Na maioria das vezes as formigas são uma peste, contaminam os alimentos depois que invadem a cozinha, danificam as paredes das casas, estragam os jardins e eventualmente nos mordem, algumas espécies podem te deixar de cama. Muita gente associa a formiga com um exemplo positivo, de organização e trabalho, mas isso não é bem assim. A formiga obedece um código genético e opera pelo instinto, a formiga não tem escolha. A fábula da formiga e a cigarra ajuda a reforçar o exemplo da boa formiga. Me lembro do anime Tekkonkinkreet, onde o personagem Kuro(Preto), lembra que seu parceiro Shiro(Branco) acha injusta a história, pois para ele a cigarra não queria fazer mal a ninguém, só queria cantar.
Mas o ser humano é diferenciado, ele tem o livre arbítrio, tem o poder de decisão, pode raciocinar, pode escolher, pode controlar seus instintos naturais.
Muitas pessoas escolhem se submeter a situações adversas para obter um prazer que se forem colocados na ponta do lápis tanto sentido material quanto espiritual, estão remotamente longe de uma boa opção custo-benefício.
Um bom exemplo são os grandes festivais de música promovidos por grandes corporações que seguem os padrões mais radicais dos valores capitalistas. Antes eu realmente me aborrecia se perdia a oportunidade de prestigiar um artísta por falta de condições financeiras, já que cada vez mais o preço dos ingressos subia e o formato adotado das apresentações se moldou de uma forma desvantajosa para o público específico, ou seja, ter que pagar mais para assistir seu artísta predileto por conta de outras atrações estarem incluídas na mesma noite. Quando eu perdí a última apresentação do Pharoah Sanders no Freejazz Festival, no fim dos anos 90 por falta de condições financeiras, fiquei chateado, pois é muito difícil prestigiar o Pharoah, pois o saxofonista norte-americano não faz tantas turnês mundiais que passam pelo Brasil e o Jazz aqui não é inserido no circuito mundial, como em muitos outros países. Ainda o fator da idade de Pharoah e outros músicos como Ornette Coleman, eles diminuem o número de apresentações durante o ano por conta do desgaste físico das viagens. Então eu pude perceber que isso realmente era uma situação extremamente insignificante perante a grande alegria de estar vivo e que isso não merecia tomar tanto tempo para murmurações. Também percebí que se em algum dia eu realmente tive uma identificação com a filsofia libertária do punk e do hardcore, eu não podia me sujeitar ao que as corporações capitalistas impunham para os consumidores. Pague 100 mangos para ver seu artísta preferido sem a certeza de ter uma boa qualidade de serviço, assista o show onde ficam os cavalos...(mas não é sempre no Jockey?)
É triste ver uma boa porção de pessoas que tem uma situação material privilegiada em relação à grande população deste país, depender de comprar momentos passageiros e se sujeitar a situações totalmente desnecessárias para serem felizes. Recentemente eu lí que uma pessoa só conseguiu resolver 13 anos de questionamentos(creio que sejam existenciais) vendo os gestos de um artísta do rock.
domingo, março 29, 2009
segunda-feira, março 16, 2009
Peter Brötzmann Quartet (1974)
Jazz Jamboree 1974 - Warsaw, Poland.
Peter Brötzmann: t. sax
Alexander Von Schlippenbach: piano
Peter Kowald: bass
Paul Lovens: drums
quinta-feira, março 05, 2009
Street Art X Arte, Contracultura X Cultura, quem ganha, quem perde?
Sobre a chamada Contra-cultura, isso me soa um assunto já antigo, me lembro do Burroughs, etc. Hoje o que se chama Street Art também já existe a algum tempo, já que esta denominação está ligada diretamente ao graffiti. Outros também consideram Street Art as ilustrações, desenhos de cartazes e panfletos ligados aos shows de bandas punks no fim dos anos 70. Temos uma variação que se chama Toy Art, a versão em formato de "escultura" da Street Art. As ilustrações nos produtos ligados ao skate também fazem parte desta estrutura. É pertinente lembrar das teorias e afirmações de Andy Warhol sobre a arte e produto, mas aqui o espaço é muito reduzido para ser tratado com relevância digna.
Seria um grande equívoco não reconhecer a legitimidade artística de muitos que se enquadram na Street Art, realmente muitos artístas se libertaram do mero aspecto ilustrativo, que muitas vezes só tinham uma função decorativa, para funções políticas e outras dentro do universo artístico.
Mas vamos analisar em termos de grandes cidades do Brasil, onde pessoas tem acesso a informação globalizada, que sofrem com a crise de identidade, divididas entre a realidade de pais sub-desenvolvido e a identificação com a cultura do chamado primeiro mundo. Como acontece em qualquer parte do mundo, pois o ser humano é o mesmo, independente de sua cultura, nacionalidade, sistema político-econômico, o modus-operandi, as questões existenciais são basicamente as mesmas. Levando em conta que existem os pontos positivos da Street Art, que é um segmento muito novo aqui no Brasil, no aspecto deste segmento se reconhecer como Street Art e começar a criar aos poucos sua própria identidade, há muitos pontos negativos, que são reflexo do comportamento em larga escala da juventude.
O que me chamou a atenção foi uma sessão de fotos de uma recente exposição de Street Art no Rio de Janeiro, que bem poderia ser em São Paulo. A esmagadora maioria do que compõe este universo, é extremamente genérico e previsível. Mesmo os artístas de ponta da Street Art no Brasil soam com um "delay" do que é feito nos E.U.A., Europa e Japão. Tanto o público quanto os artístas da Street Art carecem de uma identidade, de uma originalidade. Roupas, lugares, gírias são incorporadas de forma sintética, simultaneamente os gostos pessoais de cada um não foge muito ao gosto coletivo. Isto se reflete na arte criada, muitas vezes comprometendo o valor criativo da obra, se tornando apenas um produto de função estética impessoal, como se fosse fabricado em série. Talvez os bonecos de Toy Art tenham a intenção de romper isso, sendo personalizados pelo artísta ou o consumidor em contraponto dos bonecos serem fabricados em série.
No geral, a Street Art se tornou apenas mais um segmento de mercado. Os que fazem parte deste segmento podem argumentar e não aceitar isso, mas o que acontece demonstra que sim, é apenas mais um nicho de consumo. Mesmo que se usem ícones libertários e revolucionários, façam a chamada intervenção urbana que intenta em ser uma função catalizadora de mudança na sociedade. A última revolução da semana foi televisionada: portabilidade...
Seria um grande equívoco não reconhecer a legitimidade artística de muitos que se enquadram na Street Art, realmente muitos artístas se libertaram do mero aspecto ilustrativo, que muitas vezes só tinham uma função decorativa, para funções políticas e outras dentro do universo artístico.
Mas vamos analisar em termos de grandes cidades do Brasil, onde pessoas tem acesso a informação globalizada, que sofrem com a crise de identidade, divididas entre a realidade de pais sub-desenvolvido e a identificação com a cultura do chamado primeiro mundo. Como acontece em qualquer parte do mundo, pois o ser humano é o mesmo, independente de sua cultura, nacionalidade, sistema político-econômico, o modus-operandi, as questões existenciais são basicamente as mesmas. Levando em conta que existem os pontos positivos da Street Art, que é um segmento muito novo aqui no Brasil, no aspecto deste segmento se reconhecer como Street Art e começar a criar aos poucos sua própria identidade, há muitos pontos negativos, que são reflexo do comportamento em larga escala da juventude.
O que me chamou a atenção foi uma sessão de fotos de uma recente exposição de Street Art no Rio de Janeiro, que bem poderia ser em São Paulo. A esmagadora maioria do que compõe este universo, é extremamente genérico e previsível. Mesmo os artístas de ponta da Street Art no Brasil soam com um "delay" do que é feito nos E.U.A., Europa e Japão. Tanto o público quanto os artístas da Street Art carecem de uma identidade, de uma originalidade. Roupas, lugares, gírias são incorporadas de forma sintética, simultaneamente os gostos pessoais de cada um não foge muito ao gosto coletivo. Isto se reflete na arte criada, muitas vezes comprometendo o valor criativo da obra, se tornando apenas um produto de função estética impessoal, como se fosse fabricado em série. Talvez os bonecos de Toy Art tenham a intenção de romper isso, sendo personalizados pelo artísta ou o consumidor em contraponto dos bonecos serem fabricados em série.
No geral, a Street Art se tornou apenas mais um segmento de mercado. Os que fazem parte deste segmento podem argumentar e não aceitar isso, mas o que acontece demonstra que sim, é apenas mais um nicho de consumo. Mesmo que se usem ícones libertários e revolucionários, façam a chamada intervenção urbana que intenta em ser uma função catalizadora de mudança na sociedade. A última revolução da semana foi televisionada: portabilidade...
segunda-feira, março 02, 2009
Giuseppi Logan está de volta!
No dia 17 de Fevereiro de 2009, Giuseppi Logan voltou à ativa, se apresentou no Bowery Poetry Club em New York, desfazendo os boatos de que já havia partido deste mundo.
domingo, março 01, 2009
Galeria do Rock, templos mortos
Em um artigo publicado neste domingo no jornal, Marcelo Tas considera a Galeria da rua 24 de Maio que tem entrada pela av. São João, como um "museu" vivo da cultura de rua. O prédio do Shopping Grandes Galerias, criado em 1963 por Alfredo Mathias se tornou a Galeria do Rock nos anos 80. Não haviam tantas lojas e não eram muitas pessoas que frequentavam o local, pois naquela época era muito arriscado ir ao centro de São Paulo, quando as calçadas eram tomadas pelo comércio ambulante e os notórios "trombadinhas". Dentro da galeria ainda havia o perigo de conflito com os grupos de headbangers(metaleiros), punks e skinheads(carecas). Mas onde se dava a concentração de headbangers era na frente da Woodstock discos, situada na r. Dr. Falcão, ao lado do metrô Anhangabaú, onde aos sábados, dezenas de headbangers se encontravam para conversar, trocar recortes de materias de revistas especializadas, fitas k7, comprar discos e adereços de heavy metal, assistir videos em vhs na pequena tv que tinha instalada no interior da pequena loja. Já na metade dos anos 80 começaram a abrir lojas especializadas em heavy metal e punk com maior número na Galeria 24 de Maio e o público que frequentava a Woodstock também foi para lá. Só que não eram exclusivos do local, tendo que dividir espaço com os punks e skinheads, gerando tensão no local e confrontos, que em algumas vezes acabava até em homicídio. Com a chegada do Grunge, que impulsionou a parte financeira e reativou o mercado do rock pesado, isto levou ao surgimento de novos investidores de olho nesta fatia do mercado que até então era desprezada. O número de lojas triplicou e levou a administração das Grandes Galerias investir em melhorias no imóvel que estava em péssimo estado de conservação. De uma hora para outra havia iluminação nos corredores, escadas rolantes funcionando e seguranças e até piso encerado. O público que era composto só por membros de "tribos" e gangues, começou a dar espaço a pais acompanhando seus filhos que ingressavam no universo underground do rock.
Hoje em dia, com as facilidades da internet e os downloads de mp3 e vídeos, os preços abusivos da indústria fonográfica e é claro, o tiro no pé da própria comunidade underground que se recusou a sustentar a sí própria, junto da crise financeira, causou o fechamento de muitas lojas que não tinham como arcar com o aluguel abusivo que a administração da galeria impunha aos lojistas, querendo se aproveitar do "status" da galeria. Outra medida que derrubou a frequencia do público na galeria do rock, foi a proibição do público usufruir do espaço de convivência do imóvel, ou seja, era proibido ficar conversando, se reunindo nos corredores largos da galeria, só era permitido ficar dentro das lojas. Consequentemente isso afugentou o público, pois os lojistas não queriam também que as pessoas ficassem na loja, que já tem um espaço reduzido, sem comprar nada e atrapalhar uma possível venda. Então outros tipos de comércio tomaram força e foram preenchendo espaço.
Me lembro que eu e meus amigos quando frequentávamos a galeria, brincávamos dizendo que alí era a Meca do Rock, pois pessoas de vários estados e até países vizinhos ìam pelo menos uma vez para lá. Ainda bem que os rockeiros não chegaram ao ponto extremo como grupos religiosos. Imagine proibirem o pessoal de ir à Meca ou ao Muro das Lamentações...
Eu não creio que o termo "museu vivo" seja o mais adequado, pois a Galeria do Rock de hoje em dia o que sobrou, foi uma fotocópia desbotada e pouco nítida de uma era que se foi. Se o conceito usado se refere ao que muitos museus eram e outros ainda são aqui no Brasil, aí eu concordo, onde as peças, obras, documentos arquivos estão deteriorando, muitos já se perderam, não há uma manutenção, jogados ao descaso.
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