Um pequeno grupo de artesãos se instalou no quarteirão da R. Teodoro Sampaio, entre a Praça Benedito Calixto e Rua João Moura trazendo fôlego de vida numa importante via de acesso com calçadas estreitas e trânsito massivo e hostil. Está próxima a data em que completo 40 anos de residência nesta região e esta rua já foi muito mais amistosa ao transeunte pinheirense e paulistano. Tanto que na época natalina havia a ornamentação temática ao longo da via e até desfile de carnaval. Carros estacionavam na faixa direita da rua, permitindo um aceso mais agradável ao pedestre. Mas a população brazuca, sejam ricos ou pobres sucumbiram ao desejo insâno de preencherem seus vazios existenciais com ítens de consumo. É fácil averiguar isso em qualquer pesquisa ou nas ruas. A vida das pessoas praticamente se resume na compra de tv's, telefones celulares, computadores, vestimentas da moda e veículos motorizados. A pobre massa proletária sofre pagando cerca de 12 ou mais prestações por produtos que muitas vezes se esfarelam antes da quitação. Produtos que não são essenciais, são supérfluos, mas foram contaminados por essa ilusão, o desejo de fazer parte da sociedade, "eu tenho, eu compro, eu posso". Uma tentativa patética de elevar a auto estima para tentar ser incluído no modelo midiático social. Existem inúmeras questões que são profundas na configuração desta cidade, resumindo em sociedade como indivíduo, como sistema coletivo.
Isso faz parte do padrão arquitetado para as pessoas se confinarem em verdadeiros currais humanos, sejam shopping centers ou na própria residência, comendo a ração disponível para alimentarem a manjada máquina do sistema capitalista e proporcionar a vida suntuosa de um milésimo da população(no caso) paulistana.
A ausência de raízes e tradição do brasileiro em incluir a cultura, a arte em seu dia a dia, afeta diretamente o artesão, pois para o brasileiro contemporâneo de todas as classes, não há interesse real em consumir arte e produtos artesanais.
Para não me estender às raízes do problema, que iria em direção de patamares filosóficos e espirituais, temos um problema irreversível no âmbito político, social e econômico.
Já abordei a condição sinistra que envolve o cartel da associação dos "amigos" da Benedito. Aquilo é um caso perdido, ou melhor, um caso de polícia. Especificamente ao grupo de artesãos da Feirinha da Teodoro, além do que um dos articuladores fundamentais e artesão Vanderlei Prado tem exposto no seu blog Wanderart, existe uma pequena questão que eu gostaria de abordar aqui. Infelizmente no meio deste distinto grupo de artesãos dignos de seu ofício, se infiltraram alguns que deturpam a concepção do artesanato. Como? Vendem produtos industrializados e até os "piratas"(termo em voga no comércio). Com a justificativa de precisarem levar o pão à mesa, os filhos, o aluguel, a sobrevivência, praticam a contravenção. Também não vou dar espaço maior à esta questão, pois aqui não é a hora e nem lugar para isso, mas concluindo, os fins não justificam os meios. Outros mancham a imagem do artesão à um hippie sujo drogado com pouco interesse em ser útil e "levar a vida na flauta". Imagine um sábado com a família e você passa pela rua para apreciar o artesanato e comprá-lo e depara com expositores consumindo alcool sem bom senso (isto é, já se embriagando) na frente de crianças e alguns consumindo substâncias entorpecentes. Qual é a imagem que vai ficar? Não, nem pense em afirmar que sou um moralista equivocado, pois nem em Amsterdam onde é possível usufruir de certas liberdades, pois a maioria da população holandesa tem educação e bom senso para isso, se vê certas atitudes que ocorrem por aqui, onde é crime ou contravenção. A liberdade usada sem sabedoria se torna a corda da forca do indivíduo.
Este pequeno apêndice é mais uma arma que os interessados em exterminar a saudável pluraridade cultural da região usam à seu favor. Se faz necessário separar o joio do trigo, para que não haja brechas para o inimigo se infiltrar. É uma luta digna, mas permeada de injustiça e os artesãos são como o pequeno pássaro que leva água em seu bico para apagar o incêndio na floresta. Sei também que é extremamente tentador perder o controle e partir para o confronto, mas isso tem um alto custo que vale à pena parar, respirar e refletir, pois as contas e a despensa não são lá muito de esperar.
Como cidadão e morador do bairro, eu apoio os artesãos da Feirinha da Teodoro e peço perdão por não poder contribuir efetivamente nesta contenda. Como cristão convicto, peço que mantenham a perseverança pelo caminho justo, mesmo que tudo pareça sem uma solução justa. As vezes, o que parece perdido, na verdade é um passo para uma conquista muito melhor do que a almejada. Continuem a luta sempre seguindo o que é justo perante Deus e a sociedade e creio que poderão se alegrar com as novas conquistas e principalmente lembrar de que fizeram algo digno sem ter do que se envergonhar.
segunda-feira, novembro 28, 2011
sexta-feira, novembro 25, 2011
Sabu Toyozumi em São Paulo
Sabu Toyozumi nasceu em 1943, Tsurumi - Yokohama. Aos 10 anos começou tocando em bandas de marcha e tocando com amigos e aos 17 deu início sua carreira profissional, sendo que em 1969 começou a tocar bateria no estilo livre, formando um duo no ano seguinte com o saxofonista Mototeru Takagi. Em 1971 se tornou membro da AACM e tocou na Europa, Indonésia, África, Nepal, India, Burma e inclusive no Brasil em 1974. Nos anos 80, tocou no Japão com Misha Mengelberg, Wadada Leo Smith, Derek Bailey, Paul Rutherford, Sunny Murray, John Russell entre outros. Em 2001 tocou com Fred Frith em San Francisco, com Wadada Leo Smith no CalifoniaInstitute Of Art e uma turnê em Cuba. Em 2004 inicou uma turnê para Mongolia, Coréia, Lituânia e Russia. Em 2005 o Sabu Toyozumi Project participou do Mopomoso festival em Londres com John Russell, Evan Parker, Lol Coxhill, Paul Rutherford, Phil Minton, Marcio Mattos, John Edwards, Roger Turner, Stefan Keune, Steve Beresford, John Butcher, Phil Wachsmann, Chris Burn, Terry Day e Veryan Weston.
No mês de Dezembro, Sabu estará em São Paulo para realizar apresentações e workshop.
Bem, creio que este video é uma pequena amostra da arte de Toyozumi e mesmo assim explica bem melhor do que mil palavras. Este texto é apenas um resumo de usa carreira.
Marcadores:
art,
bateristas,
drummers,
free music,
improvisação livre,
japanese music,
música,
Sabu Toyozumi
quarta-feira, novembro 23, 2011
Jingo De Lunch - Cursed Earth ep (1988)
Kreuzberg, uma província de Berlin, com cerca de 31,6% composta de imigrantes, sendo muitos deles descendentes de turcos, possui um histórico de contra-cultura e alto índice de desemprego. Um campo extremamente fértil para o segmento punk. O guitarrista Joseph Ehrensberger fazia parte do Vorkriegsjugend (um dos mais influentes grupos de hardcore da Alemanha, que inclusive teve um ep lançado no Brasil pelo selo independente New Face), se juntou à Tom Scholl, Henning Menke, Steve Hahn e a vocalista Yvonne Ducksworth (que chegou em Berlin no ano de 1983), para formar o Jingo De Lunch em Abril de 1987. Um dos melhores grupos que também recebeu o sub-gênero stenchcore. As influências do Jingo De Lunch são o punk rock, hardcore e hardrock e neste ep há versões de Thin Lizzy e Bad Brains. Clique na imagem para acessar o arquivo.
Marcadores:
contra cultura,
downloads,
hardcore,
Jingo De Lunch,
mp3,
música,
punk rock
segunda-feira, novembro 21, 2011
Let me free! Let me free!! ...and do not bother me.
Ainda perduram questões em relação à música, que também é um campo vasto de perder a vista. Mesmo se restringirmos a um estilo ou linguagem específicos, ainda continuará fora de nosso alcance e controle. Sempre escapará entre as garras de nossa racionalidade limitada e correrá livre, indomável, se locomovendo segundo a sua própria vontade.
Ultimamente tenho captado diversas discussões sobre o que chamam por aí de Improvisação Livre e colocam no mesmo balaio o Free Jazz e a tal da Música Experimental. Na realidade em minha opinião particular, que só tem relevância para minha pessoa, acho tudo isso uma perda de tempo. (Não que seja nocivo jogar conversa fora, aliás isso é divertido como lazer, faz bem até. Afinal quem aguenta um colega que inicia um papinho de firma em pleno churrasco depois de 4 meses sem feriado? Misericórdia! Aquele dia de folga que passa voando, que se tem a oportunidade de desplugar a tomada da rotina de trabalho e se descontrair com seus amigos, vem um colega te lembrando das metas e planilhas do dia seguinte?! Por isso eu trinco geral com Jesus: "Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal." - Mateus cap.6, v.34)
Que se dane a Improvisação Livre e o Free Jazz, a música de Vanguarda, o experimental, o Xenakis, o Coltrane, os Beatles!!! Caramba, um bando de marmanjos e muitos já com seus fiapos grisalhos, com picuinhas vergonhosas que constrangem até um gurí da creche.
Um dia, alguém com muita imundice no coração proferiu a seguinte afirmação: "Conselho bom não se dá, se vende" ou "Se o conselho fosse bom, não se dava de graça" Meus Deus! Olha só que coisa abominável! Mais uma síntese de mesquinharia, egoísmo humano. Eu tô fora dessa, se eu tiver um bom conselho, eu dou de graça, com toda satisfação e convicção. E o conselho que eu dou para os nóias e fiscais da teoria da arte, da música, etc, é que parem um pouco com tudo, vão à barraquinha e comprem uma água de côco verde bem fresca e gelada, sentem à sombra e contemplem o céu, as árvores, os pássaros, as crianças brincando no parque e agradeçam por este momento maravilhoso.
Bem, eu vou continuar a fazer música, tocar Improvisação Livre (hahahahaha), independente de minha amada, minha família, meus amigos e colegas gostarem ou não. O farei com alegria e amor, pois isso é para a glória de Deus, que me presenteou com essa pequena capacidade de criar arte, fazer música, mesmo que meu amigão que gosta de Metallica ache a minha música uma chatice ou coisa de gente doida, pois ele é meu amigo, gosta de mim pelo que sou como pessoa e não pelo supérfluo motivo de gosto musical.
A Improvisação Livre, o Free Jazz, a música contemporânea de vanguarda, a música experimental, eletro-acústica não mudaram o mundo, apenas tornaram o mundo particular de cada indivíduo envolvido, em um mundo melhor. A verdadeira revolução não depende de um partido político, um movimento social coletivo, armas, foices, estrelas e bandeira vermelha e muito menos uma letra "A" com um círculo em volta, ela se dá dentro de cada pessoa, mudança de comportamento e pensamento pessoal.
Viva a música livre e criativa! (teorias do lado de fora, por favor...hahahahahaha!)
"Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?" - Mateus cap.6, v.25
"Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece." - Tiago cap.4, v.14
"Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova" - Mateus cap.15, v.14
segunda-feira, novembro 14, 2011
Série de Encontros de Improvisação Livre - 26/11/2011
O músico e improvisador Antonio Panda Gianfratti junto de seu projeto Abaetetuba inicia uma série de encontros musicais de improvisação livre em São Paulo no Teatro da Garagem, craido pela atriz Anete Naiman, que apresentará uma peça de sua autoria, Os Imprestáveis com o ator Jose Trassi.
Sábado, dia 26/11 às 19h
Teatro da Garagem
Rua Silveira Rodrigues, #331 - Lapa, São Paulo, SP
tel.: 9122 8696
-Apresentação da peça teatral às 19:00h - ingresso R$10,00;
Sábado, dia 26/11 às 19h
Teatro da Garagem
Rua Silveira Rodrigues, #331 - Lapa, São Paulo, SP
tel.: 9122 8696
-Apresentação da peça teatral às 19:00h - ingresso R$10,00;
sábado, novembro 05, 2011
Antes que mais um ano se encerre, vou logo esclarecendo (once again...)
Esclarecer: v.t. Tornar claro; alumiar. Explicar, elucidar. Ilustrar. V.pr. Informar-se; ilustrar-se.
Em primeiríssimo lugar, agradeço de todo meu coração à Jesus Cristo por me conceder cada segundo de vida e seu amor por todas as pessoas do globo terrestre.
Este ano não poderia ser melhor como tem sido para a improvisação livre em específico, várias apresentações, workshops, novos espaços para este tipo de música, e o mais importante, tudo acessível ao público em geral. O precioso agregamento de novas pessoas, futuras amizades e um futuro promissor para a improvisação livre no Brasil (claro que dentro do espectro e expectativas realistas neste nicho musical, afinal, uma apresentação de improvisação livre não vai lotar um estádio).
Bom, agradecimentos feitos e cumprindo o protocolo, vamos ao assunto desta nota:
O weblog (diário digital, sim, uma espécie de versão muderrna daquelas agendas que os adolescentes redigiam seus diários e muitas vezes enxertavam um monte de tralhas para ilustrar momentos especias, como canudo do refrí do primeiro encontro com a namorada(o), embalagem de chiclete e outras besteiras) Sonorica foi idealizado em 2006 com incentivo de um amigo e sempre abordou vários assuntos ligados a arte em geral, sempre com uma visão particular, mas nunca deixando de lado a análise empírica e a divulgação de dados, sem contaminar a notícia, relato e muito menos adulterar os fatos. Alguns textos geraram polêmica, chegando ao baixo nível de insultos anônimos, mas nunca uma resposta apresentando uma argumentação que provasse algum equívoco ou adulteração dos fatos ocorridos e relatados no blog. Ninguém que me insultou teve a dignidade de se revelar e discutir comigo pessoalmente, mesmo que por meio digital, sobre suas divergências. Ora, se eu estou errado, comprovem, por favor. Afinal, errar é humano e digno é reconhecer o erro e procurar corrigir-se. Não estou acima e nem abaixo de ninguém, não sou criador e proprietário da verdade absoluta (isso só Deus Pai o é), mas sinto no dever de ser um office-boy da verdade, jamais abrir o envelope pardo para adicionar ou subtrair o seu conteúdo, apenas entregar em mãos ao destinatário, assinar o recibo, agradecer e sair vazado jamais insinuando uma gorjeta.
Para algumas pessoas, parece que ainda não ficou claro o objetivo deste blog. No cabeçalho, logo abaixo do título do blog, eu deixo isso bem claro. O Sonorica está remotamente longe de ser um blog bombado com milhares de acessos de usuários da web, poucas pessoas esporadicamente acessam este pequeno espaço virtual. Aliás, eu agradeço de coração aos que me acompanham aqui.
Aos que discordam do que é escrito aqui, aconselho a fazer o que faço com inúmeros textos, twitts, blogs, portais, webpages, sites aos quais não gosto e discordo: ignoro. Na maioria das vezes, não vale o esforço porfiar com os autores e proprietários de blog principalmente, afinal, é o mesmo que querer canetar o diário do colega de classe do ginasial. Se houver a emissão de uma falácia, calúnia ou semelhante abominação, é dever exortar o responsável. Se não der ouvidos, tentar mais uma vez munido sempre de provas e argumentação coerente que possa confrontar o fato adulterado. Havendo obstinação, é legítimo divulgar publicamente por todos os meios dignos e deixar a natureza seguir o seu curso.
Eu realmente não entendo porque vez ou outra alguém se incomoda com meus textos, perde seu tempo com um blog tão insignificante perante ao vasto mundo virtual. Essas pessoas deveriam fazer como aquela frase de uma música dos Novos Baianos: "meus para-choques pra você!". Se alguém achar que estou inventando uma falácia, por favor, peço de coração que fale comigo e me prove o contrário. Caso eu esteja errado, me humilho, peço perdão sincero e me converto do equívoco.
Enfim, esta nota se fez realmente necessária devido a uma série de fatos que não vem ao caso serem expostos em público (roupa pessoal se lava em casa, mas se alguém quiser ir na lavanderia...) e peço desculpas aos meus parceiros leitores do Sonorica e agradeço por cada visita a este espaço. Deus abençoe à todos!
ps.: O mestre Jesus disse que se possível ter paz com todos, mas se tiver alguma treta, aqui é papo reto, sem violência e ignorância, certo truta?
Marcadores:
Abaetetuba,
arte,
blogs,
CCSP,
cenário musical independente,
critica,
festivais de música,
ideologias,
improvisação livre,
jornalismo,
música,
oficina,
opinião,
política
Assinar:
Postagens (Atom)