, tocar ao lado de Han Bennink e Sabu Toyozumi.
Até outro dia, não me interessava pela música de Kate Bush, só tinha em minha memória, uma cantora do fim dos anos 70 com uma voz bem aguda.
Mas depois do post do meu amigo no facebook, escutei com atenção a música e assisti novamente o video de Wuthering Heights, que me tornaram a sentir aquelas impressões de minha infância e descobri uma linda música. Não o rádio não é mais o que era e nem voltará a ser. Também o Youtube, Vimeo, Soundcloud, etc, não produzem aqueles sentimentos, hoje, aqueles sentimentos tocam apenas em meu coração. But, the song remains the same
quinta-feira, setembro 06, 2012
Dutch Week In São Paulo (de 22 à 30 de setembro)
Se você tem interesse pela música como forma de arte e não apenas um mero entretenimento, um pano de fundo sonoro para outras atividades, no mês de setembro esta cidade caótica oferece uma maravilhosa oportunidade de apreciar música criativa de qualidade sem esfolar o seu bolso. Sim, você não está nas mãos de estabelecimentos e instituições pseudo-sociais que usam de critérios duvidosos para oferecer à população, a dita arte e cultura.
O Centro Cultural São Paulo, localizado na r. Vergueiro #1000, SP, oferece várias atividades culturais para o público em geral de forma acessível e proporcionou na última semana do mês de semtembro, apresentações gratuitas dos projetos musicais holandeses que representam o que há de mais criativo na música sem fronteiras da atualidade.
ICP - Instant Composers Pool
Mistura de banda de jazz e grupo de câmara, a ICP é uma orquestra formada em 1967 pelo baterista Han Bennink e pelo pianista Misha Mengelberg. No palco, o espaço entre o piano e a bateria é ocupado por um trio de cordas - viola, violoncelo e contrabaixo - e, juntamente com eles, cinco metais. A música é repleta de surpresas, reviravoltas, agilidade e erupções inusitadas.
Sábado 22/09, às 20:00h
Entrada franca - sem necessidade de retirada de ingressos
Praça Mário Chamie (Bibliotecas) - 170 lugares
ps.: O Circuito de Improvisação Livre em São Paulo organizou para terça-feira dia 25/9 na Trackers, Rua Dom José de Barros, 337 - 2º andar, Centro e quarta-feira dia 26/09, um encontro da ICP com a união de músicos paulistanos no Espaço Puxadinho da Praça na Rua Belmiro Braga, 216 – Vila Madalena tel.(11) 2597-0055.
Shackle
Anne La Berge (flauta e eletrônicos) e Robert van Heumen (laptop)
O duo trabalha com um sistema de comunicação computadorizado que propõe vários elementos de composição para cada instrumentista - tempo, textura, dinâmica e outros parâmetros musicais.
Quinta-feira 27/09, às 21:00h
Entrada franca - sem necessidade de retirada de ingressos
Praça Mário Chamie (Bibliotecas) - 170 lugares
Corkestra
Cor Fuhler (clarinete, orgão/sintetizador, piano, composições), Anne La Berge (flauta e eletrônicos), Ab Baars (clarinete e saxofone tenor), Tobias Delius (saxofone tenor e clarinete), Nora Mulder (cimbalom), Michael Vatcher (percussão, singing saw), Tony Buck (percussão) e Wilbert de Joode (contrabaixo) Punk e música eletrônica se combinam neste grupo que reúne oito expoentes da improvisação. O ponto de partida são os riffs e as linhas melódicas e de baixo escritas por Cornelius Fuhler, sobre as quais os outros integrantes tocam suas próprias criações de maneira orgânica, formando novas peças no momento da apresentação.
Sexta-feira 28/09, às 21:00h
Entrada franca - sem necessidade de retirada de ingressos
Praça Mário Chamie (Bibliotecas) - 170 lugares
The Ex
Desde seu início, em 1979, o The Ex tem desenvolvido um caldeirão de diferentes estilos musicais: noise, rock, jazz, improvisação e música étnica. Guitarras altamente rítmicas, a bateria em um estilo quase africano e a intensa entrega das letras, muitas vezes irônicas, dão à música do grupo seu caráter especial.
Domingo 30/09, às 17:00h
Entrada franca - sem necessidade de retirada de ingressos
Jardim Suspenso (fachada Vergueiro) - 250 lugares
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