terça-feira, maio 31, 2011

Archie Shepp, jornalecos e revistas lidas enquanto se usa o vaso sanitário...

Bem, desta vez eu não me interessei em ver e ouvir Archie Shepp pelo fato de ultimamente não concordar com a política adotada pelo SESC no preço dos ingressos cobrados ultimamente em suas unidades em São Paulo, principalmente nas atrações musicais internacionais e outros motivos que escreverei logo a frente. Muitos irão me argumentar que se levar em conta os festivais notórios de "jazz" e música patrocinados por grandes empresas, o SESC cobra um preço bem modesto. A instituição tem o cunho assistencial, como a sigla indica, ou seja, Serviço Social do Comércio. Mas não é tão acessível pagar R$32,00 por um show para a maioria da população. Tá, vão me dizer que se fosse um festival patrocinado por um cartel de bebidas alcoólicas ou um cartel de telecomunicações, seria provavelmente o triplo deste "irrisório" e "modesto" valor. Ora, isso parece propaganda de bancos privados, com aquela conversinha de "sustentabilidade", propaganda na midia onde uma voz com tom paternal em off diz que tal banco foi feito para você... Sai fora! Todo cidadão minimamente informado sabe que estas instituições financeiras arrancam o couro de seus clientes com uma avalanche de taxas abusivas para lucrar absurdamente. E o comércio não é diferente. "Ah, mas o governo impõe impostos abusivos e abundantes aos empresários e blá, blá, blá...". Sempre a mesma ladainha, mas o problema é que o setor do comércio não oferece serviços e produtos que justifiquem o repasse desses encargos no bolso do pobre consumidor. Não? Qualquer jornaleco ou noticiário relata reclamações do setor aos montes. E o setor Terciário, também conhecido como serviços, no contexto da economia, envolve a comercialização de produtos em geral, e o oferecimento de serviços comerciais, pessoais ou comunitários, a terceiros, é o que mais cresce e lucra na economia de um país. Creio que qualquer pessoa que tenha prestado atenção nas aulas de Geografia e História no colegial tenha aprendido sobre isto. Enfim, a associação tem plenas condições de cobrar um valor mais acessível para estas atrações e aqui encerro esta questão.
Fora que já é notório que os ingressos no SESC sempre esgotam rápido, não só pelo fato de uma atração internacional por um preço "atraente" ter grande interesse do público, mas porque uma considerável fração de ingressos já é reservada de antemão para convidados, digamos, "diferenciados" (um salve pra rapa de Higienópolis, in full effect, yo!)
Agora sobre Shepp, eu não fui por realmente não ter muito interesse em sua faze atual, onde ele se dedica mais ao chamado blues, a sua pequena limitação física por problemas de embocadura ao saxofone (e isso não sugere que é decadente), pois ele tem uma bela voz, também o grupo que o acompanhou não é dos meus prediletos em termos de gosto pessoal. Uma coisa que me incomoda quando os jornalistas brasileiros abordam Shepp e Pharoah Sanders também, é a mesma conversinha de associação com John Coltrane. Deixem o defunto em paz! Tanto Shepp e Sanders já caminham por conta própria à décadas e esse tipo de associação é muito débil. Caramba, depois do advento da web, o que não falta é informação para o pessoal escrever um artigo com um mínimo de qualidade. "Ah, mas isso se faz necessário para introduzir o leigo e blá, blá, blá..." Não, não! Essa não cola, pois há inúmeras maneiras de redigir um texto para leigos sem usar deste degradado, gasto e pobre recurso, para informar de forma simples e eficaz. Esses jornalistas e pseudo pesquisadores de música podem dar as mãos com o MEC e caminharem juntos em direção às trevas da ignorância lendo os livro...
Enquanto isso, só resta à Archie Shepp cantar o blues, não mais o lamento nos campos de algodão e na segregação racial, mas blues sobre a esculhambação da arte.

*P.S.: Uma empresa paulistana que fornece material para forrar gaiola de passarinho, embrulhar bananas, que também publica uma revista periódica com a intenção de ser "fina" Será fina(?), publicou mais dois artigos medonhos sobre Miles Davis. Coitado do Miles, que não pode protagonizar o lendário boxeador Jack Johnson e dar um upper cut neles e levá-los à lona ou miles away...

Um comentário:

Anônimo disse...

Me falaram que ele é um artista muito reconhecido, e alguma vez vou assistir a um show.
O cara do delivery em higienopolis estava ouvindo uma cancão dele quando me trouxe o pedido.

 
 
Studio Ghibli Brasil