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domingo, janeiro 24, 2016

Barrados no baile (do copyright)

Tudo começou quando publiquei uma matéria à respeito de um lançamento de gravações do Joy Division nunca editadas. Resolvi divulgar, pois aqui no Brasil seria praticamente inviável ter acesso. Logo em seguida recebi uma notificação ameaçadora de processo e minha conta no mediafire foi bloqueada. Notei que algumas pessoas visualizaram postagens que o link pertencia ao mediafire. Caso não tenham outras fontes, é só escrever um comentário nos respectivos posts e podemos disponibilizar um novo link. Lembrando que o Sonorica não lucra com isso, é apenas uma fonte de informação, principalmente para pessoas que não tem acesso por conta de condições financeiras, afinal estamos em um país sub-desenvolvido que o poder político/econômico mundial faz questão de maternos assim. Ou seja, vendemos o milho para depois comprar o fubá deles pelo triplo do preço. Obrigado pela atenção.

quinta-feira, janeiro 21, 2016

The return of living dead...(oh não! De novo esse assunto sobre a volta do vinil? O que, k7 também?!)

Pois é, e lá vamos nós novamente falar sobre o tal do disco de vinil. Como tenho percebido que nos últimos anos o simples fato de expor uma opinião gera um tipo de atrito que ultrapassa as fronteiras do bom senso, beirando à um conflito de fanatismo religioso, já aviso que tenho 3 estantes lotadas de discos de vinil, gosto deste formato e ainda em tempo, este texto é apenas uma opinião particular de minha parte a qual tem pouca importância para minha vida. Também ainda tenho centenas de fitas k7. Só me adaptei aos novos tempos, então tenho mais de 1000 Compact Discs e cerca de 500GB de arquivos em mp3 em compressão 320kbps, FLAC, WAV.
Se sou contra a volta do vinil e do k7? Efetivamente não ligo no sentido de apoiar, mas o tipo de comportamento que esse "revival" tem causado, me inclina à desaprovar esse retorno dos mortos vivos.
1º impacto negativo: Inflação do mercado.
O que era um moribundo no meio dos anos 90 se tornou um vilão como Jason Voorhees, Michael Myers ou Freddy Krueger, ressurgido das trevas. OK, sempre houveram discos caros, principalmente os importados ou as edições nacionais fora de prensagem, mas as prensagens nacionais em catálogo, que sobravam aos montes em sebos, que eram vendidas em lojas de departamento junto aos eletrodomésticos (hoje em dia seria um Walmart, Carrefour, Lojas Americanas, etc), vendidos de centavos à poucos R$, hoje em dia, são vendidos por pelo menos R$30,00 e detalhe, sem estar em boas condições de conservação;
2º impacto negativo: Fetiche consumista.
Definitivamente nada contra o fetiche do vinil, desde que isso não ultrapasse o bom senso. Até que ponto ter um LP é tão importante? "Mas a arte da capa, o encarte, o selo, pegar no disco, a experiência sensorial do tato, etc..." Tudo bem, OK, cada um com sua preferência, mas a que preço? Fora que muitos nem escutam os discos, é apenas um troféu à ser exibido em seus círculos sociais.
Ainda existe a fatídica questão da tal qualidade superior de áudio do vinil para os formatos digitais. Não vou entrar nesta questão por ser extremamente exaustiva e seria uma perda de tempo, pois quem defende essa tal qualidade superior, se apoia em uma fé cega (ou seria surda?).
Enfim, a música acaba se tornando um fator secundário no mínimo quando entram estas questões.
3 º impacto negativo: Elitismo
Isso está diretamente vinculado ao 1º e 2º fator acima. Quem é que tem pelo menos R$70,00 para comprar um disco? Geralmente as reedições custam mais de R$100,00, sendo que teriam de ser mais em conta, pois não houve custo adicional na produção musical, ou seja, o artista não gastou horas de estúdio e outras despesas, como matriz, arte de capa, etc.
Cai entre nós, vivemos em um país miserável, onde o salário mínimo é de R$880,00 (vigorando desde 01/01/2016). Faça as contas, levando em consideração que a maioria da população (vamos centralizar na capital paulistana) no máximo (no máximo mesmo) ganha até 6 salários mínimos e dessa porção, a esmagadora maioria não ultrapassa os R$2.500,00 por mês. No quesito moradia, no mínimo R$1.000,00 em despesas, sem contar com a alimentação, vestuário, saúde. Então, pobres, lamentamos que esteja fora desta fatia de mercado de consumo exclusivo. Pelo menos não tem o mesmo impacto negativo dos smartphones, mas...
4º impacto negativo: Impacto ambiental
Ah não, lá vem o discurso ativista ecológico greenpeace ou até black block, petista, hippie, esquerdista ou que seja...
Alô, tem alguém em casa? Já não é notório o impacto ambiental negativo causado pela indústria de consumo? Mas o que é agora, vai colocar a culpa do vinil pelo aquecimento global? Bem, se utilizarmos o bom senso, deixando de lado opiniões estritamente pessoais, basta somar 1+1.
Qual a matéria prima do disco de vinil? PVC.
*Polivinil cloreto, comumente conhecido como "PVC" ou "vinil" é um dos materiais sintéticos mais comuns, o PVC é uma resina versátil e aparece em centenas de diferentes formulações e configurações. Acima de 7 milhões de toneladas de PVC são atualmente produzidos por ano nos EUA. Mas fique tranquilo, Aproximadamente 75% de todo ele manufaturado é usado em materiais de construção.
PVC: O maior desastre ambiental sobre a saúde.
Ele é o pior plástico sob a perspectiva da saúde ambiental, colocando maiores prejuízos quando de sua fabricação, sobre tempo e vida dos produtos feitos com ele e por fim quando é jogado fora.
Subprodutos tóxicos de sua fabricação.
Dioxina (o mais potente carcinogênico conhecido), dicloroeteno (ou sua antiga denominação: etileno dicloreto) e cloreto de vinil são involuntariamente gerados na produção de PVC e podem causar severos problemas de saúde, como:
Câncer;
Disruptor endócrino;
Endometriose;
Danos neurológicos;
Defeito de nascimento e comprometimento no desenvolvimento infantil; e
Danos nos sistemas reprodutivo e imunológico.
Nos EUA, o PVC é fabricado predominantemente próximos de comunidades de baixa renda no Texas e na Louisiana. O impacto tóxico da poluição em três destas fábricas nestas comunidades tem feito delas o foco do movimento de justiça ambiental.
Impacto global:
O impacto da dioxina não para aí. Como um poluente bioacumulativo tóxico (PBT), não se decompõe rapidamente e viaja através do planeta, acumulando-se nos tecidos gordurosos e concentrando-se assim que vai subindo na cadeia alimentar. Dioxinas da fábrica de Louisiana migram pelos ventos e se concentra nos peixes dos Grandes Lagos. Elas são mesmo encontradas em perigosas concentrações nos tecidos da baleias, dos ursos polares e, finalmente, no leite materno do povo esquimó Inuit. A exposição média de dioxina dos norte-americanos já alcança risco calculado de câncer tão grande quanto 1 para 1.000 – milhares de vezes maior dos que o padrão usual para um risco aceitável. Mais dramáticas são as concentrações de dioxina no leite materno a um ponto que os bebês agora recebem altas doses, em ordem de magnitude maior do que as médias dos adultos.  
Risco dos terroristas:
O relatório de 2002, encomendado pela Força Aérea dos EUA para a Rand Corporation, onde identifica o armazenamento de gás cloro e meios de transporte como maiores alvos químicos para ataques terroristas, citando exemplos de uma série de ameaças e ataques já realizados em todo o mundo. O cloro usado como principal matéria-prima para na fabricação de PVC e o seu transporte através de comboios para abastecimento destas fábricas, torna toda esta cadeia do processo altamente vulnerável. Um simples ataque terrorista poderia liberar uma nuvem tóxica que se espalharia por quilômetros, colocando milhões de vidas em um perigo potencial.
A melhor segurança é optarmos por materiais seguros que não necessitem cloro. A produção de PVC é o maior consumidor específico de cloro e assim reduzir seu uso, representa o maior passo que poderemos dar para reduzirmos o risco de desastres com este elemento químico, acidental ou intencionalmente.
Aditivos letais:
O PVC é inútil sem não houver a adição de uma infinidade de estabilizadores tóxicos – como o chumbo, cádmio e estanho – e dos plastificantes ftalatos. Eles lixiviam ou volatilizam do PVC todo o tempo aumentando os riscos que incluem asma, envenenamento por chumbo e câncer.
Incêndio mortamente perigoso:
O PVC representa um grande risco nos incêndios de prédios, já que ele libera gases mortais por largo tempo depois que ele inflama, assim como o cloreto de hidrogênio se transforma em ácido clorídrico quando inalado.  Enquanto ele queima, tanto acidentalmente ou na incineração de lixo, vai liberando dioxinas cada vez mais tóxicas. O PVC queimado em aterros de lixo pode ser agora a maior fonte de dioxinas liberadas no ambiente.
Não pode ser facilmente reciclado:
A multitude de aditivos requeridos para fazer o PVC utilizável, torna a reciclagem pós-consumo, em grande escala, quase impossível para a maioria dos produtos, interferindo na reciclagem de outros plásticos. De um estimado de 3,5 milhões de toneladas de PVC são jogadas fora nos EUA, e apenas 7 mil - menos da metade de 1% - é reciclada. A Association of Post Consumer Plastics Recyclers (nt.: Associação de Recicladores de Plásticos Pós-Consumo) declarou que os esforços para reciclar o PVC são falhos e classificou-o, em 1998, como um contaminante.
* fonte: https://www.healthybuilding.net/
Mas que importância isso tem, não é? O que é utilizado na produção de discos de vinil talvez não chegue a 1%. E a produção de celulose para as capas, selos, encartes? Também terá um aumento na produção de porcentagem mínima em relação à produção total.
Para quem entende um pouco de mercado financeiro, sabe o quanto faz de diferença a porcentagem de 0,1% em diversas situações. Levando em consideração que mesmo a matéria prima produzida de forma sintética não brota do nada e depende de recursos naturais que não são infinitos, esta insignificante porcentagem pode fazer uma diferença considerável à longo prazo.
Mas quem se importa? Essas novas gerações nem ligam pra disco de vinil, só fazem download de mp3, eles que se virem com o meio ambiente no futuro...

sexta-feira, novembro 12, 2010

A morte do Hardcore Punk

Estamos no final da primeira década do séc.XXI e mais um óbito de uma cultura é presenciado: A morte do Hardcore. Não? Bem, se você faz parte dos envolvidos neste movimento e estilo cultural, político e musical, que ainda frequenta apresentações (gigs), lê ou publíca zines, tem uma banda ou coisa semelhante, sugiro que faça um panorama reflexivo, sem paixões sobre o Hardcore Punk hoje em dia. Ah, o Do It Yourself Never Dies... Mas isso não é uma invenção do HC e sim de culturas e movimentos que já passaram por este mundo. Mas você tem toda a liberdade de discordar (dischord) e dizer que a chama ainda queima (flame still burns). Então não perca tempo lendo este post. Este não é um blog segmentado.
O Hardcore Punk viveu sua "época de ouro" nos anos 80 e uma parte dos 90 com a proliferação de bandas, zines, programas de rádio, midia em geral através do mundo. Aqui no Brasil, as coisas sempre chegaram com um certo atraso e distorção de valores, que hoje em dia não acontece como antes, devido à era digital e a world wide web, que permite o acesso direto à fonte. Eu posso falar sobre boa parte do que ocorreu aqui em São Paulo, pois participei desta cultura, portanto não sou um pesquisador de laboratório que nunca foi à campo, teórico ou alguém que só leu algo na net ou outro veículo de informação. Mas não estou aqui para fazer uma autobiografia e nem uma biografia sobre o Hardcore Punk paulistano neste reduzído espaço digital.
A intenção aqui é avaliar o que existe e resiste hoje em dia. Existem algumas casas noturnas que abrigam apresentações de bandas estrangeiras periodicamente, há alguns poucos espaços que são direcionados ao HC, algumas lojas de discos, alguns zines, muitos blogs e sites, alguns festivais, etc. Mas o que era concebido como cenário HC já não existe mais, as coisas mudaram, ou melhor, sofreram uma mutação e não uma evolução, infelizmente. O HC teve o mesmo fim que o movimento Flower Power dos anos 60, que ainda deixa resquícios ou sequelas de seu impacto, mas a sua força e autonomia já se foi, sinto muito.
Os remanescentes praguejam contra produtos como NX Zero, CPM 22, etc, mas isso nunca foi novidade em movimento musical que já existiu. Sempre a indústria, os empresários ou pessoas que são carentes de pertencerem à um grupo e portar algum rótulo se infiltraram em qualquer que seja a denominação coletiva musical e cultural.
E de pensar que o termo emocore (emotional hardcore) veio de grupos de Boston como Rites Of Spring, Embrace, etc, iria desembocar em coisas como Fresno e afins, realmente é trágico (como diria o sr. Omar, do seriado "Todo Mundo Odeia o Chris").
Hoje já vemos jovens na faixa dos 30 anos relembrando das gigs noturnas na metrópole paulistana, das saudosas lojas de discos na Galeria do Rock, que eram o ponto de encontro deste segmento. Alguns se assemelham aos punks quarentões que vivenciaram o início do Punk nos anos 80 e lamentam seu declínio entre goles de cerveja ou outro goró mais forte. Decline of the western civilization... Mas alguém ainda grita: "This is not the end!" (citação de uma música do Agent Orange).
O Hardcore se auto destruiu, deu o famoso tiro no próprio pé, seu radicalismo sufocou a sí mesmo. Nem os diamantes são eternos, tudo passa na história da humanidade. Mas não precisava ser assim, uma morte sem dignidade, uma morte agonizante e desapercebida, como morre um indigente debaixo de um viaduto. As coisas poderiam ter evoluído, se aprimorado e se adaptando aos tempos contemporâneos, assim como ocorre felizmente com o chamado free jazz na Europa e EUA. Nestes continentes o Hardcore Punk ainda encontra um espaço com dignidade, mesmo que bem mais reduzido, por manter o bom senso, sem levar em conta que preservou certas colunas de sustentação básicas para existirem, sem distorcer de forma bizarra sua criação.
Bem, alguns aqui até que estão tentando fazer alguma coisa, outros fazendo documentários (ou seriam obituários?) e não posso dizer com exatidão os seus fins e suas reais intenções.
Aquele côro do Youth Of Today que dizia: Keep it up!, soa tão distante agora...
 
 
Studio Ghibli Brasil