sexta-feira, agosto 29, 2008

Disposable Heroes of Jazz Music

As injustiças na música chamada Jazz, sempre existirão, nunca terão fim, isto é fato. Mas a questão aqui não é sobre injustiça, mas sobre o comodismo, a rotina, a falta de interesse em buscar novas experiências, principalmente entre os paulistanos. As capas dos discos acima são apenas uma milésima parte do que se passou e passa incógnito pelos ouvidos de muitos que até se especializam no dito Jazz. Se tratam de gravações de experiências de ruídos inaudíveis, como muitos depreciam o Free Jazz e Free Improvisation de artístas como Peter Brötzmann? Não. Os exemplos aqui, como Marvin Peterson, Ernest Dawkins, Maurice McIntyre e Ken McIntyre, são de artístas com obras palpáveis a qualquer pessoa que gosta de Jazz no seu sentido mais amplo, não chegam a ir além dos "limites" da abstração sonora, preservam com muito talento e personalidade as raízes de suas culturas ancestrais. Mas quem se interessa? É só conferir nas lojas de discos, conversar com os proprietários sobre a procura da clientela, é sempre a mesma coisa: John Coltrane, Sun Ra, Art Ensemble Of Chicago, Miles fase quinteto, de preferência as primeiras gravações, no caso específico de Sun Ra. Coltrane, se não é Blue Train em vinil, é A Love Supreme, Ascension. Pouco se fala de First Meditations, Live in Seattle, Om, além do que não há interesse no universo de músicos tão fantásticos quanto Trane, como: Albert Ayler, Charles Gayle, Frank Wright, Noah Howard, Oliver Lake, Julius Hemphill, Fred Anderson, David S. Ware, Charles Tyler, Charles Brackeen, etc, só entre os do chamado Free Jazz americano. Hora outra, um nome é escolhido para ser da moda, como Anthony Braxton, Bill Dixon, Han Bennink, Milford Graves e o próprio Brötzmann. Percussionistas, pouco se fala em Norman Connors, Newman Taylor Baker, Paul Lovens, Kahil El Zabar, entre tantos. Bill Dixon se tornou conhecido pela nova geração por sua associação com a Exploding Star Orchestra, apesar de estar na ativa desde os anos 60. Falando em trompetistas, o grande Malachi Thompsom teve cd lançado aqui no Brasil e passou batido, assim como o lp de Marvin Peterson que saiu pela Basf aqui. É triste, pois a música oferece um amplo campo de apreciação, mas parece que muitos preferem passar décadas escutando só A Love Supreme e Kind Of Blue... Pegue um cardápio de qualquer pizzaria de bairro que entrega à domicílio, tem mais de 30 tipos de combinações e não é nada que seja gritante ao paladar do brasileiro, como partes intestinais de animais e insetos, como na culinária chinesa, mas o sujeito sempre pede muzzarella, calabreza, catupiry ou portuguesa, uma coca ou guaraná... e os anos passam...

2 comentários:

Anônimo disse...

...



hahaha, gostei dessa materia, akira!

achei engraçado vc fazer a parábola da pizza...aliás, me veio agora a idéia de eu ou tú postar essa matéria lá no farofa com o título: A parábola da Pizza! kkkk

falando sério agora: eu mesmo não gosto de Brotzmann (apesar de que tenho um ou dois discos com ele e o Misha e o bennink), mas acho fantástico por exemplo alguns discos do Noah Howard...ouví e confesso que foi um free de colorido harmonico bem interessante, uma coisa bem elaborada...David S. Ware eu sou fã, Gayle tbm gosto de muita coisa...Marion Brown...Ken McIntyre, Jacques Coursil...Horace Tapscott...enfin, esses só são alguns do que eu corrí atras pra conhecer e gostei...tenho muito, mas muito mesmo a descobrir


muita paz e saúde!

Unknown disse...

Valeu Pitta, eu só não postei no Farofa, pois eu quero evitar atritos, pois muita gente que lê realmente se apegou a mesmice segura e qualquer sugestão é vista como agressão. Mas se quiser fazer um copy-paste e colocar lá e acrescentar algo, fique à vontade. Paz e graça,abs!

 
 
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