Particularmente este tipo de publicação como a revista ao lado, não faz parte de minha leitura periódica. Se eu quero obter informação mais precisa e confiável, há incontáveis fontes de boa informação no mundo virtual. Se a revista Rolling Stone original já é deficitária no quesito música como arte, a versão brasileira é pior. Calma nacionalistas, não estou degradando o produto nacional. Afinal o objetivo da edicão nacional da R.S. é meramente música como mais um tipo de mercadoria na prateleira. Infelizmente o jornalismo musical carece em muitas coisas para ser realmente confiável, entre estas coisas, a análise empírica, a pesquisa exaustiva, etc.
Mas me chamou a atenção 2 coisas sobre a matéria de capa desta publicação: Parte das primeiras posições deste ranking e o melhor: os comentários dos leitores.
Nº 1 - "Construção" - Chico Buarque
Nº 2 - "Águas de Março" - Elis Regina & Tom Jobim
Nº 3 - "Carinhoso" - Pixinguinha
Nº 4 - "Asa Branca" - Luiz Gonzaga
Nº 5 - "Mas Que Nada" - Jorge Ben
Nº 6 - "Chega de Saudade" - João Gilberto
Nº 7 - "Panis et Circencis" - Os Mutantes
Nº 8 - "Detalhes" - Roberto Carlos
Nº 9 - "Canto de Ossanha" - Baden Powell/ Vinicius de Moraes
Nº 10 - "Alegria, Alegria" - Caetano Veloso
Quem quiser argumentar contra o que penso, fique livre para isso ou melhor, ignore este post. Em primeiro lugar, quem fez esta lista? O staff editorial da revista? Se a voz do povo não é a voz de Deus, muito menos este seleto grupo de profissionais. O que aconteceu com a música brasileira contemporânea? Pelo menos nas 10 primeiras posições, só tem música do século passado. Muitos dirão que a música atual não chega aos pés destes "clássicos" brasileiros. São boas músicas, mas este ranking teria sentido se a edição da revista fosse da década de 70 do séc.XX. Então eu me deparo com o comentário de um leitor que diz o seguinte:
"Eu me sinto bem representado por essas músicas. Legal!! Claro, eu sei que faltaram algumas entre as dez. Mas é que a música brasileira é tão boa e tão farta que não dá para contemplar todas. E há quem não valorize ainda. Gringo fica de boca aberta com a nossa criatividade!!"
Se o leitor já passou dos 40 anos de idade, é perfeitamente compreensível este ponto de vista. Mas se for na média dos 20, aí temos um caso corriqueiro de anacronismo. Mas a maioria esmagadora dos comentários dos leitores é bem mais saudável, pois elegeram artístas como Pitty, Legião Urbana, Raimundos, Chico Science e até coisas como Fresno e NX Zero.
O comentário do defensor da MPB do comentário acima ainda se ilude com a idéia de que gringo fica de boca aberta com a nossa criatividade. Ora, como se não bastasse usar o termo gringo que é pejorativo, demonstra uma tremenda arrogância e nacionalismo doentio. O Jazz e Rock criaram grandes mudanças e tiveram grande influência(inclusive na MPB) na música mundial no séc.XX e a música brasilera não chegou neste ponto, sem desmerecer a qualidade da MPB. O que seria de Luiz Gonzaga e seu forró(For All) se não tivesse o tango dos nossos hermanitos argentinos? O que seria dos Mutantes se não tivesse os Beatles? O que seria do João Gilberto se não fosse o Jazz e o que seria de Pixinguinha sem o Hot Five de Armstrong? Isso não anula a criatividade brasileira. A maioria destes "gringos" que piram, são na maioria críticos musicais, artístas, que são um pequeno setor destes países, que não chegam à casa decimal na porcentagem da população de seus países. Basta checar as informações que confirmam o que eu disse aqui, os gringos tem preferencia nos artístas de seus respectivos países, que é extremamente saudável. A maioria não se importa com a nossa música, se não os marcadores de exportação diriam ao contrário. Quem compra música brasileira no exterior em certo número, são os próprios brasileiros que imigraram para estes países. O Japão que costuma ser citado como um país que consome bastante a nossa MPB, na verdade, não é assim. O Japão se encaixa nesta estatística de consumo de MPB pelos imigrantes brasileiros que trabalham e vivem lá. A maioria esmagadora da população japonesa consome sua música local, chegando na situação da indústria fonográfica norte americana ter dificuldade de preferencia, como acontece em muitos países do mundo. É este tipo de publicação com rankings que contribue para este quadro, esta formação de opinião.
Enfim, quem acha que a Folha de São Paulo é a escória dos jornais e a Veja o lixo das revistas semanais, a Rolling Stone veio para preencher a vaga musical desta categoria seleta.
sábado, outubro 10, 2009
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