segunda-feira, março 21, 2016

When i get old, i don't to be stereotyped, i don't to be classified (domo arigatou gozaimasu, Aukerman san)

Neste fim de noite do primeiro dia de Outono, quando apenas conferia os e-mails, recados de timeline e inbox, um amigo de longa data que não vejo faz um bom tempo pessoalmente, publicou uma canção do Descendents, que se chama My World. Eu realmente só iria ler os recados e ir dormir, mas aquilo desencadeou uma reflexão que é o motivo de eu escrever aqui. Imediatamente me lembrei de mais duas canções do Descendents, as que estão publicadas junto com este texto, Suburban Home, do primeiro LP, Milo Goes To College de 1982 e When I Get Old, do disco Everything Sucks, de 1996, o primeiro registro com músicas inéditas desde 1987. Milo Aukerman tinha deixado a banda para se dedicar à sua carreira científica na área da biologia. Então o Descendents ficou de molho e surgiu o All, mas isso é uma outra história... 
Para quem não sabe, o Brasil está em uma crise política, econômica e social pós criação das redes sociais digitais. Então imagine todo o tipo de comentário que é publicado diariamente entre as redes sociais de relacionamentos. Mas também isso é um outro assunto que não vem ao caso agora.
O Descendents sempre se diferenciou no cenário hardcore/punk, pela musicalidade que evoluiu espantosamente à cada disco e suas letras. Bill Stevenson que é o baterista, sempre foi um dos cérebros da banda, compondo belas músicas. Não sei exatamente agora se foi Bill ou Milo que compuseram as três canções citadas aqui, mas sempre tiveram uma abordagem inteligente e criativa em sua poética, não dá pra rotular de rebeldia sem sentido da juventude, como muitas bandas hardcore/punk no mundo afora. O Descendents sempre tratou de assuntos sobre o ser humano numa linguagem simples, mas muitas letras são profundas em termos filosóficos até.
When I Get Old, pois é, estamos envelhecendo, tanto como meu amigo que é mais novo que eu e os membros do Descendents que são mais velhos que eu e estão na ativa por praticamente 30 anos. Várias pessoas que conheci ao longo da minha adolescência até agora, sendo que muitos eu nem encontro mais pessoalmente (coisas da vida, sabe como é...), agora são possíveis e contactar, mesmo que apenas virtualmente, graças às redes digitais de relacionamento. Vejo que alguns se tornaram pessoas muito diferentes do que eram quando jovens, uns para melhor ou pior, mas isso também é bem relativo.
Afinal, o que é ser bem-sucedido na vida? Ter uma família, um bom emprego, uma carreira profissional, ficar rico financeiramente? Aí entra o termo relativo. O que para uns é um tesouro, para outros, é apenas algo sem importância até. Quem se envolveu com alguma ideologia quando jovem, principalmente através da música (hardcore/punk, sendo mais específico deste texto), seja qual for o estilo, geralmente tende a ser contra o padrão de consumo da sociedade.
Para alguns foi só um período realmente de rebeldia sem causa e são atualmente tudo o que combateram antes de se tornarem adultos perante à sociedade. Outros se mantiveram em seus ideais de forma irredutível e sem muito discernimento e hoje em dia estão à margem da sociedade de consumo. E ser marginal perante o sistema político/econômico/social deste país ou até em outros, é realmente cruel. Você simplesmente pode acabar morto numa rua suja por "n" tipos de fatalidades.
Mas existe um pensamento ponderado (isso se a pessoa ainda acredita em certos valores) e o Descendents justamente são um ótimo exemplo. Os membros da banda não são um bando de "semi coroas" fracassados inclusive aos impiedosos olhos da sociedade. Alguns podem até achar ridículo um bando de pessoas começando chegar à meio século de vida envolvido numa banda de rock. Veja o caso do Iron Maiden, a banda é praticamente uma empresa, o baixista Steve Harris completou recentemente 60 anos de idade, a banda tem um avião jumbo particular e os membros são ricos. E eles realmente gostam de tocar no Iron Maiden.
Mas o que eu quero dizer com tudo isso? Se puder ler a letra das duas músicas do Descendents, acho que vai entender onde quero chegar. Alias me lembrei também do que sempre converso com outro amigo que convivo bastante, sobre preservar a pureza infantil em nós, a parte boa, de sonhar, de aprender algo novo, de se alegrar com  coisas muito simples. Crianças que brincaram na rua se divertiram muito sem precisar gastar dinheiro ou algum tipo de equipamento, apenas elas e sua ingênua imaginação.
Os tempos são difíceis, o tempo passa muito rápido e todos bem sabemos que nada material deste mundo podemos levar após a morte e mesmo para quem não acredita que haja vida após a morte, saiba que as coisas mais valiosas na breve vida de um ser humano, são justamente coisas que não são materiais.
Como diz o meu melhor amigo: "Onde estiver o seu tesouro, ali também estará o seu coração"

*ps.: Também dedico este texto ao meu querido amigo Fernando Sanches

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