Da mesma forma que a fatídica frase decreta o óbito do Rock'n'Roll, temos o equivalente na arte em geral. Terminamos mais um ano nesta capital brazuca com aspirações de metrópole cosmopolita. Mas São Paulo na verdade parece mais um imundo burgo europeu pós idade média, sem saneamento básico, ratos pelas ruas juntos com lixo e esgoto à céu aberto. O pior é a mentalidade paulistana, sobretudo da elite e classe média, uma horda de pessoas que não têm cacife para serem do "primeiro mundo". Tudo é estritamente superficial, onde agora brota um contingente de enólogos, baristas, jazzófilos etc e etc. Só que é tudo meia boca, como são os "alfajores" vendidos por ai, como o "yakissoba" de rua, a "esfiha" do Habib's... Ultimamente a nova palhaçada burguesa paulistana, é querer ser simples, frequentar "botecos", comer petiscos, curtir um samba de raiz, comer pastel de bacalhau e sanduíche de mortadela no mercado municipal. Ora, e o que isso tudo tem haver com a suposta morte da arte? Quase tudo! Os setores da sociedade que deveriam alavancar a produção artística, estimular, quando tem condições para isso, simplesmente fecham os olhos para a realidade e se trancam em seus feudos feitos de ego, vaidade e é claro, ignorância. Muitos talentos ficam à margem das mínimas condições dignas de existirem como artístas enquanto os herdeiros da burguesia brincam de serem artístas, nos presenteando com uma penca de trabalhos inexpressivos, desprovidos de talento, mas com uma ótima estrutura material, estética. É a maioria avassaladora que está em evidência na mídia especializada. Mas e a tal da morte anunciada da arte? Ela vai sobreviver, com roupas baratas, se alimentando de churrasco grego, "dogão" à R$1,00, aproveitando a baldeação do bilhete único.
quarta-feira, novembro 29, 2006
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