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Por quê? O que temos por aqui? Onde estão os artístas brasileiros? Tudo bem, existe o trabalho pioneiro do meu amigo Panda e seu projeto Abaetetuba, mas seus outros integrantes estão trabalhando no circuito europeu. Ah, mas tem o Ibrasotope (que está mais ligado a outro cenário musical), o Otis trio... Mas estes por acaso estão se integrando, formando a base de um cenário ou cada um está fazendo o seu próprio caminho? Eu mesmo confesso que não tenho me empenhado em meu próprio projeto ou voltado a trabalhar em algo futuro com o Panda.
Veja o caso do meu caro Ivo Perelman, que parece preferir trabalhar de forma independente, como atração estrangeira, não tendo muito sucesso em se relacionar com os músicos brasileiros. Há algumas especulações em relação a isso, e uma delas não é muito agradável e é polêmica e não é oportuno abordar agora. Então, mesmo que o Ivo seja brasileiro, já se tornou um estrangeiro em sua terra à muito tempo. O que temos?
Eu mesmo testemunhei uma situação tenebrosa que ocorreu mais de uma vez com meu amigo Panda, que posssui relações sólidas com grandes artístas da improvisação livre, como Veryan Weston, Hans Koch entre outros e ele é sumariamente boicotado nos eventos destes artístas quando se apresentam por aqui, promovidos por certas instituições culturais. Mas pela amizade e afinidade musical, o Panda consegue organizar alguma sessão de improvisação livre com eles, mas longe dos holofotes do enfadonho, mesquinho, provinciano e restrito circuito cultural paulistano. Não? Eu presenciei uma das melhores sessões com o Panda, Thomas Rohrer, Veryan Weston e Trevor Watts num local hostil, uma tabacaria na região dos Jardins. Dava para contar nos dedos de uma mão o número da platéia, não contando com os habitués do recinto que foram pegos de surpresa e que estavam lá por conta da atração oficial da casa.
As duas vezes que o Veryan Weston esteve em São Paulo, o Panda, seu parceiro musical, foi sumariamente excluído da programação dita oficial.
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Na Europa e particularmente em Chicago, nos EUA, o cenário de free jazz e free improvisation existe, mesmo que de forma restrita, por conta de uma comunhão dos músicos, que procuram agregar-se sempre. Todo mundo toca com todo mundo, possibilitando novas experiências musicais para músicos e público.
Será mesmo que estamos caminhado para o certo?