quinta-feira, dezembro 31, 2015

Feed Your Head ‎- The Missing Sound Of Laughter (1989)

The Missing Sound Of Laughter foi o segundo LP do Feed Your Head, lançado pelo selo da banda, Crucial Climate, em 1989. Aos poucos, graças à internet, mais material do FYH vem surgindo, algumas gravações de shows e compactos, e claro, o Sonorica publicará o material disponível, afinal o Feed Your Head é um dos prediletos da casa. Nos comentários. Assim encerrando o ano de 2015 com uma das bandas mais criativas do punk rock que surgiu nos anos 80.

Def Beats vol 1 (1987)

O ano de 2015 finalizando. Esta é uma das últimas publicações do Sonorica, encerrando um ótimo ano, com a graça de Deus! Espero continuar o próximo ano divulgando música de qualidade por aqui, principalmente aquele tipo de música que não tem espaço nos grandes meios de comunicação. Agradeço à todos os que visitaram este pequeno espaço virtual e espero que tenha sido útil como mais uma fonte de informação.
A chamada primeira onda do hip-hop britânico ocorreu na metade dos anos 80, enquanto nos E.U.A. a nova geração ou segunda geração foi chamada de hardcore hip-hop, liderada por grupos como Boogie Down Productions, Public Enemy, Ice T, Run DMC, LL Cool J, etc. O hip-hop ficou mais agressivo, lembrando as origens do rhythm and poetry dos pioneiros The Last Poets, The Watts Profhets e Gil Scott-Heron. Então o produtor Simon Harris lançou o Def Beats 1 em 1987, com o sugestivo sub-título "Hardcore Hip-Hop Fresh Out Of New York". Um sampler do cenário hip-hop britânico tendo como principal nome, Derek Boland, ou simplesmente Derek B.
Mais três compilações do hip-hop produzido na Inglaterra foram lançados pelo selo Music For Life sob o título de Hard As Hell! Em breve o Sonorica publicará o volume 4 da série e assim que possível, alguns registros de títulos individuais do pioneiro cenário britânico de hip-hop. Afinal não é só de rock e seus derivados que se faz música na Inglaterra. Nos comentários.
Que todos tenham uma ótima trilha musical para o ano de 2016!

sábado, dezembro 19, 2015

Hard As Hell! 2/3 - V/A (1988)



E o ano de 2015 indo embora... Um ano cheio de mudanças e há ainda mais por vir! A minha nova fase proletário me privou de muitas atividades, inclusive poder me dedicar melhor ao Sonorica. Mas enfim, vamos seguir em frente se assim Deus quiser! Digamos que o título da compilação do hip-hop underground britânico vem bem a calhar por conta dos eventos que ocorrem atualmente.
Esta é a segunda compilação do cenário hip-hop britânico produzida por Simon Harris sob o nome de Hard As Hell!. Na verdade é a terceira, pois a compilação Def Beats 1 de 1987 é contada na cronologia do selo Music Of Life Records e a versão internacional Profile não conta, por isso as duas versões. Na primeira versão em LP foi lançada com 9 faixas e a versão em CD com 2 faixas bonus: I Don't Cary Anymore (M.C. Duke) e Rougher Than Animal (The Demon Boyz feat. Brian B, Stevie Gee). Posteriormente uma nova versão com 4 faixas bonus, incluindo: Don't Stop Do It (D.J. Daddy) e Kinda Cool In The Place (Thrashpack).
Os inéditos são D.J. Daddy, She Rockers e Hijack. Infelizmente não encontrei dados à respeito dos artistas. Nos comentários, the tables still turning!
* Pra facilitar, aqui vai o link refeito da publicação sobre o Hard As Hell! Lesson 2 ou vol. 1:
http://sonorica.blogspot.com.br/2011/12/hard-as-hell-raps-next-generation-va.html

sábado, outubro 10, 2015

Max Roach Double Quartet ‎- Bright Moments (1987)

Dando sequência à homenagem ao meu mestre dos pratos e tambores, sempre relembrando e celebrando sua música que em breve, se o mundo não se acabar com a loucura humana, completará 1 século de existência. Bright Moments é o terceiro registro do quarteto de Max Roach formado por Odean Pope, Cecil Bridgewater e Tyrone Brown ao lado do Uptown Quartet formado por: Diane Monroe (violino), Lesa Terry (violin), Maxine Roach (viola) e Zela Terry (cello).
Lembrando que Bright Moments foi composta por Roland Kirk e há também o clássico de Randy Weston, Hi Fly. Momentos brilhantes nos comentários

sábado, setembro 26, 2015

Max Roach Double Quartet ‎– Easy Winners (1985)

O quarteto que Max Roach desenvolveu um trabalho por décadas antes de sua despedida, se uniu ao quarteto de cordas no qual sua filha Maxine faz parte está registrado também em Easy Winners, de 1985. Bem, não há realmente nada mais o que dizer sobre Max e sua obra musical, seria uma repetição inútil do que a maioria das pessoas interessadas em música já sabem. Então a música continua falando por si só e este é um momento para relembrar este grande artista que contribuiu para uma grande mudança na música, sim, não só para o que se convencionou a ser chamado de jazz, ou música afro americana, mas simplesmente música. Atualmente retornou-se aos rudimentos das antigas discussões étnicas que sempre geram um saldo bem negativo, o qual realmente não quero jamais de nenhuma forma contribuir. Lembro-me sempre de uma entrevista em que perguntaram à Max Roach se ele escutava jazz, sobre novos bateristas de jazz, etc e ele apenas respondeu que não ouvia jazz, mas simplesmente música...
E como eu disse antes, não me recordo se registrei aqui mesmo no Sonorica, mas na dúvida novamente digo que as discussões sobre música, gêneros musicais, etc e etc são um enfado do espírito, uma satisfação de vaidades do intelecto humano que não tem nenhum proveito edificante.
Então minha sugestão é apenas deixar a música falar ao nosso coração.
Nos comentários, sem necessidade de qualquer palavra...

sábado, agosto 22, 2015

Jazz Na Fábrica... Como somos provincianos!

Início da noite de 16 de Agosto de 2015. Fazia um tempo consideravelmente longo que não prestigiava uma apresentação musical deste gênero e nestas circunstâncias. Ah, os festivais internacionais de jazz em São Paulo... Os mais notórios tinham nome de empresas e produtos que causam grandes males à saúde e de um certo modo, à humanidade. Ainda existe um ou outro festival com essa estratégia de marketing, vendendo um produto para um público alvo classificado como sofisticado.
O SESC à seu modo, tenta incluir o grande público em nichos da arte que naturalmente são segregados por motivos sócio-econômicos que obviamente refletem culturalmente, afinal, quase todo mundo sabe que cultura não é só entretenimento, arte, museus, etc e etc. Então o festival Jazz Na Fábrica chega ser um dever cívico desta instituição do setor privado.
Os festivais anteriores até tentaram "ousar" nas atrações, mas ao longo dos anos, por questões mercadológicas, essa ousadia praticamente definhou. Por que? Essa questão de mercado é mais importante do que a tal da cultura obviamente. Status não aumenta o saldo do caixa. Imagine uma programação apenas com Peter Brötzmann, Roscoe Mitchell, Ken Vandermark, Mats Gustafsson, Evan Parker. Haveria público para preencher um espaço de um ginásio de esportes?
Os festivais de jazz patrocinados por grandes empresas sempre tiveram esse foco insólito de público "A", mas também suponho que a maioria sabe que a opulência nunca garantiu um refinamento e alto nível cultural, ainda mais no Brasil, onde foi adotada uma modalidade do sistema capitalista em sua forma mais agressiva. Isso vem desde os primórdios, pois também a esta altura do campeonato quase todos sabem que categoria de cidadãos oriundos da península ibérica vieram parar nestas terras "selvagens" para dominar (coxa de frango no bolso).
Bem, vamos ao assunto em questão, isto foi apenas um breve rascunho introdutório como base.
Por um lado que o SESC foi criado para atender culturalmente o proletariado do setor de comércio, seja com arte, esporte e lazer, isso de maneira alguma resultou em uma estrutura de 2ª categoria, visto que existe um pensamento elitista e abominável de que o dito "povão" não precisa de coisas de qualidade superior, qualquer banqueta de "prástico" já está de bom tamanho (?!).
Em alguns termos relativos, sim, infelizmente chega a ser verdade, mas isso foi condicionado à população de baixo poder aquisitivo. Pergunte à um pobre se ele gosta de morar num barraco na favela. Pois é...
Mas o SESC sempre proporcionou uma estrutura de alta qualidade e à muito tempo, tanto que me lembro quando meu pai trabalhava no setor comerciário e na minha infância desfrutávamos desta estrutura de ótima qualidade.
Hoje em dia, a maioria dos artistas que não fazem parte do varejão do entretenimento, almejam ser "assalariados" desta instituição, que lhes proporciona uma estrutura quase irrepreensível, que garante até um mínimo de público que por seus próprios meios não o teriam.
Só que da mesma forma que aconteceu com a USP, a burguesia "esperrrta" colocou suas garras no SESC. Tá, mas a instituição não é do setor privado do comércio? Sim, mas o intuito era fomentar a demanda de cultura e lazer do proletariado, assim como a USP para o ensino superior.
Quanto mais se tem, mais se quer. Por outro lado também há a situação de alguns pobres que continuam pobres, pois querem compartilhar.
Eu particularmente tive esta experiência inúmeras vezes. As pessoas que conheci  que eram de maior poder aquisitivo, eram as mais individualistas e egoístas, no estilo cada um no seu quadrado, cada um paga o seu, mas se oferecerem, aceitam sem necessidade, porque é de graça.
Com o tempo o público que frequenta o SESC foi mudando, só não foi dominado pela burguesia pois o comerciário ainda tem seu espaço resguardado, se não, a instituição deturparia completamente seu fundamento.
Nossa, e o que tudo isso que estou falando tem haver com o Jazz Na Fábrica afinal de contas? Tudo bem, vamos direto ao assunto de fato, sem rodeios.
Eu optei objetivamente por prestigiar o quarteto do multi-instrumentista William Parker que acompanho à mais de dez anos. Assim como os trabalhos paralelos do percussionista Hamid Drake. Era uma oportunidade única, além de poder comprar o ingresso por 1/3 do preço em relação ao público não comerciário. Isso proporcionou comprar mais 2 ingressos para meus amigos também poderem prestigiar. 
*Não vou comentar nada sobre a apresentação, minhas palavras poderiam empobrecer o que ocorreu em forma musical, quem ouviu pôde sentir. Seria totalmente descartável falar à respeito ou até vaidade tentar descrever.
Antes da apresentação dar início, o público adentrava no teatro do SESC Fábrica Pompéia aos poucos e atrás de mim estavam um pequeno grupo de jovens adultos, de nível universitário de instrução, girando em torno dos 20 e poucos anos de idade. Então chegaram algumas senhoras da chamada 3ª idade no recinto. Então umas das mulheres que estava no grupo disse:
"Ah, velha não! Esse povo que não entende nada de música! Esses comerciários, etc e etc..."
Naquele momento me vieram dois tipos distintos de sentimento. Tristeza e raiva. Me abateu o espírito aquela afirmação inflada de perversidade.
Mas graças a crença classificada como ignorância por grande parte das pessoas ditas mais instruídas e cultas desta sociedade, que é a minha crença em Deus, contive minha raiva para não entristecer esta "entidade imaginária".
De forma premeditada ficou por um fio de cabelo eu me virar para eles e dizer:
"Eu sou comerciário, algum problema? Depois a gente troca ideia lá fora, certo?"
Rapidamente a minha indignação e raiva deu lugar à uma angústia em minha alma, quase uma dor causada por aquelas palavras impiedosas. Depois deu pena, por estas pessoas estarem num lodo sujo de valores distorcidos, não enxergando um palmo à frente dos olhos.
Mesmo que algumas destas pessoas da terceira idade que se retiraram um pouco depois da metade do espetáculo, outras tantas permaneceram até o encerramento. 
Não foi por acaso uma oportunidade para as reles pessoas do setor comerciário terem a chance de conhecer algo novo, algo de qualidade?
Será mesmo que não houve a menor possibilidade de alguém que "não entende nada de música" ter passado a entender um pouquinho que seja agora?
Me perdoem, eu teria outras questões para abordar sobre este fato, mas isso já foi o suficiente para de certa forma consolar meu coração. Por essas e outras que chego a abrir mão de um prazer de ir à certos eventos por conta destas situações que quase sempre acontecem. Sim, posso abrir mão de ver e ouvir um grande artista por conta de um ambiente hostil, sem arrependimentos.
E só para registrar, o grupo arrogante deixou o recinto durante a apresentação...




domingo, agosto 02, 2015

Max Roach - Live at the Funkhaus Hamburg (1984)

O tempo passa muito rápido, entramos no mês de Agosto e já são 2/3 do ano de 2015. Então sem perder mais um segundo sequer, não podia deixar passar este momento registrado em 1984, onde aconteceu um encontro muito especial, o quarteto que Max Roach desenvolveu um grandioso trabalho por décadas, num formato robusto, contou com a presença de Sam Rivers. Sim! Ele mesmo, graças à ele e sua esposa, Bea, tiveram papel fundamental na sobrevivência da música desbravadora que enfrentou muitas dificuldades nos anos 70. Estou falando do Studio Rivbea que praticamente era um refúgio para a música que destoava do grande mercado de consumo.
Não há a menor necessidade de usar este pequeno espaço para falar à respeito de Max Roach, Sam Rivers, Rivbea, há muita informação disponível por aí com extrema facilidade de acesso, não se limite aos primeiros links no resultado de busca, há um mundo de informação disponível, mas sempre verificando as fontes de dados. Nesta gravação captada por transmissão FM, o quinteto revisita o clássico tema Now's The Time, eternizado por Charlie Parker e aqui com a presença da flauta de Rivers. Outra surpresa é a releitura de Giant Steps, numa versão audaciosa. Bem, já falei demais, se passar disso pecarei em não ter palavras precisas para descrever o que aconteceu no dia 19 de Janeiro de 1984. Nos comentários, como de costume. Ah, sobre Max Roach? Nada a declarar, apenas que foi um dos responsáveis em uma grande mudança na música do séc. XX e no instrumento musical chamado bateria.

sábado, junho 13, 2015

Dannie Richmond Quartet ‎- Ode To Mingus (1979)

É óbvio que não seria qualquer baterista que poderia acompanhar os passos de Charles Mingus. O contra-baixista que se tornou um grande compositor é um dos mais famosos personagens do que se chama jazz. Há muitas histórias, estórias sobre ele, mitificação, etc. Inclusive percebi que há uma idolatria superficial sobre Mingus, assim como Dizzy, Monk, Miles, Coltrane, Bird, enfim, artistas que se tornaram ícones de coisas que chegam a não ter quase nenhuma relação com a música de fato. Não é todo mundo que menciona esses nomes, que realmente conhecem substancialmente a obra destes músicos. Nomes que se transformam em moeda de câmbio em círculos sociais, para causar uma "boa impressão", para ser incluído num seleto nicho, conquistar um status...
Mas mudando de assunto, Dannie Richmond não foi um inovador de destaque, como por exemplo um dos parceiros anteriores de Mingus, Max Roach, que inclusive fundaram um selo (Debut recs.), também com a esposa de Mingus, Celia, para lançar seus trabalhos e de outros grandes músicos do jazz. Mas isso de forma alguma denigre o talento de Richmond. Eu em minha opinião em particular, vejo (ouço) em Dannie uma grande influência de Max, mas é claro, com personalidade. Enfim, Richmond foi o grande parceiro de Mingus e muito mais importante do que isso, um amigo. Quase um ano após o falecimento de Mingus, creio que tenha sido o tempo necessário para registrar uma homenagem póstuma que certamente deixaria o exigente amigo feliz. Contribuíram de forma brilhante à homenagem Mike Richmond, baixista de longa carreira na música, que fez parte da Mingus Dinasty entre trabalhos com Stan Getz, Jack DeJohnette, Horace Silver, Joe Henderson, Lee Konitz, Hubert Laws, Gil Evans, Art Farmer, Woody Herman, etc. O saxofonista Bill Saxton trabalhou com Frank Foster, Clark Terry, Carmen McRae, Nancy Wilson, Tito Puente, Mongo Santamaria, Roy Ayers, Bobby Watson e Roy Haynes. E o pianista Danny Mixton tocou com Kenny Dorham, Cecil Payne, Art Blakey's Jazz Messengers, Frank Foster, Grant Green, Pharoah Sanders, Joe Williams e Dee Dee Bridgewater. Hoje é um bom dia para relembrar Mingus. Nos comentários.

sábado, abril 04, 2015

Odd Man Out ‎– Odd Man Out (1988)

Aproveitando o feriado prolongado para atualizar o Sonorica com uma banda que à muito tempo procurava, o Odd Man Out, que lançou apenas um disco, pelo selo Beware, que também teve poucos títulos, sendo o mais conhecido deles, do McRad, que tinha Chuck Treece, skater pro, guitarrista do Underdog.
Odd Man Out fazia parte das bandas rotuladas de "skate rock", provavelmente por conta da coletânea em k7 que a Thrasher Magazine disponibilizava periodicamente. Boa parte das bandas skate rock tinham uma sonoridade punk/hardcore e obviamente seus membros andavam de skate (caso contrário, seriam posers). No caso do O.M.O., faziam parte dois pro skaters que são lendas: Steve Caballero e Marc Gonzalez. Também fazia parte do O.M.O. Ray Stevens II, skater e baixista da mais emblemática banda de skate rock: The Faction, a qual Caballero também era guitarrista. Stevens também tocou no Drunk Injuns, que tinha outro membro da equipe de pro skaters Bones Brigade da Powell & Peralta, Tommy Guerrero, que também está em atividade musical. Apenas o vocalista Christopher Cisper que não consegui obter informações, mas ainda parece estar na ativa.
O Odd Man Out é diferente em relação a maioria das bandas de skate rock, lembra um pouco a sonoridade do Agent Orange no album This Is The Voice. É bem próximo ao pós-punk como The Police, e que aqui outras bandas pós-punk com outras sonoridades receberam o rótulo de dark nos anos 80 e gótico, como The Cult fase Dreamtime/Love, The Cure, The Mission, etc. As canções tem beleza lírica, bem construídas, com ótimos arranjos de teclados e solos de guitarra. Inclusive a música Mommy Says lembra o The Police, com a influência do reggae. É claro que o Odd Man Out faz parte de alguns skate home videos notórios, de um tempo em que ser skatista no Brasil era um estilo de vida, como ser um punk, headbanger ou gótico. Hoje em dia, tudo se tornou apenas fashion style, mas isso é assunto para um outro momento. Por enquanto, nos comentários.

sábado, março 21, 2015

Rudolph Grey ‎– Mask Of Light (1991)

O guitarrista Rudolph Grey, além de seu grupo Blue Humans que já teve a colaboração de Arthur Doyle, Beaver Harris, também mantém a ligação com o que chamam de "free jazz" em sua gravação autoral Mask Of Light. Além da participação de seu parceiro musical no Blue Humans, o guitarrista Alan Licht, que também teve constante participação no chamado cenário No Wave de New York e participou de trabalhos com Lee Ranaldo (Sonic Youth). O saxofonista Jim Sauter tem um longo percurso musical, tendo em comum com Licht, trabalhando com Thurston Moore e participado de uma faixa do Murray Street (Sonic Youth), e também tocou com o God Is My Co-Pilot. O baterista que inevitavelmente estará associado ao nome de John Coltrane, é Rashied Ali. É interessante ouvir Rashied em outro contexto musical, como em seu solo em Implosion 73 seguido de Jim Sauter, que traz à memória o longínquo tempo de Interstellar Space. Mas a distorção de Grey e Licht nos transporta de volta aos tempos caóticos do final do século XX, quando o rock daria o seu último suspiro de sua essência. Calma, o rock não morreu, mas o que temos hoje em dia são re-edições, assim como o pedal de distorção Bigmuff é facilmente encontrado aos montes em lojas de instrumentos musicais da rua Teodoro Sampaio em São Paulo. Mas isso é um outro assunto. Por enquanto como sempre, nos comentários.

quarta-feira, fevereiro 25, 2015

Arte e política, política e arte, política e politicagem e titica

Ufa! Um dia de folga na semana do pião pra poder escrever o primeiro artigo de 2015. Acordando 04:40h da manhã pra encarar duas conduções para o local de trabalho é muito comum para o trabalhador de salário base. Bem mas isso não vem ao caso, assim como não vou abordar o livro de D.H. Melhem sobre arte e política, é apenas uma ilustração para o mesmo tema, mas talvez a minha abordagem seja bem diferente. Ainda mais que  vou me restringir à música como forma de arte e ainda mais, num foco mais periférico, restrito à capital do estado de São Paulo, onde posso ser mais preciso.
Tive uma experiência pessoal com música e política no fim dos anos 80 e início dos 90 no que se chamou de cenário hardcore/punk. Realmente não tinha intenções de me agregar política de forma "panfletária" na música em que estava envolvido, simplesmente não acreditava nisso, já tinha os péssimos exemplos das bandas punk do início dos anos 80. Mesmo com pouca idade, já não sentia que isso realmente tinha algum efeito e que a minha conduta como pessoa, como cidadão tinha que ser no cotidiano e não em um local restrito, num palco de show de rock. Claro que no meio hardcore a maioria acreditava nesse engajamento político através da música, ok, respeito a escolha de cada um, mas continuo achando uma perda de tempo e comprometimento da qualidade da arte (música). Não? É só procurar por aí, via web, seja youtube, soundcloud, etc, onde os conceitos estão acima da música e só se tem ruídos, barulho, música mal executada, tendo como justificativa o conceito. Sei... Calma, eu não sou uma pessoa que só escuta música sinfônica precisa, ou de instrumentistas virtuosos e exibicionistas, gosto de um bom rock básico como Ramones, Discharge ou até Napalm Death.
Uma manifestação ou passeata tem mais efeito e faz mais barulho do que uma apresentação em um lugar restrito ou registrado em algum formato de mídia.
Agora no caso do cenário musical independente (em termos...) em São Paulo, é sintomático que o discurso é apenas teoria, pois os artistas em sua considerável parte está mais próximo dos candidatos à cargos públicos das eleições, onde palavras bonitas são ditas, assim como promessas, que ficam no vazio. Discorda? Ok, mas nem precisa de um microscópio pra sacar o que é esse tal cenário de música independente paulistano, feudos espalhados nesse campo de batalha que são as casas noturnas, espaços culturais públicos e privados, onde a vaidade corrompe qualquer ideal coletivo, libertário ou anti-sistema. Aliás isso é uma piada, a mentalidade mercantilista está estampada até em bandas punk!
E não só isso, pois muitas vezes não há capital, então resta o glamour, a fogueira das vaidades, onde muitos não reconhecem que querem de alguma forma serem adorados, como se o palco fosse um altar, pior que um templo de alguma religião, onde o artista está acima do simples expectador (e eu achando que a elevação do palco era apenas para melhor projeção sonora e visualização da apresentação).
E prossegue a batalha dos feudos, onde grupos de uma mesma vertente não dialogam entre si, onde datas de apresentações são muitas vezes conflitantes e por incrível que pareça, alguns ainda tem o maquiavelismo de agendarem com antecedência na mesma data de outro grupo, como uma espécie de disputa. Outro fato comum é de "colegas de trabalho", de artistas de um mesmo cenário nunca sequer terem prestigiado seus "colegas", mas vivem mandando convites para estes irem prestigiá-lo :p .
No balanço contábil é a música que perde nessa sujeira toda: proprietários de locais de apresentações que acham que estão fazendo um favor para o músico, sendo em que muitos casos, é a banda ou o músico que leva o público para o proprietário vender sua bebida super-faturada ao público e ainda arranca mais um pouco com a bilheteria. Músicos que se boicotam para poder garantir o seu $ em sesc's da vida numa disputa mesquinha e ninguém tem coragem de mudar isso, todo mundo é politicamente correto. Aliás, falando em política...  
 
 
Studio Ghibli Brasil