terça-feira, agosto 12, 2008

Ícones do Jazz, tabus, injustiças - bateristas

A história do Jazz é repleta de dados imprecisos e muitas injustiças são cometidas por inúmeros fatores. Aqui temos um ponto específico, o rítmo. Grandes mudanças no rumo do Jazz ocorreram neste campo e pouco se fala nos catalizadores destas mudanças, os bateristas. Vejam o caso do chamado "Bebop", muito se fala de Charlie Parker, mas sem descreditar a evidente importância de Bird, pouco se fala de Kenny Clarke, que fundamentou a bateria moderna no Jazz, que foi se libertando com seus antecessores: Big Sid Catlett, Warren "Baby" Dodds, "Papa" Joe Jones, etc. E um ponto crucial no Bebop é justamente a mudança rítmica. Mas vejamos o caso destes bateristas: Jack DeJohnette, que tocou com Charles Lloyd, Miles Davis, entre tantos, tem uma brilhante carreira, é um ícone pra muitos bateristas modernos, mas estagnou em termos de criatividade artística. Tony Williams, famoso companheiro de Miles e seu grupo Lifetime, exímio e talentoso músico, também de certa forma estagnou em seus últimos anos em termos de criatividade, mesmo tendo falecido precocemente. Jimmy Cobb, é um eficiente músico, também é um ícone, mas em termos de diferencial como baterista, isso não é o caso. O mesmo ocorre com Louis Hayes, também veterano do chamado Hardbop. No caso de Williams e DeJohnette, não deram continuidade em suas características inovadoras e personalíssimas, basta observar seus trabalhos dos anos 80 em diante. A questão técnica destes bateristas não está em questão. No caso de Cobb e Hayes, são execelentes bateristas de Jazz, mas não catalizaram mudanças na música e não possuem um diferencial tão significativo para a percussão. Agora vejamos o caso de Dannie Richmond, companheiro de Mingus. Seu estilo e técnica são derivados do Hardbop e muito de Max Roach, mas executar as complexas e exigentes composições de Mingus não é para qualquer um, tarefa que executou com louvor, mas pouco se fala dele, sempre à sombra de Mingus e outros bateristas. Rashied Ali, ficou famoso por ter sido o último baterista de Coltrane, mas existem detalhes que ficaram de fora. Sem dúvida, um músico extremamente criativo, mas ele deve muito à Sunny Murray, que foi o verdadeiro criador da bateria no Free Jazz e muitos lamentavelmente questionam sua técnica, chegando ao absurdo de afirmar que ele não sabe tocar Jazz. Se isso tivesse fundamento, Gil Evans, Jackie McLean por exemplo, não o chamariam para tocar com eles. Sunny foi chamado por Coltrane para substituir Elvin Jones, mas não aceitou porque temia perder a amizade com Elvin. Mas a saída de Elvin era inevitável, pois não supria as novas necessidades percussivas de Trane. Muhammad Ali, irmão de Rashied, é quase que inexistente para o mundo da bateria, o que é extremamente injusto, pois tem qualidade como seu irmão e um estilo incomum e diferenciado, basta averiguar suas gravações com Frank Wright e Noah Howard, por exemplo. Como foi um baterista estritamente de Free Jazz, ficou à margem da mídia especializada em Jazz. Alguns podem afirmar que há um cunho depreciativo no que citei, mas isso é errado, pois como disse, a questão aqui é justamente sobre o que cada músico como percussionista teve função ou não na mudança do instrumento na história música que conhecemos pelo nome de Jazz.

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