Pela última vez, Sun Ra e sua Arkestra não são free jazz! Da mesma forma que a música Salt Peanuts não é bebop, Holy Ghost não é free jazz. Não devemos justificar este erro por uma questão meramente mercadológica. Não se sustenta a afirmação para definir uma estética de forma teórica, pois a música não é sobre notas, mas sobre sentimentos. Duke Ellington advertiu Dizzy ao batizar seu estilo de tocar como bebop. Be Bop era apenas o nome de uma composição de Dizzy, assim como Free Jazz apenas o título do disco de Ornette. Quando perguntaram à Max Roach se ele ouvia jazz, ele disse que apenas ouvia música. Críticos musicais, escritores de resenhas de discos e alguns que redigiram as famosas liner notes dos discos infelizmente acabam causando grandes problemas para a música, por seus próprios equívocos e principalmente a interpretação e entendimento equivocado do leitor. Mas este assunto não deve se prolongar e quem quiser continuar a fazer o uso de rótulos e tentar enquadrar nomes em nichos na tentaiva de definir a música, está livre para fazê-lo.
O interessante aqui é esta gravação de Herman Blount em sua temporada na Itália apenas com um quarteto composto por John Gilmore, Luqman Ali e Michael Ray. Embora nesta gravação não esteja presente, June Tyson também fez parte desta temporada italiana e participou do notório e controverso (não sei porque) Disco 3000. Esta visita de Sun Ra ao planeta Itália teve muita importância em sua música, pois teve contato com a Crumar, de Mario Crucianelli, que construia sintetizadores e ficou conhecida nos anos 60 por produzir o que chamaram de bons "hammond clones". Os sintetizadores Crumar também eram contemporâneos e comparáveis aos sintetizadores Moog.
Media Dreams registra novas experiências de Sun Ra com a nova tecnologia da época, com o uso de padrões de rítmo que os equipamentos ofereciam e os novos timbres que se identificavam com a temática estética de nosso amigo de saturno. Claro que este tipo de inovação não foi bem aceito para quem já tinha cristalizado em sua mente que Sun Ra e sua Arkestra tinha que soar como um grupo de jazz. Ainda continuam os inúteis debates sobre os supostos danos causados à música pela nova tecnologia. Ora, já passou o tempo de se entender que os equipamentos não são culpados e sim o suposto artísta.
É bem provável que Sun Ra não pode contar com sua Arkestra na integra por meras questões financeiras, pois a banda de saturno, por ser de outro mundo, sempre passou dificuldades no planeta Terra. Vale destacar a presença de John Gilmore, fiel companheiro de Sun Ra, que por várias vezes recusou outros trabalhos ligados ao chamado jazz por sua fidelidade à Arkestra. Só me vem à memória uma exceção quando participou por um breve período do Jazz Messengers de Art Blakey. Também a entrada de Michael Ray ao universo de Sun Ra, se tornando grande colaborador, depois de ter trabalhado com Patti LaBelle, The Delfonics, Stylistics e Kool & The Gang. Dados sobre música, músicos, gravações, etc, são apenas informações, apenas isso. A música fala por si só. Clique aqui para acessar o arquivo.
quinta-feira, maio 31, 2012
segunda-feira, maio 14, 2012
A virada cultural embrulhou o estômago...
Mais uma vez volto a afirmar que certos procedimentos nas redes sociais digitais tem seus efeitos colaterais e um dos piores é a má interpretação de uma frase, um texto, uma afirmação, por estar desprovida de todos os detalhes importantes que um diálogo ao vivo possui, como a entonação das palavras, expressão facial, etc e principalmente tempo hábil para desenvolver o assunto. Ainda no início da madrugada de domingo desta última virada cultural promovida no centro de São Paulo, quando já estava em casa, por perceber e já ter previsto que após certo horário as coisas caminhariam para o oposto do bom senso, respeito, cidadania, o melhor e mais sensato a fazer era bater em retirada para preservar a integridade física e mental. O termômetro que usei para identificar o momento certo de cair fora era o número de garrafas PET de cor verde, copos descartáveis e latas de cerveja espalhadas pelo chão. Bem, quem persistiu pela madrugada e estava atento, sabe do que estou falando. Quanto ao assunto do facebook que é a rede social digital a qual me referi no início, foi que escrevi uma breve mensagem ao chegar em casa, dizendo que as apresentações de McCoy Tyner e Lou Donaldson tinham sido "OK", ou seja, que eu tinha apreciado mas não esperava lá grandes coisas por estar relativamente ao par das atividades de Tyner e mesmo ter me surpreendido por Donaldson ainda estar em plena atividade, não esperava que ele apresentasse algo diferente do que andou fazendo por mais de 50 anos ,de carreira. Foi então que um colega respondeu brincando comigo, pela surpresa de eu ter presenciado o vovô McCoy, pois se não me falha a memória, anteriormente já tinha manifestado que o pianista não figurava entre os meus favoritos e que ultimamente não me agradara o que Tyner havia feito nos últimos 20 anos. Foi então que também resolvi brincar e disse que seria melhor se fosse uma apresentação paga. Depois disso se desenrolou um debate por conta da má interpretação da minha frase, que levou ao questionamento de minha posição ideológica, social, política e civil. Eis que foram textos explicando os motivos da afirmação, que abordaram mais profundamente o assunto. Há uma certa conduta abominável de não se valorizar o que é concedido gratuitamente, um problema crônico do ser humano em sua maioria, pois tende-se a valorizar só o que é fruto do suor do seu trabalho e o que pesa na sua carteira. Não vou colocar aqui a interminável lista de exemplos sobre isso pois não haveria espaço.
Durante as apresentações, não houve muito espaço para a audição concentrada por conta das constantes interrupções causadas por ambulantes vendendo bebidas de forma ilegal no meio do público e por várias vezes estes se estacionavam a minha frente e ofereciam sua mercadoria aos berros com uma enorme caixa de isopor obstruindo meu campo de visão do palco. Parte do público que simplesmente não se importava com o que estava acontecendo no palco não parava de falar em alto volume e transitar freneticamente atrapalhando quem estava prestando atenção ao concerto. Esclareci que esta porção do público não fazia parte da injustiçada parcela da sociedade, mas pessoas que tiveram acesso à educação, tanto institucional quanto familiar, tinham um poder aquisitivo que lhes permitia acessar informação com certa facilidade, mas se portavam como crianças mimadas que fazem o que bem entendem. Foi aí que entrou a questão dos shows pagos, pois quando o indivíduo coloca a mão no bolso e paga, ele não vai querer perder seu investimento. Então outros colegas alegaram que isso acontece nas apresentações pagas também. Claro, mas há de concordar que o número de interrupções desta natureza diminuem drasticamente, principalmente em shows de jazz e por experiência própria, depois de dezenas de shows de jazz que estive presente, pude constatar isso.
Em um post anterior eu fiz minha defesa apologética sobre os ataques generalizados às instituições religiosas evangélicas e mais uma vez fui mau interpretado, como se eu estivesse irado ao redigir o texto. Ora, qualquer pessoa que ler o texto com bom senso e atentamente, pode constatar que não há em nenhum momento, alguma palavra colérica. Se alguma pessoa tiver a oportunidade de conversar sobre este assunto pessoalmente comigo, não terá dúvidas de que trato disso tranquilamente. Mas enfim, na maioria das vezes é a própria pessoa que está incomodada com o assunto e cria a sua versão a ponto de afirmar categoricamente o sentimento de quem redigiu o texto. Alguns textos deixam de forma óbvia e clara o sentimento do autor e até dispõem de mecanismos gramáticos como acentuações para evidenciar tal estado e não se faz necessário nenhuma habilidade paranormal para identificar isso. Mas enfim...
Durante as apresentações, não houve muito espaço para a audição concentrada por conta das constantes interrupções causadas por ambulantes vendendo bebidas de forma ilegal no meio do público e por várias vezes estes se estacionavam a minha frente e ofereciam sua mercadoria aos berros com uma enorme caixa de isopor obstruindo meu campo de visão do palco. Parte do público que simplesmente não se importava com o que estava acontecendo no palco não parava de falar em alto volume e transitar freneticamente atrapalhando quem estava prestando atenção ao concerto. Esclareci que esta porção do público não fazia parte da injustiçada parcela da sociedade, mas pessoas que tiveram acesso à educação, tanto institucional quanto familiar, tinham um poder aquisitivo que lhes permitia acessar informação com certa facilidade, mas se portavam como crianças mimadas que fazem o que bem entendem. Foi aí que entrou a questão dos shows pagos, pois quando o indivíduo coloca a mão no bolso e paga, ele não vai querer perder seu investimento. Então outros colegas alegaram que isso acontece nas apresentações pagas também. Claro, mas há de concordar que o número de interrupções desta natureza diminuem drasticamente, principalmente em shows de jazz e por experiência própria, depois de dezenas de shows de jazz que estive presente, pude constatar isso.
Em um post anterior eu fiz minha defesa apologética sobre os ataques generalizados às instituições religiosas evangélicas e mais uma vez fui mau interpretado, como se eu estivesse irado ao redigir o texto. Ora, qualquer pessoa que ler o texto com bom senso e atentamente, pode constatar que não há em nenhum momento, alguma palavra colérica. Se alguma pessoa tiver a oportunidade de conversar sobre este assunto pessoalmente comigo, não terá dúvidas de que trato disso tranquilamente. Mas enfim, na maioria das vezes é a própria pessoa que está incomodada com o assunto e cria a sua versão a ponto de afirmar categoricamente o sentimento de quem redigiu o texto. Alguns textos deixam de forma óbvia e clara o sentimento do autor e até dispõem de mecanismos gramáticos como acentuações para evidenciar tal estado e não se faz necessário nenhuma habilidade paranormal para identificar isso. Mas enfim...
sexta-feira, maio 11, 2012
Thopa duo no Otto bistrot 15/05/2012
E se foram oito anos quando Antonio Panda Gianfratti e Thomas Rohrer se uniram neste projeto para desenvolver música criativa livre de rótulos e limitações estilísticas. Como citei anteriormente, Panda é co-fundador do primeiro projeto de improvisação livre brasileiro, o grupo Abaetetuba e Thomas se tornou membro deste projeto. O duo comemora mais um ano de atividades juntamente com o Otto bistrot, que também está comemorando seu quinto aniversário com sua arte culinária e nós comemoramos a arte em suas duas formas, uma obviamente através da música e outra através do que convencionou a se chamar de gastronomia.
Otto bistrot: Rua Pedro Taques, # 129 - Consolação São Paulo
aberto de segunda à sexta das 12:00 às 15:00 e 20:00 às 24:00h
aos sábados das 20:00 às 24h
apresentação do duo Thopa às 21:00h
quanto? R$ 5,00
quinta-feira, maio 10, 2012
Albert Ayler - The First Recordings (1962)
E na sessão "Eu disse que não iria mais falar sobre isso", senti no coração de falar um pouco sobre Albert Ayler. A estas alturas do campeonato se ainda persistem as questões em debalde sobre quem é o pioneiro do sei lá o que ou de quem inventou a roda, lembremos que praticamente todos os músicos de uma época que estavam envolvidos em novos rumos para sua música no final da década de 50 em diante, não dão a mínima importância sobre os rótulos free jazz, new thing, etc. Ultimamente os termos "pré" e "proto" tem sido usados para tentar definir parâmetros para vários estilos musicais e suas origens. Há uma corrente que defende o nascimento do tal do free jazz num suposto pré ou proto free jazz com as gravações de Lennie Tristano no disco Intuition ou nas gravações de Jimmy Giuffre. O fato é que Cecil Taylor e Ornette Coleman deram a forma definitiva para o que se convencionou a se chamar de free jazz e esse termo se tornou um rótulo para este tipo de música depois da gravação do disco Free Jazz com o duplo quarteto de Ornette. A informação em sí deve ser averiguada, questionada e geralmente se pode fazer um bom uso, principalmente para ajudar a compreender o desenvolvimento da música. O que realmente causa um tremendo enfado são as intermináveis discussões com abordagens completamente inúteis. Bem, como disse Frank Zappa em um título de uma de suas gravações, shut up and play guitar. Dificilmente se aprende alguma coisa quando só se fala.
Como eu tinha feito uma analogia entre S.O.B. e Napalm Death, Albert Ayler e John Coltrane no post anterior, aqui está o registro que comprovam os dados da troca de informação, conhecimento e influência entre os músicos, além do registro do depoimento de ambos os músicos a respeito da questão. As primeiras gravações de Ayler em lp sob seu nome se deram em 25 de Outubro de 1962 no Main Hall Of Academy Of Music de Stockholm, Suécia. Ayler executa um standard, I'll Remember April, uma composição de Miles Davis e outra de Sonny Rollins. E por último uma de sua autoria com sugestivo título de Free. Clique aqui para acessar o arquivo de suas primeiras gravações.
Como eu tinha feito uma analogia entre S.O.B. e Napalm Death, Albert Ayler e John Coltrane no post anterior, aqui está o registro que comprovam os dados da troca de informação, conhecimento e influência entre os músicos, além do registro do depoimento de ambos os músicos a respeito da questão. As primeiras gravações de Ayler em lp sob seu nome se deram em 25 de Outubro de 1962 no Main Hall Of Academy Of Music de Stockholm, Suécia. Ayler executa um standard, I'll Remember April, uma composição de Miles Davis e outra de Sonny Rollins. E por último uma de sua autoria com sugestivo título de Free. Clique aqui para acessar o arquivo de suas primeiras gravações.
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terça-feira, maio 08, 2012
S.O.B.- Leave Me Alone ep (1986)/Don`t Be Swindle (1987)
Como disse antes, juntamente com os pioneiros ingleses do Napalm Death, o S.O.B. de Osaka consolidou o estilo grindcore e se tornou referência e influência para muitos grupos do gênero. O ep Leave Me Alone é o primeiro registro fonográfico do grupo e assim como o lp Don't Be Swindle, o S.O.B. ainda tinha uma sonoridade mais voltada ao hardcore punk, mas com as características do estilo grindcore. Nestas gravações se encontram clássicos da banda, como: Thrash Night e Raging In Hell.
Vale lembrar da influência do S.O.B. sobre o Napalm Death e aqui também posso fazer uma analogia com John Coltrane e Albert Ayler. Mas hein?! Pois é, em ambos os casos aconteceu a troca de informações e inspiração musical. John Coltrane quando se tornara um nome importante para os saxofonistas do estilo chamado Bebop e post-bop (detesto este rótulo de "post"), influenciou Albert Ayler no fim doas anos 50. Já no início dos anos 60 Ayler desenvolvera um estilo mais livre de tocar e em sua gravação de 1962 já possuía as características que o consagraram como grande nome do chamado free jazz. Neste meio tempo John Coltrane ainda estava desenvolvendo sua música para um horizonte mais amplo e seu célebre quarteto ainda utilizava estruturas mais definidas. Neste momento de pesquisa e transição, Coltrane ouviu a sonoridade extremamente livre de Ayler e isso foi decisivo para a grande mudança de sua música, tanto que de 1964 em diante, Coltrane jamais soaria o mesmo. O mesmo tipo de troca aconteceu entre o S.O.B. e o Napalm Death. Os ingleses pioneiros do grindcore influenciaram os japoneses de Osaka e depois, na época da gravação do disco From Enslavement To Obliteration de 1988, a música do S.O.B. teve grande influência em sua concepção. Segundo o vocalista Lee Dorrian, muitos riffs das músicas do disco foram baseadas na sonoridade do S.O.B.. Clique aqui para acessar o arquivo.
Weide Morazi e Ricardo Berti Duo: Improvisação # 1
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sábado, maio 05, 2012
Beastie Boys, Adam Yauch e MTV Get Off The Air
Como tinha dito anteriormente, a world wide web nos permite acessar dados simultaneamente com suas fontes de origem. Já começou a onda de choque sobre o falecimento de Adam Yauch ou MCA, do Beastie Boys. Desde as primeiras horas da manhã desta última sexta-feira vieram as notícias da imprensa norte americana sobre o fato. Foi estranho receber a notícia pois não tinha acompanhado mais qualquer assunto sobre o grupo. Nesta manhã de sábado, assisti algo no canal de UHF especializado em música, lí os comentários, imagens, videos na rede social e até então relutei em escrever algo sobre Beastie Boys e MCA.
Me lembro quando ouvi o Beastie Boys pela primeira vez no programa de videoclips da tv Gazeta, o Clip Trip. Era a música No Sleep Till Brooklyn. Achei o máximo! Eu já não era mais um B-Boy quando conheci o break em 1982 e estava engajado no heavy metal. Como não tinha deixado de gostar de hiphop, quando vi o Beastie Boys meio que misturar os dois estilos que eu gosto, (inclusive a música em si tem a participação do Kerry King, guitarrista do Slayer) curti na hora. Logo em seguida foi veiculado o video da música (You Gotta) Fight for Your Right (To Party), que era ainda mais crossover com o rock pesado. Não deu outra, fui atrás do disco nas lojinhas do bairro, o que era fácil tarefa, o meio dos anos 80 foi generoso com os lp's, dentro do possível na época, sem internet e defasagem de informação musical, se podia encontrar uma grande variedade de títulos, inclusive nomes obscuros para o mercado fonográfico brasileiro, como Laibach, 45 Grave, T.S.O.L., etc. Então comecei a desvendar os detalhes do Licenced To Ill. Era produzido por Rick Rubin, que tinha produzido LL Cool J, Run DMC, Public Enemy, The Cult e é claro, o disco Reign In Blood do Slayer. O disco já abria com a pesadíssima Rhymin & Stealin com o riff de guitarra da música Sweet Leaf do Black Sabbath e o sampler da bateria de John Bonham. Slow Ride continha sampler da música Low Rider do War (grupo de funk que viria a descobrir no início dos anos 90), Brass Monkey era bem familiar, como era o hiphop do inicio dos anos 80 e o beat clássico do estilo miami bass.
É engraçado como para um adolescente o tempo parece longo, mas já no final de 86 não achava mais sentido em ser um headbanger radical e o tal do estilo crossover vinculado ao hardcore me atraia. Isso implicava com a mudança da indumentária, sim, as roupas portavam uma ideologia além de mera estética. O uso de bonés de baseball, camisa xadrez de flanela, bermudas, skate faziam contraste com o preto, jeans, couro do headbanger tradicional.
Em 1989 é lançado o lp Paul's Boutique, simplesmente um dos tratados do hiphop, o livro mestre do sampling, assim como o 3 Feet High and Rising e De La Soul Is Dead. Paul's Boutique era a trilha sonora ideal para as skate sessions (o final dos anos 80 foi o ápice da 2ªonda do skate no Brasil) ao lado do hardcore. Paul's Boutique por incrível que pareça, passou batido quando foi lançado por aqui.
Então vieram os anos 90. O grunge, o manguebeat, a MTV. Um novo horizonte se abriu para a juventude ligada à música de forma mais contundente. Era possível acessar imagens dos artístas favoritos através dos videoclips e até shows captados e entrevistas. Programas especializados em gêneros, como o heavy metal, hiphop e música eletrônica. O engraçado é que a MTV dos anos 90 tinha um vínculo com a música independente no Brasil. Concorde ou não, o canal de tv UHF teve crucial participação na propagação do grunge e o manguebeat. Mas é claro que isso tudo ficou nos idos anos 90, pois a MTV teve que voltar às suas origens mais tenebrosas, ou seja, ser apenas uma vitrine da indústria fonográfica. Hoje em dia a MTV, é irrelevante e até alheia à música independente e realmente criativa feita neste país. Me lembro quando a tv teve que mudar sua diretriz radicalmente para não fechar o caixa no vermelho, quando passou a veicular videos do CIA do Pagode e É O Tchan. Meu Deus! A emissora que gozava de algo até meio cult, devido aos programas BUZZ, 120 Minutes, Lado B, Liquid Television, abria as suas pernas para ser arrombada pela porta da frente. Desde então a MTV não tem realmente mais nada haver com a música em sí.
Mas voltando um pouco antes do holocausto, em 92 é lançado o disco do Beastie Boys que mudaria grande parte parte da música jovem, o Check Your Head. Já contando com os primeiros passos da internet e a cobertura da MTV no Brasil, o Beastie Boys chegou transtornando o ambiente com os videos So Wat'cha Want e a versão hardcore de Time For Livin' do Sly And Family Stone, revelando a origem do Beastie Boys. De uma hora para outra o Beastie Boys se tornou unanimidade entra vários nichos da juventude dos anos 90, os grunges, os skatistas, indie-rockers, alguns headbangers... É feio mas é verdade: a classe média branca começou a curtir um hiphop. E vou te falar uma coisa, esse negócio de hiphop pertencer à periferia eu sempre achei equivocado, pois me lembro que muito "mano" e "função" nos anos 80 nem gostava de rap. Depois veio o Racionais debochando dos "playboys" e toda aquela contenda infrutífera que quase todo mundo já sabe...
Mas o caso é que Adam Yauch morreu de forma cruel, de câncer e não de forma estúpida como Tupac Shakur. Mas Easy-E também morreu doente. Acontece que Adam ou MCA foi instrumento de grandes mudanças e benefícios para a música através do Beastie Boys. Mas agora é tarde, MCA is dead, MCA is deaf... Precisamos seguir em frente como forma de respeito ao seu trabalho, assim como outros que ainda respiram boa música.
sexta-feira, maio 04, 2012
M'Boom 1971
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