quarta-feira, julho 18, 2012

Indigo Jam Unit - Roots (2010)

Em tempos de touch screen ainda deparamos com certos tipos de afirmações demonstrando que a evolução não atinge todos os indivíduos se cada um não se dispor a evoluir. Ninguém evolui por osmose e passividade. Mesmo o Funkadelic dizendo em 1978 que a música é universal, com a canção "Who Says a Funk Band Can't Play Rock?!", provando que cada estilo musical não está restrito a etnias, ainda tivemos o Bad Brains como um dos melhores grupos de hardcore punk, o Living Colour e ainda o filme documentário Afro Punk, mostrando que tal estilo é universal. Ainda se escuta por aí alguém proferindo a frase, "samba de alemão", ou "samba de japonês", para ilustrar o ritmo sendo mau executado, com ausência de swing, groove, etc. Hoje em dia temos mulheres oriundas da terra do sol nascente faturando primeiros lugares em concursos de dancehall na Jamaica e de passista no Rio de Janeiro.

O Indigo Jam Unit se formou no ano de 2005 em Osaka, com Yoshichika Tarue (piano), Katsuhiko Sasai (contra-baixo), Isao Wasano (percussão e bateria) e Takehiro Shimizu (bateria). Yoshichika Tarue nasceu em 1974 e começou a tocar piano clássico aos 20 anos de idade e posteriormente iniciou seu quarteto de jazz com influência latina. Katsuhiko Sasai nasceu em 1976 iniciando no sintetizador até os 14 anos e foi para o baixo elétrico um ano depois. Trabalhou na cena Funk e fusion japonesa e começou a tocar baixo-acústico com o Indigo Jam Unit. Isao Wasano nasceu em 1979 e iniciou-se na percussão ainda na banda do colégio e assumiu a bateria quando entrou no Indigo Jam Unit. Takehiro Shimizu nasceu em 1983 e começou a tocar bateria aos 12 anos se dedicando ao formato das big bands de jazz. Trabalhou com Sadao Watanabe, Terumasa Hino, Hitomi Nakayama, Naoko Sakata, Jukka Eskola entre outros. Recebeu diversos premios de baterista de jazz, divide seu tempo entre New York e o Indigo Jam Unit em Osaka, Japão. O Indigo Jam Unit sempre grava seu material ao vivo no estúdio com uma pequena pós-produção e alguns efeitos se possível. Não há edição ou overdubs em suas gravações. Clique aqui para acessar o arquivo e constatar do que estamos falando.

sexta-feira, julho 13, 2012

Jodie Christian - Blues Holiday (1994)

O trio composto de piano, contra-baixo acústico e bateria é conhecido como a formação clássica das pequenas configurações de conjuntos do que se convencionou chamar de jazz. Alguns destes trios se tornaram símbolos do jazz, como o Bill Evans trio, Art Tatum trio, Ahmad Jamal trio e um dos mais expressivos que não se efetivou como um grupo fixo, o trio formado por Duke Ellington, Charles Mingus e Max Roach, que podem ser considerados como parte fundamental dos pilares do chamado jazz moderno e gravaram o disco Money Jungle. Jodie Christian foi um membro importante na formação da AACM de Chicago, que trouxe novas mudanças na música criativa na América do Norte e esta gravação contém a essencia da música afro-americana que todos conhecem por jazz. Não importa o quanto se avance em novas abordagens linguísticas e experimentações músicais das mais radicais, se algo ainda tem a palavra jazz no meio, seja free, avant ou o nome que seja, o blues lá estará. Clique aqui para acessar o arquivo para apreciar clássicos como Take The A Train de Billy Strayhorn e uma versão de certo compositor brasileiro.

quinta-feira, julho 12, 2012

Concrete Sox / Heresy split LP (1987)


Em Nottingham, 1983 nas jam sessions com Gabba (Chaos U.K./F.U.K.), Kalv (Heresy/Geriatric Unit) e vários amigos, se formou com Vic Croll e Les Duly o Concrete Sox que inicialmente se chamou Concrete Evidence. É considerado o pioneiro do crossover, junto com os grupos Sacrilege, Onslaught, Deviated Instinct entre outros e um dos mais influentes do hardcore/crust punk britânico. O Heresy nasceu na mesma cidade do Concrete Sox em 1985 por Reevsy (guitarra, voz), Kalvin "Kalv" Piper (baixo) e Steve Charlesworth (bateria). Seu primeiro registro foi um flexi-disc de 6 faixas pela Earache records. Seu primeiro LP foi o split album com o Concrete Sox, também pela Earache em 1987, que se tornou um clássico do hardcore punk. Clique aqui para acessar o arquivo deste registro indispensável do hardcore punk.

quarta-feira, julho 11, 2012

Anglican Scrape Attic 7'' - Various Artists (1985)

Um clássico do hardcore punk e do crossover, o compacto Anglican Scrape Attic foi lançado em formato flexi disc na Inglaterra em 1985, com duas bandas pioneiras no estilo crossover (heavy metal e hardcore punk), o Hirax e o Sacrilege, as duas bandas de hardcore japonês Execute e Lip Cream e a banda inglesa Concrete Sox com o seu clássico, Eminent Scum. Foi uma das minhas primeiras aquisições, quando comprei na Rainbow, a loja do Nunes, localizada na galeria do rock. Isso foi em 1986 e custou U$ 1,00. Clique aqui para acessar o arquivo.

quarta-feira, julho 04, 2012

Antes tinha, agora não tem! - Prefeitura de São Paulo e cidadãos paulistanos

 
Creio que assim continuarão as queixas via redes sociais digitais, sendo que vez ou outra algo se concretiza em atitudes positivas e negativas. Tenho evitado me envolver em questões político ideológicas pelo simples fato de minha opinião estritamente pessoal não vislumbrar alguma eficácia neste tipo de debate, conversa, que em muitas vezes são apenas monólogos proferidos ao mesmo tempo em um mesmo ambiente e talvez não se trate exatamente de uma conversa, diálogo, debate como está especificado em qualquer dicionário.
Claro, a liberdade de cada um não deve ser podada e assim eu desfruto também da minha liberdade de opinião.
Vivemos mais um período de eleições dos servidores públicos deste amontoado de pessoas no mesmo território físico denominado cidade. Quando eu era criança me lembro que existia uma grande expectativa (pelo menos de minha parte e de alguns) de uma grande mudança em nossas vidas. Mesmo na adolescência e parte do início da chamada fase adulta (pelo fato de ter requisitado meu título de eleitor aos 16 anos) esta expectativa ainda perdurou. Hoje em dia este sentimento vem sendo soterrado por uma avalanche de muito mais fatos (como se não bastasse os fatos do passado) que desbotam as cores da esperança de uma cidade melhor. Temos algumas calçadas de concreto armado, luminárias de LED, alguns metrôs operados por computador, mas é claro, só na sala de estar do barraco. Para quem usufrui da cidade como um todo, que utiliza os três principais meios de transporte coletivo sabe muito bem que este slogan da prefeitura de São Paulo: "Antes não tinha, agora tem", na verdade está exatamente ao contrário. Explico.
Deveria ser: "Antes tinha, agora não tem!" Antes tinha a desculpa de termos limitações tecnológicas e econômicas, a ditadura militar, o sub-desenvolvimento latente de terceiro mundo, o recente direito de voto da população, entre tantas precariedades da era analógica. Hoje a indústria, comércio e setor financeiro infla seu peito anabolizado e diz aos quatro ventos que o Brasil é a 8ª economia do mundo, que somos detentores de diversas tecnologias de ponta, que temos reservas naturais exclusivas e invejadas por todas as nações (opa, tão vendendo tudo debaixo de nossas fuças), que somos uma nação alegre (quem me vê sorrindo pensa que estou alegre - Cartola).
Será que vamos votar em qualquer um pois não faz diferença? Será que devemos votar em branco ou anular o voto como ato de protesto ou fingida atitude de omissão? Será que nossa cidadania acaba quando apertamos a tecla verde da urna eletrônica e pegamos nosso comprovante de voto? Será que não temos o dever de fiscalizar a administração de nossos servidores ao longo de seu mandato? Será que não temos nada haver com isso porque votamos nulo ou nosso candidato não foi eleito? Será que é só problema do seu vizinho? O seu voto faz a diferença, junto de sua atitude continua como cidadão pós eleições, no dia-a-dia?
Numa noite dessas eu voltava do Belenzinho após um workshop de música e não passava das 22:00h quando meu amigo me deixou na esquina de casa. A menos de 10 metros minha vizinha estava à minha frente indo para o nosso prédio. havia uma movimentação razoável nas ruas bem iluminadas do bairro que é relativamente seguro em proporção do que é esta cidade. Ela olhou rapidamente para trás para ver quem seguia logo depois dela e começou a aumentar o ritmo de suas passadas. Percebi e me compadeci daquela situação triste, do chamado cidadão de classe média paulistano, que perdeu o tato das ruas, que vive enclausurado em seus guetos sociais. Quando chegamos ao nosso prédio, ela já tinha ultrapassado o segundo portão (que mais parece grade de segurança, bem, você sabe...) e deu mais uma olhada para trás e vi nitidamente seu rosto apreensivo. Estávamos a menos de 4 metros de distância com uma boa iluminação do prédio e quando eu também ultrapassei o segundo portão ela deu aquele arranque de reta final de São Silvestre e adentrou na última porta. Eu estava certo de que ela como cortesia comum entre os condôminos, estaria me aguardando com a porta aberta, para eu não ter que reabri-la com minha chave. Então a tranca estralou junto com a porta em minha face. Falei comigo, "puxa vida", num misto de decepção e surpresa e abri a porta. Então logo no corredor, fiz questão de balançar o chaveiro para ela se certificar de que a porta não tinha sido arrombada. Então ela já na metade do primeiro lance de escadas, me olhou constrangida e me pediu desculpas alegando que não tinha me reconhecido e subiu apressadamente, sendo que seu apartamento é ao lado do meu. Bem, eu coloquei a música New York Is Full Of Lonely People, composta pelo Lester Bowie para ilustrar a situação. Seu filho não teve o prazer de brincar na nossa rua que era repleta de crianças...
Isso tudo tem haver com o que esta cidade está se tornando cada vez mais. 

 
 
Studio Ghibli Brasil