quinta-feira, junho 05, 2008
Peter Brötzmann + Ivo Perelman trio em São Paulo
Nesta última terça e quarta, dias 3 e 4 de Junho, Ivo Perelman se apresentou com o contra-baixista Dominic Duval e a violinista Rosi Hertlein. No dia 3, foi no auditório do Masp às 12:30h, como um concerto de câmara, só com a acústica do local, onde os músicos improvisaram de forma mais lírica. Rosi usou a sua voz como elemento complementar de acordes e contra-pontos, Dominic usou o corpo do contra-baixo e o tablado como percussão, unindo ao som visual do saxofone de Ivo. Realmente tenho notado a influência da pintura na música de Ivo e últimamente tem criado mais paisagens sonoras que podem ter mais ênfase nas cores ou no gestual, como na técnica de pintura chamada de "dripping", desenvolvida por Jackson Pollock. Assim também foi na quarta-feira no Sesc Vila Mariana, só que havia captação por microfones, que proporcionou uma outra atmosfera no campo dos harmônicos extraídos dos instrumentos.
Então é chegada a hora, Peter Brötzmann entra com seu trio, formado por Marino Pliakas no contra-baixo elétrico e pedais de efeito e Michael Wertmüller na bateria. Brötz inícia com o sax alto que em suas mãos, soa com a força e o peso de um tenor, alternando momentos líricos(sim!) e torrentes sonoras violentas. Usou o tarogato, um instrumento de sopro húngaro semelhante ao clarinete e um clarinete de metal, onde muitas vezes suas abordagens se assemelhavam muito à música do Oriente Médio. No sax tenor, é o Brötz que conheço, onde os tons graves soam como uma erupção vulcânica e os harmônicos em velocidade cósmica. Marino criou uma sólida massa sonora com as distorções, lembrando muito o guitarrista Sonny Sharrock e Michael alternou velocidade, força e dinâmica com uma destreza cirúrgica e rítmos tribais. Em muito me lembrou o projeto Last Exit de Brötz com Sharrock, Bill Laswell(baixo) e Ronald Shannon Jackson(bateria), só que mais enxuto. Mas o que realmente mais vou lembrar, é da simpatia, gentileza, humildade e suavidade de Brötz, que tive o grande prazer de conversar um pouquinho num café da esquina, assim como Dominic e Rosi. O Ivo eu já tive o prazer de conhecer antes, mesmo nossos encontros sempre serem breves, é sempre agradável conversar com ele. Mais do que ter assistido grandes apresentações musicais, foi ter conhecido pessoas.
(Publicado no blog Farofa Moderna)
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