quinta-feira, maio 18, 2006

Rap do dia das mães

Domingão do dia das mães típico. Aquele friozinho de outono, mas com um belo céu azul e sol. Encontrei meus amigos do grupo de HipHop, o Julgados Culpados uma semana antes, perto da Pça Benedito Calixto em Pinheiros, zona oeste, SP. O lugar é notório pela feira de antiguidades e o comércio hippie em volta. Hoje é um ponto de encontro do pessoal mais sintonizado com a cultura em geral. Eles me convidaram para o evento das mães no domingo, lá no Jd. Nakamura, zona sul. Peguei o ônibus até o Terminal Sto.Amaro, de onde sai uma lotação em direção a represa de Guarapiranga, onde fica o Jd. Nakamura. Fui a casa de meu amigo de infância, o Serginho, que mora no Riviera, ao lado do Nakamura. Fomos a pé até lá, passando pela comunidade local e procurando amigos para nos acompanharem. Pra quem acha que favela é só no "Cidade de Deus", lá na zona sul de SP, passei pelas vielas agora cimentadas da favela, onde a luz do dia, crianças brincam, donas de casa conversam na porta de casa, trabalhadores se descontraem no boteco, no churrasco ou com o jogo na tv. O mesmo lugar que na calada da noite, ocorreram atos brutais. As periferias são muito parecidas em muitas partes do país, casas com engenharia ousada que beira ao perigo, o tijolinho baiano à mostra, as lajes, as rabiólas de pipa presas nos fios elétricos, etc. Mas tem uma coisa muito característica mesmo: o calor humano. A maioria te cumprimenta, mesmo sem te conhecer, se vc é amigo de alguém de lá, já é bem vindo em lares que nunca esteve, te oferecem o pouco que têm com a maior generosidade. Um fato engraçado, mesmo o bairro tendo um nome japonês, eu em certos momentos fui visto como uma curiosidade, pois sou descendente de japoneses. Mesmo tendo meus pais nascidos aqui e eu também, em certas situações não sou visto como um simples brasileiro. Mas o pessoal mais humilde é mais descolado mesmo, te perguntam pra ver se eu sou daqui mesmo, e quando eu falo que gosto de feijão de corda, fica tudo em casa. No meio do caminho, numa rua estava rolando um forró, mas daqueles mais modernos, só com teclados. Não conseguí chegar ao evento desde o início, pois é quase 2 horas da minha casa. Mas conseguí ver boa parte do show do Julgados Culpados, que tem muito talento, misturando elementos da música brasileira e jamaicana de uma forma natural e interessante. Com muito pouco se fez a alegria da juventude da periferia. Artístas querendo fazer bonito para os presentes, sem a pompa de casas noturnas, etc. Tudo que é bom dura pouco, precisava ir embora. Meu amigo estranhou de não haver ronda na area, pois rola o tráfico geral. E para quem acha que isso só tem haver com bandido, gente armada, tem uma parte que foi pega pelo vício e falta de perspectiva, gente que é pai de família, mãe, que trabalha na obra e gasta com vício. Quando cheguei em casa, ví o q tinha acontecido na TV. E olha que na volta ainda esperei o ônibus dentro do Terminal Sto Amaro. Não fiquei surpreso. Já esperava por coisas assim. A burguesia causou isso literalmente, sei que é um discurso gasto, mas é a pura realidade. Falando em coisas gastas, vai o ditado, quem planta colhe. E enquanto o caos rolava no estado inteiro, a periferia estava em paz.

Um comentário:

Anônimo disse...

Camarada, vamos pra piei?

 
 
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