domingo, julho 15, 2007

Revista + Soma, Hurtmold e Bill Dixon




Por estes dias, deparei com uma prova explicitamente palpável do que se é possível fazer com união e boa vontade. A revista + Soma que se enquadra na classificação de revista de comportamento. Ela me pareceu ter um foco mais cuidadoso em termos artísticos, tanto no conteúdo quando no seu aspecto estético, boa impressão, papel de qualidade e para quem acha que tudo isso tem um custo, ela é de distribuição gratuita. Bom parece que por enquanto estão encerradas as lamúrias sobre falta de opções. Quanto ao Hurtmold, há uma entrevista consideravelmente abrangente nesta mesma publicação gratuita, que esclarece alguns pontos em volta deste grupo. Sempre ouví o tal questionamento da ligação do Jazz ao qual eles mesmo esclarecem. A primeira vez que ouví falar à respeito, é que eles estavam abandonando a poética escrita e cantada em suas composições, que já eram minoria e tinham um diferencial em relação aos instrumentos musicais usados dentro do formato do rock, como vibrafone, percussão, sopro, efeitos eletrônicos e orgânicos. Foi o que pude constatar nos respectivos discos Et cetera, Cozido e Mestro. Interessante foi saber mais à respeito do que cada um pensa em relação à música como arte e a proposta do grupo, até politicamente falando, o amadurecimento e afins. Bom, supondo que Deus me dê a oportunidade de viver 100 anos com lucidez, comecei a romper á algum tempinho, um terço do tempo que disponho para aprender algo sobre à vida. Sem levar em questão de que nada sei sobre a eternidade. Lembro-me de uma frase de samba na qual se diz que a gente nasce sem saber nada e morre sem saber tudo. Cada dia é um aprendizado. Mas também lí uma declaração de um músico de FreeJazz extremamente radical, na qual ele diz para não se confiar em ninguém com menos de 50 anos, pois a apartir daí é que se começa aprender alguma coisa. Dentro deste contexto, lembro-me da comparação do Mano Brown com o Bill Dixon feita durante a entrevista do Hurtmold. Até certo ponto pode haver uma analogia, a qual foi explicada na entrevista. Bem, vejamos então do seguinte ponto de vista, Mano Brown deve estar com a idade orbitando em torno da metade de Bill Dixon, que tem 81 anos. Os dois sofreram pré-conceito racial, o que acarretou problemas sócio-econômico-artísticos. O FreeJazz em sua época, nos anos 60, teve seu impacto político-artístico e uma suposta absorção pela sociedade. Ser afro-descendente e músico de FreeJazz num país declaradamente racista naquela época. Ser afro-descendente e músico de HipHop num país não declaradamente racista dos anos 80 pra cá. Hoje em dia, em pleno século XXI, o HipHop se tornou cultura de massa aceita em todas as camadas da sociedade mundial. Ironicamente, há uma marginalização do FreeJazz em relação a massa, falta de acesso e até a bizarra tentativa de elitização desta forma de arte. Até que ponto podemos relevar esta analogia em relação aos motivos pelos quais cada um dos dois fazem o que fazem? Quais são as escolhas e possibilidades de cada um? Qual a ótica de cada um em relação ao que fazem, pois também deve-se levar em conta o que cada um concebe sobre expectativa de vida, até capacidade física, no sentido biológico mesmo. Como cada um vê a questão da morte, seja de um lado, pelo cotidiano extremamente violento atual ou pela limitação do ser humano como organismo vivo. Creio que ambos os casos acarretam uma análise e ação particulares sobre o indivíduo em relação ao presente e futuro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sim, provavelmente por isso e

 
 
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