quarta-feira, outubro 31, 2007

Hurtmold

Eu estava esperando como sería mais uma etapa do Hurtmold, surpresa ou decepção? Ou confirmação? Tenho observado os comentários tecidos ao longo do ano sobre o grupo, infelizmente a maioria da mídia independente carece de um amadurecimento na análise empírica musical. Os músicos estão na tenra faixa etária dos 20 e tantos anos, muitas possibilidades podem se concretizar em termos de amadurecimento musical. Fora das comparações e termos muitas vezes imprecísos sobre o grupo, eles estão caminhando e incorporando novas experiências em seu trabalho. Uma questão que é extremamente positiva, é que a música instrumental brasileira se renova por um caminho até subestimado, o rock independente. O pessoal do Hurtmold não possui a erudição técnica tradicional, lhes livrando de um certo ranso produzido por músicos provenientes dos meios ortodóxos da música instrumental. Isto dá um frescor musical que se aliado ao domínio maior em relação à composição, instrumentos, gera resultados positivamente surpreendentes. É um disco agradável, ainda ecoam citações referenciais em pontos positivos e alguns nem tanto. Mesmo que a evolução musical do grupo ocorra em progressão aritmética e não geométrica, é um grupo à se observar atentamente no tempo que se segue.

segunda-feira, outubro 22, 2007

What It Is! Funky Soul And Rare Grooves (1967-1977)


Pra quem gosta de um balanço, mais um boxset para ampliar sua coleção. A Rhino/WEA compilou estes 4 cd's com obscuridades do R&B e Soul dos anos 70, como United 8, Black Heat, Howard Tate, por exemplo, como também gente mais conhecida como Watts 103rd St. Rhythm Band, Mongo Santamaria, Memphis Horns. Clique no título do post pra ouvir os samplers.

domingo, outubro 21, 2007

Cecil Taylor no Brasil

É bem capaz que meu dilema se resolva pela minha demora em decidir se compro ou não o ingresso do show. Pagar o surreal preço de R$120,00, nem pensar! Ou ser bicado com o ingresso de R$30,00 lá no fundão, que a organização do festival faz questão de ocultar como opção, numa situação de "melhor isso do que não ver..." Será? De quebra ter que aguentar o Joe Lovano e o DeFrancesco como consolação do Bobby Hutcherson como convidado... Também abrí mão de ver o Han Bennink aqui, por apenas 20 mangos no Sesc. Mas teve um agravante, aturar a orquestra mantiqueira, que eu acho chata demais. E outra, 20 mangos pode até ser razoável, mas pensando bem, sendo no Sesc, fica meio estranho saca? E eu pagar pra ver a mantiqueira? Num rola, joe... Aí muita gente fica refém do esquema montado pelas grandes empresas, que ditam o quanto se paga pelo show... Quanto vale o show? Diz ae seu Abravanel, quanto mesmo? Se eu tivesse comprado a TeleSena eram outros 500 mil. Eu e meu idealismo... acabo não vendo uma pá de show por conta disso, mas fazer o que? Se conformar em ser explorado por esse esquema, ter que pagar pelo que não se consome? Não é a sugestão número 1 do McDonald's em que você pode substituir o refrí por outra opção. Então por mera satisfação individual vou contribuir com o esquema de exploração? Aí eu vejo estes ridículos "potrestos" contra alca, análises intelectuais sobre o suposto fascismo no filme "Tropa de Elite", o Rolex do Luciano Huck... Aí eu vejo 2 proletários assassinados pelos "anarquistas ativistas". Eu deixar de beber uma coca-cola não vai amenizar em nada significativo os golpes militares na América do Sul. O meu boicote ao McDonald's não afeta em nada o imperialismo do Bush, só quem ganha é minha saúde, pois aquele fast food é podrão mesmo. "Quantas crianças se perdem no tráfico pra um playboy enrolar um baseado..." Essa frase da fala do cap. Nascimento no filme incomodou muita gente. Aí a dita e criticada classe média monta ong's, passa um pano pro MST, ouve um Fela, um rap, bola uma baseado, compra um cigarro... Depois descer a lenha no sistema é 2 palito. Não sou pró-policia. Sou contra violência e exploração em todos os sentidos. Aos "universitários de esquerda", abram mão do serviço policial, vivam a gestão com a ausência de Estado, levando em conta o comportamento humano em geral e vamos ver como se saem. "Mas eu só queria ver o Cecil Taylor"... eu também!

sábado, outubro 13, 2007

Han Bennink



A primeira vez que ouví Han Bennink, nunca imaginaria que ele tocaria numa bateria de queijo. Descobrí Bennink no disco Last Date de Eric Dolphy com Misha Mengelberg, de 1964. Foi o último registro de Dolphy, onde ao final do disco encontra-se a célebre frase: “When you hear music, after it’s over, it’s gone, in the air, you can never capture it again.” Muitos anos antes, quando eu nem sabia quem era Eric Dolphy, passava na tv um seriado policial chamado "Um homem chamado Falcão", uma espécie de detetive/justiceiro com muitos princípios éticos. Sempre no final tinha uma mensagem filosófica. Numa dessas, ele parafraseou Dolphy. Eu guardei a frase por mais de uma década em minha memória e no final dos anos 90 descobrí seu autor. Mas sobre o Bennink, no disco de Dolphy ele toca de forma convencional o jazz, mas logo descobriria sua forma de expressão nas gravações com Peter Brötzmann, entre muitos outros musicos de free jazz e improvisação. Sem informação digna, Han Bennink se encontra em São Paulo com Michael Moore e Pablo Nahar para um encontro musical com a Orquestra Mantiqueira no Sesc Vila Mariana neste domingo dia 14 às 18h, rua Pelotas, #141, tel.: 5080 3000, ingresso de 5 à 20 mangos. Saiba mais sobre Bennink em seu site: http://www.hanbennink.com/

domingo, outubro 07, 2007

Av.Paulista... mas e a Itália?!

Neste mês de Setembro, tenho desfrutado de uma gratificante experiência, tocar bateria na calçada da av. Paulista aos sábados. Sim, tocar na rua é uma experiência única, não há um set à cumprir, horário determinado, necessidade de tocar o que agrade as pessoas, aliás, não há um público especícfico, pré-selecionado por um ambiente ou couvert artístico. Quem gosta, fica por alguns momentos, até chegam a fazer uma contribuição simbólica e até substancial em dinheiro. Quem não gosta ou não liga, simplesmente continua seu caminho, desfrutando do direito de ir e vir. Mas o simples prazer de tocar livremente já é o pagamento. Uma vez até recebí de um cidadão, uma cédula dessas que não se vê sempre na carteira de um trabalhador comum. Mas a oferta que mais me comoveu, foram as moedas que crianças de rua(!) me ofertaram de coração. E isso ocorreu mais de uma vez, nem me deram chance de recusar. Foram os centavos mais valiosos que recebí na minha vida. A foto é do local onde costumo tocar, em frente ao edifício do consulado italiano em São Paulo. Uma coisa que tem me chamado a atenção é justamente sobre este local. Não sei porquê, a av. Paulista recebeu o título de cartão postal da cidade, tem a calçada bem mais larga do que quase todas as calçadas da cidade, um mar de edifícios comerciais, bancos, alguns cinemas, museu, centro cultural, etc. Criou-se uma aura de sofisticação em cima de um simples passeio por esta avenida. E reparei no fascínio que o edifício do consulado italiano exerce sobre os transeuntes paulistanos. A construção em sí, não tem nada de espetacular em termos arquitetônicos e estéticos, pra falar a verdade, é um edifício medíocre até. A construção original era de um banco sul-americano que fechou suas portas. O consulado alí se instalou sem modificar a estética do edifício. Todas as vezes que estive presente tocando, pessoas param em frente ao consulado e ficam admirando o local, chegando a ponto de tirar fotos e também posar em frente. Sería a necessidade de se sentir "importante"? Tentar de forma constrangedora se sentir no "primeiro mundo"? Não, não são pessoas ditas simples e humildes que o fazem, são pessoas que possuem uma boa máquina fotográfica digital ou celular de penúltima geração com câmera embutida. Bem, cada um cada um...

sexta-feira, outubro 05, 2007

Luqman Ali, 1939 - 2007


Espero que agora ele não esteja no espaço, pois definitivamente o espaço não é o lugar e sim, um lugar infinitamente melhor, realmente celestial, a nova Jerusalem. Bom descanso com a benção de Deus, Luqman Ali!
 
 
Studio Ghibli Brasil