Em um comentário feito por alguém na ferramenta digital de relacionamentos, o Facebook, me deparei com a indignação pelo programa Ídolos, uma franquia estrangeira de um concurso de novos talentos musicais. O foco é um novo cantor ou cantora para ser idolatrada, como o nome do programa já diz, pela população. Ora, se trata de promoção de um produto de consumo rápido.
Temos dois programas deste tipo que foram veiculados nestes últimos anos na tv aberta e os vencedores destes concursos se debatem no mar revolto do consumo, tendo que brigar com tubarões estrangeiros (Beyoncé, Lady Gaga, etc) e artístas brasileiros (duplas sertanejas, grupos de axé e pagode, cantores românticos) que já estabeleceram carreiras por vários tipos de métodos, seja por mérito próprio ou uma eficiente estratégia de marketing.
Os reclamantes do Facebook falavam da decadência da qualidade da música brasileira e coisa e tal. Aí vêm a mesma ladainha, da jurassica mpb, bossa, Chico, Caê, etc. Saudosismo dos festivais da Record e aquela época tenebrosa em que o país vivia. Creio que todos que possuem um mínimo de bom senso, sabem que o que temos hoje é um reflexo da educação da população brasileira e seu acesso e concepção de cultura. Parece perverso, mas o povo tem o que merece. Quem quer saber destas coisas "intelectuais", "sofisticadas"? O povo quer é por pra fora, curtir, extravazar (Claudia Leitte que o diga...), quer rebolation, comer churrasco com carne de segunda, comprar celular e tv de plasma de última geração, carro zero, comprar, comprar, comprar...
Ler livro pra quê? Basta ver um documentário da Discovery de vez em quando que já tá bom. Cultura, faculdade pra quê? O negócio é ganhar dinheiro, ser jogador de futebol e ir pra zooropa jogar no Milan, ser capa de Playboy, participar de reality shows, ser celebridade, apostar na Mega Sena, jogo do bicho, ganhar dinheiro! Sei lá, alguém herda o açougue do pai, ou a padaria e o negócio dá certo lá na zolé(zona leste de São Paulo), compra um "duprex", na Silvio Romero no Tatuapé, ou até em Higienópolis, Morumbi, Alphaville, sei lá, ser vizinho do Fábio Jr, e Gugu Liberato, e daí?
As pessoas que tem acesso e interesse por cultura, devem esquecer estes assuntos, e isso não quer dizer se alienar. Ou então estarão dando socos em pontas de facas, como se pudessem mudar alguma coisa, como o Greenpeace (não sou contra a proteção da natureza, mas certos métodos de nada adiantam e erros não justificam erros), comunistas e socialistas só na teoria (meus queridos, o ser humano não é como inseto que não raciocina e vive por um código genético, que possibilita uma vida sem egocentrismo). É muito bonito ler Marx e outros da turma vermelha, da foice e marreta, mas o ser humano tem seu lance individual, é uma utopia, esse lance de sociedade justa. Repito, não sou contra a igualdade e justiça social, mas o mundo jaz no mal, à muito tempo, antes da turma comuna elaborar estas ideologias.
Enfim, se as pessoas querem reclamar da decadência da música brasileira, que não tem mais Tom, Chico e etc, fazer o quê? As coisas boas sempre estiveram acompanhadas das péssimas. Tinhamos os festivais na Record, a bossa, mas tinhamos as favelas, os crimes, a ditadura, a desigualdade social (aliás, a tchurminha da bossa ficava tomando whisky importado nas luxuosas residências do Rio de Janeiro, e aí?). Ah, é bonito o samba da velha guarda que nasceu nos morros cariocas... pergunta para eles se queriam viver em barracos...
Creio que os mais informados sabem o que é metástase, quadro crônico irreversível. Não que a esperança deva morrer prematuramente, mas ser realista é evitar um choque desnecessário.
Sim, vivemos um aparente progresso, projetos de educação, ascensão econômica, mesmo que artificial, podemos aparentemente ser consumidores contemporâneos do dito primeiro mundo, com i-pads, smartphones, LED tv's, free improvisation, Saramago e carros com câmbio tip-tronic, estádios de última geração para a copa e olimpíadas, trem-bala, mas...
"Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração." -
Mateus 6:21"O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca. -
Lucas 6:45"
"Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. -
1 Timóteo 6:10"