quinta-feira, março 27, 2008

Daminhão Experiênça!

Nunca ví coisa assim lá no praneta Lamma! Que a justiça seja feita. É sempre assim, um grande artísta fica marginalizado por não se enquadrar à estética do mercado. Enquanto vivemos tempos de medianismo, material de segunda mão mas com nova embalagem, Damião segue com sua arte longe das badalações. Alguns moderninhos até falam dele por achar exótico, "style" ou qualquer superficialidade deste nível, mas não aguentam ouvir duas músicas ou sequer ouviram uma inteira do sobrevivente do praneta Lamma. Muitos fatos e opiniões que Daminhão relata em suas composições eu discordo, mas é e foi a realidade dele. O Sun Ra pode falar de seus delírios saturnianos interestelares mas o Daminhão não pode falar do praneta Lamma. Tudo bem, Experiênça não possuia a técnica apurada aos teclados, arranjos e uma Arquestra, mas tem uma concepção artística de qualidade que deve ser valorizada, mesmo com a falta de recursos e muita incompreenção nesta pátria.
Wesley Willis, um artísta de Chicago, falecido em 2003 teve muito mais chance. Aqui nesta terra, até os artístas de qualidade duvidosa e moribundos, tem reconhecimento.
Meu amigo que possui praticamente todos os registros fonográficos do Daminhão e também o conhece pessoalmente, está ajudando no processo de digitalização de sua música. No seu site, você pode conferir o talento de Daminão:
http://www.damiaoexperienca.net/

domingo, março 23, 2008

Israel "Cachao" Lopez (1918-2008)

Neste último sábado, 22 de Março, o contrabaixista cubano Israel "Cachao" Lopez partiu.
Nasceu em Havana no dia 14 de Setembro de 1918 em uma família repleta de músicos. Aos 13 anos de idade ingressou na Orquesta Filarmónica a La Habana, que já teve como regente convidado, Heitor Villa-Lobos. Nos anos 30 com seu irmão Orestes Lopez, criaram o Mambo, derivado de seus trabalhos na improvisação do estilo musical Danzon. Depois com seus amigos popularizaram a Descarga, uma jam session que incorpora elementos do Jazz e da música Afro-Cubana. Colaborou com músicos como Tito Puente, Chico O'Farrill, Eddie Palmieri, Celia Cruz, Gloria Estefan, entre tantos. O ator Andy Garcia produziu o documentário
Cachao ... Como Su Ritmo No Hay Dos ("With A Rhythm Like No Other")

Ivo Perelman em São Paulo

segunda-feira, março 17, 2008

Arthur Doyle

Nasceu em Birminghan, Alabama em 26 de Junho,1944. Chegou a ensaiar com a Arkestra de Sun Ra em meados de 1967 quando se mudou para New York, suas primeiras gravações foram com Milford Graves e Noah Howard. Seu primeiro título foi o Alabama Feeling de 1978, sendo que só voltou a gravar sob seu nome em 1993. Fundou com Rudolph Grey, biógrafo de Ed Wood, e o baterista Beaver Harris, o The Blue Humans e registrou o "The Blue Humans Live NY 1980" (Audible Hiss) onde Doyle e Harris unem seu Free Jazz ao chamado "post Hendrix sci-fi no wave" de Grey. Este grupo esteve muito mais envolvido com a cena No Wave de New York do que o Jazz. Doyle em 1995: "Eu estive entre estágios de desenvolvimento aonde estou hoje... Eu toquei Bebop, eu toquei Noise Punk Rock e eu toquei Free Jazz." No final dos anos 80 e início dos 90 em Paris, França, Doyle esteve preso, onde escreveu mais ou menos 150 músicas. Gravou muitas composições em um gravador k-7 portátil, de forma precária(entendo bem esta situação). Bom, aí você foleia uma revista Wire por exemplo, vê os relançamentos em cd ou até em vinil dos títulos da BYG Actuel, ESP, Impulse, etc. e não imagina a casca dura que os músicos de Free Jazz passaram. Definitivamente isso não é nada legal, não ter o mínimo de condições de vida para fazer música. Quem acha isso romantico, bonito e tal, que tente passar privações como Charles Gayle que viveu em prédio abandonado e tocando nas ruas por moedas, ou ser preso como Doyle. São histórias tristes, situações que não se deseja para ninguém, por amor à música.
Discografia de Arthur Doyle

sábado, março 08, 2008

Uma pausa para os não comerciais

Bem, ninguém é de ferro... Por um breve momento a nostalgia bate neste coração. Faço questão de lembrar da maioria das pessoas, se não for possível todas que em algum momento fizeram parte de minha vida, e olha que não é muito tempo, apenas 35 anos de idade até agora. Embora eu saiba que a maioria das pessoas não são assim, ainda acho estranho isso. Não se trata de pessoas que eu tive 5 minutos de prosa por acaso, e olha que mesmo assim eu lembro de algumas pessoas que tive tão breve contato. Será que eu estou exagerando? Como descartar uma longa convivência assim tão fácil? Como se fosse um jornal que se lê e joga fora, pois as notícias não valem para os dias seguintes. Talvez os interesses falem mais alto, ter que se adequar às metas presentes. Já me disseram que meu conceito de amizade é um tanto quanto exigente. Puxa, mas é assim mesmo, tão prático, de certa forma frio? Hoje é tão simples, um e-mail não gasta mais que 1 minuto para dizer um olá. Se o mundo diz que isto é um erro, continuarei errando, que desde a tenra idade em que pus meus pés na rua e fiz amigos, até este presente dia e os que estão por vir, guardarei todos que puder em meu coração, amigos, os nem tanto, conhecidos, quase esquecidos, com amor!

quarta-feira, março 05, 2008

Arthur Rhames


Outro dia conversando com um conhecido, discutiamos sobre a necessidade dos chamados "hard times" como disse Charles Gayle. Mas no caso eu discordava sobre o benefício da chapação de Tim Maia e seu sofrimento para produzir uma obra de arte de qualidade. Ora, um de seus momentos mais brilhantes como artísta foi quando estava longe das drogas. É puro mito esse lance de drogas potencializar a criação do artísta, tá cheio de exemplos de que a criação depende de estado sóbrio para ter o melhor resultado. Jimi Hendrix, Sun Ra, John Coltrane, Frank Zappa, etc e etc, compuseram seus melhores trabalhos longe da chapação.
Mas o caso de Arthur Rhames é outro, não chegou ao estrelato, teve uma vida marginal como artísta e morreu de aids em 1989 aos 32 anos de idade. Arthur Rhames viveu os "hard times" praticamente o tempo todo, dedicando cerca de 18 horas de prática no piano, saxofone tenor e guitarra todos os dias de sua breve vida. Teve até agora que eu saiba o destino mais cruel de todos, para os que acham que Basquiat, Dolphy e Trane sofreram mais. Mas não estou aqui para competir desgraças, isso não edifica. Estou aqui para prestar homenagem a este brilhante artísta que merece o reconhecimento, não deve de forma alguma passar batido na história da música. Infelizmente há pouquíssimos registros de seu talento dado por Deus e aperfeiçoado pelo seu amor, esforço e dedicação. Muito obrigado Arthur Rhames!
http://arthurrhames.net/
Aqui neste link, podemos ouvir as gravações de 29 de Agosto de 1981 em Willisau, Suiça, com Rashied Ali na bateria, onde homenageia John Coltrane e Charlie Parker:
The Dynamic Duo:Remember Trane and Bird - Ayler Records

domingo, março 02, 2008

Plantando e colhendo

Quem quiser que acredite, uma planta destas não brotaria do nada, não seria fruto do acaso, fruto de especulações teóricas científicas... Não não, de maneira alguma é uma conversa "bicho-grilo", é uma questão de fé mesmo. As boas notícias surgem de onde menos se espera, como um pontilhão de uma rua movimentada, cheia de lojas de meros objetos de consumo e paradoxalmente vazia. O que há de bom no rock hoje? Foi uma das perguntas... difícil responder... Mas até que o Heavy Metal vai bem, por incrível que pareça!(hahahahahaha!) Nossa relação sempre foi um tanto respeitosamente distante, digamos cordial, mas me presenteou com uma notícia em tanto. Continue plantando flores meu amigo, mas não se esqueça das pessoas, ainda existem muitas delas por ai que geram bons frutos!
Em homenagem ao desmistificador do tango
 
 
Studio Ghibli Brasil